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Passado 2007, abre-se 2008. Pois bem. Afinal, o que esperar desse ano de Olimpíadas, fora as incontáveis reportagens sobre a super-ultra-mega potência do Oriente? Mais especificamente, o que esperar desse ano no meio futebolístico? Ainda mais objetivamente, o que esperar de 2008 no mundo industrial do futebol, que por fim é o assunto deste que lhe escreve?
Ah, feliz 2008, antes que eu me esqueça.
Mundialmente falando, pouco deve mudar. Grandes clubes e ligas ficarão ainda maiores, clubes menores e ligas menores continuarão no seu lento processo de enforcamento financeiro, rumando cada vez mais para o fundo do poço.
Na medida em que esse sistema vai se fortalecendo, os mercados vão ficando mais definidos. Os principais clubes e ligas da Europa irão continuar a afirmar o seu posicionamento como clubes globais, enquanto o resto do mundo servirá como fornecedor, consumidor, ou os dois de uma vez, que é o caso do Brasil.
O Brasil é o grande exportador de talento para o futebol mundial e nada indica que esse processo será freado em 2008. A não ser que algo de excepcional aconteça, ou que 2007 realmente tenha sido um ano ímpar, o número de jogadores que deixarão o país deve crescer ainda mais. Contribui para isso a recente abertura do mercado inglês para mais talento brasileiro, que ainda que possivelmente dê preferência ao jogador já estabelecido na Europa, pode motivar clubes ou ligas menores a contratar mais jogadores pensando na valorização financeira. Além disso, a consolidação de brasileiros nos principais clubes ingleses – Manchester United (Anderson), Liverpool (Lucas e Fábio Aurélio), Chelsea (Belletti e Alex), Arsenal (Gilberto Silva, Denílson e Eduardo da Silva) e, hmmm, Manchester City (Elano, Giovanni e, talvez, Fred e Mancini, entre outros) – pode motivar ainda mais clubes de ligas espectadoras a adquirir brasileiros, como China, Indonésia, Índia e Escandinávia. Além disso, a eleição de Kaká como melhor do ano também pode colaborar com o processo.
E se o mercado internacional cada vez mais demanda talento do Brasil, o mercado brasileiro também se estrutura para se adequar a essa demanda. Hoje, a assunção da transferência de jogadores como business é evidente não apenas nos clubes pequenos, mas também nos maiores clubes do país, que estabelecem mecanismos de investimento em jogadores que fortalecem o sistema de transferência e podem eventualmente serem revertidos em acréscimo de performance para os clubes.
E como clubes brasileiros não conseguem competir com o capital europeu pela manutenção de talentos, eles também fortalecem a prática do contrato temporário de recuperação, que se utiliza de jogadores não aproveitados lá para desempenhar por aqui. Fortalece o mercado no primeiro semestre, esvazia-o no segundo. 2008 tende a ser um exemplo disso. Se der certo, 2009 vai ser ainda mais.
Fora isso, pouca coisa deve mudar. A televisão digital e a tecnologia 3G não devem mudar o mercado de forma mais significativa ainda, e a internet não deve ser muito mais explorada do que ela foi ano passado. Os estádios continuarão iguais, e um ou outro acidente pode acontecer. A média de público do Campeonato Brasileiro deve continuar a depender da performance do Flamengo no ano. Se ele acabar no meio da tabela, a média deve ser baixa. Se ele acabar no topo ou no chão, a média deve ser alta.
Em termos de performance, assumindo que elas serão um reflexo das condições financeiras dos clubes, São Paulo, Palmeiras, Inter, Cruzeiro e Fluminense devem brigar pelos maiores títulos. Menos o Santos, que não deve mais contar com as reservas adquiridas com a excelente safra de 2002, que garantiu a performance até 2007. Se nada de excepcional acontecer, o Santos deve voltar a ser o clube que era antes de Robinho e sua turma aparecerem.
Ah, e o Corinthians deve ganhar a Série B. Fácil.
