Eu tenho visto uma certa relação de bons resultados de algumas equipes, entre o tempo de comando na beira do campo e a melhor performance de resultados na prática. Então me pergunto: essa relação é efetivamente válida ou algo mais está relacionado a melhoria constante dos resultados das equipes dentro de campo?
Sobre este tema, eu particularmente acredito que uma estratégia que pode estar dando respaldo aos bons resultados das equipes que mantém seus comandantes por mais tempo, a capacidade de promover o “aprendizado contínuo” por parte dos atletas de futebol.
A busca pela excelência no futebol pode ser compreendida como um processo de autodescoberta e de ampliação dos limites em todos os sentidos, no qual cada atleta atua em novas descobertas que podem levá-lo à sua melhor concentração e ao seu melhor desempenho possível.
Relembrando citações de outras reflexões anteriores, vale muito a pena compreendermos que para se conquistar o aprendizado contínuo, se faz necessária uma concentração específica. E as habilidades do atleta em aprender continuamente crescerão quando seu foco estiver centrado em:
Encontrar prazer naquilo que se faz bem e nos pequenos passos adiante;
Extrair lições relevantes de cada experiência ou desempenho;
Refletir acerca daquilo que se pode melhorar e de como fazer esses ajustes;
Agir sempre de acordo com suas lições aprendidas.
A conquista da excelência particular de cada atleta é resultado da vivência das lições que o atleta obtém de suas próprias experiências.
É uma grande verdade o fato de que os atletas de elevada performance alcancem altos níveis de excelência e cada vez melhores resultados, pelo fato de serem comprometidos com o aprendizado contínuo. Todos se preparam muito bem, se concentram bem, lidam bem com as distrações, procuram fazer constantemente avaliações rigorosas pós-atuação e procuram agir conforme as lições que aprenderam com as suas experiências. Igualmente, eles conseguem perceber suas próprias boas qualidades, ter uma percepção cada vez mais apurada de si e com isso reconhecem os pontos positivos no seu desempenho. Com isso, passam a desejar cada vez mais melhoras consideráveis no seu desempenho.
Para finalizar a coluna desta semana, complemento com algumas boas reflexões sobre o aprendizado contínuo para os atletas:
O atleta está comprometido em aprender continuamente e em usar este aprendizado para se tornar cada vez melhor?
O atleta extrai lições relevantes de cada atuação e de cada experiência?
O atleta atua conforme essas lições todos os dias ou em todas as oportunidades, antes de sua próxima atuação?
Próximo ao final do ano de 1994 joguei minha primeira Copa do Mundo, em uma final épica, o “Brasil do Danilo” foi derrotado pelo “Brasil do Douglas” (meu irmão um ano mais novo) e sagrou-se campeão mundial de “Gol a Gol” na disputadíssima partida realizada no quintal da casa dos meu pais! Nem mesmo os avisos (entenda-se berros) de minha mãe para que a partida fosse encerrada, visto o risco iminente de um acidente (quebra de uma janela ou do registro de água, que seria seguido de punição severa!), foram suficientes para cancelar a partida, nenhum dos dois oponentes abandonaria o jogo tão importante como aquele, aliás, eu e acredito que também meu irmão, mal ouvíamos o que nossa mãe dizia, apenas buscávamos realizar a melhor defesa possível, sem deixar que a bola cruzasse a linha de meio campo, para depois desferir o chute perfeito que conseguisse vencer o goleiro adversário. Somente ao final do jogo é que fomos nos dar conta dos arranhões e de nossa mãe que avidamente nos aguardava, para nos “saudar” após tão grande partida. Fatos que passaram desapercebidos durante o jogo…
Caros leitores, acredito que grande parte de vocês já tenha vivido “finais” como essa! Seja no quintal de casa contra o irmão ou o cachorro, seja nos torneios interclasses das escolas, ou num dos maiores clássicos do futebol mundial: rua de cima contra rua de baixo. Situações em que o seu nível de envolvimento com o jogo, ou a atividade que estivesse realizando, foi tão grande que você perdeu um pouco a noção do tempo e do que lhe rodeava, daquilo que não fazia parte diretamente do jogo, você se envolveu profundamente com aquilo que estava realizando. Fazendo agora este exercício de relembrar estes momentos, um sentimento de satisfação deva estar surgindo em você, um sentimento de que naquele momento, você teve um desempenho ótimo! E, este momento, esta situação que você viveu tem nome, é o estado da psique que a psicologia chama de flow.
https://youtu.be/Z6JokQXRVlg
O vídeo é um trecho retirado do filme For love of the game, e ilustra exatamente o que muitos já devem ter vivenciado, quando se está imergido totalmente no jogo, nada lhe tira a concentração, nenhum barulho externo o incomoda, você está vivendo plenamente o jogo.
