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A questão das academias privadas

Caros amigos da Universidade do Fubebol,

Ainda sobre a questão da proteção e desenvolvimento de jovens jogadores e proteção de clubes formadores, sobre a qual nos debruçamos em algumas das colunas anteriores. Ainda nos resta falar sobre um importante tema: as academias privadas de futebol.

Como sabemos, cada país tem a sua realidade e deve encarar os problemas que surgem conforme a sua situação específica.

No mundo do futebol, há países em que os clubes são economicamente fortes e possuem seus departamentos de base muito bem equipados. É o caso, por exemplo, da Inglaterra. Em outros países, muitos clubes mal conseguem sustentar a categoria profissional, e, assim, não dispõem de um centavo sequer para investir na formação de jogadores.

Nesse cenário, aparecem as academias privadas. São, geralmente, escolas de futebol que encontram-se fora da, digamos, família do futebol. Combram taxas de adesão e mensalidades dos alunos, e não participam de competições organizadas pelas federações (nacionais ou estaduais).

Dependendo da situação de cada país, e da efetiva atuação dessas academias privadas, elas podem contribuir com o preenchimento de uma importante lacuna deixada por clubes de futebol. Mas, por outro lado, também podem representar, se utilizadas de outra forma, grande ameaça para o status quo do negócio do futebol.

A Fifa tem manifestado grande interesse em regulamentar, fiscalizar e controlar essas academias, o que poderá resultar em importantes alterações nos regulamentos daquela entidade, em especial, do Regulations on the Status and Transfer of Players.

A preocupação encontra-se em duas frentes.

Em primeiro lugar, a formação de jovens reclama um conjunto de regras específicas. Os profissionais técnicos devem ser adequadamente preparados para lidar com jovens. A metodologia também. O acompanhamento psicológico e pedagógico deve ser feito de modo a acomodar a preparação física com a educacional.

Enfim, uma série de medidas devem ser tomadas para o acompanhamento adequado dos jovens. E, como as academias não estão oficialmente dentro da família do futebol, não há meios de fiscalizar tais práticas pelos órgãos competentes (no caso do Brasil, as federações).

Em segundo lugar, existe uma grande preocupação com o chamado “third party ownership” sobre jogadores. Em outras palavras, a Fifa está atualmente preocupada com a propriedade de terceiros (que não clubes) nos direitos sobre contratos de jogadores. Isso porque tais participações de terceiros acabam por (i) inflacionar o valor das tranferências; e (ii) retirar dinheiro das transferências do meio do futebol (normalmente, o valor das transferências, líquido de comissões legítimas, deveria ser destinado apenas aos clubes, que o reinvestiria no próprio futebol, beneficiando outros jogadores, comunidade local, etc). No caso de terceiros, esse valor não é necessáriamente reinvestido no futebol.

E essa segunda preocupação justifica-se aqui, uma vez que, muitas vezes, por trás das academias privadas estão empresários que pretendem lucrar com transferências de jogadores lá formados, sem terem ônus de clubes regulares (participar de competições oficiais, construir estádios, etc, etc).

É sempre bom lembrar que, no Brasil, essas academias prestam uma função importante, já que a quantidade de clubes com capacidade de desenvolver um programa de formação de jovens não consegue, nem de perto, suportar a grande demanda de jovens com interesse em praticar o esporte.

Por outro lado, as preocupações aqui mencionadas são legítimas, e podem ser aplicadas ao caso do Brasil. Temos que estabelecer regras mais rígidas.

É preciso cuidado, pois com formação de jovens jogadores, e consequente construção do futuro sustentável do futebol brasileiro, toda atenção sempre será pouca.

Para interagir com o autor: megale@universidadedofutebol.com.br

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É ruim mas é bom

O jogo de ontem, e eu escrevo essa coluna antes dele, foi uma lição para a Copa de 2014. Quer dizer, não o jogo em si, mas sim o palco da partida, o novo estádio Bezerrão.

Muita gente reclama do novo estádio. Afinal, foram gastos 50 milhões dos cofres públicos em um estádio para 20 mil pessoas, no meio do nada, para um time da 3ª divisão. Eu também reclamaria, principalmente se eu morasse no Distrito Federal.

Como esse não é o caso, eu posso também elogiar o estádio. Nem que seja em partes.

Ninguém é muito fã de estádios financiados pelo poder público, mas a verdade é que o poder público sempre financia o estádio, direta ou indiretamente, em qualquer lugar do mundo, seja nos Estados Unidos, França, Alemanha ou na Inglaterra. Considerando que ainda vivemos em um país em desenvolvimento, é ainda mais normal que um estádio seja construído pelo Estado, uma vez que ou é assim, ou não tem estádio. Ainda mais em uma região não pertencente ao eixo Sul-Sudeste.

