Categorias
Sem categoria

O futebol no século 21

O futebol é um esporte que, enquanto prática, pode servir de espetáculo, de processo educativo, de recreação… Ou seja, pode ser visto através de diferentes perspectivas, como esporte de alta competição, como instrumento de educação ou como simples entretenimento. Mas pode também ser motivo para acaloradas discussões.

 

Nós brasileiros adoramos falar sobre futebol. Seja para destacá-lo, seja para criticá-lo, ou para defender nossos pontos de vista, este é um tema que está sempre presente em diferentes cenários e circunstâncias.

 

Dentre essas discussões é comum ouvir-se que o futebol de hoje é muito pior do que aquele praticado em épocas passadas, 20, 30 anos atrás, quando, segundo alguns, se praticava o verdadeiro futebol, técnico e bonito de se ver.

 

Acostumado a este chavão saudosista, fiquei surpreso quando há alguns dias, participando de um fórum sobre futebol, em Dubai nos Emirados Árabes, ouvi da boca de um veterano, ex-treinador da seleção inglesa, Bobby Robson, a afirmação de que o futebol praticado hoje em dia é muito melhor do que o praticado há décadas passadas.

 

E justificou: o futebol de hoje é muito mais veloz e dinâmico do que antigamente. Os jogadores são mais rápidos, mais técnicos, com um repertório de movimentos que não se via tempos atrás. E, além de tudo, os atletas são mais táticos e mais competitivos.

 

Para constatar esta afirmação, basta comparar os gols de hoje com os gols que víamos antigamente. Os gols de hoje são muito mais bonitos e criativos.

 

E concluiu o velho treinador, de 72 anos de idade: “Um bom jogo hoje é melhor do que um bom jogo 30 anos atrás”.

 

Eu que sou veterano, mas não saudosista, fiquei feliz em ouvir esta afirmação.

 

E você o que acha? O futebol de hoje é melhor do que o de antigamente? Eis aí um bom tema para quem gosta de discutir futebol.

Para interagir com o autor: medina@universidadedofutebol.com.br

Categorias
Sem categoria

Talento de Kaká é ressaltado na Soccerex

Dubai (EAU) – A Soccerex 2005, Convenção Internacional de Negócios no Futebol, realizada entre os dias 13 e 15 de novembro em Dubai, Emirados Árabes, teve como uma de suas atrações debates em que estiveram presentes nomes conhecidos do futebol mundial. Em uma dessas apresentações o destaque ficou com o jogador brasileiro Kaká do Milan.

 

A mesa foi coordenada pelo jornalista esportivo inglês Jeff Powell, do periódico Daily Mail e contou com a participação, entre outros, de Bobby Robson, ex-treinador da seleção inglesa, Michel Hidalgo, ex-treinador da seleção francesa, Bryan Robson, ex-jogador e capitão da seleção inglesa e o ex-jogador brasileiro Leonardo.

 

Parte das perguntas aos convidados era feita pelo jornalista inglês e parte pelo público presente. A última delas, inevitável, foi sobre quem será o campeão mundial em 2006 e quem será o jogador mais destacado.

 

Kaká

 

Colocar o Brasil como favorito não foi tanta novidade, mas a surpresa ficou por conta da indicação quase que unânime do jogador Kaká como destaque na próxima Copa do Mundo.

 

Michel Hidalgo se mostrou tão apaixonado pelo atual futebol brasileiro que até deixou constrangido os pouquíssimos brasileiros presentes ao evento, tal a veemência com que defendeu o talento dos nossos jogadores. O experiente treinador francês, num evento patrocinado, organizado e dominado, em sua maioria, por ingleses, não foi nada diplomático. Disse que a grande dúvida será saber quem disputará a final com a seleção brasileira. Falou de sua admiração por Ronaldinho Gaúcho e Robinho, mas apostou em Kaká como o grande destaque técnico da Copa da Alemanha.