Quer dizer, acho que será fácil.
Existe uma idéia (um conceito) no futebol, introduzida pelo treinador holandês Louis Van Gaal, que trata do domínio ostensivo das ações do jogo dentro da partida. Segundo ela (a idéia), seria possível a uma equipe dominar totalmente as ações do adversário controlando-as durante todo o tempo de jogo.
A idéia de Van Gaal, batizada de “Futebol Dominante” ganhou força em alguns países europeus e com a mesma intensidade fora despercebidamente “negligecida” (negligenciada+esquecida) no Brasil.
Como não podemos, aqui neste espaço, “negligecer” as coisas táticas do futebol, vamos, partindo da idéia de “Futebol Dominante”, fazer algumas reflexões sobre controle e domínio de jogo.
Se buscarmos nos nossos dicionários da língua portuguesa, observaremos muitas e alargadas definições para “controle” e “domínio”. Dentre aquelas que podem ser mais didáticas e reveladoras para a nossa discussão temos que:
a) controle é o ato de dirigir algo ou alguém, fiscalizando-o e orientando-o de modo mais conveniente.
b) domínio é a faculdade de dispor de alguma coisa como senhor dela; autoridade; conhecimento; influência.
Observemos que ainda que possam parecer iguais, controle e domínio não são sinônimos. Quando nos voltamos ao futebol então, maior ainda a distância entre as definições de cada uma dessas palavras.
No nosso esporte bretão, controle e domínio, mais do que construções bem definidas da língua portuguesa, tornaram-se conceitos inerentes as questões táticas do jogo que precisam ser entendidos em toda a extensão de suas possibilidades.
No futebol, CONTROLAR as ações do jogo significa conduzir o adversário (de forma conveniente) e levá-lo de maneira fiscalizada ao caminho que se quer levar. Em outras palavras, controlar as ações do jogo representa, de forma direta ou indireta (ativa ou passiva) “dirigir” as ações do adversário de acordo com os interesses da própria equipe.
Em contrapartida, DOMINAR as ações do jogo significa ter autoridade sobre ele (o jogo), influenciando-o através do conhecimento a seu respeito. Enquanto o “controlar as ações do jogo” está atrelado ao controle do adversário, o “dominar as ações do jogo” está atrelado ao domínio do próprio jogo.
E o que isso quer dizer?
Isso quer dizer em outras palavras que o posto “Futebol Dominante” na verdade, “aportuguesado” deveria ser o “Futebol de Controle” (ou melhor, uma das possibilidades do “Futebol de Controle”).
Para Van Gaal em seu modelo de jogo, o time do “futebol dominante” representa “o time que decide o jogo” (criando mais chances do que o adversário, jogando ofensivamente, tendo a bola sob controle, definindo as transições da maneira que for mais interessante e comandando o ritmo de jogo do adversário). Então devemos considerar que as estratégias para alcançá-lo não são necessariamente sempre imperativas. Ou seja, o “Futebol Dominante” busca o controle das ações do jogo e uma das direções para alcançá-lo (que é imperativa) está atrelada a realização de rápidas recuperações da posse da bola, ataques rápidos e busca intensa do gol. É necessário, porém, considerar que o controle das ações pode acontecer em outra direção (não imperativa): com boas transições defensivas (mas não necessariamente com rápida recuperação da posse da bola), com bons ataques (que não sejam necessariamente rápidos), com a busca do gol (mas não necessariamente o tempo todo), com a busca da bola (para ficar com ela o maior tempo possível).
Isso quer dizer que o “Futebol de Controle” pode ser de controle direto, intenso e imperativo mas também pode ser de controle indireto, cadenciado e discreto.
O “Futebol Dominante” que chamarei “Futebol de Influência®” (para não confundirmos com as idéias iniciais de Van Gaal), transcende a idéia de controlar o adversário para interferir no jogo, e parte para assumir a idéia de dominar o jogo para controlar o adversário.