Outra coisa que não dá pra reclamar muito é do valor. Tudo bem que com 50 milhões você faz um monte de coisa, mas o preço de 2,5 mil reais por lugar do novo estádio do Gama está possivelmente entre os mais baixos do mundo. Para se ter uma idéia, o Wembley custou algo em torno de 17 mil dólares por lugar, o que gira perto de 40 mil reais por cadeira. Logicamente que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, mas não dá pra dizer que o Bezerrão ficou muito caro, pelo menos não pelos parâmetros de um novo estádio. Ou pelo menos pelos parâmetros do que ele poderia de fato ter custado, e de qual seria o seu tamanho, se ele tivesse sido construído na década de 60 ou 70.

Até porque, com 20 mil lugares, ele é do tamanho certo para o futebol brasileiro. Aliás, o Bezerrão bem que poderia ser um modelo a ser adotado de estádio para a Copa. Os 20 mil lugares aliados ao baixo custo o tornam um modelo de certa forma sensato e sustentável para o país. Apenas 05 equipes da Primeira Divisão possuem média de público superior à capacidade do estádio. Não faz, portanto, sentido algum que o modelo ideal se torne os estádios de 40 mil pessoas, principalmente em locais com pouca tradição futebolística, como é o caso do Distrito Federal.

Tudo bem que meia dúzia de banheiras hidromassagem e mais uma piscina também com hidromassagem não são lá um exemplo de sustentabilidade, tampouco a localização e a arquitetura interna. O Bezerrão é novo, mas está longe de ser um estádio de primeira linha.

Mas sejamos sinceros. As chances de a iniciativa privada arcar com os maiores custos da Copa do Mundo é muito pequena e deve ficar restrita aos pólos econômicos mais desenvolvidos. A grande maioria dos estádios será pago pelo poder público. O Bezerrão, pelo menos, custou pouco.

Poderia ser pior.

Bem pior.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br

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As federações, a Uefa e a NBA

A Federação Paulista de Futebol anunciou ontem o Paulistão 2009, dentre as novidades a manutenção do mesmo trio de arbitragem para os jogos. A Federação Carioca neste ano fez com que todos os jogos dos grandes times fossem mandados no Maracanã.

No inicio deste ano a Federação Goiana lançou um grande projeto de marketing voltado ao torcedor. E ainda fez uma campanha de votação para inserir jogadores destaques nos times participantes.

Percorrendo outras federações vemos um ranking de clubes no Ceará, uma transmissão via internet tentada recentemente no Paraná, e por ai vai.

Trago essas breves informações para refletirmos os papéis das federações e o modelo utilizado no Brasil. Fala-se tanto em profissionalismo, inovação e pioneirismo, mas até que ponto as federações no Brasil são profissionais, aliás o que é ser profissional ? 

Friso bem que não assumo uma postura de defesa ou ataque a qualquer uma das federações estaduais, apenas utilizo os exemplos e faço a provocação comparando com outros modelos.

Existem diversas variáveis que podem ser exploradas neste assunto, direcionarei o foco para as possibilidades de cunho tecnológico sobre tudo no que se refere a internet, com a devida insistência de que os recursos tecnológicos só refletem os processos elaborados pelos interesses do ser humano.

Vou pegar dois exemplos de excelência, podem alguns se apegar nas diferenças culturais, econômicas e tantas outras para fundamentar sua posição contrária a essa comparação, cada qual com sua parcela de razão. Mas vamos lá…

Você sabe me dizer ao menos um patrocinador oficial da Copa dos Campeões da Uefa? Muito provável que a maioria deva lembrar de um ou alguns deles, eu confesso não consigo esquecer do urubu da Playstation nas vinhetas dos jogos.

E na NBA você consegue me dizer quem é melhor: Lebron James ou Carmelo Anthony? Lebron faz quase 10 pontos a mais por jogo e ainda ganha em assistências e roubadas de bola. Lógico cada um tem seus critérios e preferências, mas tem tudo lá no site para ajudar nas conclusões.

São nessas ações “sutis” que provoco sobre o modelo de federações no Brasil, que dizem ser representantes dos clubes, sendo que os próprios clubes muitas vezes não discursam desta maneira, e tentam ao mesmo tempo serem entidades modernas voltadas ao profissionalismo.

Respeitando suas peculiaridades, tanto NBA como Uefa, prezam pelo espetáculo e tem o consumidor/torcedor como alvo direto de suas ações. Afinal são eles que financiam o espetáculo tanto diretamente (ingresso e souvenir, por exemplo) como indiretamente (patrocinadores, direitos de transmissão).

A relação com a imprensa também é mais afinada, afinal os direitos de transmissão não são coisas das mais baratas, e a Uefa, por exemplo, sabe como agregar valor. Aqui no Brasil é comum ouvirmos, digo isso pelos meus próprios “ouvidos”, que a “TV” manda e desmanda, que ela “perturba”. “enche”, que ela desrespeita as normas em busca de informações, que fere os códigos de conduta, etc, etc, etc.

