Categorias
Sem categoria

C'est la vie

Dependência excessiva dos direitos de televisão, pouca qualidade em campo, poucos jogadores de renome internacional e, acima de tudo, péssima estrutura comercial dos estádios.

E um relatório mostrando tudo isso e pedindo mudanças por longas cento e sessenta e algumas páginas.

Poderia parecer algo da Itália, mas não é. Poderia também parecer alguma coisa do Brasil. Também não é.

O relatório é um panorama geral do estado atual do futebol francês. É. Francês. O país que sediou a Copa do Mundo há dez anos atrás. O país que remodelou seus estádios para hospedar o maior evento futebolístico do planeta. Esse mesmo país clama hoje por reformas em seus estádios.

O documento, entitulado “Accroître la compétitivité des clubs de football professionnel français”, foi escrito por Éric Besson, Secretário do Estado de Prospecções e Avaliações de Políticas Públicas da França. Lá, ele fornece números para provar que o futebol francês precisa de mudanças urgentes. Além dos estádios, ele reclama dos patrocínios, do desequilíbrio do campeonato e da baixa qualidade de performance das equipes francesas nas competições européias.

Em determinado momento, ele disserta sobre o fato dos impostos afastarem jogadores mais qualificados do território francês, o que possui reflexo direto na performance das equipes nos campeonatos europeus. Mas chega à conclusão de que não tem como mudar isso.

No fim das contas, o relatório é muito semelhante a qualquer outro relatório produzido em qualquer outro lugar do mundo que não Inglaterra e Alemanha. Sinal de que não basta estar em um país rico para se ter um futebol aparentemente saudável, ainda que existam incontáveis reclamações da comunidade local.

Faça-se ressalva, porém, à importância do futebol na cultura francesa, que nem chega perto de países como a Espanha e as supracitadas Alemanha e Inglaterra. O fato de Paris ser uma cidade com pouca cultura futebolística também não ajuda em nada o desenvolvimento do futebol local.

De qualquer maneira, é uma leitura elucidativa. Para achar o documento, basta colocar o nome no Google. É tão bom quanto qualquer documento público sobre o futebol. Vários dados e inúmeras informações. Resta saber se servirá para alguma coisa.

Na Inglaterra, um documento público mudou o rumo do futebol local. No Brasil, nem tanto. 

É a vida. 

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br

Categorias
Sem categoria

Ausência

Caro leitor,

Informamos que a coluna de Eduardo Fantato não será publicada nesta terça-feira e aproveitamos o espaço para pedir desculpas pelo infortúnio.

Esperamos que a situação seja normalizada na próxima semana e estamos trabalhando para isso.

Obrigado!

Equipe Cidade do Futebol

Categorias
Sem categoria

Justa-causa

Imagine você, caro leitor, assistir ao jogo do seu time ouvindo os comentários do próprio treinador da sua equipe. Mas não com ele à beira do campo, cumprindo a função para o qual é remunerado (aliás, o mais alto salário do país para o cargo), e sim na telinha, vendo assim como você o jogo pela televisão.

Na quarta-feira insossa das quartas-de-finais da Copa Sul-Americana, Wanderlei Luxemburgo atacou de comentarista no jogo do Palmeiras! Sim, isso mesmo. Ele deu folga aos jogadores titulares, mandou o auxiliar técnico para a Argentina junto com outros 14 atletas e, em vez de ficar em casa e observar a partida, meteu-se a comentarista da principal emissora do país.

Sacada de mestre da Globo? Mais um acesso de vaidade de Wanderlei?

De fato um pouco dos dois. Mas esse não é o questionamento que deve ser feito num caso como esse. Porque o fato já está consumado. Luxemburgo já foi à Globo e palpitou até no desempenho dos times que são seus rivais diretos na disputa do título nacional.

No dia seguinte, na maior naturalidade do mundo, mídia, torcida e diretoria do clube apenas comentaram a atuação do pseudo-comentarista, ou, mais precisamente nesse caso, do pseudo-treinador.

Nada de questionar a validade do ato em si, ou então a magnitude do descalabro que foi o episódio.

Via de regra, é como um médico ir à televisão comentar a cirurgia de um paciente, ou dar palpite sobre o procedimento cirúrgico de seus colegas. E, para agravar, o paciente é dele!!!! Ou, ainda, um advogado que naquele dia pediu recesso do tribunal, decidir ir à TV Justiça comentar o caso que está em julgamento!

Simplesmente o ato de Luxemburgo fere qualquer questão ética que se possa ter já colocado no relacionamento transmissão de jogo, treinador de futebol, etc. Uma coisa é, num período fora do trabalho, Wanderlei decidir comentar um campeonato. Outra, muito diferente, é ele deixar de lado uma competição para focar em outra e, num determinado dia, comparecer à TV para falar sobre o desempenho do time que dirige!

É tão absurdo quanto colocar ponto eletrônico em jogadores como o mesmo Wanderlei fez com o time do Corinthians em 2001. Ou, ainda, tão errado quanto mentir a data de nascimento e adulterar o nome no documento de identidade, como feito pelo até então Vanderlei Luxemburgo para se tornar Wanderley Luxemburgo e jogar no Flamengo.