Segundo essa idéia (a do “Futebol de Influência®“) o “dominar o jogo” representa compreender as variáveis técnico-tático-físico-mentais predominantes e determinantes do jogo para poder interferir nelas, de tal forma que seja possível manipular o jogo, transformando-o em um futebol diferente daquele compreendido pelo adversário, minimizando ao máximo suas possibilidades de reação e maximizando as próprias chances de vitória.
O Futebol de Influência® trata de um paradigma diferente daquele “vigente” e precisa ser bem compreendido para poder ser bem analisado.
Então, se você quer conhecer um pouco mais sobre a idéia do Futebol de Influência®, não perca a continuação desse texto na próxima semana…
CONTINUA NA PRÓXIMA SEMANA…
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Janela aberta
Caros amigos da Universidade do Futebol,
Mais uma vez abre-se a janela européia para transferências de atletas profissionais de futebol.
Como sabemos, a Fifa estabelece em seus regulamentos que as federações nacionais devem estabelecer, por ano, dois períodos em que atletas podem ser transferidos de um clube para outro (conhecidos como “janelas de transferência”, ou, em inglês, “transfer windows“).
Na Europa, assim como em outras partes do mundo, uma das janelas acontece durante o mês de janeiro.
Durante esses períodos, o mercado brasileiro de atletas profissionais de futebol passa por momentos de agitação, uma vez que nossos jogadores, via de regra, são os mais cobiçados pelos grandes clubes europeus.
Se por um lado essa agitação é boa para nosso mercado interno, por outro, ela pode gerar grandes perdas a clubes nacionais que não estiverem preparados para se beneficiar da oportunidade.
Em primeiro lugar, os clubes devem ter seus contratos com seus jogadores muito bem amarrados e planejados. Os dirigentes devem examinar com cuidado cada um de seus atletas, para que cada um deles tenha um prazo contratual condizente com seu potencial. As clausulas de rescisão também devem ser muito bem escritas e em linha com a legislação aplicável.
Além disso, os garotos das categorias de base também devem ser examinados com cuidado. Muitos deles não são profissionais e ficam mais vulneráveis a uma “aquisição hostil” por parte de outros clubes. Nesses casos, os clubes formadores devem ter contratos condizentes com a situação do atleta, mas que garantam que o clube seja devidamente recompensado em uma eventual negociação. Mais do que isso, os clubes devem mostrar a seus jovens atletas os benefícios de permanecerem por lá, oferecendo a eles tudo que a legislação pátria determina (assistência médica, odontológica, alimentação, educação, etc).
Finalmente, os clubes devem estar atentos às transferências internacionais de jogadores, que ocorrem neste mês em todas as partes do mundo, uma vez que eles são titulares de determinados direitos nessas transações, quando o atleta envolvido tiver passado pelo clube durante seu período de formação.
Atentos a esses detalhes, os clubes que efetivamente investirem nas suas categorias de base para formar jogadores ao mercado poderão desfrutar dessas janelas de transferências para serem justamente indenizados por tal empenho.
Retorno de jogadores
Interessante notar, entretanto, que está sendo verificado um retorno significativo de jogadores brasileiros que atuavam no exterior. O grande caso de destaque dentre eles é Adriano, da Inter de Milão, que atuará pelo São Paulo na temporada de 2008.
Esse movimento “ao inverso”, ser for bem aproveitado pelos clubes, e principalmente pela CBF, que poderão promover um grande boom no nosso futebol nacional para que jogadores intermediários fiquem mais estimulados a permanecerem no Brasil, ao invés de se aventurarem no exterior em busca de um sonho que, em muitos casos, acaba em uma grande ilusão.
Apenas assim, nossos clubes terão bons jogadores no seu departamento profissional, e também caixa necessário para investir nas suas categorias de base e garantir um futuro sustentável ao clube.
