Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br
Categoria: Sem categoria
Autores e pesquisadores que estudam e escrevem sobre algumas vertentes das ciências exatas e outros tantos cientistas do esporte apontam para um raciocínio didático bastante interessante sobre o jogo. Eles exploram a idéia de que existem jogos que podem ser caracterizados por “Estratégias Seqüenciais” e jogos caracterizados por “Estratégias Simultâneas”.
Os jogos com estratégias seqüenciais são aqueles onde as ações dos jogadores ocorrem em seqüência e que, portanto, cada jogador tem consciência das ações anteriores dos outros jogadores (por exemplo jogo de Damas, Xadrez, etc). Os jogos com estratégias simultâneas são aqueles em que os jogadores agem ao mesmo tempo “desconhecendo” as ações dos demais; tentando deduzir e prever dentro de uma lógica as ações de um jogador baseando-se nas ações dos outros (por exemplo jogo de basquete, futsal, futebol, etc).
No caso do futebol, jogo de estratégia simultânea, o problema central está em antever estruturalmente, geometricamente e taticamente o conjunto de ações desencadeadas a partir da ação, por exemplo, do jogador que está com a bola, e buscar uma reorganização que permita dentro do imprevisível, possíveis previsíveis. Em outras palavras, partindo-se do raciocínio de que há uma linha lógica que orienta as movimentações ofensivas e defensivas de uma equipe, poder-se-ia buscar para cada ação-problema de um jogador, soluções rápidas compartilhadas coletivamente pela equipe sem que haja uma comunicação formal explícita.
Norteados por essa idéia, façamos uma reflexão sobre uma questão importante para o jogo de futebol. Estudiosos das ciências do desporto apontam para o fato de que, o que caracteriza se uma equipe está atacando ou defendendo é sua condição de estar com ou sem a posse da bola. Ou seja, se a equipe está de posse da bola, está atacando; se está sem a posse, está defendendo.
Certamente essa idéia já fora debatida em grande volume em muitas “Academias de Conhecimento” mundo a fora, e talvez esteja sendo tratada hoje como obviedade. Mas estou aqui para contestar tal idéia. Não por capricho ou falta do que escrever. A questão é que sob o ponto de vista científico (pedagógico) aplicado, se eu enquanto técnico de futebol convencer meus atletas de que todos (jogadores, estruturas e sub-sistemas) estão atacando quando a equipe está com a posse da bola, ou o contrário (se defendendo) quando está sem ela; tornarei ineficazes, inconsistentes e quase virtuais as transições ataque-defesa e defesa-ataque, bem como não possibilitarei a eles (meus atletas) um raciocínio inteligente sobre situações-problema que aparecerão no jogo.
Aí corremos o risco de solidificar paradigmas que deveriam ser quebrados – por exemplo: “quando se joga no 4-4-2 é importante que os laterais não “subam” ao mesmo tempo, se não a equipe fica exposta ao contra-ataque”. – Por quê? Quem foi que disse? O problema é a subida dos dois laterais ou da estrutura criada para se defender quando a equipe está com a posse da bola?
Senhores, o problema é da estrutura. E se é da estrutura não há motivos para insistir na não subida simultânea dos dois laterais.
Vamos tentar visualizar a “tese” que estou defendendo. Existe um conceito no futebol, também conhecido como “Balanço Defensivo”. Esse conceito reflete a estruturação geométrico-estratégica dentro do jogo que permite aos jogadores raciocinarem defensivamente quando estão atacando. Então enquanto um grupo de jogadores foca na construção ofensiva de uma jogada sem deixar de considerar a organização defensiva, outros jogadores da mesma equipe focam na organização defensiva sem deixar de considerar a estruturação da construção ofensiva.
Apresento a seguir alguns exemplos de estruturas de “balanço defensivo”, para tornar meus argumentos mais reflexivos. Na figura “A” apresento um conservador e freqüente balanço defensivo em losango estruturado pela equipe vermelha. Na figura “B” desenho um tipo de balanço defensivo menos usual e mais ousado; o balanço em diagonal defensiva. Na figura “C”, o balanço e “T” invertido e na figura “D” o balanço em “T” convencional (poderíamos explorar tantos outros, mas creio já ser possível construir as idéias a partir dos citados).
Cada um deles concebe um raciocínio defensivo quando uma equipe está de posse da bola. Então enquanto alguns jogadores “atacam” outros, da mesma equipe, “defendem”. Se voltarmos a questão do 4-4-2, e a subida dos laterais, notaríamos que, a questão não é quem sobe ou quem não sobe, quem ataca ou que defende. A questão é que ao se buscar o ataque uma equipe precisa se orientar defensivamente a partir de uma estrutura qualquer, onde jogadores, simultaneamente se orientam, alternando funções (com maior ou menor freqüência).
Em outras palavras, se eu quero que os dois laterais subam ao mesmo tempo ocupando regiões de ataque, independente da plataforma de jogo (4-4-2, 4-3-3, ou qualquer outra) é necessário que se construa uma lógica para o “balanço defensivo” que estruture tal subida. E insisto, isso realmente independe da plataforma de jogo!
