Pela terceira vez em três edições, um clube brasileiro foi campeão do Mundial de Clubes promovido pela Fifa.
Bonito, não?
É um motivo de orgulho pra qualquer um. Afinal de contas, a certa dominância exercida pelo selecionado nacional dentro das competições mundiais também pode ser percebida de forma mais absoluta dentro do universo interclube.
Levando-se em conta que os únicos campeões mundiais de clubes em torneios organizados oficialmente pela Fifa até hoje foram brasileiros, conclui-se – sem muita queima de neurônios – que quem manda no mundo dos clubes de futebol mundial é o Brasil, certo?
Confesso que não sei dizer. Eu não quero, sem pesar nenhum na consciência, dizer que os clubes de futebol brasileiros são modelos pro resto do mundo. Mas a contra-argumentação é quase impossível, afinal de contas, os resultados estão aí. Três campeonatos e três títulos. Quem não gostaria do mesmo? Quem, agora, pode criticar o modelo? É o modelo vencedor, oras.
De fato, baseando-se nos resultados, não se pode questionar a competência do Corinthians, São Paulo e Internacional. Entretanto, pode-se questionar, e muito, a importância que o alcance desse resultado possui.
Afinal, pra que serve ganhar um título mundial?
Em geral, pra muito pouco. Os títulos, de fato, são eternos. É bacana pra ficar um pouco insano no momento da conquista, pra colocar uma estrelinha em cima do escudo, pintar um letreiro na fachada da cobertura da arquibancada principal do estádio, andar em cima do carro de bombeiros e pra se lembrar daqui a alguns anos. Seus efeitos, entretanto, são limitados até a próxima disputa. Um título dura até ser colocado novamente em disputa e, em caso de derrota, ele se esvai. Assim que se ganha um título, ele passa a fazer parte do passado.
Para um clube de futebol, o título não serve por si só, mas é um bom potencializador de projetos futuros. Títulos adicionam valor, que pode ser indiretamente revertido em receita, que pode gerar novos títulos, e assim por diante. Um título mundial é uma ótima maneira de colocar um clube dentro de um círculo virtuoso, mas pra isso, ele precisa saber ser aproveitado.
Devido à alta imprevisibilidade do futebol, é possível que um título venha por acaso, por causa de um elemento não planejado, em especial pelo desempenho inesperado de um ou mais indivíduos. Isso acontece principalmente em competições curtas e eliminatórias, como – por exemplo – o Mundial de Clubes.
Em um belo dia, um time ruim pode jogar bem, e um time bom pode jogar mal. Isso pode significar um título, que possivelmente nem o próprio clube espera ganhar. E assim, sem preparo, ele pode passar sem que o clube faça qualquer maior proveito dele, que não o comemorativo.
Colocar um clube de futebol em um ciclo virtuoso é das coisas mais complicadas que existem, e as poucas chances que aparecem precisam ser agarradas sem pestanejos. Para isso, é preciso preparo, estudo, planejamento e antecipação. De outra maneira, os resultados alcançados viram efêmeros, ou – poetizando por causa do espírito natalino – eternos enquanto duram.
Clubes de futebol, na sua forma natural, existem pelo simples objetivo de conquistar títulos. Quando isso acontece, ou o clube deixa de existir, ou busca conquistar novos títulos. Conquistas prévias recentes ajudam a obter vantagem competitiva dentro da disputa, desde que sejam bem trabalhadas. Saber tirar proveito corretamente, entretanto, é trabalho para poucos. O São Paulo, até agora, tem se mostrado competente. O Internacional há de ser avaliado no próximo ano. O Corinthians, sei lá.