Enquanto isso a Uefa disponibiliza em seu site press releases jogo a jogo, informações completas e riquíssimas. Ou seja, lá eles tratam não como perturbadores e sim como grandes parceiros e investidores, e fazem isso valorizando e aperfeiçoando cada vez mais seu produto.

E o papel da tecnologia neste processo? Vêem a utilização da internet como eficaz ferramenta de comunicação e interação, tudo disponibilizado ao público e a imprensa, além dos inúmeros outros serviços específicos que destinam a eles e inclusive aos próprios clubes.

Daí faço a provocação: nós aqui do Brasil estamos preocupados com torcedor? Com a qualidade do produto oferecido pela federação? Pelo clube? Com a devida atenção, sem exageros (leia-se entregar tudo de bandeja) para a imprensa?

É verdade tem surgido algumas tímidas tentativas, mas convenhamos, a internet (para ficarmos no exemplo focado) possibilita muito mais coisa, o que será que falta, visão, investimento, vontade política?

Não sei, mas com certeza o que está por ai não me convence… ou:

Você lembra rapidamente de um patrocinador de sua federação? De uma vinheta vinculada ao campeonato e ao patrocinador?

 Ou ainda, quando você quer informação sobre futebol o site da federação está entre os sites que você procura primeiro?

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br

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O melhor do Brasil

Foram necessários sete anos para que finalmente Muricy Ramalho ficasse na crista da onda da opinião pública sobre suas qualidades como um treinador de futebol. Desde 2001, quando foi campeão estadual com o Náutico (acabando com 11 anos de jejum do time alvirrubro), Muricy não sabe o que é ficar sem comemorar pelo menos um título por ano.

Em 2002, ganhou o bi com os pernambucanos. Em 2003, foi campeão gaúcho pelo Inter. No ano seguinte, outro título estadual, dessa vez a inédita conquista do Paulistão com o São Caetano, o único título do time do ABC. Em 2005, de volta ao Inter, foi campeão gaúcho e vice do Brasileiro. E, desde 2006, é campeão brasileiro com o São Paulo, com tudo para ser o primeiro tricampeão nacional da história neste ano.

Mas Muricy não gosta de fazer autopromoção, nem se veste de forma diferente do restante do time. Muito menos se preocupa em ser simpático com os jornalistas. Pelo contrário. Quase sempre fica fora de si com as intermináveis perguntas sobre sua instabilidade no cargo no Tricolor paulista.

Para piorar o caminho de Muricy como um “supertécnico”, quase todas as vezes em que foi campeão, o título foi creditado a fatores que não apenas o seu trabalho. Seja no emocionante fim de jejum do Náutico em 2001, ou até na vitória inédita do São Caetano, quando o treinador rompeu com o status quo do mundo da bola ao afirmar logo após o título.

“Foi ele quem montou o time e escolheu o elenco. Não sou como alguns técnicos que querem aparecer com equipes montadas por outros. O Tite tem muito mérito nesta conquista”, disse em entrevista ao Jornal da Tarde.

Com esse jeito mais fechado, pouco receptivo à badalação da imprensa, Muricy teve de traçar um percurso mais longo que os demais para se tornar um técnico badalado. Talvez até por não desejar ser tanto assim o centro das atenções. Ou então pode até ser uma estratégia para não cair na mesmice que infla egos e desmonta times como temos visto ultimamente.

O fato é que Muricy é o melhor técnico em atividade no Brasil já há alguns anos. E essa “coroa” é especialmente válida porque ele é um dos poucos treinadores de times de ponta que não faz questão de culpar arbitragem após a derrota, ou a jogar contra a diretoria quando é pressionado por resultados, ou então a dizer que o seu cargo é sinônimo de instabilidade.

Pelo contrário. Muricy sempre demonstra fidelidade ao seu empregador. Não alardeia tanto isso, mas segue o contrato assinado. Recusa propostas de fora porque sabe a importância de se manter um trabalho coerente. E, naturalmente, consegue as conquistas.

Não é o título que faz de Muricy o melhor técnico do Brasil. Mas são as vitórias que coroam um “trabalho de formiga” que colhe os seus frutos na baixa da estação. Sem megaproduções, mas com a sinceridade de quem sabe que trabalhar é o melhor caminho para ser bem sucedido.