Então eu pergunto caros leitores: estamos preparados e dispostos a derrubar mitos ou estamos tão acostumados a nos acostumar que é mais cômodo acreditar neles? (Os laterais não sobem e a culpa é do 4-4-2).
Por isso vou terminar hoje com uma frase de uma conhecida música:
“Nos perderemos entre monstros da nossa própria criação”… portanto tomemos cuidado com os monstros que andamos criando; um dia eles nos engolem e aí…
Bom, aí irão nos restar apenas os mitos (e “as noites inteiras imaginado uma solução”)!
Categorias
Futebol desigual
O princípio mais básico e fundamental que rege a indústria do futebol diz que time que tem mais dinheiro, tem mais chance de ganhar títulos. É a partir dessa idéia que tudo posteriormente toma forma e faz as coisas ficarem do jeito que são. Afinal, todos os profissionais, seja lá qual a área, tendem a ter no dinheiro o motivo principal da sua evolução profissional. Em geral, o profissional que é melhor em sua função ganha mais dinheiro, e a empresa que paga mais em relação ao resto do mercado tem, em geral, os melhores profissionais.
Como clubes de futebol tendem a servir apenas como um catalisador do capital disponível dos seus torcedores, revertendo o montante em performance, clubes que possuem torcedores mais ricos e mais dispostos a gastar dinheiro acabam naturalmente sendo favoritos para ganhar qualquer competição.
Imaginando que não há nenhuma outra variável incidente que desestabilize essa cadeia, uma vez que se supõe que qualquer outro valor adicional se mantém na proporção da relação público/renda, a competitividade do futebol em campeonatos de longo prazo cai bastante.
Dessa forma, não é surpresa que o São Paulo esteja liderando o Campeonato Brasileiro. Também não é surpresa que ele tenha ganhado o campeonato passado, muito menos que venha a ganhar o próximo. Afinal, o clube é identificado com a parcela mais rica da população da cidade mais rica do país.
Não houvesse desvio de dinheiro, má-administração, dívidas e outras variáveis mais obscuras, os campeonatos brasileiros estariam nas mãos dos paulistas, invariavelmente.
O histórico dos campeonatos em pontos corridos, como tem que ser, oferecem subsídios para essa interpretação. Até agora, todos os campeões saíram da Região Sudeste, de longe a mais rica do país. A concentração de títulos, mais especificamente, está na mão dos clubes de São Paulo, de longe o estado mais rico da União.
Caso a perfeição administrativa do futebol brasileiro um dia seja alcançada, a competitividade e imprevisibilidade do campeonato nacional, certamente o seu maior atrativo, cairá por terra. O campeonato provavelmente ficará mais chato e previsível.
Coisas da vida. Se o futebol é um reflexo econômico da sua região, e se as regiões são extremamente desiguais, o futebol fica naturalmente desequilibrado.
Em um país desigual, o futebol também é desigual.
Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br
Categorias
Futebol, saúde, cultura e educação
Há uma visão do senso comum que toma o futebol e o esporte de uma forma geral, como sinônimo de saúde, cultura e educação. Visto superficialmente, não temos nada contra este pensamento.
Entretanto, precisamos entender que há diferentes dimensões da prática esportiva. O futebol, por exemplo, pode ser praticado como competição de alto rendimento, cujo objetivo primeiro é a conquista, a vitória. Ele pode também ser praticado como proposta educativa, no âmbito escolar e aí o objetivo é mais formativo. E, finalmente, podemos ver o futebol como forma de puro lazer, onde se deve buscar o equilíbrio físico e emocional, a saúde, a descontração e o divertimento. Nesta forma de lazer, o futebol pode também ser considerado como espetáculo, onde os interessados podem participar apenas como espectador, no estádio, à frente da TV ou ouvindo uma transmissão pelo rádio.
Mas seja qual for o objetivo, é preciso que entendamos que o futebol não é bom ou benéfico para seus praticantes, por si só. Para que se atinja seus objetivos específicos é sempre necessário que haja uma intencionalidade, ou seja, uma intenção por trás das nossas ações.
Na verdade, a prática do futebol, profissional, escolar ou de lazer, depende de seus atores ou líderes que conduzem estas práticas, para que se garanta reais benefícios a todos. Explico: se esses praticantes são pessoas egocêntricas, reprimidas, violentas ou agressivas, é bem provável que estas características sejam reproduzidas e refletidas no jogo.
Portanto, podemos concluir que o futebol pode, sim, ser um excelente instrumento de cultura, de educação e de saúde, mas para que isto ocorra em sua plenitude, é necessário que as pessoas envolvidas em sua prática e, principalmente, os treinadores, professores ou líderes comunitários que conduzem estas práticas, tenham estas boas intenções de forma clara e segura, fato que, infelizmente, nem sempre acontece.