Um dos pioneiros e maiores estudiosos do flow, ou “teoria do fluxo” em português, é o psicólogo húngaro Mihaly Csikszentmihalyi. Ele nos diz que o fluxo é um estado mental de profundo envolvimento com determinada tarefa que se está realizando, quando a concentração é tão intensa que nenhuma atenção é desviada para pensamentos irrelevantes ou as preocupações com problemas que não sejam os da tarefa. O indivíduo canaliza toda a sua capacidade cognitiva e emocional na tarefa, a autoconsciência desaparece e a noção do tempo fica distorcida. A atividade que induz a tais experiências é gratificante para aqueles que desejam praticá-la por vontade própria, ainda que a atividade seja difícil ou perigosa (isto também explica o porquê de muitas pessoas praticarem esportes em que existe um real risco de vida).
Basicamente, é este o estado que muitos de nossos atletas vivenciam quando estão jogando, por isso, tem-se a percepção de que muitos “se transformam” em outra pessoa durante o jogo. Existem inúmeros estudos mostrando que atletas, ao atingirem tal estado, elevam seus níveis de desempenho ao máximo e que, portanto, buscam utilizar o fluxo como ferramenta de treino, já que é atitude extremamente eficaz para se obter ótimos níveis de desempenho.
Ministrar uma sessão de treino onde os atletas atinjam este nível de envolvimento, deveria ser uma meta diária de toda comissão técnica. Autores brasileiros como Scaglia e Freire, há algum tempo, defendem que este estado de fluxo, chamado por eles de estado de jogo, está diretamente ligado à melhora na performance dos atletas. Scaglia nos diz que “a medida em que o jogador está em estado de jogo (se entregou ao jogo) ele irá mobilizar os recursos (competências e habilidades) disponíveis para jogar cada vez melhor (obter êxito)”.
Visto que tal estado psíquico possa gerar tamanhos benefícios aos nossos atletas, basicamente algumas características são necessárias às atividades para que estes possam atingir o estado de jogo, são elas:
Equilíbrio entre habilidade e desafio. Dificilmente será benéfico trazer atividades com um grau de dificuldade/desafio demasiado elevado ou baixo do nível de sua equipe e jogadores. Atividades abaixo do nível de desempenho da equipe irão gerar monotonia, desinteresse e falta de concentração, enquanto atividades acima do nível irão gerar frustração/preocupação visto que quase nunca se alcança os objetivos. É necessário saber em que nível de entendimento e aplicação eles estão.
Metas e regras claras. Os atletas devem conhecer quais são os objetivos, o que se espera deles com esta atividade, e quais são os caminhos (regras da atividade) que os induzem ao cumprimento dos objetivos.
Feedback claro e imediato. É necessário que os atletas recebam abordagens que lhes indique o quanto estão ou não se aproximando dos objetivos propostos.
Por exemplo, no jogo, os atletas são desafiados a vencer a equipe adversária, é do conhecimento deles as regras que balizam este jogo, o placar final do jogo lhe dá uma rápida e direta resposta de que se conseguiram ou não vencer este desafio.
Estas situações podem ser induzidas dentro da sessão de treino. E em meio a este contexto, estarão os objetivos da comissão para a equipe e cada jogador, sobretudo quando falamos de categorias de base, a comissão deve também entender que o placar do jogo não pode ser o único fator balizador da análise de desempenho da equipe e dos jogadores.
O nível de engajamento alcançado pelo estado de fluxo, ou estado de jogo, induz os jogadores a atingirem seus limites de performance, que é um dos principais objetivos de todo treinador esportivo e também dos jogadores. Sabe-se que tais limites de performance dificilmente são alcançados quando não se está totalmente concentrado na atividade que se realiza. Sendo assim, buscar conhecer como seus atletas atingem o estado de jogo, e fazer com que eles treinem neste estado, é fator importante e que pode potencializar o nível de ganho de performance destes atletas e de sua equipe.
A Copa Libertadores da América é conhecida mundialmente pela catimba, virilidade dos jogos e até pelos gramados ruins e campos acanhados. Diante disso, sempre que há um fato inusitado, ouve-se com frequência: “Isso é Libertadores”.
Essas características são encontradas em várias partidas não só da Libertadores, mas de competições sul-americanas.
Em 1997, na final da Copa Conmebol, o técnico Leão do Atlético teve uma grave fratura no rosto ao ser agredido após a partida contra o Lanus, na Argentina.
Em 2011, após a final da Libertadores, um tumulto generalizado tomou conta do Pacaembu na partida entre Santos e Peñarol.
Na final da Copa Sul-Americana, de 2012, a partida entre São Paulo e Tigres não chegou ao fim em razão da violência.
Enfim, muitos são os casos e poucos são os avanços.