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Pé na estrada
O ano de 2007 que termina nesta segunda-feira representa um marco para o futebol brasileiro. Após cinco anos, parece que finalmente os clubes, a torcida e a imprensa se acostumaram com a tal fórmula dos pontos corridos.
Ok, o São Paulo ganhou com o pé nas costas os dois últimos campeonatos. Mas só conseguiu tal feito porque tinha tudo estruturado para ser o vencedor. Coisa de quem está pensando mais à frente dos outros.
Só que, se pararmos e olharmos para o que aconteceu neste 2007, veremos um futebol brasileiro entrando nos trilhos da modernização e, a fórceps, da profissionalização dos gestores.
O Flamengo de volta às primeiras posições no Brasileirão; o Fluminense após 24 anos na Libertadores; o público lotando os estádios. Tudo contribuiu para que o espetáculo do crescimento chegasse também ao futebol. Até mesmo a escolha do Brasil como sede da Copa de 2014 funciona como incentivador de um novo cenário para o planeta bola a partir deste ano que chega.
Os clubes se organizaram (até mesmo o Corinthians, que vai arrebentar com as estruturas da Série B) a ponto de deixar claro uma coisa para o ano que chega: o São Paulo não será o primeiro tricampeão brasileiro seguido.
A concorrência está brava. Tanto que, pela primeira vez na história, vamos poder abrir um Brasileirão com uma única certeza. A de que o campeonato de fato termina em 7 de dezembro. Mas sem ter a menor certeza de quem poderá levar a taça.
No frigir dos ovos, 2007 mostrou que o futebol está achando o seu caminho. Que a estrada continue boa para as próximas viagens.
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Perguntas erradas, soluções equivocadas. É tudo muito simples; os problemas aparecem, precisam de respostas, mas uma análise inconsistente leva tudo a perder. Pior ainda é quando o perder leva às mesmas perguntas, e na tentativa de se mudar as respostas, inicia-se um ciclo de inexplicáveis fracassos (que obviamente poderiam ser interrompidos, mudando-se primeiro as perguntas).
Como exemplo, posso mencionar uma polêmica tese sobre a “cultura da violência”. Quando alguém reage a um assalto e leva um tiro, são inevitáveis as manchetes do dia seguinte que reforçam o conselho: “melhor não reagir a um assalto”. Os motivos são quilométricos e o mais persuasivo é de que “é melhor ter algo roubado do que levar um tiro”. Quando morre um cidadão “de bem” que tentou reagir, assassinado em uma ação criminosa, lá vem a pergunta: “por que ele foi reagir?”.
Como a pergunta é essa, investe-se na resposta para ela. Conclusão: melhor não reagir. Existem, porém, especialistas pelo mundo que defendem que a pergunta deveria ser outra (para que a resposta seja mais eficaz e que realmente a violência possa ser combatida). Então ao invés do “por que ele reagiu?” (para se chegar às mesmas óbvias respostas e conclusões), deveria se investir no “como ele reagiu?” a fim de que se analise o como a situação poderia ter um desfecho diferente (sem efetivação do roubo e, quiçá com o bandido preso).
Bem, mas e o futebol com tudo isso?
Não, caros amigos, não vou nesta “coluna tática” discorrer sobre a violência no futebol. Na verdade, toda essa introdução vai nos servir para apreciar a discussão ocasionada pela pergunta que segue: “por que grande parte das equipes de futebol brasileiro, quando ataca, deixa um jogador na defesa “de sobra” (um a mais do que o número de atacantes adversários)”?
Por vezes, um zagueiro a mais; por vezes, um volante que fica “preso”; por vezes, um lateral. Estratégias não faltam. Na maior parte das vezes, não são muito criativas; mas que não faltam, não faltam… E qual o motivo disso?
A resposta (também persuasiva) é de que com um jogador a mais na defesa o risco de sofrer um gol em jogada de contra-ataque é menor (alguém PROVA?!).
Interessante notar que como a pergunta errada pode levar a respostas erradas, nesse caso ainda nos remete para duas importantes reflexões.