Para interagir com o autor: medina@universidadedofutebol.com.br
Categorias
Choque sem Reis
A história coloca o clássico entre Palmeiras e São Paulo como sendo o jogo do Choque-Rei, envolvendo os dois mais poderosos clubes da capital paulista, times ligados à elite e aos imigrantes italianos.
A história atual coloca o clássico entre Palmeiras e São Paulo como sendo o jogo do Choque sem Reis, envolvendo os dois mais deprimentes clubes do país.
Neste ano, o que se viu até agora no clássico de maior potencial bélico do Brasil foi um show de presepadas e aulas de não-comportamento dos dois lados.
A começar pela entrada dura de Edmundo em Miranda no primeiro jogo, revidada por Alex Silva em diversos lances contra Valdívia no jogo do returno. Passando pela inexplicável polêmica com Richarlyson criada por José Cyrillo Jr. e pelas declarações imprudentes de Rogério Ceni na véspera do confronto derradeiro. E se encerrando na ridícula cena do goleiro reserva são-paulino Bosco após a justa vitória tricolor no clássico da última semana.
Palmeiras e São Paulo remontam, aos poucos, a rivalidade criada no início dos anos 40, com a perseguição dos dirigentes tricolores ao então Palestra Itália, que foi forçado a trocar de nome em 13 de setembro de 1942 para o atual Palmeiras.
O que falta explicar a dirigentes, jogadores e torcedores dos dois times é que o futebol, atualmente, não permite mais comportamentos como os observados em todo este ano por figuras importantes das duas equipes.
O futebol atingiu um grau de profissionalização que exige de jogador e dirigente um comportamento ético e racional. Não tem cabimento um atleta violentamente tirar outro de campo, ou então quase quebrar a perna do adversário numa disputa de bola. Não tem espaço para declarações polêmicas que incitam o adversário.
Da mesma forma, é impensável hoje um atleta querer simular ser atingido por um objeto com o único desejo de tentar punir o adversário com a perda do mando de campo. Ainda mais quando todas as câmeras de TV ainda estão ligadas e revelam a farsa num só instante.
O jogo Palmeiras e São Paulo do último dia 29 de agosto tinha tudo para ser um dos grandes clássicos do Campeonato Brasileiro de 2007 e talvez do Choque-Rei. Mas passará para a história como uma partida tão ridícula quanto aquela que, em 20 de setembro de 1942, não terminou porque os são-paulinos decidiram se retirar de campo, inconformados com uma decisão da arbitragem de dar pênalti ao recém-nomeado Palmeiras, então já vencedor do jogo por 3 a 1.
Nem na maternidade os recém-nascidos palmeirenses e são-paulinos seriam capazes de protagonizarem discussões como a de quarta-feira passada.
Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br
Tem gente que bebe café pra esquentar o corpo em “um dia frio num bom lugar pra ler um livro“. Tem gente que bebe café pra “dar uma acordada”. Sem a intenção de discutir verdades e mitos sobre o café ou sobre a cafeína e menos ainda com o propósito de fazer uma discussão bioquímica e fisiológica a respeito do assunto, diria que faz muito tempo, que “tomar um café” deixou simplesmente de remeter a idéia de beber um cafezinho. Passou a ser um ritual, em que muitas vezes come-se uma “bolachinha” e nem se passa perto do tal.
Eu que pouco bebo café, respiro em um Café muitas idéias para discutir futebol. Em um dos mais recentes encontros para tais discussões no “Café dos Notáveis” (onde se discute futebol sob a luz da Ciência), algumas inquietações. Trago uma para debatermos.
É de conhecimento dos “preparadores físicos”, fisiologistas e bioquímicos do desporto que para o organismo do atleta melhorar sua performance integral, é necessário que haja um estímulo estressor que cause desarranjo, desequilíbrio, incômodo as estruturas estáveis do organismo. Este estímulo tira-o (o organismo) do estado de equilíbrio e exige dele respostas adaptativas que proporcionem uma reorganização em um nível mais estruturado. Tal reorganização ocorre para que ele (o organismo) seja capaz de manter o equilíbrio se um estímulo estressor de mesma magnitude resolver “atacá-lo”.
Se o estímulo estressor não tiver magnitude suficiente não provocará resposta adaptativa (porque não é capaz de tirar o organismo do estado de equilíbrio). Se a magnitude for superior aos limites do organismo, o desequilíbrio causado pode ser tão grande que ele (o organismo) não seja capaz de se reorganizar, se reestruturar; ter uma resposta adaptativa positiva (que represente ganhos).
Temos aí alguns conceitos importantes:
a- se o estímulo estressor for maior do que a capacidade do organismo de reagir a ele à intenso desequilíbrio,
b- se o estímulo estressor for menor do que a necessidade do organismo para reagir a ele à não há desequilíbrio,
c- se o estímulo estressor for adequado à respostas adaptativas satisfatórias, ou seja, o organismo equilibrado se desequilibra, reage e torna se equilibrar.