A Copa Libertadores teve sua fórmula alterada neste ano a fim de tornar-se comercialmente mais atrativa e diminuir o imenso penhasco que a separa da Champions League.
Mas, de nada adianta alterar fórmula e incluir participantes se não houver fortes critérios para a utilização de estádios e punições severas para os atos de violência.
Em 2013 perdeu-se a chance de se aplicar uma punição exemplar ao Corinthians, após a morte de um torcedor na Bolívia, durante a estreia do clube paulista na Libertadores, em Oruro contra o San José.
Na Libertadores de 2015 a Conmebol deu dicas de que não toleraria atos de violência quando eliminou o Boca Juniors nas oitavas de final da competição quando jogadores do River Plate foram atingidos por um composto de pimenta quando retornavam para o segundo tempo do confronto em La Bombonera.
Novamente, o Tribunal Disciplinar da Conmebol está diante de um incidente que merece atenção especial.
Após a partida entre Palmeiras e Peñarol, no Uruguai, uma confusão generalizada tomou conta do gramado quando jogadores do clube uruguaio, derrotado na partida, foram para cima dos atletas do time paulista.
O Regulamento Disciplinar da Conmebol estabelece em seu artigo 5.2. “l” que atos de violência ou agressões são comportamentos imputáveis e são sancionáveis.
O artigo 22, por seu turno, traz o rol de punições cabíveis que podem variar de uma simples advertência até a eliminação.
Segundo o art. 11, as equipes que se comportem de forma imprópria devem sofrer as sanções do artigo 22.
Diante disso, o Peñarol pode ser, inclusive, eliminado da Libertadores.
Tal medida seria exemplar e teria um imenso caráter pedagógico, pois, esse precedente desestimularia atos impróprios de outros clubes.
É muito importante que a Conmebol, por meio de seu Tribunal, entenda que “aproximar-se” comercialmente da Champions exige coragem e tolerância zero com estádios ruins, catimba e atos de violência.
O primeiro passo foi dado na punição ao Boca em 2015, mas se tratava do segundo tempo do segundo jogo da fase eliminatória em que o clube eliminado precisava reverter um placar adverso. Coragem e exemplo mesmo será eliminar uma equipe favorita à classificação ainda na primeira fase da competição.
E que fique o recado. Violência: “Isso não é Libertadores”.
Na teoria todos os profissionais que estão ou pretendem atuar no futebol imaginam que uma sequência bem elaborada de treinamentos pode melhorar o desempenho individual e coletivo de seus atletas e, respectivamente, de sua equipe.
Os mais otimistas vislumbram que dentro das mais modernas tendências atuais de treinamento estão todos os segredos e soluções do futebol, e que as simples aplicações desses métodos resolvem de forma efetiva e imediata todos os enigmas físicos, táticos, técnicos, cognitivos e comportamentais do futebol brasileiro e, porque não, mundial.
Muito antes de discutir esse mérito temos que entender o conceito de performance e entender até que ponto é possível melhorar de forma tão efetiva, ao longo de toda a temporada, o rendimento de todos os seus jogadores.
O futebol é um esporte aberto que abrange diversas demandas motoras onde inúmeros componentes interferem no rendimento físico, técnico e por consequência tático dos jogadores e da equipe.
É muito difícil mensurar o que é performance no futebol e o desafio fica ainda maior quando tentamos analisar se melhoramos (ou perdemos) rendimento com o treino, já que boa parte do desempenho dos atletas estão relacionados com a individualidade biológica, com o “pacote biológico” de cada ser humano.
Por vezes me parece que se treina muito por treinar sem de fato saber aonde se quer chegar nem pouco o que se quer fazer para buscar o rendimento.
Um grupo de trinta indivíduos completamente diferente geneticamente (fenótipo e genótipo) realizando os mesmos exercícios, com a mesma carga ao longo do mesmo ano com o intuito de melhorar a performance de forma unificada. Parece correto para você?
Pois é desse jeito que muitos times treinam e acreditam que melhoram o desempenho de seus atletas. Mesmo muitos desses times contando com departamento de fisiologia, que poderia assegurar uma individualização no treino de cada jogador, pouco ou quase nada se modifica na maior parte dos clubes.
O que percebemos é que por vezes clubes que reclamam do calendário, às vezes deveriam agradecer pois quando tem uma boa logística de recuperação entre jogos (nutrição, fisiologista, descanso) o próprio jogo por si só já cumpre a função de melhorar a performance de forma específica dos seus jogadores.
Penso que a ideia de melhorar a performance deve ser antes de mais nada modificada pela manutenção de rendimento específico dos jogadores ao longo da temporada.
E durante essa temporada a equipe de trabalho poderia ter a condição de detectar qual a real necessidade de cada atleta e treiná-lo, quando possível de forma individualizada e não todos de forma generalizada.