Se o futebol fosse um meio mais sério no Brasil, no dia seguinte Luxemburgo seria demitido por justa-causa do trabalho. Mas como foi o próprio Wanderlei quem criou o conceito de “super-técnico”, ou de “manager”, é impossível contrariá-lo…

Nesse caso, a justa-causa é para quem deixou o “monstro” ser criado.

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

Categorias
Conteúdo Udof>Grupos de Estudos>Gefir

Relato de experiência: 2º festival de mini-futebol da Universidade Católica Dom Bosco – 2008

Hoje, o futebol é responsável pela maior competição individual do mundo, caracterizada como a copa do mundo de futebol, realizada a cada quatro anos em algum país: é uma grande festa do esporte mundial. No Brasil, a festa é linda, mas está longe ser um grande espetáculo onde todos possam assisti-lo sem medo de ser agredido, com segurança e tranqüilidade.

O futebol no Brasil atualmente movimenta cerca de 16 bilhões de reais por ano e tem aproximadamente 30 milhões de participantes. É uma paixão nacional. A cada canto que olhamos, observamos alguma coisa que nos lembra que somos brasileiros, como campinhos em lugares inimagináveis, garotos adaptando bolas com meias e garrafas pet etc.

Praticamente todos os dias, na frente da minha casa em Botucatu interior de São Paulo, eu e meus amigos jogávamos um futebol alegre e cheio de ingenuidade. Nosso campo era a rua, as traves eram feitas de pedaços de tijolos ou chinelo, e para melhorar, a rua era inclinada, era uma ladeira, mas tínhamos que jogar lá, pois na melhor rua de se jogar havia uma senhora que quando a bola caía em seu quintal adorava furá-la. Neste jogo de futebol a regra mais respeitada era a de que quando um dos times tivesse marcado cinco gols deveríamos trocar o lado do campo, a famosa frase “vira cinco termina a dez”. Coisa mais triste era buscar a bola na ladeira!

Porém, o futebol tem o poder de influenciar os brasileiros, tanto no cunho positivo quanto negativo. Não é difícil ver uma criança proferindo xingamentos ou gestos inadequados em um campo de futebol, isso pela simples repetição. Portanto, já que as pessoas são tão influenciadas pelo futebol em nosso país, devemos aproveitar essa modalidade da melhor maneira possível usando-a como um esporte educacional, pois entendo que a formação na infância reflete no atleta do futuro (FREIRE, 1998; KUNZ, 2005).

O grande problema para conseguir fazer do futebol um esporte educacional é a super-valorização dos jogos competitivos, enfatizando cada vez mais a vitória e deixando de lado aspectos importantes na formação integral dos praticantes, aspectos estes que os profissionais de educação física devem valorizar e priorizar (KUNZ, 2003).

O currículo do curso de educação física sempre contemplou a disciplina de esporte coletivo futebol. Atualmente, com a divisão das grades curriculares do curso de educação física em licenciatura e bacharelado nas universidades, essa disciplina é trabalhada não apenas tratando o futebol como esporte de rendimento, mas principalmente como prática pedagógica, desenvolvendo atividades que respeitam os estágios de crescimento e desenvolvimento das crianças.

Dessa forma, é fundamental para a formação integral dos alunos de graduação que eles tenham a vivência prática das modalidades esportivas. O festival de mini-futebol idealizado pelo professor Fabricio Ravagnani, do curso de Educação Física da UCDB, permite que os acadêmicos de Educação Física vivenciem os componentes que norteiam a modalidade, em cada estágio de desenvolvimento da criança, desenvolvendo os aspectos físicos, técnicos, táticos, clínicos, administrativos além dos aspectos educacionais como os éticos, sociais, cognitivos, motores, estéticos, e afetivos do esporte (Brasil, 1998).

O mini-futebol é um jogo adaptado do futebol, futsal e futebol de rua (FutRua), que tem como principal característica sua regra simples e de fácil compreensão, ou seja, traves pequenas e adaptadas e número reduzido de atletas. Tudo isso para fazer com que os praticantes toquem na bola com mais freqüência e, conseqüentemente, haja uma maior possibilidade de se fazer o gol, facilitando a dinâmica do jogo e contribuindo com aprendizado das crianças de forma integral.

Minha experiência mais marcante com o mini-futebol foi por volta de 1984, onde tive a feliz oportunidade de conhecer um senhor chamado Amauri Spana, pai de um grande amigo, Vinicius Spana. Sujeito divertido, bem humorado, ou seja, detentor de um dom para trabalhar com criança. O Sr. Amauri nos presenteava todo ano com um festival de mini-futebol. Este era realizado em sua casa, levando em consideração todas as características do Mini-Futebol citadas acima, lembrando muito o futebol de rua, porém, muito bem organizado. Até nossa premiação era confeccionada pelo Sr. Amauri, com restos de madeira da serraria que tinha perto de casa. Tenho a profunda convicção de que este senhor contribuiu com a minha formação como cidadão e poderia contribuir ainda mais se fosse formado em educação física.