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

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Trabalhadores da bola

“É preciso ter o futebol no sangue, e a gente, neste momento, não duvida de que qualquer laboratório detectaria a sua presença nas veias de cada brasileiro, numa mistura balanceada com glóbulos brancos e vermelhos” (Mino Carta – em editorial da Revista Isto É – nº 212 – jan/81)

 

Há quase dez anos, perguntávamos em um artigo (“O Fenômeno cultural chamado futebol – uma proposta de Estudo”):

 

… Que segredo é esse do futebol que faz com que 130 milhões de brasileiros – uns vítimas da seca do Nordeste, outros das enchentes do Sul, a maioria vítima de um sistema que deles suga toda a vontade de resistir-, de repente, como que tocados por uma varinha mágica, por um feitiço coletivo, permanecem durante noventa minutos presos à magia de 22 homens (ou deuses?) dentro de um campo de futebol? Que encantamento é esse do futebol que faz surgir de todas as esquinas do país, das palafitas cobertas de folhas de babaçu às suntuosas residências dos coronéis, a mesma emoção, o mesmo sofrimento, a mesma alegria contagiante no instante do gol, como se aquele momento supremo do jogo de bola fosse capaz de anular as diferenças sociais? Que mistério é esse do futebol que faz surgir do orçamento deficitário do povo uma inesperada reserva para o deslocamento até os grandes estádios (…), para a compra de rojões, panos e tintas para as faixas visando a saudação de seus ídolos e para a leitura de toda a gama de jornais e revistas, especializadas ou não, pois todas reportam-se a ele, futebol? Que fenômeno é esse do futebol, capaz de viabilizar a união de todos (ainda que circunstancial e provisoriamente) em torno de um ideal comum – como por ocasião dos Campeonatos Mundiais -, aproximando os extremos e congraçando todas as correntes de pensamento, união esta por demais tentada e poucas vezes alcançada em outros momentos da vida nacional?

 

(…) Serão as respostas a essas perguntas a demonstração de estar no futebol uma espécie de reafirmação do espírito brasileiro, de sublimação dos seus problemas, da sua capacidade de luta e de seu desejo de marcar a sua posição no cenário internacional? Quais serão seus verdadeiros valores? O que faz despertar tantas paixões? Qual a razão de sua tamanha identificação com o brasileiro?…

 

De lá para cá assistimos, ao lado das preocupações com a evolução técnica e tática do jogo de bola, um crescer de reflexões e debates nos quais ele, futebol, é reconhecido como uma das práticas sociais mais significativas do mundo contemporâneo e, em nosso país, identificador da nossa cultura corporal esportiva.

 

Quantos de nós não tivemos, em nosso nascimento, um par de chuteirinhas penduradas orgulhosamente por nossos pais ou avós nas portas dos nossos quartos? Somente neste ano de 1994 – ano de Copa do Mundo – passa de uma dezena os lançamentos de livros retratando o futebol em suas mais distintas facetas, nenhum deles, entretanto, com a propriedade de Mario Filho, no clássico de 1947, O negro no foot-ball brasileiro, reconhecido por Gilberto Freire, que o prefacia, como um verdadeiro tratado antropológico da sociedade brasileira.

 

Pois é neste clima de festa e euforia que milhões de brasileiros – crianças em particular – sonham, um dia, vestir a camisa da seleção de seu país ou, mais modestamente – porém não muito – de um dos grandes clubes estrangeiros ou – vá lá – aqui da “terrinha” mesmo. Afinal de contas, já se acostumaram a acompanhar, pela mídia, notícias dos milionários (em dólares, é claro) contratos dos astros esportivos, que lhes permitem ostentar um padrão de vida invejado pela maioria da população que, como a Maria cantada por Milton Nascimento, não vive, apenas agüenta.

 

Como contraponto, portanto, ao clima festivo mencionado, como também a esse processo de ideologização sustentador do mito da ascensão social através do esporte, vale a pena nos reportarmos a alguns dados fornecidos pela Confederação Brasileira de Futebol, publicados pela Folha de São Paulo, em 19 de janeiro último, alusivos à remuneração do atleta de futebol profissional – os trabalhadores da bola – no ano de 1993.

 

Conforme as informações fornecidas pela CBF, 19,25% deles ficaram na faixa dos que receberam valores correspondentes a 1 salário mínimo; 51,38% – de 1 a 2; 19,60% – 2 a 5; 6,77% – de 5 a 10. Apenas 3% do total de jogadores receberam salários acima de 10 salários mínimos. Resumindo: 90,23% dos trabalhadores da bola obtiveram uma remuneração mensal da ordem de 1 a 5 salários; 70,63% deles receberam, por mês, de 1 a 2 salários.

 

Por fim, por conta das normas que regem as relações trabalhistas dos atlet
as profissionais de futebol – ratificadas pela Lei Zico (L. 8672/93), que veio em nome da modernização do esporte no Brasil-, mais correto seria nos referirmos a eles como escravos da bola, pois talvez sejam, hoje em dia, dos últimos trabalhadores a não possuir a propriedade de sua força de trabalho, a qual, motivada pela famigerada  Lei do Passe, fica quase sempre nas mãos dos clubes ou, mais apropriadamente, nas dos empresários (gatos?) do esporte. Aí está algo que um Governo Popular e Democrático não pode deixar de combater. Por isso, vamos ao trabalho e… salve a seleção, que ninguém é de ferro!