A primeira, já anunciada por quem vos escreve (em outro momento), é de que (insisto) um jogador a mais na defesa (o da sobra) é igual a um jogador a menos no ataque. E para não corrermos o risco de fragmentarmos o jogo em ataque e defesa, tomemos cuidado com as conclusões que podemos tirar disso.
A segunda é de que talvez realmente fizesse sentido um jogador “sobrar” para minimizar as chances de contra-ataques fulminantes, se partíssemos do pressuposto de que o contra-ataque vai realmente acontecer.
O problema é que a pergunta deveria ser outra. Então, em vez do “por que sobrar?”, talvez a melhor questão fosse o “como impedir que nasça um contra-ataque mesmo sem um jogador a mais na defesa?”.
Vale aqui salientar que mesmo com o jogador da sobra (e excluindo-se as jogadas de bola parada próximas à meta), pesquisas têm apontado que a maior parte dos gols sofridos pelas equipes nos jogos são oriundos de jogadas de contra-ataque. Então, algo vai mal com as estratégias, as perguntas e as respostas a respeito desse tema.
Como, em geral, ataque e defesa são tratados como pedaços de uma equipe, as transições (ofensiva e defensiva) são negligenciadas, e aí, o mais próximo que se chega da complexidade e idéia sistêmica do jogo é o anunciado “equilíbrio” que uma equipe precisa ter ao atacar ou defender.
Talvez, realmente a “culpa” da visão fragmentada e simplista sobre o jogo seja das perguntas erradas (e das suas respostas equivocadas). Ou não. Talvez a “culpa” seja do “popular dito” de que é “melhor prevenir do que remediar”.
Quem sabe? Será essa a pergunta?
Então, sem a intenção de impor qual a pergunta a ser feita, ou qual a melhor conclusão para esse texto, proponho duas. Aí, você escolhe qual é o seu…
CONCLUSÃO 1 – Fato mesmo é de que é feliz o ladrão que sabe que pode roubar porque eu, cidadão, não vou reagir, não vou dificultar o seu trabalho. Vou fazer então o que todo mundo diz pra fazer; vou aconselhar o jogador da sobra. Afinal, melhor ser roubado do que levar um tiro…
CONCLUSÃO 2 – Fato mesmo é de que se o ladrão tiver dúvida (será que o sujeito vai reagir?, será ele um agente da Mossad?), vai pensar melhor para roubar. Então, ter um jogador a mais no campo de ataque (e ficar sem sobra) pode ser vantajoso se as estratégias de transição forem adequadas – por isso, ABAIXO a sobra! Afinal, melhor do que ter algo roubado é saber reagir a um assalto, sem levar tiro e ainda prendendo o bandido…
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Timemania – prazo final
Caros amigos da Universidade do Futebol,
Nesta minha última contribuição do ano de 2008, gostaria de tratar do tema da loteria federal denominada Timemania.
Como todos nós sabemos, a Timemania foi instituída pelo governo federal para auxiliar os clubes a pagarem suas dívidas com o INSS, FGTS e Receita Federal. De acordo com a legislação em vigor, os clubes que satisfizerem uma série de critérios poderão ceder suas marcas, nome, hino, etc., à Caixa Econômica Federal, em troca de uma participação na arrecadação da loteria.
Ressalte-se que essa arrecadação será destinada exclusivamente para o pagamento das dívidas do clube vencidas até a data do respectivo decreto, e somente após sanadas tais dívidas é que os clubes poderão utilizar esses fundos conforme suas necessidades.
A relevância de se comentar sobre a Timemania neste último dia útil do ano de 2007 é que o governo federal, através do decreto nº 6.284/07, havia prorrogado o prazo para que os clubes apresentassem todos os documentos necessários para a adesão definitiva até a data desta sexta-feira.
A partir do ano que vem, o governo deverá fazer um balanço dos clubes que conseguiram aderir, e, finalmente, iniciar o prognóstico em questão.