Portanto, o objetivo do 2º Festival de Mini-Futebol da UCDB 2008 foi oferecer aos acadêmicos a oportunidade de vivenciar a construção de um evento de futebol desde a organização até o treinamento das equipes, possibilitando, assim, às crianças participantes, o convívio e integração social, além da iniciação esportiva com jogos adaptados.

O 2º Festival de Mini-Futebol da UCDB 2008 teve a participação de 15 equipes, totalizando 180 crianças, entre 10 e 12 anos que estudavam em escolas públicas municipais, estaduais, particulares ou eram participantes de projetos comunitários. O evento contou com abertura oficial coordenada pelos acadêmicos do 5º semestre de Educação Física, onde todas as equipes participaram, juntamente com seus técnicos (acadêmico).

Os jogos do Mini-futebol tiveram início logo após a abertura e foram feitos no campo de futebol da UCDB. As equipes participantes foram divididas em 04 campos adaptados. Na parte da manhã, foram realizados os jogos classificatórios e o almoço; na parte da tarde, os jogos da fase final.

Os acadêmicos do Curso de Educação Física do 6º Semestre diurno eram responsáveis pela organização geral do Mini-Futebol. Portanto, desenvolveram atividades, como treinamentos das equipes participantes, arbitragem dos jogos, construção das regras, limpeza do local, alimentação entre outras. O festival de Mini-Futebol da Universidade Católica Dom Bosco de 2008 era requisito básico para os acadêmicos da UCDB serem aprovados na disciplina de esporte coletivos futebol/futsal.

As seguintes regras foram criadas e utilizadas no 2º Festival de Mini-futebol da (UCDB) 2007/2008:

1 – Toda partida
Em todas as partidas, deve ser entregue ao árbitro de mesa, antes do início do jogo, uma relação com nomes dos jogadores que iriam atuar e seus respectivos documentos ( cópia da certidão de nascimento).

2 – Área de jogo
2.1 – Dimensões e marcações do campo de jogo

O campo de jogo pode ser marcado com linhas ou coisa semelhante. O campo deve ser retangular, o comprimento da linha lateral deve ser superior ao comprimento da meta. As duas linhas de marcação mais compridas denominam-se linhas laterais e as duas mais curtas chamam-se linhas de meta. As medidas podem ficar entre 38 a 42 metros de comprimento e 20 (vinte) a 24 (vinte quatro) metros de largura.

O campo de jogo também deve ser dividido em duas metades por uma linha média ou marcação semelhante. A área do gol deve ter 2 metros de comprimento por 2,5 metros de largura e o círculo central com 3 metros de raio.

2.2 – Distância do pênalti
Todas as cobranças de pênalti devem ser feitas da marca do meio campo, assim como o tiro livre direto.

2.3- Metas

As medidas das metas devem ser de 1 metro de altura por 1,5 metros de largura.

3 – Formação das equipes
A partida deve ser jogada por duas equipes, formadas por no máximo 6 jogadores cada uma, e o banco de espera não poderá exceder a 6 participantes. Perfazendo um total de 12 participantes para cada equipe. A idade dos participantes deve ser descrita na regra.

3.1 – Número mínimo de jogadores em campo A partida só pode ter início com o número mínimo de 4 jogadores para cada equipe. A equipe que estiver com menos de 4 jogadores em campo, para o início, ou reinício do jogo, será considerada perdedora.

3.2 – Obrigatoriedade de participação de todos os atletas
É obrigatório que todos os jogadores participem das partidas, por isso o professor de cada equipe deve colocar seis jogadores no 1º tempo de jogo e os outros seis no 2º tempo de jogo, em caso de equipe completa.

OBS: Caso a equipe tiver um número reduzido de atletas, o professor poderia manter a base da equipe que iniciou o 1º tempo de jogo, mas tendo a obrigatoriedade de colocar no 2º tempo de jogo, os jogadores que não participaram do 1º tempo de jogo.

4 – Substituições
É obrigatória a participação de todos os jogadores na partida, as substituições só poderão ocorrer quando um atleta sofrer alguma contusão e precisar ser substituído. Uma vez o jogador substituído, não mais poderá voltar ao jogo. Lembrando que o professor deverá colocar sempre equipes diferentes em cada tempo de jogo.

5 – Bola
A bola se possível deve ser leve e menor que as profissionais, tentando se adequar a idade da criança.

5.1 – Bola fora de jogo
Quando a bola sair completamente, quer pelo solo, quer pelo alto, pelas linhas laterais ou de fundo.

5.2 – Tempo para reposição da bola em jogo
O jogador, após o silvo do apito do árbitro terá 10 segundos para repor a bola em jogo.

5.3 – Situação de uma bola defeituosa
Se a bola estoura ou se danifica durante uma partida, o jogo será interrompido e se reiniciará por meio de bola ao chão, com uma nova bola no mesmo lugar onde a primeira se danificou.

5.4 – Gol
Será marcado (validado) o gol quando a bola ultrapassar por inteiro a linha da meta, pelo ar ou pelo solo.