Para interagir com o autor: lino@universidadedofutebol.com.br

*Lino Castellani Filho é Doutor em Educação, docente da Faculdade de Educação Física/Unicamp, pesquisador-líder do “Observatório do Esporte” – Observatório de Políticas de Educação Física, Esporte e Lazer – CNPq/Unicamp, e foi Presidente do CBCE (1999/2003) e Secretário Nacional de Desenvolvimento do Esporte e do Lazer/Ministério do Esporte (2003/06)


 

[1] Publicado no Jornal Brasil Agora, editado pelo Partido dos Trabalhadores, em sua edição de nº 61 (ano II), de 05 a 20 de julho de 1994.

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Sobre futebol, ídolos e sociedade

O destaque dado pela mídia aos episódios relativos tanto ao mais recente caso amoroso do “Ronaldo Fenômeno” quanto das cenas de guerra civil proporcionada por parte da torcida palmeirense e policiais nas ruas paulistanas logo após o encerramento do jogo da final do campeonato paulista, entrecortadas pela notícia, vinda da Espanha, denunciadora de possível doping do “Ronaldinho Gaúcho”, nos fez retomar texto do contemporâneo professor e filósofo do fenômeno esportivo, o português Manuel Sergio, que por aqui permaneceu bons dois anos, ao final da década de 1980, compartilhando suas reflexões com seus colegas brasileiros, o que continua fazendo até hoje.

 

Àquele seu breve escrito, deu o título, bem ao estilo português, de “Sobre o Futebol: Pensamentos novos, na moda e no modo”. Por maior que seja a tentação de reproduzi-lo na íntegra, nos contentamos em fazer referência a algumas de suas passagens. Vamos a elas:

 

“Raros são os esportistas profissionais que se apercebem do significado do esporte. A profissão, demasiado absorvente e altamente competitiva, não lhes consente a reflexão que descobre o sentido e a significação da sua atividade imediatamente corporal”. 

 

“A grande questão para o futebolista, reside aqui: Por que sou eu um ídolo? Para reproduzir um mundo em agonia ou para ajudar o surgimento de um mundo novo? Tenho eu uma mensagem, sem ambigüidades, para os que me aplaudem e contemplam?”.

 

“Fazer progredir o futebol não tem sentido, se os Homens do Futebol continuam reificados, simplificados, reduzidos a linhas, esquemas, tempos e medidas. Será assim exagerado pretender que um dos problemas maiores, hoje postos à sua reflexão, é justamente o problema da aliança do amor e da técnica, da relação fraterna e da relação funcional, da eficiência e da vivência, da interioridade e da exterioridade, do particular e do universal? Mas não implicará a aliança do amor e da técnica uma real perda de produtividade? Talvez. Mas aquilo que se perde, neste setor, se ganha no sentimento de participação e desalienação, de comunicação e de comunhão, de conhecimento do Homem pelo Homem; Se ganha na qualidade da prática esportiva, na limitação da violência, na libertação daquilo que o Poder massificou, que a tecnocracia manipulou, que o Ter dividiu”.

 

“O futebolista-ator constitui um elemento de verdade e fascinação, desde que reflita servilmente a época em que vivemos, mas sirva, sobretudo, para desmontá-la, desfibra-la e propor a transformação do que nela possa estar errado. Quando será possível a ligação profunda entre a prática do futebol profissional e a libertação do Homem?”

 

“A visão pessimista do nosso futebol não deve fundar-se (…) nos prêmios monetários dos jogos, mas sim na carência de ciência e consciência, em todo o sistema onde o futebol se desenrola. Uma luta egoísta, sem vida sindical constante e lúcida, indiferente ao sofrimento dos antigos ou atuais colegas de profissão, que jazem na miséria, nunca sai vitoriosa, porque é uma forma de autopreservação da injustiça e do erro”…

 

“Profissionais com ordenados exorbitantes e regalias principescas, asseverarem que sofrem penosamente no exercício da sua profissão, é de bom tom. Aristocratiza a dor. O Ter e o Poder revêem-se nela. ‘Os grandes desgraçados são mudos: choram às ocultas'”.

 

Sábias palavras, Manuel Sergio! Tanto pela mensagem que expressa quanto por ter provocado e renovado em nós, brasileiros estudiosos do Esporte, disposição para enfrentarmos o desafio de olharmos para essa prática social de modo a nela podermos identificar traços significativos da história social e política de nosso país.

        

Este é um dos motivos da razão de ser de nosso Observatório do Esporte!

Para interagir com o autor: lino@universidadedofutebol.com.br

*Lino Castellani Filho é Doutor em Educação, docente da Faculdade de Educação Física/Unicamp, pesquisador-líder do “Observatório do Esporte” – Observatório de Políticas de Educação Física, Esporte e Lazer – CNPq/Unicamp, e foi Presidente do CBCE (1999/2003) e Secretário Nacional de Desenvolvimento do Esporte e do Lazer/Ministério do Esporte (2003/06).