Em jogos de futebol esses conceitos podem ser aplicados também em questões táticas das dinâmicas que envolvem o jogo. Se uma equipe está atacando, tenta, a partir do seu equilíbrio ofensivo “desequilibrar o equilíbrio” defensivo da outra equipe. Se suas estratégias causarem desequilíbrios muito intensos no adversário, levarão com maior contundência a chances de finalizações e gols. Se as movimentações ofensivas tiverem pequenas magnitudes, não conseguirão desequilibrar a defesa adversária, o que em termos ofensivos vai resultar em “nada”. Se o estímulo for “adequado” causará certos desarranjos a defesa adversária, seguidos de respostas organizadas, que exigirão novas e mais intensas dinâmicas ofensivas para tentar desequilibrar o sistema defensivo.
Em outras palavras, o ataque de uma equipe busca desequilibrar intensamente a defesa adversária. Se suas dinâmicas e estratégias não forem intensas o suficiente a defesa levará vantagem. Se for, o ataque levará vantagem, com facilidade. Grandes jogos (e outros nem tão “grandes” assim) apresentam equilíbrios e desequilíbrios constantes, com estratégias de ataque para desequilibrar a defesa, e estratégias de defesa para se manter equilibrada e desequilibrar o ataque, onde repostas e estímulos vão se alternando o tempo todo.
Temos aí outros conceitos interessantes. Se por um lado o ataque de uma equipe tenta desequilibrar o sistema defensivo de outra, o sistema defensivo de uma equipe poderá adotar três estratégias alternativas para responder aos ataques adversários. A primeira estratégia remete a tentativa da equipe de manter seu sistema defensivo equilibrado.
A segunda, remete para a tentativa de equipe provocar desequilíbrio no sistema ofensivo adversário. A terceira estratégia é a alternância circunstancial das estratégias anteriores.
No primeiro caso, buscar manter-se em equilíbrio significa desenvolver uma estratégia “passiva” para roubada de bola, buscando uma estruturação posicional vantajosa (característica principalmente de marcações por zona), induzindo o adversário ao erro.
No segundo caso, causar desequilíbrio significa desenvolver estratégias “ativas” de busca incessante para recuperar a posse da bola (característica, principalmente, de marcações individuais, “por camisa”).
No terceiro caso, o mais elaborado e complexo, causar desequilíbrio significa alternar as estratégias, de tal maneira que se busque uma estruturação posicional vantajosa para se partir para a busca intensa pela recuperação da posse da bola.
UM MOMENTO DE DESEQUILÍBRIO:
Um dos Notáveis do Café contou que há alguns anos, em um jogo presenciou a seguinte situação:
Primeiro escanteio ofensivo do jogo, para a equipe “A”. Dos dez jogadores de linha, sete foram para a grande área e proximidades dela. Até aí, nada aparentemente anormal. A equipe “B” deveria por comodismo (como quase todas as equipes por aí) deixar dois atacantes para puxar o contra-ataque e trazer os demais oito jogadores para participar da defesa. Então, situação habitual, comum: três defensores da equipe “A” marcando dois atacantes da equipe “B”, que por sua vez teria oito jogadores marcando sete (6+1 que cobra o escanteio). Mas eis que surge o inesperado; um momento de intenso desequilíbrio – a equipe “B” resolve manter não dois,
mas cinco atacantes para puxar o contra-ataque (deixando apenas cinco jogadores dentro da área para defenderem o escanteio).
mas cinco atacantes para puxar o contra-ataque (deixando apenas cinco jogadores dentro da área para defenderem o escanteio).
A equipe “B” tentou se manter em equilíbrio, ou tentou desequilibrar o ataque adversário? O que você faria se fosse treinador da equipe “A”?
Bom, a equipe “A” manteve três jogadores para se defender; ou seja, no seu escanteio ofensivo posicionou sete jogadores atacando (6+1) contra cinco defensores.
Escanteio cobrado, nas mãos do goleiro da equipe “B”. Sem pestanejar, contra-ataque armado. Aproveitando o intenso desequilíbrio causado no sistema defensivo da equipe “A” (5×3), gol para a equipe “B”.
Senhores, a equipe “B” causou grande desequilíbrio na equipe “A” ao manter cinco jogadores na linha de meio-campo para puxar o contra-ataque. A equipe “A” não respondeu de forma inteligente em tempo hábil. Aí sofreu o gol.
Se analisarmos atentamente a situação, notaremos que antes da cobrança do escanteio a equipe “A” tinha seis jogadores mais um contra cinco defensores mais um (o goleiro).
Como aumentar essa vantagem numérica sem recorrer a remanejamentos de jogadores, possibilitando maiores chances de criar uma situação de gol?
Se ao invés de cruzar a bola diretamente na área, a equipe “A” tivesse realizado uma cobrança curta – saísse jogando – como ficaria a situação numérica? Simples, o 6+1 se transformaria em sete. O 6+1 contra 5+1 se transformaria em sete contra 5+1.