6 – Equipe de arbitragem
6.1 – Número de árbitros

A equipe de arbitragem deve ser composta de dois árbitros, sendo classificado como arbitro principal e auxiliar e de um mesário sendo classificado como anotador. Cada nova partida poderá haver mudanças entre eles.
Obs: A partida poderá ser realizada sem o auxiliar, porém nunca sem o mesário (anotador) será impossível.

6.2 – Mesário (anotador)
Deverá fazer todas as devidas anotações, averiguar a entrada dos atletas em campo e poderá, quando solicitado, auxiliar o árbitro durante a partida.

6.3 – Encerramento do jogo
Será de total responsabilidade de um dos árbitros.

7 – Equipamento dos atletas
7.1 – Uniformes

Camisas padronizadas para os jogadores da mesma equipe com numeração em fita ou outros.

7.2 – Igualdade de uniformes
Caso haja igualdade de uniformes, haverá sorteio para definição da equipe que jogará com os coletes para a diferenciação entre as equipes.
Obs: Os coletes devem ser oferecidos pela organização do festival.

7.3 – Calçados e meias
É expressamente proibido o uso de chuteiras de travas altas, podendo ser usado as chuteiras do futebol Society ou qualquer outro tipo de tênis sem travas, até mesmo descalço. Podem ser usadas meias de cano curto ou meiões.

8 – Início, duração e maneira de vencer o jogo
8.1 – Escolha de campo e de bola

A escolha do campo e da bola será feita através de sorteio.
O pontapé inicial será dado no centro de campo, em direção ao campo adversário. A bola deverá ser passada para o companheiro em direção do campo adversário. Os jogadores adversários devem ficar a uma distância de no mínimo 3 metros para início e reinício da partida.
8.2 – O tempo de jogo
A duração de jogo deve ser de 20 minutos, divididos em dois períodos de 10 minutos corridos, com intervalos de 3 minutos para troca de campo, jogadores e alternância do pontapé de saída.

Obs.: O árbitro tem o poder de parar o cronômetro em casos especiais e o tempo de jogo na semifinal poderá ser aumentado, caso todos os semifinalistas concordem. Caso não haja um consenso permanece o mesmo tempo das partidas anteriores.

8.3 – Vencedor do jogo
Será vencedora a equipe que marcar o maior número de gols.

8.4 – Em caso de empate
Caso ocorra o empate no tempo normal de jogo, devem ser realizadas cobranças de pênaltis, onde todos que estão em campo devem cobrar o pênalti. (As cobranças da primeira série dos pênaltis devem ser alternadas). Havendo a persistência do empate, cada equipe terá direito a uma cobrança de pênalti até que se defina um vencedor, sendo obrigatório o rodízio de cobradores.

8.5- Fim de jogo
Para encerrar a partida, o árbitro terá que esperar a bola sair de jogo

9 – Tiro livre direto
A partir da 6º falta coletiva dentro de cada tempo será cobrado o tiro livre direto, da marca do meio campo.

10 – Tiro de canto
Acontecerá quando um atleta colocar a bola para fora da sua linha de fundo do seu campo. Será cobrado com o pé, dentro do campo e bola dentro do meio círculo, com o adversário no mínimo a 3 metros de distância da cobrança. Poderá haver gol através da cobrança do tiro de canto. O jogador terá de 5 a 10 segundos para a cobrança, se não o fizer será passivo de advertência.

11 – Lateral
Ocorrerá quando o atleta colocar a bola além da linha demarcatória do campo (lateral). A cobrança do lateral será com as mãos ou com os pés (opcional). Caso a cobrança seja realizada com o pé a bola terá que estar parada em cima da linha lateral e o pé de apoio para a cobrança não poderá estar dentro de campo. Neste caso, do lateral cobrado com o pé, deverá ser respeitada uma distancia mínima de 3 metros por parte do adversário. Quando optar pelo lateral cobrado com as mãos, não há necessidade de distância mínima por parte do adversário, lembrando que a regra do lateral feito com as mãos segue as regras da Fifa.

Só poderá ser validado um gol diretamente através da cobrança do lateral quando a bola tocar em outro atleta. O lateral será cobrado atrás da linha. Se infringir esta regra, a equipe poderá ser punida

12 – Faltas, infrações e punições
12.1 – Tiro livre.
Somente em caso de obstrução da bola dentro da área e em casos de empate durante a fase eliminatória.

12.2 – Cartão amarelo
Será dado cartão amarelo, quando o jogador: retardar a reposição da bola em jogo; infringir insistentemente as regras; cometer falta grave; manter conduta anti-desportiva.

12.3 – Cartão azul
O jogador ou membro da comissão técnica, quando punido com o cartão azul deverá ficar por 2 minutos fora do jogo ou do campo de jogo, quando a punição for para o técnico (acadêmico). Quando a equipe se recusar a continuar em uma partida será declarada perdedora, independente do placar.

Quando ofender com palavras qualquer participante do jogo, da sua organização ou do público o jogador será punido com o cartão azul e deverá ficar fora do jogo pelo período de 2 minutos, e se o jogo for paralisado por ofensa ao público ou corpo técnico, o jogo será reiniciado com bola ao chão.