 

Dois outros dirigentes, um inglês e outro escocês, seguiram a opinião de Hidalgo.  Embora sem o entusiasmo demonstrado pelo treinador francês, também colocaram o Brasil com grande favorito e Kaká como destaque técnico.

 

Na vez de Leonardo ele começou brincando dizendo que a Inglaterra era sua favorita, tirando risadas da grande platéia presente no evento, mas corrigiu em seguida dizendo que concordava com todos, confirmando o especial momento que vive o Brasil em termos de talentos.

 

A opinião mais diferenciada ficou por conta de Sir Bobby Robson. Embora reconhecendo o favoritismo do Brasil e a fartura de craques que hoje compõem a seleção brasileira, apostou em Rooney, atacante do Manchester United e da seleção inglesa, como destaque técnico na próxima Copa da Alemanha.

Para interagir com o autor: medina@universidadedofutebol.com.br

Categorias
Sem categoria

Soccerex reuniu quase 100 países

Dubai (EAU) – Os Emirados Árabes Unidos talvez estejam na cabeça dos brasileiros que acompanham o futebol como o país que recentemente levou uma sonora goleada por 8 a 0 da seleção brasileira. Entretanto, este país, riquíssimo e exótico, é também conhecido por promover eventos, feiras, congressos das mais diversas áreas profissionais, atraindo gente de todo o mundo.

 

Até o futebol, que engatinha no país em termos de profissionalismo, embora já tenha conquistado uma vez a vaga para a Copa do Mundo, tem seu lugar nos luxuosos espaços especialmente construídos para abrigar e promover seus eventos. Foi o caso da realização da 9ª Soccerex, na cidade de Dubai, entre os dias 13 e 15 de novembro.

 

dest_soccerex.jpg

Sir Bobby Robson e Leonardo

marcaram presença na

Soccerex 2005

 

O evento conseguiu reunir quase 100 países, representados por homens de negócios no futebol que incluiu desde agentes Fifa e vendedores de grama sintética até sofisticados projetos tecnológicos e de comunicação. Sem dúvida uma demonstração da força do futebol neste mundo globalizado de hoje.

 

A lamentar, talvez, somente a constatação da pouca presença de representantes brasileiros no evento. Um dos poucos destaques foi a participação do ex-atleta Leonardo da seleção brasileira e representante do Milan, em uma mesa que contou também com a participação de representantes do futebol mundial como sir Bobby Robson, famoso treinador inglês e o não menos renomado Michel Hidalgo, técnico francês.

 

Mais informações dessa convenção mundial de negócios do futebol podem ser obtidas no site www.soccerex.com.

Para interagir com o autor: medina@universidadedofutebol.com.br

Categorias
Sem categoria

As relações entre futebol e empresa

 

É muito comum as empresas convidarem profissionais que trabalham no futebol, especialmente os treinadores, para fazerem palestras aos seus executivos e funcionários, mostrando um pouco da relação entre as vitórias dos times de futebol e suas próprias metas.

 

Não é difícil correlacionar os caminhos que tem que percorrer um time de futebol para atingir seus objetivos e uma empresa para fazer o mesmo. A alta visibilidade que tem o futebol, exigindo resultados positivos, uma ou duas vezes por semana, apresentados sempre de forma pública, torna este exemplo ideal para as empresas que precisam igualmente ter estratégia, tática, planejamento e organização para ganhar o jogo no mercado cada vez mais competitivo.

 

Louvável, portanto, a atitude das empresas ao tentar buscar elementos para se tornarem mais produtivas. Pena que os clubes de futebol, através de seus dirigentes, não procurem fazer o mesmo. Fico imaginando o quanto as empresas sérias e organizadas não poderiam ajudar o futebol brasileiro. 

 

Imaginem, por exemplo, se os clubes de futebol fizessem uso de todos os recursos que a tecnologia hoje nos coloca à disposição. Analisar, avaliar, esquadrinhar o rendimento de cada jogador e da equipe como um todo traria aperfeiçoamentos que, sem dúvida, qualificaria ainda mais este nosso futebol pentacampeão.