Levando em conta que os jogadores que ficaram para puxar o contra-ataque tentariam voltar para auxiliar a defesa, a equipe “A” teria ainda cerca de cinco segundos para buscar o desfecho da jogada com vantagem numérica. Na pior das hipóteses para a equipe “A”, a equipe “B” conseguiria se reequilibrar defensivamente a tempo, mas perderia a vantagem numérica ofensiva em um eventual contra-ataque.
Aí, quem teria desequilibrado quem? (“Tostines vende mais porque é fresquinho, ou é fresquinho porque vende mais? – se não quiser se arriscar é melhor ir pegando o “bolachinha” da prateleira; e se não gosta de bolachas…, bom, aí é melhor vir tomar um “Café”.)
Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br
Categorias
O êxodo e a Copa
Sexta-feira se fecha a janela de transferências de jogadores de futebol para clubes europeus. Isso não significa necessariamente o fim do êxodo de jogadores dos times brasileiros, uma vez que a Uefa corresponde a pouco mais da metade do destino dos atletas. A CBF ainda não divulgou números oficiais, mas o meu chute permanece acima dos 900. 907, para ser mais preciso.
Lula não gostou muito do número. Para ele, e para muitos, o êxodo de jogadores é um problema e precisa ser combatido, melhorando a estrutura do futebol nacional. Discordo. O êxodo não é um problema por si, ele é pura e simplesmente uma conseqüência. Ele só acontece por conta de uma série de problemas de fato, pertencentes um tanto a problemas ambientais e outro tanto a problemas de dentro da esfera do futebol.
Ao se combater o êxodo por si, você estará combatendo na verdade a livre vontade de um profissional evoluir na vida, e isso jamais pode ser negado a um indivíduo. Eu, você e o cara aí do seu lado almejamos por melhores condições de vida, e é assim que tocamos a nossa vida profissional.
É fato, porém, que o próprio êxodo em si é superestimado. O fato de oitocentos e poucos jogadores terem saído do país no ano passado não representa a raiz da preocupação em si. Muitos desses jogadores sairiam de um jeito ou de outro, uma vez que o futebol brasileiro não comporta tanta produção de atletas. Por isso, entre outras tantas razões, que jogadores saem jovens. Não tem time suficiente no país pra todo mundo. Com tanta produção, serão cada vez mais comuns casos de jogadores nascidos no Brasil jogando em seleções de outros países, como Deco, Pepe e Eduardo da Silva. O problema não está nos oitocentos e poucos jogadores por ano, mas sim nos cinqüenta ou sessenta que saem da primeira e da segunda divisão, o que eventualmente diminui a já pouca identificação da torcida com o time e a também já bem baixa qualidade do jogo apresentado.
Mas se Lula se preocupa tanto assim com o alto número de jogadores brasileiros se transferindo para mercados internacionais, os oitocentos e pouco, ele pode colaborar em reduzir esse número. Basta diminuir a produção de jogadores. Para isso, é só melhorar as condições educacionais do país e as possibilidades de evolução social dos indivíduos, principalmente dos jovens de baixa renda. Dessa forma, os mesmos jovens que hoje focam seus talentos no jogo de futebol podem eventualmente focar os seus talentos em fazer do Brasil um lugar melhor pra se viver. Essa nova filosofia, porém, reduziria drasticamente o número de bons jogadores de futebol do país.
Obviamente que isso implicaria em criar um embate pro Estado, uma vez que ele teria que escolher entre o melhor para a sociedade brasileira como um todo ou o melhor para a seleção brasileira de futebol.
Pelo conjunto histórico da obra e pelo jeito que está sendo conduzida a candidatura da Copa de 2014, não é muito difícil prever qual o lado que o Estado iria escolher.
Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br
Categorias
Futebol: ciência e arte
Um tema sempre presente nas conversas dos bons apreciadores do futebol e também de seus profissionais é o do papel das ciências para a evolução desta modalidade esportiva.
A eterna discussão, por exemplo, em torno da prevalência do futebol-força em relação ao futebol-arte parece representar certo preconceito em relação à ciência, já que se subentende que estas duas dimensões são coisas opostas ou antagônicas. Ou se tem arte, representada pela técnica apurada, pelo estilo e plástica do jogo, ou se tem a força, representada pelo bom preparo físico, velocidade e disciplina tática.
Cria-se uma separação artificial muitas vezes prejudicial à melhor compreensão e desenvolvimento deste esporte.
Para aprofundarmos este assunto, talvez fosse interessante antes de qualquer coisa entender um pouco o que é ciência e o que é arte. O exato significado do que seja uma e outra tem sido um desafio para pensadores, cientistas e demais profissionais que se preocupam com o tema e o que se observa é que não há muito consenso entre eles.
Particularmente gosto da definição de ciência como a síntese provisória e possível do saber acumulado pela humanidade em um determinado período histórico. Como arte podemos entender a habilidade do ser humano de produzir algo belo ou estético. Ela se manifesta de diferentes formas através da música, dança, cinema, teatro, pintura, esporte etc.