O ganho de performance de um jogador de futebol é evidente e possível quando se respeita alguns princípios do treinamento desportivo, tais como sobrecarga, individualidade biológica, reversibilidade e especificidade, mas sem dúvida nenhuma o princípio da continuidade nesse caso, quando respeitado será o determinante para conseguir aumentar o rendimento de cada atleta a longo prazo.
O processo natural do ser humano é o amadurecimento. Como treinadores não fugimos desta tese. Amadurecendo percebemos novas situações, novos processos e especialmente novos detalhes que são importantíssimos para o real entendimento do jogo de futebol. Especialmente, aprendemos que como simples mediadores não conseguimos controlar tudo que acontece no jogo. Por mais que cunhamos teorias, cabalas, treinamentos e analisamos todos os “pormenores e pormaiores”, o jogo sempre prega uma peça, traz algo peculiar e deixa claro suas garras.
Primeiro o jogo tem seu caráter singular, natural e caótico. Segundo quem joga são os jogadores e cada jogador possui suas particularidades. Terceiro a evidência que do outro lado tem um adversário que também joga e têm jogadores com suas características únicas. No fim, e sem hipocrisia, como treinadores não conseguimos controlar todas as variáveis do jogo.
Mas nossa classe é obcecada pelo controle. Falamos em controlar, controlar e controlar. Adestrar os jogadores como cachorros. Uma obsessão que danifica coisas óbvias e simples. E, nos últimos anos, essa tese fortaleceu quando a expressão momentos de jogo recebeu uma forte conotação de controle.
Claro que as modificações das nomenclaturas geradas pela abertura científica, tecnológica e o descobrimento de novas formas organizacionais de jogo contribuíram e contribuem muito para a evolução da profissão, mas fazer da expressão momentos do jogo uma pedra filosofal que controla tudo e todos, pode negligenciar muitas coisas extraordinárias.
Os momentos Organização Ofensiva, Organização Defensiva, Transição Ofensiva, Transição Defensiva e Bola Parada começaram a ficar célebres, comentados, dissecados e não saíram mais da cabeceira das camas dos treinadores. Sem sombra de dúvidas são importantes, obviamente estão no jogo, mas a configuração usada para sua identificação beirou bastante a objetividade e o analítico.
Evidente que entender o jogo por momentos foi um avanço para o processo organizacional e metodológico. Muitas possibilidades evolutivas foram conseguidas e estruturadas. Mas o jogo passou a ser muito fracionado ficando refém dos momentos.
Sim, didaticamente podemos separá-los, pois há preferências de ideias de jogo de cada treinador, em focar determinados conteúdos dentro de um momento, mas quando se propõem apenas algo, apenas um, há uma correspondência linear, e crer apenas nisso, pode em longo prazo virar um grande problema, especialmente na formação de jogadores.
Ao longo dos últimos anos, criaram-se muitos roteiros e manuais parecidos com estátuas e monumentos históricos em cima disso. Muitos treinadores (eu me incluo nisso), passaram, passam ou vão passar por esse aspecto.
Então como desenvolver e criar um processo complexo-interativo sem perder a essência do jogo, do jogador, com uma ordem-desordem-natural-infindável? Um grande desafio. A superficialidade teórica e até mesmo mecânica da escolha de um ou dois momentos, pode prejudicar a profundidade real do jogo se não manifestar interações qualitativas? Uma boa pergunta.
Creio que se optarmos por fracionar e mecanizar o momento perde-se um episódio primordial: o instante no momento. O instante do jogo sempre vai estar presente no momento, mesmo que se queira abolir. E cada instante está “no aqui e agora do jogo” por algo que dificilmente saberemos com antecedência, por mais que cada momento esteja previamente e especificamente desenhado pelas ideias do treinador.
Nesse contexto, “ironicamente”, entendemos que não podemos entender tudo. O desconhecido do instante do jogo não deve ser negligenciado pelas escolhas organizacionais optadas pela mecanização dos momentos do jogo, pois por mais que queira e parafraseando a frase o “mesmo lugar nunca é o mesmo”, a mesma organização de jogo escolhida nunca será a mesma no jogo”.
A relação natural dos momentos do jogo e seus instantes gera mais dúvidas e incertezas para os treinadores, mas são essas dúvidas que fazem a equipe avançar e se modelar abertamente. Sem isso, a expansão do processo fica estagnada e tem um prazo de validade precoce.
E o instante do jogo não é um assunto, é uma prática. E é nisso que pecamos, pois o jogo não existe na teoria, num momento só, por mais que se queira que exista, que se camufle, mas ele não existe, e muito menos num ritmo só, pois tem fissuras e é mais descontinuo que contínuo.