 

Imaginem, também, os dirigentes de cada clube se debruçando sobre um planejamento estratégico não só de curto prazo, mas também de médio e longo prazo, como faz toda empresa competente. Feito isso, então se reuniriam com dirigentes de outros clubes para traçarem planos e projetos comuns para o bem do futebol e proporem políticas para a administração de um futebol verdadeiramente profissional.

 

E finalmente, imaginem cada clube, cada federação, juntamente com a Confederação Brasileira de Futebol, envolvidos com as questões que hoje sensibilizam e preocupam nossas melhores empresas, todos reunidos, buscando aprimorar suas posturas éticas e discutindo suas responsabilidades sociais, contribuindo para o fortalecimento das instituições e, desta forma, valorizando nossa sociedade.  

Para interagir com o autor: medina@universidadedofutebol.com.br

Categorias
Sem categoria

A inteligência do jogador de futebol

Não é raro depreciar-se e até ridicularizarem certas declarações dos jogadores de futebol em suas entrevistas à imprensa. Embora haja razões e exemplos de sobra para fundamentar certa ignorância e pobreza cultural que caracterizam tais depoimentos, é preciso destacar que, não raro certas respostas, óbvias ou surpreendentes, escondem, na verdade, uma sabedoria que precisa ser interpretada.

 

Primeiro é preciso considerar que algumas respostas dos atletas visam, prioritariamente, proteger suas privacidades e a relação extremamente hierarquizadas com seus superiores, e não responder objetivamente aquilo que foi perguntado.

 

O futebol, enquanto instituição conserva ainda um caráter bastante autoritário, onde aquele que sai do script tem que ter muita estrutura para suportar as pressões advindas de certas verdades declaradas. E isto não é exclusividade do futebol. Nossa cultura e sociedade são assim.

 

Afonsinho, Sócrates, Romário são exemplos de três gerações de jogadores que buscaram, dentro de certos limites, quebrar esta regra e agüentaram o tranco.

 

Outro fato pouco considerado é que a inteligência de um jogador de futebol não se mede apenas por sua capacidade de verbalizar idéias e pensamentos. A inteligência verbal-lingüística e a inteligência lógico-matemática são apenas dois dos diferentes tipos de inteligência destacados hoje pelas ciências.

 

Se entendermos a inteligência como a capacidade para solucionarmos problemas ou criarmos produtos que sejam valorizados por uma determinada cultura, como nos ensina Howard Gardner, então vamos compreender que ela envolve não só os elementos verbais e lógicos de expressão e raciocínio, como também outros elementos fundamentais do comportamento humano.

 

Temos que considerar também outros tipos de inteligência como a emocional, a espiritual, a visual e espacial entre tantas outras. Todas elas, em diferentes graus, importantes para o desempenho das pessoas, sejam atletas ou não. 

 

No caso do futebol, a inteligência sinestésica ou motora tem papel fundamental. Neste sentido, podemos observar jogadores analfabetos e ignorantes que conseguem encontrar soluções motoras geniais dentro de problemas que surgem dentro do campo.

Para interagir com o autor: medina@universidadedofutebol.com.br

Categorias
Sem categoria

Milionário compra objetos de Puskas

No dia primeiro de novembro, o milionário húngaro George Budna desembolsou cerca de 340 mil reais para adquirir mais de 100 objetos pessoais do maior jogador de futebol húngaro da história, ex-jogador do Real Madri e um dos maiores artilheiros de todos os tempos, Ferenc Puskas.

 

A coleção do craque estava programada para ser leiloada em Chester, Inglaterra, no dia seguinte. Com a compra, Budna pretende manter a coleção na Hungria para futuramente exibí-la em uma Galeria da Fama do Futebol que será construída em Budapeste.