13 – Paralisação da partida
13.1 – Se o árbitro paralisar a partida, sem haver infração, com a bola em jogo, a mesma será reiniciada com bola ao chão.

14 – Premiação
Todas as equipes e seus jogadores devem receber um prêmio pela participação.
As regras citadas anteriormente foram adaptadas às necessidades dos alunos da (UCDB) e para esse festival específico. Assim, estas regras são passíveis de novas adaptações para se adequarem às necessidades de outros eventos (DUART, 2005).

Concluo que o evento teve su
cesso e atingiu às expectativas dos acadêmicos e do professor. Além disso, todas as crianças e pais participantes tiveram um dia diferente do seu cotidiano. O comportamento das crianças e acadêmicos foi exemplar, reforçando a possibilidade de se trabalhar o futebol como esporte educacional. Sugerimos esse tipo de evento para todos que trabalham com modalidades esportivas, sejam nos bairros, clubes, escolas ou universidades.

Dessa forma, considero o Mini-Futebol uma boa proposta para desenvolver o processo ensino-aprendizagem do treinamento de futebol de forma simplificada, viável e educativa.

Bibliografia

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais (PCN): Educação Física / MEC / SEF, p. 114, 1998.
DUART, ORLANDO. Futebol regras e comentários. SENAC, São Paulo, 2005
FREIRE, JOÃO, BATISTA. Pedagogia do futebol. Ney Pereira, Londrina, 1998.
KUNZ, ELUNOR. Didática da educação física: Futebol. 2º ed. Unijui, 2005.
KUNZ, ELUNOR. Trasformação didática-pedagógica do esporte. 5ºed. 2003
SCAGLIA, ALCIDES, JOSÉ. Escolinha de futebol uma questão pedagógica. Rev. Motriz, V. 2, N.1, junho, 1996.

Categorias
Sem categoria

O treino psicológico no contexto tático: fragmento ou fractal?

Em belo texto escrito pelo professor Lucas Leonardo, intitulado “O fim da Preparação Física“, ele, o autor, faz uma reflexão interessante sobre a fragmentação do jogo de futebol.

“(…) Para agüentar o jogo, treina-se o físico. Para executar o jogo, treina-se o técnico. Para movimentar-se no jogo, treina-se o tático.”

E questiona: “(…) Para agüentar, executar e movimentar-se no jogo basta treinar o jogo, afinal se é jogo que tenho que agüentar fisicamente, executar tecnicamente e movimentar taticamente, qual seria a melhor ferramenta para isso do que usar do jogo para preparar para o jogo?

E se através do jogo eu serei capaz de agüentar, executar e movimentar uma partida de futebol, os treinos físicos, técnicos e táticos isolados acabam. Treina-se o JOGO.”

Apropriando-me da idéia do autor, adicionaria mais um ingrediente nessa apimentada discussão. O jogo de futebol é jogo, é tático, é técnico, é físico e também mental. E é daí (do “mental”) que podem surgir algumas novas (velhas!) polêmicas.

A psicologia no e do esporte é, de certa forma, bem recente no futebol. Muitas barreiras já foram superadas e diversas discussões já foram realizadas sobre o tema. Avaliações de traço-estado, perfil “a”, “b” ou “c”, abordagem “x” ou “y”, presença ou não do psicólogo em treino, treinador-psicólogo, psicólogo-treinador, “stress-training”, “tracking”, etc e tal.

Interessante que, se sob a perspectiva da preparação física (que já não é tão nova no futebol) a fragmentação e a dificuldade de se compreender a complexidade do todo são enormes, no caso da psicologia (e/ou preparação psicológica) os equívocos têm tomado a mesma direção.

Fractalmente falando, em toda sessão de treinamento a cada dia de trabalho, toda e qualquer atividade elaborada e proposta pelo treinador tem que trazer à carga exigências táticas-técnicas-físicas-mentais, de tal forma que o tático esteja contido no físico, o mental no tático, o técnico no mental e assim sucessivamente a todo o tempo, o tempo todo.

Se a moderna e atual perspectiva das teorias do treinamento desportivo no futebol vêm nos preconizar que “deve-se treinar conforme se deseja jogar” (de tal forma que jogo seja treino e treino seja jogo), não faria (e não faz!) sentido algum desenvolver e treinar em separado (treinamento mental, ou tático, ou físico, ou técnico) aquilo que será exigido em conjunto em jogo formal.

Aí virão os “apegados de Decartes” que dirão “mas estão aí os papers científicos, mostrando que exercícios de mentalização, visualização e etc e tal; que o POMS isso e aquilo podem e são úteis na melhora do desempenho atlético do futebolista”.

Mas não darei espaço. Poderia recorrer a Damásio, Morin, Stewart, Piaget, Prigogine, João Freire, Manuel Sérgio, Medina, Scaglia. Não faltariam conteúdos e argumentos convincentes.

Vou porém sugerir uma reflexão proposta pelo texto “O fim da Preparação Física”, quando o autor aponta que os moldes da preparação física atual surgiram pela ineficiência que os treinos técnico-táticos da década de 50 apresentavam sob a perspectiva de intensidade, densidade e volume de exigências “físicas”.