Dentre tais documentos, os clubes devem apresentar as certidões negativas (ou positiva com efeito de negativa) relativas aos débitos com INSS, FGTS e Receita Federal, sem os quais o clube não estaria habilitado a participar do Timemania.
Vamos aguardar agora quais clubes conseguiram aderir, e quais deles vão optar por não participar da loteria. Como já comentamos no passado, a Timemania pode ser uma boa aos clubes, mas, se eles não fizerem os devidos planejamentos, também poderá ser um tiro pela culatra.
Questão interessante será verificar como o governo federal fará substituições àqueles clubes que não aderirem. Vamos acompanhar e manter os nossos leitores informados, inclusive quanto aos aspectos legais dessas eventuais substituições.
Finalmente, gostaria de utilizar esse espaço para desejar um feliz ano novo a todos os leitores e amigos da Cidade do Futebol e desejar muito sucesso em 2008.
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Ausência
Caro leitor,
Informamos que a coluna de Oliver Seitz não poderá ser publicada nesta quinta-feira.
O colunista teve problemas pessoais, mas garantimos que a situação estará normalizada na próxima semana.
Pedimos desculpas pelo infortúnio e agradecemos pela atenção.
Obrigado,
Equipe Cidade do Futebol
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O craque e o time
Até Cristiano Ronaldo (apesar do bico na festa da Fifa) e Lionel Messi teriam votado no campeão da Europa e do mundo em 2007. Kaká pode até não ter sido o mais luminoso jogador de janeiro a abril, honra que cabe ao meia-atacante português do Manchester United. O craque brasileiro pode até não estar sendo o mais brilhante jogador desde a retomada da temporada européia, em setembro – mérito de Messi.
Mas quem ganhou mais títulos? Quem foi mais determinante e desequilibrante? Quem, aliás, consegue ser tão equilibrado dentro e fora de campo?
Kaká é um modelo de craque, de profissional e até de homem – minha mulher pede para acrescentar. João Saldanha, com toda a razão do mundo que é de Kaká, dizia que não escolhia jogador para casar com as filhas. Mas o meia-atacante milanista pode ser apresentado numa boa para qualquer sogra.
Kaká é tão bom e tem sido tão regular que ele faz todo time funcionar.
Mas será que é ele quem faz a diferença ou todo o conjunto de Seedorf, Pirlo e Nesta que ajuda Kaká a desequilibrar?
Um pouco, ou melhor, um muito de tudo.
Fala o presidente de honra do Real Madrid, o maior craque do clube mais vezes campeão do século XX, o argentino Alfredo Di Stéfano: “Nenhum jogador é tão bom como todos juntos”.
Não que o Milan deva ter 11 Gattusos sem a bola, e 11 Kakás com ela aos pés. Mas um pouco da grinta e da garra de Gennaro para recuperar a pelota, um tanto do talento de Kaká para articular o ataque compensam. Mesmo tendo de tomar a bola na intermediária, partir com ela em linha reta, armar os lances para os gols de Inzaghi, Kaká ainda depende do suor e do saber da equipe.
No limite, até o ilimitado Santos de Pelé podia prescindir do rei. Tire Pelé daquela máquina e ela ainda funcionava bonita. Como mal soube o próprio Milan, derrubado na decisão mundial de 1963 pelo Santos de Almir Pernambuquinho.
Desde o primeiro prêmio da Fifa (1991) para o craque mundial da temporada, raros os melhores do ano que também ganharam o planeta por clube ou pela seleção. O rossonero Kaká em 2007, o italiano tetracampione Cannavaro em 2006, Ronaldo em 2002 (pelo Real Madrid e pelo Brasil) e Romário em 1994 (pela seleção tetracampeã) são as exceções que deveriam ser regra.