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Defender à Zona ou Jogar à Zona?

Toda vez que se discute o tema “Zona” no futebol, na grande maioria (e quase unanimidade) das vezes explora-se o sistema defensivo (ou o “defender-se à zona”).

Zona orientada por linhas horizontais, zona orientada por linhas verticais, zona orientada pelas duas ao mesmo tempo (bi dimensional). De regras de ação mais, ou menos elaboradas, fato mesmo é que o sistema defensivo é o grande polarizador dos debates sobre o assunto.

No Brasil alguns “manuais táticos”, ou pelo raso conteúdo ou pela falha “tradução”, acabam por provocar equívocos associando muitas vezes o marcar por zona à plataforma 1-4-4-2 em linha (duas linhas de quatro jogadores). Em outras palavras é como se marcar à zona significasse sempre organizar a equipe na dita plataforma (e tão somente nela), como se em outras variações do 1-4-4-2 ou em qualquer outra plataforma isso (o marcar à zona) não fosse possível – ou ainda como se, ao optar-se pelo 1-4-4-2 em linha só fosse possível marcar à zona.


Isso obviamente não faz sentido.

A opção pela plataforma de jogo a ser utilizada está fractalmente ligada a todas as variáveis e dimensões do modelo de jogo escolhido. Isso é fato. Porém a escolha desta ou daquela plataforma não está necessariamente condicionada a esta ou aquela orientação defensiva (e vice-versa).

É necessário que se compreenda a interação entre plataforma escolhida e orientação defensiva determinada.

Marcar a zona (linha vertical, horizontal, duas dimensões, etc), individualmente, homem a homem, de forma mista ou de forma híbrida é uma das variáveis do sistema defensivo; não é a única.

O tema “zona” chama a atenção porque apesar de “antigo”, é recente nos fóruns de discussão sobre tática no futebol (especialmente porque vem se destacando a defesa à zona em grandes equipes de alguns países da Europa e já algum tempo em outros jogos desportivos coletivos).

O fato é que por mais que se discuta ainda estamos longe de esgotar o tema.

Existem vários espaços a serem preenchidos.

Um exemplo disso é que ainda falamos do defender à zona, quando deveríamos falar do jogar à zona (ou a “zona” estaria restrita ao sistema defensivo?).

Ainda que a dissociação de defesa, ataque, transição defensiva e transição ofensiva seja mais didática do que concreta, podemos ter orientações e estratégias distintas para as regras de ação de cada um desses quatro momentos do jogo e uma delas possível (das estratégias), é por exemplo, que a organização ofensiva também seja zonal.

Atacar à zona é tão possível quanto o defender à zona e muitos bons treinadores europeus há muito tempo têm se valido disso na organização ofensiva de suas equipes.

Espero que não demore muito tempo para que o tema seja explorado nos fóruns futebolísticos de discussão.

Retomarei e me aprofundarei no tema em outra oportunidade. Por enquanto, que nossas/vossas mentes inquietas digiram o assunto, e que a defesa à zona avance ao ataque em zona e por fim ao “jogar à zona”.

Para interagir com o colunista: rodrigo@universidadedofutebol.com.br

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Considerações sobre o caso Mutu

Caros amigos da Universidade do Fubebol,

Como sabemos, o DRC (Dispute Resolution Chamber) da FIFA decidiu recentemente punir o jogador romeno Adrian Mutu com uma multa no valor record (para atletas de futebol), no valor de 17.17 milhões de euros.

Referida decisão foi proferida em decorrência de reclamação protocolada pelo seu ex-clube, FC Chelsea, da Inglaterra, após a confirmação de alegados exames positivos de substâncias ilícitas no organismo do jogador.

O clube alega que o jogador, com esse teste, descumpriu os termos de seu contrato de trabalho (o qual determina que o jogador tenha uma conduta digna de acordo com a sua profissão), o que obrigou o clube rescindir o contrato.

Essa decisão revela uma grande tendência do futebol moderno. Como sabemos, e repetimos insistentemente neste espaço, após a decisão do jogador Bosman, os atletas de destaque passaram a se beneficiar com uma inflação desmedida de seus salários e respectivos valores de transferência.

Hoje chegamos ao ponto de tamanho disparate entre os grandes salários (nas mãos de poucos jogaodores – topo da pirâmide), e os incontáveis atletas que praticamente pagam para jogar futebol, constituindo a grande base da pirâmide.

Diversas reações, por parte de diversas organizações, hoje tentam minimizar esse “gap” entre jogadores (e de clubes por conseguinte). Custo de controle, governança corporativa nos clubes, proteção a clubes formadores, etc.

Mas a que podemos observar com o caso Mutu é que, os jogadores passam a ter maior responsabilidade. Os jogadores, principalmente aqueles em destaque, são cada vez mais cobrados por manter uma imagem condizente com a imagem e história do clube que atuam, e também que possam servir de exemplo aos milhares de fãs que o acompanham ao redor do mundo.