 

Dentre os objetos adquiridos estão o troféu Chuteira de Ouro que Puskas recebeu da Fifa em homenagem aos seus 83 gols em 84 partidas pela seleção húngara, a medalha de vice-campeão da Copa de 54, e uma camisa da seleção brasileira autografada por Pelé em que se lê “To Puskas Happy Birthday do Amigo Edson Pele”.

 

A família de Puskas vinha há tempos tentando arrecadar dinheiro para o tratamento do ex-jogador, que sofre do Mal de Alzheimer.

 

Recentemente, o Real Madri foi bastante criticado por jogar um amistoso na Hungria na tentativa de ajudar a levantar fundos para o tratamento de seu ex-jogador. Pela presença de seus galáticos em campo, o time espanhol recebeu aproximadamente 350 mil reais dos organizadores. Os fundos levantados para Puskas somaram pouco menos de 30 mil reais.

 

O Real Madri se defende das críticas em relação à distribuição do dinheiro dizendo que desde setembro de 2000 envia mensalmente auxílio financeiro à família de Puskas, que por sua vez argumenta que o nome do ex-jogador foi usurpado para a realização da partida.

 

Pouco tempo após o anúncio dos polêmicos valores envolvidos no amistoso, a mulher de Puskas recebeu dos organizadores a promessa de que irá receber mais 225 mil reais para o tratamento de seu marido.

 

A Fifa também contribuirá financeiramente com o tratamento de Puskas. Apesar da decisão já ter sido anunciada, o valor dessa contribuição ainda está para ser definido.

 

Com a soma dos fundos arrecadados, espera-se poder pagar o tratamento completo do ex-jogador, assim como criar uma fundação em seu nome para pesquisar possíveis tratamentos para a Doença de Alzheimer.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br

Categorias
Sem categoria

Treinador ganha jogo?

Embora a figura do treinador no futebol brasileiro seja muito comentada, pouco se discute, com argumentos mais consistentes, o seu real papel no desempenho de um time de futebol.

 

A dúvida, se treinador ganha jogo ou não, está na boca de todo torcedor ou jornalista esportivo, mas mereceria maiores aprofundamentos.

 

Convivo com estes profissionais há mais de 30 anos e posso garantir que os estilos são tão diferentes que fica difícil definir qual seria o perfil ideal. Muitas vezes as características regionais ou a identidade futebolística de um determinado clube favorece este ou aquele tipo de personalidade, inerente a cada treinador. Isto explicaria por que alguns treinadores se dão melhor em alguns lugares do que em outros.

 

Émerson Leão, treinador polêmico, odiado por alguns e reverenciado por outros, afirmou o seguinte: “nos treinamentos, o técnico é empregado dos jogadores, mas nos jogos, os jogadores devem ser meus empregados”.

 

Tal afirmativa evidencia um pouco sua característica de liderança que parece não admitir muitos questionamentos àquilo que está em sua cabeça, pelo menos durante os jogos.

 

Já Carlos Alberto Parreira, treinador da seleção brasileira, teria dificuldade em conduzir os craques que hoje compõem nossa equipe nacional se agisse da mesma forma que Leão. Para lidar com gênios da bola, é preciso dar espaços consideráveis ao talento, para que possam exercer sua criatividade, imaginação e capacidade de improvisação, ingredientes fundamentais para o bom espetáculo e a busca das vitórias.

 

Luiz Felipe Scolari é outro profissional polêmico. Depois de um período de sucesso, utilizando-se de uma postura tendendo ao autoritarismo com seus jogadores, teve, ao longo dos anos, inteligência e sabedoria para se adaptar às responsabilidades crescentes advindas de seu próprio crescimento.Soube modernizar-se procurando um equilíbrio entre aquilo que o jogador de futebol deve seguir à risca e o grau de liberdade que precisam ter para serem mais estéticos e produtivos.

 

Mas afinal, treinador ganha jogo? No esporte coletivo costuma-se utilizar a frase “uma corrente é tão fraca quanto seu elo mais fraco”. O treinador de futebol é parte integrante e decisiva desta corrente em uma equipe e, portanto, também decisivo para os resultados. Neste contexto coletivo, o treinador é fundamental não só nas vitórias quanto nas derrotas. 