É difícil ter objetivos tão concretos com uma natureza álgebra em algo que tem uma natureza que cada jogo e cada semana de treino provocam avanços e recuos consideráveis. Daí que devemos entender que o jogo, e o jogo que se quer praticar, deve abarcar uma relação sem fim de probabilidades dos instantes relacionados aos momentos do jogo.
E essa relação do entendimento dos instantes do jogo faz aceitar com mais subjetividade a liberdade e a criatividade do jogador no jogar, no jogo, claro, com os objetivos intrínsecos entre todos representes da equipe. Cada instante é incerto, mas a interação deles pode criar uma grande obra coletiva. Sejamos mais instantes e menos momentos?
O último domingo foi marcado por grandes clássicos, como Corinthians x São Paulo pela semifinal do Paulistão, Flamengo x Botafogo pela semifinal do Carioca e, principalmente, Real Madrid x Barcelona pelo Campeonato Espanhol.
Esse último ultrapassa cada dia mais as fronteiras espanholas e se consolida como uma grande atração global. Em comparação com o que vemos hoje no Brasil, há um grande abismo entre a qualidade do produto oferecido aos fãs.
Além da constelação de craques remunerados a peso de ouro, incluindo os dois maiores jogadores do futebol mundial desse início de século, a atmosfera construída com extrema organização faz com que o espetáculo futebol alcance um outro patamar. Estádio completamente lotado, transmissão ao vivo para mais de 150 países com audiência estimada em 650 milhões de telespectadores, patrocinadores satisfeitos e uma partida fantástica e emocionante são parâmetros que comprovam o quanto o resultado dentro e fora de campo está totalmente relacionado ao seu planejamento.
Enquanto o jogo entre Real e Barcelona teve mais de 80 mil torcedores presentes no Estádio Santiago Bernabéu, o clássico carioca entre Flamengo e Botafogo obteve apenas um quarto disso, ou seja, 20 mil torcedores. Enquanto as camisas de Real Madrid e Barcelona expunham de forma limpa os seus principais patrocinadores, coincidentemente duas das maiores companhias aéreas do mundo como Emirates e Qatar Airways, o clássico paulista entre Corinthians e São Paulo mostrava uma falta de padronização. Por um lado, o Corinthians, clube com a maior torcida e potencial de consumo no Estado, jogou sem patrocinador máster após o término de contrato com a Caixa. Pelo lado tricolor, o uniforme expunha o exagero de 5 marcas patrocinadoras, sem contar a marca de material esportivo.
Não considero que lá fora tudo é feito com maestria e que aqui está tudo errado. Vemos polêmicas importantes também por lá. Tanto Real Madrid como Barcelona, apesar de ostentarem orçamentos bilionários, possuem também enormes dívidas. A arbitragem é amplamente discutida, ao ponto de jogadores dos dois clubes tornarem a discussão pública via redes sociais. O abismo dos dois clubes para os demais clubes espanhóis é exorbitante, tornando o campeonato uma disputa polarizada entre Real Madrid e Barcelona, com a participação ocasional de um ou outro entrante.
Ao mesmo tempo, é inegável que temos melhorias por aqui. Os estádios e campos de jogo são melhores do que eram há 10 anos atrás. A organização dos campeonatos, mesmo que em passos lentos, tem avançado. Parte dos clubes já adotam uma gestão profissionalizada e capacitada.
Os exemplos citados dos clássicos entre Flamengo e Botafogo e Corinthians e São Paulo não faz referência a uma crítica direta aos modelos específicos desses clubes, mas sim de uma constatação geral que o produto em si precisa ser melhor valorizado e construído entre todas as partes interessadas, trazendo clubes, federações, mídia e patrocinadores para a mesa.
O pequeno público entre Flamengo e Botafogo não é culpa isolada dos dois clubes. É um problema de segurança pública, de falta de renda dos torcedores para comprar ingresso, de um calendário extremamente desorganizado e confuso.
O excesso ou falta de patrocinadores citados de Corinthians e São Paulo, não é apenas um problema criado por essas instituições, mas sim da pressão e do modelo existente em todo o cenário nacional. Há profissionais capacitados nesses dois e em outros clubes, mas que não conseguem desenvolver algo com resultado mais imediato pelo fato do sistema predominante ser ainda amador e muito político.
O avanço de cada clube depende, portanto, da união entre todas as partes para que o produto se desenvolva. Não adianta um clube adotar uma política isolada de modernização e profissionalização. O máximo que vai acontecer é fazer com que esse clube obtenha destaque e melhores resultados dentro do cenário atual, mas com um produto defasado. Para alcançar novos patamares, é dever desses clubes puxar a corda para que os outros também cresçam e tornem o espetáculo mais atrativo para seus fãs, potencializando todas as oportunidades existentes.