Por outro lado, não vemos essa responsabilidade como uma excludente para que a estrita legalidade esteja presente. Por trás de toda a atividade punitiva de organizações desportivas ou de tribunais administrativos ou arbitrais, há que se verificar a existência de uma prévia disposição legal, regulatória ou contratual válida.

No caso do atleta Mutu, por exemplo, aparentemente existe disposição contratual clara que ampare uma reação punitiva por parte do clube. Em outros casos, a questão pode se debruçar na disposição legal da responsabilidade civil e consequente obrigação de reparar um dano causado a outrém (no caso, o clube).

Outra questão interessante, é a forma de cálculo dessa punição. Esse cálculo também deve estar claramente estabelecido, quer no listema legislativo ou regulatório aplicável, quer na relevante jurisprudência. A multa de Adrian Mutu foi calculada com base no salário do jogador e no tempo restante para o término de seu contrato (uma clara correspondência, guardadas as devidas proporções e especificidades) às recentes decisões dos casos Webster, além de Bayal e Soto (todos do CAS).

Dessa forma, considerando que o caso Mutu foi também levado ao CAS, grandes chances de se manter a multa conforme determinado pelo DRC. Mas tudo dependerá do que for alegado pelas partes, especificidades do caso, etc.

Sobretudo, temos que ficar atentos à nova realidade do atual futebol. Os jogadores devem se precaver, pois uma maior liberdade, maiores oportunidades e maiores remunerações, trazem consigo maior responsabilidade. E eles devem estar preparados para isso.

Para interagir com o autor: megale@universidadedofutebol.com.br

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C’est la vie

Dependência excessiva dos direitos de televisão, pouca qualidade em campo, poucos jogadores de renome internacional e, acima de tudo, péssima estrutura comercial dos estádios.

E um relatório mostrando tudo isso e pedindo mudanças por longas cento e sessenta e algumas páginas.

Poderia parecer algo da Itália, mas não é. Poderia também parecer alguma coisa do Brasil. Também não é.

O relatório é um panorama geral do estado atual do futebol francês. É. Francês. O país que sediou a Copa do Mundo há dez anos atrás. O país que remodelou seus estádios para hospedar o maior evento futebolístico do planeta. Esse mesmo país clama hoje por reformas em seus estádios.

O documento, entitulado “Accroître la compétitivité des clubs de football professionnel français”, foi escrito por Éric Besson, Secretário do Estado de Prospecções e Avaliações de Políticas Públicas da França. Lá, ele fornece números para provar que o futebol francês precisa de mudanças urgentes. Além dos estádios, ele reclama dos patrocínios, do desequilíbrio do campeonato e da baixa qualidade de performance das equipes francesas nas competições européias.

Em determinado momento, ele disserta sobre o fato dos impostos afastarem jogadores mais qualificados do território francês, o que possui reflexo direto na performance das equipes nos campeonatos europeus. Mas chega à conclusão de que não tem como mudar isso.

No fim das contas, o relatório é muito semelhante a qualquer outro relatório produzido em qualquer outro lugar do mundo que não Inglaterra e Alemanha. Sinal de que não basta estar em um país rico para se ter um futebol aparentemente saudável, ainda que existam incontáveis reclamações da comunidade local.

Faça-se ressalva, porém, à importância do futebol na cultura francesa, que nem chega perto de países como a Espanha e as supracitadas Alemanha e Inglaterra. O fato de Paris ser uma cidade com pouca cultura futebolística também não ajuda em nada o desenvolvimento do futebol local.

De qualquer maneira, é uma leitura elucidativa. Para achar o documento, basta colocar o nome no Google. É tão bom quanto qualquer documento público sobre o futebol. Vários dados e inúmeras informações. Resta saber se servirá para alguma coisa.

Na Inglaterra, um documento público mudou o rumo do futebol local. No Brasil, nem tanto. 

É a vida. 

Para interagir com o autor: oliver@149.28.100.147

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Carta aberta ao João Paulo Medina

Meu muito querido amigo,

 

Depois de conhecê-lo e de consigo dialogar fraternalmente, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde o João Paulo era, há 21 anos, o professor de futebol; depois de reler o seu livro, A Educação Física cuida do corpo… e “mente”; depois de ter sentido a inquietude contínua do Lino Castellani Filho e do João Batista Freire, depressa concluí, nesse Brasil, eterno caminhante da Esperança: que era preciso analisar, com atenção, a interpretação latino-americana de Marx; que, filho de uma Europa debilitada por um profundo cepticismo, nascia um pensamento novo, na franca disponibilidade e profunda curiosidade da América Latina; que o futebol brasileiro não se distinguia unicamente pela valia técnica dos seus jogadores, mas também pela qualidade invulgar de alguns dos seus treinadores. Posso acrescentar, hoje, sem leviandade, que entre os técnicos de futebol mais qualificados com que fiz amizade, em toda a minha vida, está o seu nome.