Entendidas assim, ciência e arte, ao invés de ocuparem lugares opostos ou antagônicos, deveriam ser consideradas como dimensões complementares a serviço da nossa evolução e desenvolvimento.
Em especial no futebol, a exemplo de tantas outras manifestações humanas, seria maravilhoso se utilizássemos o conhecimento e inovações científicas para aprimorarmos a arte de jogar com habilidade, estilo e beleza, tornando esta paixão nacional e mundial cada vez mais atraente.
Pena que ainda nos atrapalhemos ao lidar com estas duas dimensões.
Para interagir com o autor: medina@universidadedofutebol.com.br
Categorias
Com a bola toda
Em setembro de 2001, o bastidor do futebol brasileiro estava tenso. Era “final de Copa do Mundo”, como fazia questão de dizer a seus pares Ricardo Teixeira, então presidente da Confederação Brasileira de Futebol já há 11 anos.
Após duas CPIs devastarem o futebol brasileiro, apontarem indícios de irregularidades em quase todas as ações da CBF e do dirigente no futebol, era hora de votar os relatórios, de apresentar denúncias ao Ministério Público, de sair em busca dos culpados por negociatas que derrubaram o futebol brasileiro.
Dentro de campo o Brasil ia de mal a pior. Depois da inexplicável perda da Copa de 98, até para Honduras o time perdia jogo. Os meses foram se passando até que, em dezembro de 2002, Ricardo Teixeira sorria de orelha a orelha.
O Brasil era campeão mundial pela quinta vez. Ninguém questionava as CPIs, só se falava de festa aos campeões, de Vampeta dando cambalhota na rampa do Planalto, de jogo de despedida para o Zagallo, etc.
Em agosto de 2007, Ricardo Teixeira, ainda ele, agora 16 anos no comando do futebol nacional, nem deve se lembrar direito do inferno que viveu no mesmo período seis anos atrás.
Hoje, ninguém fala sobre o futebol burocrático da seleção brasileira, ou sobre as convocações mirabolantes de Dunga, lembrando muito a “Era Luxemburgo” no time nacional. Muito menos sobre CPI, gestão temerária da CBF e coisas do gênero.
O que todos querem saber é quem serão as 12 cidades-sedes da Copa do Mundo de 2014 no país. Os mesmos políticos que há seis anos achincalhavam Teixeira, hoje pedem sua ajuda para conseguir votos e levar a seu estado a disputa de uma Copa do Mundo.
O poder do voto, subjugado pelo poder da bola, confere a Ricardo Teixeira uma espécie de poder soberano sobre o país. A expectativa de realização de uma Copa no país faz brilhar os olhos de qualquer populista. Como não existe político sem o anseio populista, a perspectiva de, em 2014, o Brasil ser invadido por uma Copa que gera empregos, atrai turistas, chama a atenção da mídia de todo o mundo e coloca o país em evidência, é prato feito para quem quer se eleger.
No centro de todo esse emaranhado de dinheiro que é despejado com uma Copa do Mundo está Ricardo Teixeira. Um acordo político costurado durante anos na Fifa assegurou ao Brasil um privilégio que praticamente desde 1950 não se via. Um país ser candidato único à sede de uma Copa. Mas, naquela época, o mesmo Brasil era o único com condições de abrigar um Mundial cinco anos após a Segunda Guerra.
Hoje, tudo gira em torno de Ricardo Teixeira. Os políticos pedem sua ajuda, a imprensa bate à porta querendo detalhes da visita de inspetores da Fifa. Ricardo Teixeira está com a bola toda. E o futebol brasileiro com as mesmas caras de sempre.
Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br
Será que Deus joga dados? Esse é o título de um belíssimo livro de Ian Stewart que me fez e me faz muitas e muitas vezes refletir sobre futebol.
A cada novo nascer do Sol fico pensando nas maravilhas da natureza, tão bem encaixadas, que é possível tirar dela (a natureza) construtos que nos ajudam a explicar a complexidade do mundo através da complexidade de cada um dos seus detalhes, de cada um dos seus elementos (da lógica que explicita o funcionamento de um rio até a lógica que rege o vôo de um bando de pássaros em migração).
O mais interessante é notar que todos esses elementos (e qualquer outro) estão em constante interação, buscando ordem e organização, formando um grande conjunto de variáveis; um belo e complexo sistema (e isso quer dizer que qualquer variação, qualquer mudança em pequenos detalhes, em pequenas variáveis desse sistema podem desencadear grandes e amplificadas transformações em outros elementos que o compõe).
Em outras palavras, se decidirmos ficar cinco minutos a mais no banho ou deixar a torneira aberta enquanto cuidamos dos dentes, poderemos desencadear em alguma faixa temporal uma amplificada catástrofe como a falta de água. Isso se aplica aos recursos naturais, a sua vida em família, aos deveres do trabalho, aos desafios da faculdade, ao “eu te amo” que não foi dito, e não com menos filosofia ou poesia ao jogo de futebol.
Então vejamos.
