Olá amigos, como de praxe, em toda última terça feira do mês, o espaço é para a análise de um jogo da rodada. E até que fim voltou o futebol, já estava com saudades. Na semana que vem prosseguem os textos sobre estádios, tecnologia e copa do mundo.
O Fluminense reformulou a sua equipe e manteve a sua banca de favorito no Rio, mas, logo na estréia, sofreu um revés para a boa equipe da Cabofriense. Vamos ver o que o scout do jogo nos diz?
Vamos nessa análise partir da variável tempo de jogo para identificar os posicionamentos efetivos das equipes. Uma análise fácil e simples, pois não buscamos nos dados em si as informações do jogo, mas, pelo contrário, partimos de um critério que já serve de parâmetro. È uma possibilidade de análise, confesso que prefiro deixar os dados me indicarem os parâmetros, mas é também possível fazermos o processo inverso.
O posicionamento efetivo dos jogadores é tomado com base no centro de ações de cada jogador e indica algumas coisas interessantes. Onde há um jogador isolado sem ninguém do adversário próximo, a leitura que fazemos é de que nenhum jogador adversário contrapôs alguma ação para as ações que determinado jogador realizou naquela região.
Por exemplo, na figura 1 observamos o 10 da Cabofriense isolado na direita, significa que (sem cruzar com outros dados, que nos dariam exatamente as ações) podemos interpretar que tal jogador realizou ações nessa região tendo como jogador mais próximo que faz alguma ação em contraposição a sua atuação o 3 do Fluminense. Podem ser alguns passes, lançamentos, dribles, que o jogador fez por ali e pelo lado tricolor alguns desarmes, interceptações, etc.
Dificilmente teremos um quadro exato de sobreposição das ações, para cada atacante um defensor colado, mas quanto mais equilibrada for uma equipe, a tendência é sempre ter jogadores contrapondo ações de seus adversários, seja pela proximidade de seus centros de ações ou pelo conjunto de centros de 2 ou mais jogadores.
Vejamos por exemplo a figura 3. No qual os jogadores 10-9-17-7 do Fluminense tem relativa folga de seus opositores, mas observem como o espaço de uma maneira geral é coberto pelos jogadores 4-3-5-7 da Cabofriense, que pelo conjunto acabam fazendo uma boa contraposição de ações. O que não ocorre com o 10 da Cabofriense nas figuras 1, 4 e 5 , estando bem isolado no centro de suas ações.
Nessa dinâmica do jogo podemos observar como as ocorrências vão modificando a característica de cada equipe. Evidente que quando confrontamos tais dados com outras informações de um scout a interpretação tende a ser mais rica e precisa, fazendo valer a capacidade do observador para transformar dados em informação e posteriormente em intervenção.
Deixo para o amigo divagar sobre as imagens e tirar suas conclusões. De forma sucinta descrevo minha análise sobre elementos chaves de cada figura:
Figura 1: Fluminense consegue um domínio da intermediaria ofensiva favorecendo chutes de longa distância e jogadas pelo meio.
Figura 2: A Cabofriense congestiona mais o setor descrito anteriormente e começa a ter mais participação ofensiva dos seus laterais, do jogador 7, tendo seus jogadores 9 e 10 um isolamento maior do seu centro de ações. Sendo o 9 autor do gol de empate.
Figura 3: A Cabofriense inverte ações do jogador 7 com 11, esse último, autor do 2º gol, passa a atuar mais avançado assim como uma maior centralização do lateral 6 e conseqüente maior participação ofensiva também. (Esse lateral foi quem efetua o lançamento para o gol da virada, em jogada pelo meio campo).
Figura 4: O jogo fica mais aberto, com pouca ação no meio campo, sendo que o 10 da Cabofriense continua jogando sem uma ação defensiva do adversário, mais próxima as suas jogadas.
Figura 5: O Fluminense se organiza um pouco melhor e ocupa o campo de uma forma mais distribuída e ofensiva, mas ainda deixa o 10 adversário com muito espaço.
Figura 6: O Fluminense parte para pressão deixando exposta sua defesa, o jogador 8 da Cabofriense, atua completamente isolado, e é justamente esse jogador que daria números finais ao placar.
Bom pessoal, essa é uma análise rápida, que pode parecer oportunista por ser publicada pós jogo, mas tais informações, tendências de posicionamentos, foram observadas durante o jogo e é nesse ponto que acreditamos que a tecnologia do scout pode ajudar no futebol assim como uma telemetria na F1.
Podemos observar que o piloto tem feito uma curva com traçado diferente, mas é a observação das informações que vai detalhar o que de fato esta acontecendo, se é falta de pressão aerodinâmica ou outra coisa, cabendo aos responsáveis tomar a decisão de intervir e evitar uma batida ou abandono.
Abraços e até a próxima,
Zezinho Do Scout
Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br