O último domingo foi marcado por grandes clássicos, como Corinthians x São Paulo pela semifinal do Paulistão, Flamengo x Botafogo pela semifinal do Carioca e, principalmente, Real Madrid x Barcelona pelo Campeonato Espanhol.
Esse último ultrapassa cada dia mais as fronteiras espanholas e se consolida como uma grande atração global. Em comparação com o que vemos hoje no Brasil, há um grande abismo entre a qualidade do produto oferecido aos fãs.
Além da constelação de craques remunerados a peso de ouro, incluindo os dois maiores jogadores do futebol mundial desse início de século, a atmosfera construída com extrema organização faz com que o espetáculo futebol alcance um outro patamar. Estádio completamente lotado, transmissão ao vivo para mais de 150 países com audiência estimada em 650 milhões de telespectadores, patrocinadores satisfeitos e uma partida fantástica e emocionante são parâmetros que comprovam o quanto o resultado dentro e fora de campo está totalmente relacionado ao seu planejamento.
Enquanto o jogo entre Real e Barcelona teve mais de 80 mil torcedores presentes no Estádio Santiago Bernabéu, o clássico carioca entre Flamengo e Botafogo obteve apenas um quarto disso, ou seja, 20 mil torcedores. Enquanto as camisas de Real Madrid e Barcelona expunham de forma limpa os seus principais patrocinadores, coincidentemente duas das maiores companhias aéreas do mundo como Emirates e Qatar Airways, o clássico paulista entre Corinthians e São Paulo mostrava uma falta de padronização. Por um lado, o Corinthians, clube com a maior torcida e potencial de consumo no Estado, jogou sem patrocinador máster após o término de contrato com a Caixa. Pelo lado tricolor, o uniforme expunha o exagero de 5 marcas patrocinadoras, sem contar a marca de material esportivo.
Não considero que lá fora tudo é feito com maestria e que aqui está tudo errado. Vemos polêmicas importantes também por lá. Tanto Real Madrid como Barcelona, apesar de ostentarem orçamentos bilionários, possuem também enormes dívidas. A arbitragem é amplamente discutida, ao ponto de jogadores dos dois clubes tornarem a discussão pública via redes sociais. O abismo dos dois clubes para os demais clubes espanhóis é exorbitante, tornando o campeonato uma disputa polarizada entre Real Madrid e Barcelona, com a participação ocasional de um ou outro entrante.
Ao mesmo tempo, é inegável que temos melhorias por aqui. Os estádios e campos de jogo são melhores do que eram há 10 anos atrás. A organização dos campeonatos, mesmo que em passos lentos, tem avançado. Parte dos clubes já adotam uma gestão profissionalizada e capacitada.
Os exemplos citados dos clássicos entre Flamengo e Botafogo e Corinthians e São Paulo não faz referência a uma crítica direta aos modelos específicos desses clubes, mas sim de uma constatação geral que o produto em si precisa ser melhor valorizado e construído entre todas as partes interessadas, trazendo clubes, federações, mídia e patrocinadores para a mesa.
O pequeno público entre Flamengo e Botafogo não é culpa isolada dos dois clubes. É um problema de segurança pública, de falta de renda dos torcedores para comprar ingresso, de um calendário extremamente desorganizado e confuso.
O excesso ou falta de patrocinadores citados de Corinthians e São Paulo, não é apenas um problema criado por essas instituições, mas sim da pressão e do modelo existente em todo o cenário nacional. Há profissionais capacitados nesses dois e em outros clubes, mas que não conseguem desenvolver algo com resultado mais imediato pelo fato do sistema predominante ser ainda amador e muito político.
O avanço de cada clube depende, portanto, da união entre todas as partes para que o produto se desenvolva. Não adianta um clube adotar uma política isolada de modernização e profissionalização. O máximo que vai acontecer é fazer com que esse clube obtenha destaque e melhores resultados dentro do cenário atual, mas com um produto defasado. Para alcançar novos patamares, é dever desses clubes puxar a corda para que os outros também cresçam e tornem o espetáculo mais atrativo para seus fãs, potencializando todas as oportunidades existentes.
Um ex-zagueiro brasileiro que defendeu a Roma conta um episódio emblemático acerca de rivalidade e o que extrapola as quatro linhas. Segundo ele, num clássico contra a Lazio, houve um entrevero com o então volante argentino Diego Simeone, hoje técnico do Atlético de Madri. Depois de uma discussão ríspida, o defensor acertou uma cusparada no rosto do rival. O que complicou a história: no dia seguinte, com ambos de folga, as famílias dos dois atletas se encontraram na fila de um cinema da capital italiana. O brasileiro, constrangido, teve a iniciativa de interpelar o hermano e pedir desculpas. Ouviu, em tom contemporizador, que Simeone havia pensado em fazer o mesmo e só foi menos rápido. O brasileiro em questão é Antonio Carlos Zago, treinador do Internacional.