Já discutimos o que significa uma “plataforma de jogo” (vide texto da semana passada – “Os esquemas táticos, as plataformas de jogo e a amplitude como princípio de ataque”). Já sabemos que são as dinâmicas e as estratégias elaboradas a partir dela que determinam a competência ofensiva e/ou defensiva de uma equipe, e que plataformas, estratégias e dinâmicas de jogo são elementos de um sistema: o sistema de jogo.
Para entendermos o que significa sistema de jogo, busquemos compreender primeiro o significado do conceito de “sistema”. Não da palavra “sistema”, mas da construção teórica que a envolve.
Toda vez que temos um conjunto de elementos que se relacionam e se ajustam formando um “todo organizado” podemos dizer que temos um sistema. Assim temos o sistema solar, o sistema econômico, o sistema operacional, o sistema nervoso e qualquer outro que seja possível lembrar.
No futebol, temos o “sistema de jogo”. Não se trata do impregnado conceito “futeboleirista” que o toma como sinônimo de “esquema tático”. Trata-se aqui de um elemento que descreve o jogo em sua totalidade, compreendendo toda sua complexidade.
Imaginemos o jogo de futebol como um grande número de equações que têm afinidades entre si e que se juntam formando grupos de afinidades. Assim como as equações de um mesmo grupo interagem entre si, os grupos também se relacionam. Então teremos grupos de equações relativas à organização defensiva, grupos de equações relativas à organização ofensiva, às transições do jogo; grupos relativos às dimensões do campo, ao tipo de gramado, ao estado nutricional, mental, físico, social da equipe e do atleta… Poderíamos descrever uma infinidade desses grupos, de tal forma que ao se ir mais a fundo, mais distante se vai ficando do jogo propriamente dito; e quanto mais distante se parece estar, mais perto do jogo pode-se chegar!
Qualquer variação em uma equação de qualquer um dos grupos pode gerar, com maior ou menor intensidade, reflexos em equações de outros grupos; o que numa visão total do sistema poderia alterar o resultado final.
Por mais didático que seja entender a existência de grupos de equações (sub-sistemas) dentro de um sistema, é mais do que importante compreender que todos os grupos e equações estão interligados, interagindo em todas as direções, harmonicamente, em conjunto.
É claro que o raio de ação do treinador de futebol, nos moldes que conhecemos, fica limitado ao grupo de equações referentes às variáveis técnicas e táticas do jogo (e, portanto, talvez isso que escrevo soe como um “monte de bla-bla-blás” dispensável). Mas em pleno século XXI, sabendo que cada vez mais são os detalhes que podem levar uma equipe de futebol à derrota ou à vitória, vislumbro outro tipo de treinador. Não mais aquele que compreenda as equações de um grupo do sistema, mas aquele capaz de visualizar o “sistema” em sua totalidade, em sua complexidade, em sua essência (e aí quero destacar que não é por acaso que alguns treinadores têm conseguido melhores resultados do que outros – e que tantos outros quando ganham não sabem exatamente o porquê, por isso não conseguem continuar ganhando).
Como disse dia desses um pesquisador profissional do futebol, esse é um esporte bom para pessoas “não tão competentes e nem tão bem preparadas” trabalhar, porque se faz um mau trabalho, tudo errado, e eis que surge um lance duvidoso, um pênalti no fim do jogo a favor da equipe, e aí pronto… Mas ele mesmo lembrou que uma hora a “casa cai”.
A reflexão sobre o conceito de sistema de jogo me faz lembrar um exemplo interessante. Na Copa do Mundo de Futebol de 2006 a seleção brasileira jogou contra a seleção francesa numa partida que mais uma vez fez apaixonados e especialistas divagarem semanas e mais semanas sobre uma derrota do Brasil para a França. Naquele jogo, por diversas vezes os franceses pressionaram a saída de bola da seleção brasileira. Pela TV fora mostrada a dificuldade dos jogadores brasileiros em sair jogando. A solução: o “chutão”.
Interessante que pelos campos do mundo, em diferentes línguas, algo muito comum de se escutar na beira dos gramados é a “proclama” do treinador ecoando: “faz quebrar (chutar), faz quebrar” (traduzindo: o treinador está pedindo para sua equipe pressionar invariavelmente os zagueiros ou goleiro adversário, para que eles dêem um “chutão”, se livrem da bola ?³ traduzindo a tradução: como não compreendemos dinâmicas para roubar a bola do adversário o mais próximo possível do seu gol – e ele, o adversário, não compreende dinâmicas para sair jogando – vamos forçar o chutão pra tentarmos recuperar a bola numa assídua disputa “aérea” no meio-campo).
Mais interessante é vermos os jogadores brasileiros “sofrendo” com isso. Mas como, jogadores selecionáveis, nascidos no “país do futebol”, podem ter tamanha dificuldade?