Como os estímulos dos treinos que eram propostos, sob a perspectiva da dominante “física” (chamada assim por mim, apenas com objetivo didático), não proporcionavam grandes exigências (sobrecarga), também não preparavam o atleta de futebol em sua totalidade.

Desta problemática, duas soluções possíveis:

1)    Redimensionar o treino técnico-tático, para que ele pudesse proporcionar as exigências físicas-técnicas-táticas do jogo; ou
2)    Dar um “treino adicional” que “completasse” as lacunas deixadas pelo treino técnico-tático (decisão errada!).
Como a solução encontrada fora a segunda, estamos aí somando anos e anos caminhado em direção contrária a complexidade do jogo.

Com a psicologia, a mesma coisa.

Como os treinos hoje, em sua maioria, não contêm exigências mentais-táticas-técnicas-físicas ao mesmo tempo (fragmenta-se o treino e o indivíduo), abre-se uma lacuna e com ela a necessidade de se complementar os treinos com “abordagens psicológicas”.

Mais uma vez, problema certo, decisão errada.

Se não compreendermos a complexidade do jogo de futebol, correremos o risco de mais uma vez voltarmos atrás com a história.

Já percebemos que falta algo, que existe um problema a ser solucionado; isso é fato. Mas mais uma vez estamos a atacar os sintomas e não a causa do problema…

Então peço licença para terminar com um trecho de um texto lido pela cantora Ana Carolina (poema “Só de Sacanagem“) em um show com Seu Jorge (e se minhas fontes estiverem corretas, fora escrito por Elisa Lucinda):

” (…) Meu coração tá no escuro. A luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e todos os justos que os precederam. ‘Não roubarás!’, ‘Devolva o lápis do coleguinha’, ‘Esse apontador não é seu, minha filha’. Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar! Até habeas corpus preventiva, coisa da qual nunca tinha visto falar, sobre o qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará! Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear! Mais honesta ainda eu vou ficar! Só de sacanagem!
Dirão: ‘Deixe de ser boba! Desde Cabral que aqui todo mundo rouba!
E eu vou dizer: ‘Não importa! Será esse o meu carnaval! Vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos.’
Vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo, a gente consegue ser livre, ético e o escambal.
Dirão: ‘É inútil! Todo mundo aqui é corrupto desde o primeiro homem que veio de Portugal!’
E eu direi: ‘Não admito! Minha esperança é imortal, ouviram? Imortal!’
Sei que não dá pra mudar o começo, mas, se a gente quizer, vai dar pra mudar o final!”

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br

Categorias
Sem categoria

Novos Tempos

Caros amigos da Universidade do Fubebol,

 

Como temos visto, os tempos parecem ser outros. A soberania do capitalismo mundial parece estar sob grande ameaça, por conta da ganância e da falta de ética por parte daqueles que buscam lucros a todo custo, sob o manto do liberalismo. Por causa dessa irresponsabilidade descontrolada, a intervenção no sistema privado surge como a única solução para evitar a quebra de todo um sistema financeiro mundial.

 

A regra que vemos todos os dias no noticiário é a nacionalização de grandes instituições privadas, para, no final das contas, salvaguardar a poupança dos pobres cidadãos comuns.

 

Seguindo esse caminho, entendo que o mercado do futebol profissional carece de solução semelhante. Não que o futebol esteja em crise. E também não que o futebol não esteja sofrendo consequências da crise mundial. Mas sabemos que os campeonatos no mundo não vão parar. O futebol, de tão popular, passar de um simples jogo, um simples negócio, para uma fenômeno de utilidade (ou necessidade) pública, social e cultural.

 

Porém, sabemos que a administração dos clubes sempre foi encarada de uma forma peculiar. Muitos clubes acumulam dívidas milionárias. Não conseguem arcar com as dívidas fiscais e trabalhistas, e muitas vezes não honram com os compromissos salariais. É uma história que não parece ter fim.

 

O jogo de “gato e rato” que travam historicamente clubes e INSS daria para escrever um bom livro. E a impunidade é grande, como sabemos.

 

Faço aqui uma importante ressalva. Temos hoje grandes casos de dirigentes competentes e clubes saneados. Não se pode generalizar por completo a crítica.

 

De toda forma, uma excelente medida seria uma maior intervenção, não necessariamente estatal, mas principalmente das autoridades desportivas, que melhor conhecem o funcionamento dos clubes. Como disse recentemente o presidente francês Nicolas Sarkozy e atualmente na presidência francesa do conselho da União Européia, o “Laissez-faire” está acabado. Não tenho absoluta certeza disso, porém podemos aproveitar o momento para utilizar essa reflexão no futebol.

 

Na Europa, algumas propostas estão sendo estudadas para tentar “ajudar” na gestão dos clubes. Tópicos como um limite nas despesas com salários dos clubes, a obrigatoriedade de um maior budget para categorias de base e uma limitação no número de contratos de trabalho para clubes são comuns nas rodas dos “rulemakers”.