No último domingo (23), o time colorado perdeu para o Caxias por 1 a 0 em partida válida pelas semifinais do Campeonato Gaúcho e precisou dos pênaltis para assegurar vaga na decisão. No entanto, nenhuma história do que aconteceu em campo chamou mais atenção do que um episódio protagonizado por Zago. O técnico interveio em uma discussão de jogadores no campo, foi empurrado por um adversário e simulou de forma patética uma agressão no rosto.
O treinador canastrão foi apenas um dos exemplos de um comportamento que pululou em jogos de futebol no Brasil durante a reta final dos Estaduais. Faz parte de um grupo que também conta, por exemplo, com o meia Lucas Lima, titular do Santos, time que foi eliminado pela Ponte Preta. Instantes depois de o Palmeiras cair diante do mesmo rival, o jogador correu às redes sociais para publicar uma provocação em forma de emoji.
Na outra semifinal do Campeonato Paulista, o são-paulino Rodrigo Caio teve um raro lance de honestidade – raro na comparação com o contexto: na primeira partida, depois de o árbitro ter identificado um pisão do corintiano Jô no goleiro Renan Ribeiro e punido o atacante com cartão amarelo, o defensor procurou o juiz para dizer que havia sido o autor do toque que atingiu seu companheiro. Inocentou o adversário e causou o cancelamento de uma advertência que teria alijado Jô do duelo seguinte.
De tão insólito, o lance de Rodrigo Caio reverberou mais do que o próprio jogo. Foi assunto em todo o país, e o zagueiro Maicon, companheiro do defensor no São Paulo, teve a resposta que mais chamou atenção. Questionado sobre a atitude do parceiro, disse que jamais teria feito algo parecido: “Antes a mãe dele [Jô] chorando do que a minha”.
A torcida do Corinthians respondeu no domingo. Em Itaquera, os alvinegros vaiaram Maicon a cada toque na bola e direcionaram cânticos homofóbicos ao defensor tricolor. No fim, com uma reação assim, muitas foram as mães com motivos para chorar.
Também têm motivos para pranto as mães dos torcedores do Criciúma que tentaram provocar a Chapecoense no domingo, em jogo válido pelo Campeonato Catarinense. Os aurinegros cantaram algo como “ão, ão, ão, abastece o avião” e chegaram a tocar uma marcha fúnebre nas arquibancadas, reação de extremo mau gosto ao maior desastre aéreo da história do esporte brasileiro.
Provocações fazem parte do jogo, e a rivalidade inerente ao futebol competitivo leva qualquer pessoa a um limite emocional que fomenta comportamentos extremos, é claro. Nada disso, contudo, serve como desculpa ou atenuante. Não há algo que amenize quando se extrapola os limites.
E não, o esporte não está ficando chato. Está ficando adulto e entendendo que é parte de um contexto maior, o que é extremamente benéfico. A simples existência de discussão em torno desse tipo de comportamento é prova de que existe uma evolução.
É necessário problematizar, sim. É necessário entender que o esporte profissional não é um mundo isolado e não pode ser permissivo. É fundamental entender que não estabelecemos os limites do outro.
Há linhas entre o que é piada, o que é provocação e o que é falta de respeito. São coisas diferentes, sim, e tratar tudo como parte do mesmo balaio é desrespeitar demais o outro.
O futebol não precisa apenas de mais gente como Rodrigo Caio. Um passo atrás, precisa de mais gente com discernimento suficiente para entender que brincadeiras ou provocações podem ofender, sim. Que não há contexto que justifique uma cusparada gratuita na cara de um rival. Mesmo que isso seja fundamental para determinar o placar de um jogo. O futebol é, afinal, apenas um jogo.
Quando as competições de futebol entram em fases decisivas, com confrontos diretos em grandes partidas disputadas, chega o momento de cada jogador estar preparado mentalmente para estes desafios em campo. Mas como isso seria viável na prática? Os atletas podem se tornar capazes de suportar as pressões destes momentos e terem a confiança adequada para acreditar em tudo que foi treinado para reproduzir em campo o esperado?
Para tentar responder estas questões, podemos estar atentos em compreender que existe uma enorme diferença entre falar sobre aquilo que se deseja fazer em campo e estar mentalmente preparado para fazê-lo. Aqui está o ponto central da reflexão desta coluna, o preparo mental.
Ele está diretamente relacionado com manter uma atitude positiva, permanecendo concentrado, persistentemente e totalmente comprometido em agir conforme as suas expectativas.