Eles fizeram bonito com equipes que os ajudaram nas conquistas. Campeões que nem sempre estão guardados nos olhos pelo talento. O tático e organizado até a medula Brasil de Parreira, em 1994, não era um primor de futebol, mas era time para ser primeiro de tudo. Sobretudo pelo diferencial que foi o gênio de Romário, craque que dispensa a parte tática para ser explicado – só não sei como ele vai se virar para explicar o que quer de seu time como treinador do Vasco.
Ronaldo é outro caso à parte no Brasil que só engrenou, de fato, na Ásia, em 2002. Time que não funcionava antes, nem depois. Explodiu quando preciso. E como Ronaldo foi necessário no 3-4-2-1 de Felipão. Uma das mais belas histórias de superação da antologia do esporte. Um conto de Walt Disney com roteiro de novela mexicana que é diabético de tão doce. E ao mesmo tempo, tão real quanto o talento do fenômeno.
A pragmática Itália campeã de 2006 só poderia ter como talento maior um zagueiro em forma estupenda como Cannavaro. Epítome do calcio que produz talentos como Totti e Buffon, mas que fica na retina e até na raiva pela excelência de sua marcação.
Agora, Kaká é o diferencial do Milan. Apenas o quarto craque de um campeão mundial premiado pela Fifa.
Uma entidade que, pelo visto, apesar de “association”, gosta de dar mais bola ao craque individual.
Como qualquer torcedor do futebol. Profissional ou não.
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A força das marcas
Sabrina Sato, Adriane Galisteu e Karina Bacchi. Além da beleza, as três têm em comum o fato de nunca esconderem para qual time torcem. Sempre que podem, elas dizem torcer por Corinthians, Palmeiras e São Paulo, respectivamente.
Na última semana, esse trio causou alvoroço na imprensa, especialmente a paulistana. Sabrina lançou moda com a camisa “Eu nunca vou te abandonar porque eu te amo”, na primeira campanha de marketing pós-queda corintiana. Pouco depois, no mesmo dia, Adriane apresentava o patrocínio Fiat-Palmeiras. Horas depois, Karina encampava campanha sobre a loja oficial do Tricolor Paulista.
As três, com isso, levaram para o futebol um novo tipo de público. Não é sempre. Ou melhor, quase nunca os famosos se mobilizam em campanhas para seus times. Com isso, o público ligado a eles não adentra o mundo da bola.
Agora, porém, os clubes parecem arejar suas mentes com sacadas que mostram um pensamento moderno na gestão e, especialmente, no marketing do futebol. Afinal, o simples anúncio da camisa corintiana não teria tanta repercussão na mídia se não fizesse parte do “pacote de lançamento” a musa do Pânico.
Essas celebrações do “Trio de Ferro” paulista fizeram com que um novo público tivesse contato com as ações de marketing que os clubes fazem normalmente. Afinal, nenhuma empresa planeja uma campanha de comunicação usando apenas uma mídia para divulgar seus produtos.
E, na mentalidade tacanha da imprensa, o que o clube faz de inovador é notícia. Já divulgar o que uma empresa faz, é propaganda gratuita. A força das marcas dos clubes é estridente. Se bem trabalhada, como foi nesses três casos, é sinônimo de sucesso na certa.
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O INÍCIO: “Um dia me disseram que as nuvens não eram de algodão; um dia me disseram que os ventos às vezes erram a direção”…
Faz alguns anos (se não me engano desde 1998), venho me dedicando ao estudo e à análise de jogos de futebol.
Dentro desses estudos, muitas foram as ferramentas investigadas e desenvolvidas. Uma delas, notória e notada em tantos esportes, e que talvez tenha recebido mais da minha atenção, é o “scout”.
Quando comecei a estudar scout, percebi que seriam vastas as possibilidades a serem desenvolvidas. Havia um grande caminho a ser descoberto. Muito do que se fazia em “termos de scout” deixava a desejar.
De início foi fácil perceber que ele (o scout) quase sempre era confundido com “estatística de jogo”, ou utilizado simplesmente como uma ferramenta para tabulação de números (muitas vezes sem sentido e incapazes de responder questões simples e básicas sobre os eventos de um jogo).