 

É claro que, nos tempos modernos, o futebol se aproximou muito do poder judiciário, que hoje o vê como um negócio como outro qualquer. Entretanto, como tanto defendemos, exitem especificidades no futebol que devem ser consideradas e respeitadas.

 

Assim, algumas dessas medidas, apesar de terem uma grande dificuldade de execução face a uma aparente ilegalidade, podem perfeitamente não o serem por conta do seu objetivo principal, de ordem pública. Esse objetivo é justamente possibilitar aos clubes que honrem dívidas fiscais, promovam inclusão social, desenvolvam as respectivas comunidades locais, etc. É a função social e cultural do futebol.

 

Assim, a discussão começa a ganhar corpo na Europa, e deve ser acompanhada de perto em países como o Brasil, para que haja um aproveitamento daquilo que de melhor pode ser extraído, observando-se as peculiaridades de cada país.

 

A batalha é longa, mas um dia chega-se lá.

Para interagir com o autor: megale@universidadedofutebol.com.br

Categorias
Sem categoria

Ciência canela de pau ajuda jogador canela de pau

Entardecia com mais tranqüilidade que de hábito em minha caverna, geralmente ensandecida àquela hora com a movimentação dos animaizinhos voadores saindo para a caça. Os morcegos recuperavam-se do lauto banquete da noite anterior, quando uma nuvem de mariposas, vindas de não sei onde, atiravam-se como loucas contra a entrada da caverna, atraídas pela chama vermelha da tocha que mantenho acesa até a madrugada. Segundo Oto, bastava abrir a boca durante o vôo. De barriguinhas cheias, os pequenos quirópteros perderam a hora, esqueceram do entardecer. 

Sem nada para fazer, meu hábito mais constante, eu tomava um chá de jasmim. De repente eis que chega Oto, meu morcego confidente. Ainda esfregando os olhinhos perguntou-me do que era o chá, e eu disse – De jasmim. – Detesto – disse ele – não tem de outra coisa? Fez-me levantar e providenciar um de canela que eu guardava de minhas andanças pelo mundo. Sentei-me, ele pendurou-se, e iniciamos uma conversa sobre qualquer coisa, deixando-nos levar pelas palavras. Talvez inspirados pelo chá, o assunto pendeu para o futebol truculento, dos beques de fazenda, dos brucutus da bola. – Como aumentaram – disse Oto – há mais canelas de pau que craques. – Mais, bem mais – completei – aqui no Brasil então, nem se fala. Os poucos craques que restaram bandearam-se para a Europa. 

Enquanto a água fervia percebi a barriguinha saliente de Oto, vestígios do banquete de mariposas. 

– E a ciência Bernardo, ela não ajuda a formar craques? – perguntou o morcego, alisando o abdômen. – Parece que não – respondi – os craques dependem de habilidades especiais, de coordenações finas, de gestos sutis, de equilíbrio, de uma visão muito apurada do espaço de jogo, e disso a ciência pouco se ocupa. – É impossível! – disse Oto – Outro dia, estive na universidade e vi pilhas e pilhas de revistas com artigos científicos sobre esporte. 

Explico: Oto, como vocês sabem, é um morcego. Morcegos têm hábitos noturnos e gostam de, eventualmente, visitar bibliotecas. Meu quiróptero confidente descende de um vetusto patriarca alado que residiu por largos anos em Coimbra, donde a tradição familiar é de todos se interessarem pelas letras. Oto mata dois coelhos com uma só cajadada: alimenta-se de tenros papirógrafos, isto é, de piolhos, cupins e traças que destroem livros, enquanto folheia, com agilidade incrível, as obras que lhe interessam. Fanático como é por futebol foi aos papers e saiu de lá impressionado. – Bernardo – disse-me ele – se toda aquela pesquisa se revertesse em prol do bom Futebol, que maravilha! 

Senti desapontar meu amigo, mas tive que explicar-lhe que a tal ciência do esporte, com raros e esporádicos esforços, dedica-se, acima de tudo, a formar bólidos defensivos, que consomem suas vidas esportivas a destruir a refinadíssima arte de controlar a bola dos Pelés, Garrinchas, Zicos, Sócrates e seus congêneres dessa estirpe de craques que as ruas brasileiras produziram. 

– Que pena! – lamentou Oto – com tanta ciência, imagine se eles pudessem melhorar ainda mais essa arte. 

Na cabecinha do morcego, era difícil compreender o motivo que levava os pesquisadores a formarem exércitos de zagueiros e volantes truculentos. – Como fazem isso? – ele perguntava. 