Na prática, o adequado preparo mental vai exigir um foco específico e este crescerá quando seu foco estiver concentrado em:
Preparar-se, praticar, treinar, trabalhar, atuar e competir com concentração total e com o nível certo de intensidade;
Adotar uma atitude positiva nos treinos, no trabalho e nas suas atuações;
Recuperar uma atitude positiva caso você comece a ter uma atitude negativa;
Aproveitar cada treino e cada oportunidade de melhorar seu desempenho;
Refinar suas habilidades mentais, físicas, técnicas e táticas essenciais, necessárias para alcançar a excelência;
Avaliar a eficácia de sua concentração na prática, no trabalho e depois de cada desempenho, assim como agir de acordo com as lições aprendidas em sua próxima oportunidade;
Relaxar, descansar, recuperar-se e manter uma atitude positiva consigo mesmo e com os outros, nos momentos bons e nos momentos difíceis.
É importante ressaltar que um dos principais benefícios do preparo mental para o atleta é conseguir ficar concentrado em extrair o melhor do que ele tem em cada momento – seja ele de seu treinamento, de sua atuação, de sua temporada, de sua carreira ou de sua vida.
Para nos auxiliar nesse desafio de preparo mental dos atletas, algumas estratégias a seguir podem servir de ajuda para que o atleta possa se concentrar de modo positivo:
Refletir a respeito de coisas que ele já conquistou
Refletir sobre as coisas que ele ainda deseja aprender, melhorar ou realizar
Refletir nos objetivos específicos que ele deseja alcançar e coloque-os no papel
Antes de treinar ou atuar, refletir a respeito daquilo em que ele vai se concentrar para alcançar suas metas
Assim, amigo leitor, cabe a nós refletir sobre a importância de irmos além do preparo convencional dos atletas e apostar cada dia mais na expansão da capacidade mental destes para um resultado em campo cada vez mais excelente.
Em parceria com a Universidade do Esporte de Pequim e o Anka Sports Group, a Universidade do Futebol inicia seus trabalhos na China com os primeiros cursos e programas em mandarim. O foco das atividades iniciais é a propagação do futebol com fins educativos e, com isso deixar o legado das práticas inclusivas que, além do bom ensino dos fundamentos da modalidade (técnica, tática, inteligência coletiva de jogo etc.), transmitem valores de bem.
A instituição brasileira, criada em 2003, é especializada em processos de aprendizagem e disseminação do conhecimento do futebol, a serviço do desenvolvimento integral de profissionais que trabalham com o esporte e de quem pretende trabalhar nessa área, bem como de todos aqueles que querem entender o futebol em todas as suas dimensões.
A Universidade do Futebol vem transformando o futebol através do conhecimento e busca ser referência mundial em estudos, pesquisas, práticas de qualificação profissional e excelência no futebol, dentro de suas dimensões: educacional, de lazer, da saúde, do entretenimento e do alto rendimento. Contribui, assim, para o desenvolvimento do esporte, considerando-o como um privilegiado agente de transformação social.
O Governo Chinês vem realizando investimentos significativos para sedimentar a cultura futebolística no país e tem um plano ousado para os próximos anos: participar, sediar e ganhar uma Copa do Mundo. Para isso, continuará investindo para que o futebol seja praticado por uma ampla base de praticantes para chegar aos 8MI de jogadores, com a renovação de talentos que abasteçam o selecionado Chinês.
O prof. João Batista Freire, coordenador pedagógico da Universidade do Futebol, um dos integrantes da delegação na Ásia, faz uma reflexão importante sobre o trabalho que será realizado pela instituição na China:
“O futebol, se for oferecido nas escolas como mais uma tarefa da rotina escolar, pode causar profundo desinteresse e ser evitado pelas crianças. Porém, se pudermos fazer do futebol uma brincadeira divertida, é bem possível que as crianças queiram brincar com o futebol. Brincando com ele, interessando-se por ele, certamente prestarão atenção suficiente para aprender qualquer coisa através do futebol, inclusive o próprio esporte! Uma proposta metodológica com propósito que dê sentido para a criança gostar e jogar futebol. O Futebol é um ótimo pretexto pra a criança aprender muitas coisas.”
O prof. João Paulo Medina, presidente da Universidade do Futebol, realça que, há pelo menos uma década a instituição se dedica aos estudos e pesquisas que guiaram a Universidade do Futebol no desenvolvimento de uma metodologia específica do futebol brasileiro. “Resgatar e preservar os aspectos lúdicos, artísticos e criativos (habilidade criativa) do JEITO BRASILEIRO DE JOGAR é uma das preocupações essenciais do projeto pedagógico e metodológico da Universidade do Futebol que será levado à China”- complementa o prof. Medina.
A Cerimônia de assinatura da parceria com as instituições chinesas acontece nesta segunda-feira, dia 24, na Universidade do Esporte de Pequim. Estarão presentes autoridades e representantes do Ministério da Educação, da Federação Chinesa de Futebol, do Grupo Anka, especialistas da área esportiva e o Reitor da Universidade do Esporte de Pequim.