Para interagir com o autor: medina@universidadedofutebol.com.br

Categorias
Sem categoria

A estrela de Weah continua brilhando

Quando eleito presidente do Brasil, era possível enxergar em Lula o perfil ideal de um governante populista. Bastou adequar um pouquinho sua ideologia a uma linha menos radical, que Lula ganhou a eleição, fácil, fácil. Foi até covardia.

 

Lula poderia muito bem ter dito em um de seus inúmeros discursos pré e pós-eleitorais: “Eles estão cobertos por diplomas, mas destruíram nossas vidas. (…) Eu sou como vocês; eu sei o que é passar fome, ou ir pra escola descalço”. Mas não disse.

 

O autor da frase acima é George Manneh Oppong Ousman Weah, 38 anos, ex-jogador de futebol do Milan, Chelsea e PSG, entre outros clubes. Foi eleito o melhor jogador do ano de 1995 pela Fifa e, ao que tudo indica, será o próximo presidente da Libéria.

 

Dentro de uma eleição composta por 22 candidatos, George Weah – também conhecido como Brotha George ou King George – alcançou o primeiro lugar com uma distância relativamente considerável dos seus oponentes. Irá disputar o segundo turno com a economista ex-secretária da ONU e ex-ministra Ellen Johnson-Sirleaf no dia 8 de novembro.

 

Caso ganhe, Weah assumirá a Libéria abalada por um passado recente de conflitos e guerras civis, que se tornaram muito comuns no país. Será, possivelmente, o primeiro presidente sem laços militares a ser eleito no país depois de um longo tempo. Será também o primeiro ex-jogador de futebol do mundo a ser eleito presidente e com um ideal verdadeiramente populista.

 

Brasilidade

 

Lula e Weah têm muito mais em comum do que apenas a retórica populista.

Primeiro é preciso dizer que Weah sempre teve um quê de brasilidade. Quando eleito melhor jogador do mundo, ocupou justamente o espaço entre Romário e Ronaldo. Até hoje é conhecido como o Pelé africano.

 

Ambos são vistos com ressalvas quanto à capacidade intelectual e como candidatos cuja força reside na alta popularidade com as camadas mais baixas da população e na confiança naqueles que os cercam.

 

Também podem possuir o mesmo calcanhar de Aquiles. A confiança em sua base minou Lula. Seguindo o exemplo, Weah já deveria se preparar pro que vem por aí. E pelo que já foi descoberto, coisa boa não deve ser.

 

Pouco tempo atrás, Orishall Goulp, secretário-geral do seu partido, foi forçado a renunciar por denúncias de desvio de dinheiro da Previdência. Sua assessora de imprensa, Margot Cooper, foi afastada do cargo por cobrar propina para agendar entrevistas.

 

Caso Weah realmente venha a ser eleito, não deve demorar muito para que Lula siga sua cartilha diplomática e o convide para um churrasquinho na Granja do Torto. Na hora do futebol, Lula separará os times: aqueles que foram apontados por Deus contra a rapa. Dava até pra chamar o Romário, que é o cara. Mas daí já vai ser covardia.

Para interagir com o autor: maurobeting@universidadedofutebol.com.br

Categorias
Sem categoria

O futebol diante das adversidades

Horácio, um poeta latino que viveu alguns anos antes de começar a Era Cristã (65 a.C. – 8 a.C.) já naquela época alertava que “a adversidade desperta em nós capacidades que, em outras circunstâncias favoráveis, teriam ficado adormecidas”.

 

Outro dia, assistindo a um programa de televisão que mostrava um trabalho voluntário sobre ação social com detentos, me impressionou o depoimento de uma ex-presidiária, afirmando que sua experiência de trabalho com comercialização de produtos artesanais havia salvado sua vida, tirando-a de uma rotina de 27 anos como traficante de drogas. Chegou a afirmar que a prisão tinha sido uma benção para ela, pois concluiu que muito provavelmente não estaria viva, hoje, se continuasse no mundo do crime.