 

Eu já me tinha doutorado e defendia, contra uma multidão de plumitivos, que a área da impropriamente denominada “educação física” se fundamentava num novo paradigma científico, a ciência da motricidade humana (CMH), onde cabiam a Educação, a Saúde, o Trabalho, o Lazer e o Desporto; que não havia necessidade de preparadores físicos, mas de metodólogos do treino que criassem exercícios onde a complexidade humana do jogador estivesse presente e… não só o físico; que, pela CMH, o ser humano deve. Deve lutar contra todas as formas de alienação e de exploração; deve lutar contra o positivismo que separa os factos dos valores; deve lutar em prol da utopia e da esperança.

 

O meu amigo escutava-me e, com liberdade crítica, acrescentava ao meu discurso mais uma ou outra ideia, onde o meu teoricismo não chegava. Tendo nascido e vivido, até aos 50 anos, à beira de um estádio de futebol, convivi com muitos dos nomes maiores da história do futebol português. Só que nunca pratiquei futebol profissional, como jogador ou treinador. E quem não pratica não sabe! Como modestíssimo filósofo, tento redescobrir aquilo que esclarece o presente e anuncia o futuro. Quando me ocupo do futebol (a minha modalidade preferida) não o faço como especialista do futebol, mas como filósofo que interpreta, no futebol, os sinais do tempo. E o João Paulo de tal forma se sintonizava com um futebol-emancipação que ousei classificá-lo como o primeiro verdadeiro intelectual que conhecera, no mundo do futebol! E, para além do mais, pessoa de admirável formação moral em quem passei a confiar como se de um irmão se tratasse! Recordo que ambos realçávamos (porque conferíamos primazia à complexidade Humana sobre o físico, isolado do todo) a importância da liderança, no trabalho quotidiano do treinador desportivo. É o homem (a mulher) que se é que triunfa no treinador que se pode ser.

 

Em conversas com antigos alunos meus que não têm êxito, como treinadores, na alta competição, não tenho dúvidas em declarar a cada um deles: “O que você aprendeu, na Universidade, não lhe basta para ser treinador, com êxito. E porquê? Porque é bem possível que você não seja um líder; porque muitos dos seus professores desconheciam a alta competição; porque os currículos escolares, na Universidade, podem fazer estudiosos do desporto, mas líderes não fazem, com toda a certeza”.

 

Não basta um conhecimento livresco, é preciso viver. Os médicos, os advogados, os engenheiros, etc., etc. não são experientes e competentes, logo no dia em que findam os seus cursos universitários, mas após muitos anos de prática profissional. Por isso, nos cursos universitários de desporto, bem é que se promova o respeito pelo saber de treinadores de grande prática e sucesso, embora não tenham passado pela Universidade. Demais, o principal objectivo de uma disciplina não é tanto acumular conhecimentos, mas contribuir ao nascimento de novos modos e novas estruturas de pensamento. O meu amigo sabia tudo isto, porque trabalhava, no futebol, com os melhores treinadores brasileiros. Não, nem o meu amigo, nem eu, defendíamos a ausência do ensino escolar, na profissão de treinador de futebol. Éramos universitários, com honra e prazer. Acentuávamos tão-só o primado da realidade objectiva sobre a idealidade das formas cognoscitivas.

 

O conhecimento (e portanto o conhecimento do futebol) assenta e radica, primordial e determinantemente, na própria realidade objectiva. Ocorre-me, neste passo, o Karl Marx de A Ideologia Alemã: “A consciência não pode ser outra coisa senão o ser consciente e o ser dos homens é o seu processo de vida real”. Há uma falsa consciência em quem teoriza e não pratica, porque não tem em conta as relações entre o ser e o pensar. Volto a uma frase que eu, com alguma felicidade, criei: não é pensando que somos, mas é sendo que pensamos!

 

A carta vai longa. Sou forçado a terminá-la. E faço-o com gratidão, admiração e amizade. Seu amigo,

 

Manuel Sérgio

*Antigo professor do Instituto Superior de
Educação Física (ISEF) e um dos principais pensadores lusos, Manuel Sérgio é
licenciado em Filosofia pela Universidade Clássica de Lisboa, Doutor e Professor Agregado, em Motricidade Humana, pela Universidade Técnica de Lisboa.

Notabilizou-se como ensaísta do fenômeno desportivo e filósofo da motricidade. É reitor do Instituto Superior de Estudos Interdisciplinares e Transdisciplinares do Instituto Piaget (Campus de Almada), e tem publicado inúmeros textos de reflexão filosófica e de poesia.

Esse texto foi mantido em seu formato original, escrito na língua portuguesa, de Portugal

Para interagir com o autor: manuelsergio@universidadedofutebol.com.br