O tempo passou (já se foram quase dez anos) e com raras exceções (raras mesmo!) ainda vejo os mesmos scouts, os mesmos conceitos, as mesmas tabelas…
Não sejamos ingênuos. É claro que muitos “scoutistas” transcenderam a “fase da tabela” (e entraram na “era do campograma”). É claro também que algumas coisas hoje são bem mais úteis, práticas e aplicáveis do que eram em 1998. Existem hoje bons modelos.
O entrave, porém, continua sendo a má utilização das ferramentas (o pincel não faz o artista!). Idéias, conceitos e essência ficam em segundo plano para darem lugar à maciça e desenfreada coleta de números; e quando eles não são o foco (os números) confunde-se análise quantitativa com análise qualitativa, variável qualitativa com análise qualitativa, e por aí vai…
Dia desses, ao término de um módulo sobre “treinamento tático no futebol” em um curso de pós-graduação, propus aos alunos que desenvolvessem em grupos um modelo de scout que tivesse como objetivo avaliar a compactação e a amplitude de uma equipe em jogos de futebol. Sem que entremos em detalhes sobre as grandes elaborações construídas, notemos que um scout precisa responder perguntas (que sejam notoriamente relevantes para alterar o desempenho das equipes). Porém, se essas perguntas proporcionarem respostas fragmentadas, algo estará errado.
A boa construção de um modelo de scout necessariamente precisa conceber três dimensões presentes no jogo: a dimensão tarefa (o quê?), a dimensão espaço (onde?) e a dimensão tempo (quando?, quanto tempo?). Essas dimensões em interação constante entre si e com seus agentes (dimensão sujeito – quem?), precisam ser orientadas pelo sistema organizacional que rege o jogo.
Então, ao considerar, por exemplo, que um modelo de scout tem como objetivo analisar a compactação e amplitude de uma equipe, devemos ter claro que investigar tal questão de forma desvinculada do jogo significa não conseguir responder a mais importante de todas as perguntas quando se analisa o jogo: o “por quê?”.
Em outras palavras, se um modelo de scout der conta de responder “o quê” aconteceu, “onde”, “quando” e “quem” fez acontecer, mas não considerar o sistema organizacional do jogo e sua complexidade, certamente não terá indícios para dizer “como” e “por quê” determinada coisa aconteceu; e aí… bom, aí terá transcendido as “tabelas” mas continuará com problemas.
Interessante que o scout, através dos seus “scoutistas”, em função dessa “fragmentação do sistema”, apesar de considerar (e por considerar) isoladamente as dimensões mencionadas, arrisca-se ingenuamente a fazer apontamentos táticos (que realmente acabam sendo um “boleirismo camuflado” de ciência).
E se já são, de certa forma, indigestos alguns modelos de scout quando o ponto básico das suas construções é o entendimento do jogo, mais pesado ainda é para o estômago olhar para ele como ferramenta pedagógica.
Ferramenta pedagógica?!
Sim, caros amigos! O scout (que nas categorias de base precisaria de enfoques particulares) é uma ferramenta pedagógica, que associada a outros recursos pode auxiliar na compreensão (por parte de atletas e equipes) de situações importantes do jogo. Em outras palavras, o scout é elemento contribuinte para significação e tomada de consciência de tarefas do jogo, onde ocorreram, quando, como e por quê.
Notemos quantas são as lacunas a serem preenchidas e quanto podemos avançar a caminho da compreensão e da utilização do scout.
Mas talvez a questão básica aí não seja o quanto podemos avançar, mas o quanto queremos avançar.
Tabelas, estatísticas, campogramas, fragmentações; dimensões, sistemas, complexidade, pedagogia, o jogo…
A que perguntas o seu scout responde?
O FIM: “(…) E tudo ficou tão claro. Um intervalo na escuridão; uma estrela de brilho raro; um disparo para um coração…” (Humberto Gessinger/Engenheiros do Hawaii)
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