 

A frase sobre adversidade de Horácio e a conclusão da ex-detenta me levam a refletir um pouco sobre a situação da seleção brasileira. Embora feliz pelos resultados e pelo desempenho que nossos craques têm alcançado nos últimos tempos, preocupa-me o ambiente de exagerado otimismo, euforia e ufanismo que toma conta de todo ambiente futebolístico nestas ocasiões de sucesso.

 

Como amigo de alguns dos membros da comissão técnica da seleção brasileira, sei que eles estão atentos a estes aspectos e já planejam alguns trabalhos que contraponham os efeitos de qualquer exagero de autoconfiança, que pode desembocar num relaxamento na preparação para a Copa do Mundo na Alemanha.

 

Isto seria desastroso para uma competição tão curta como esta. Depoimentos de alguns jogadores mais experientes mostram que, pelo menos nas palavras, eles estão preocupados com este assunto.

 

E é bom que estejam preparados mesmo, pois a história das Copas nos apresenta que ao disputarmos esta competição com amplo favoritismo, o resultado não foi o que desejávamos. Ao contrário, quando a seleção brasileira parte para a Copa, carregada de desconfianças e até desacreditada, parece que a mobilização interna entre os jogadores e a comissão técnica aumenta, dando mais seriedade e foco aos nossos representantes.

 

Torço para que as principais lideranças que conduzem o trabalho da seleção brasileira de futebol, que tanto significado simbólico tem para todos nós, continuem a trabalhar esta questão. Afinal, não apenas os jogadores de futebol costumam se acomodar, quando falta o estímulo da cobrança em um cenário com poucas adversidades. Todos nós humanos, em diferentes graus, somos assim, não é mesmo? 

 

Para interagir com o autor: medina@universidadedofutebol.com.br

Categorias
Sem categoria

Crises e glórias no futebol brasileiro

O futebol brasileiro vive um momento paradoxal. Há poucos meses conquistamos, com algumas exibições de gala, a Copa das Confederações realizada na Alemanha, como uma avant première da Copa do Mundo de 2006. A façanha brasileira incluiu uma goleada histórica no jogo final contra a poderosa e eterna rival Argentina.

Também há pouco, terminamos a fase sul-americana das eliminatórias para a Copa do Mundo em primeiro lugar, superando novamente a Argentina que liderou a competição praticamente durante todo o tempo. Conquistas como estas nos enchem de orgulho.

Por outro lado, os escândalos na arbitragem, recentemente revelados, provocam descontentamentos, decepções, suspeitas que já comprometem irremediavelmente a nossa principal competição de futebol que é o campeonato brasileiro e, o que é pior, debilitam nossas instituições e o conceito moral de todos nós brasileiros.

Nosso grande patrimônio cultural chamado futebol tem a capacidade de orgulhar até aqueles que não são tão apaixonados por esta modalidade esportiva, mas ao mesmo tempo de envergonhar, diante de tantos escândalos.

Tais constatações nos fazem concluir que o futebol, como metáfora da vida, reflexo de nosso modelo de sociedade, é este fenômeno que nos obriga a conviver com os paradoxos e contradições de nossa existência, onde o lado mágico, criativo, estético, alegre, descontraído, solidário, vitorioso, tem que conviver com o seu lado obscuro, feito de mentiras, corrupção, malandragem, egoísmo e desonestidade.

Deste caldo cultural é que sai a nossa identidade como Nação. E é justamente deste eterno conflito que temos de encontrar as brechas em busca de nossa superação e o nosso desenvolvimento enquanto seres verdadeiramente humanos. 

Esta decisão do caminho a seguir não cai do céu, não vem do governo ou de outra instituição qualquer. É uma decisão que vem lá do fundo da consciência de cada cidadão.

Para interagir com o autor: medina@universidadedofutebol.com.br