Não é obra do acaso, nem seleção natural (“afinal são zagueiros” – NÃO!). É só olharmos alguns jogos de competições de categorias de base. O sub-13, 15, 17 e as mesmas estratégias: chutão, chutão, chutão! E não só o chutão como forma de se livrar da bola. Podemos ver a todo tempo equipes e mais equipes fazendo do chutão a melhor ferramenta para se chegar à vitória (um jogador mais forte fisicamente chuta a bola para outro jogador forte fisicamente no ataque para que ele tente chegar ao gol – e os outros menos fortes, assistindo de dentro do campo a mais uma partida de futebol). Isso acontece no sub-13, ganha força no sub-15, e aí… Aí vai parar na Copa do Mundo de Futebol!
Surpreso fiquei ao presenciar uma partida entre jogadores em formação, entre uma equipe brasileira e uma equipe “árabe” que tinha uma estratégia bem “original” de jogo: entre provocações e divididas mais fortes, muitos “chutões” buscando um jogador de ataque. “Original”!? A c
omissão técnica árabe era brasileira (“eu sou brasileiro, com muito orgulho, muito amor e muito preocupado!”).
omissão técnica árabe era brasileira (“eu sou brasileiro, com muito orgulho, muito amor e muito preocupado!”).
Esse é só um exemplo, das pequenas coisas que se amplificam e ganham proporções “gigantescas” dentro do futebol. É assim na formação de um atleta, é assim nas estratégias elaboradas a partir de uma plataforma, é assim numa jogada que desencadeia um gol.
Se Deus não joga dados como dissera Einstein, também não faz gols; nem explica vitórias e derrotas. Se não compreendermos o “sistema de jogo de futebol” é possível que muitos jogos sejam perdidos antes que Ele resolva dar alguma explicação.
Para interagir com o colunista: rodrigo@universidadedofutebol.com.br
A Comissão de Turismo e Desporto aprovou na quarta-feira (22), com emendas, o Projeto de Lei 6403/02, que obriga a Federação das Associações de Atletas Profissionais a prestar contas semestralmente ao Ministério do Esporte dos recursos recolhidos para assistência social e educacional dos atletas profissionais, ex-atletas e daqueles em formação. O projeto muda a Lei Pelé (Lei 9615/98) e é de autoria da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Futebol, que funcionou no Senado entre dezembro de 2000 e maio de 2001.
O relator, deputado Deley (PSC-RJ), votou favoravelmente à proposta por considerá-la uma contribuição para que o Poder Público acompanhe a aplicação dos recursos. Ele retificou a referência original à secretaria nacional dos esportes, remetendo-a ao atual Ministério do Esporte.
Deley lembra que após a aprovação desse projeto no Senado, em março de 2002, foi promulgada a Lei 10672/03, que fez uma série de modificações na Lei Pelé, contemplando inclusive alguns itens previstos na proposta, razão pela qual ele apresentou emendas supressivas para não repetir a lei.
Penas pecuniárias
Por considerá-la "muito confusa", o relator rejeitou a parte do texto que visava evitar que entidades de prática desportiva recebam penas pecuniárias por infrações cometidas em jogos das categorias amadoras. Para ele, "tal dispositivo é muito específico e deve ser tratado nos códigos desportivos disciplinares, e não na lei de normas gerais".
O deputado acatou a determinação de que cópias do contrato de trabalho, da rescisão e do empréstimo de atletas profissionais devem ser enviadas para a Federação Nacional dos Atletas Profissionais, mediante protocolo, sob pena de nulidade contratual. No seu entender, essa medida deve ser apoiada, pois beneficia a transparência nas relações entre clubes e entidades representativas de atletas profissionais.
Multa rescisória
Também foi aprovada a distinção entre os institutos jurídicos da cláusula penal e da multa rescisória, que não estão claros na legislação atual. A cláusula penal é específica apenas para o caso de transferência do atleta para outra entidade de prática desportiva, nacional ou internacional.
A legislação em vigor já estabelece que o valor da cláusula penal poderá chegar ao limite de até 100 vezes o montante da remuneração anual pactuada. Já a multa rescisória é relativa ao atraso no pagamento do atleta por até três meses, situação em que ele poderá rescindir o contrato unilateralmente, aplicando-se nesse caso o que determina a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Segundo o relator, a Comissão de Trabalho, que analisou a proposta anteriormente, votou favoravelmente a essa mudança, cujo teor está no âmbito de apreciação daquela comissão e com a qual ele concorda.
Supressões
O projeto previa a admissão de um representante das Federações de Atletas Profissionais no Conselho de Desenvolvimento do Desporto Brasileiro, órgão que foi substituído pelo Conselho Nacional do Esporte. Esse novo conselho não mais discrimina a sua composição, cabendo ao ministro do Esporte indicar seus membros. Por isso, o relator concordou com emenda supressiva da Comissão de Trabalho.
Por já terem sido incorporados à legislação, o relator também suprimiu o item que tratava do impedimento do uso das marcas de empresas de TV e de radiodifusão em publicidade nos uniformes dos jogadores.
Tramitação
O projeto será votado em plenário após análise da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. Ele tramita em regime de prioridade.
Para interagir com o autor: lino@universidadedofutebol.com.br