Sem muita esperança de elucidar-lhe o dilema, falei que, nos últimos anos, uma verdadeira obsessão pelo desenvolvimento de força muscular, um pouco menos pelo da resistência, tomou conta da pesquisa no esporte; quem quiser confirmar, pode consultar as publicações, que estão todas à disposição por aí, nas revistas, nos congressos, nos seminários. Com o desenvolvimento de conhecimentos sobre como tornar os atletas mais fortes e mais resistentes, foi possível colocar para jogar em grandes equipes jogadores que, sem isso, não passariam da várzea. Fortes como touros, fazem frente aos melhores craques e anulam suas tentativas de praticar futebol. Os canelas de pau estão por toda parte, até nas melhores equipes do mundo, ganhando salários altíssimos. Além disso, os métodos para hipertrofiar os músculos podem ser aplicados indistintamente a todos, porém, quando aplicados aos craques, tornam-nos duros, desengonçados, lerdos; aos poucos vão ficando mais e mais parecidos com os zagueiros. Quando relaxam um pouco no treinamento, engordam, contundem-se e aí, nunca mais, nunca mais praticam sua arte. 

– E não daria para criar outra ciência, uma que favorecesse a arte do futebol? – perguntou, um tanto desconsolado meu pequeno amigo. 

– Não sei Oto – respondi – teria que ser alguma coisa mais humana, alguma ciência que enxergasse a pessoa que joga e não somente músculos, metabolismos, tendões. Essa outra ciência teria que ir às ruas, inquirir os peladeiros, as crianças, a cultura popular; talvez tivesse que vir do campo de futebol para o laboratório, e não ir do laboratório para o campo. As ruas e os campos de várzea do Brasil guardam o maior acervo de conhecimentos sobre futebol do mundo, ignorado pela ciência. Se ela fosse boa, de 1970 para cá teríamos produzido, nos gramados, verdadeiras obras de arte. Pelo contrário, incapaz de enxergar o refinamento do gesto, a visão de campo, a sutileza da finta, a perfeição do passe, produziu paredes de músculos, locomotivas de resistência, como se anular o bom futebol fosse um objetivo a alcançar. “Mas, assim é o homem Oto, assim é a ciência feita pelo homem. Não difere muito da indústria de bebidas ou de sanduíches; quanto mais tratam os diferentes como iguais, melhor, mais lucro.” Essa última parte eu apenas pensava, fechado em meu silêncio. Não quis dizer tudo isso para Oto, já bastante triste. Porém, era preciso dizer-lhe algo mais.

– A ciência do esporte também é canela de pau Oto, por isso ela só ajuda jogador canela de pau.

Nisso passou um bando de mariposas enlouquecidas pela luz das tochas e meu amigo quiróptero, carregando sua barriguinha ainda cheia, atirou-se com enorme desenvoltura sobre o que prometia ser mais um banquete de luxo.

Para interagir com o autor: bernardo@universidadedofutebol.com.br

Leia mais:

Categorias
Sem categoria

E a crise?

Há certo tempo atrás, o mundo passava por um momento de crescimento como poucos antes na história. Tudo ia muito bem. Todo mundo tinha muito dinheiro. Novos negócios eram sempre grandes oportunidades para ganhar dinheiro.

Obviamente, esse cenário era superestimado. Nem tudo estava bem. Nem todo mundo tinha dinheiro. Nem todo negócio era um bom negócio. Era, sim, uma onda de otimismo que alterava boa parte da percepção lógica das coisas. Coisas não muito boas pareciam ser excelentes. E tudo parecia que ia ser assim pra sempre.

Como bem se sabe, isso não aconteceu. Em determinado momento, a onda exagerada de otimismo deu lugar a uma onda exagerada de pessimismo. Do tudo ia dar certo, passamos para o tudo vai dar errado. Nada mais normal, uma vez que os movimentos obedecem ao padrão do equilíbrio de mercado. Um baque como esse serve para purificar um ambiente que se encontrava infestado de papéis e títulos não funcionais. Escaparemos todos bem, até que fiquemos otimistas demais para então nos tornar novamente pessimistas em exagero. É o ciclo natural do mercado.

Quando esse ciclo chega na parte negativa do processo, a tendência é que todo mundo fique com um pé atrás com qualquer coisa que envolva dinheiro. Essa desconfiança, portanto, possui reflexo direto na oferta de crédito, que acaba ficando escassa, o que por sua vez mina ou encarece alguns investimentos.

O maior problema da atual crise, ao que parece, é justamente a cessão da intensa oferta de crédito ao qual todos estavam acostumados. Você tem um projeto muito doido na cabeça? Dois anos atrás, não tinha problema. Alguém, em algum lugar, ia acabar te emprestando dinheiro por juros relativamente baixos. Hoje, existe uma dificuldade enorme de se encontrar dinheiro para emprestar, e quando se encontra, os juros vão lá em cima.

Os efeitos dessa lógica no mercado do futebol estão ficando visíveis, principalmente naquilo que tange projeto de novos estádios, em especial na Europa. Alguns clubes estavam finalizando os projetos e tiveram que adia-los por conta da dificuldade de achar alguém que o financiasse. Projetos megalomaníacos tiveram que ser redesenhados e ainda aguardam investidores interessados. Ninguém sabe ainda quando os novos estádios ficarão de pé, se é que isso irá acontecer.

Outro efeito para clubes europeus é a necessidade da re-adequação de preço dos ingressos. Alguns clubes começaram a perder público, uma vez que, em época de crise, a tendência é que as pessoas poupem o máximo de dinheiro possível. Isso implica no corte de gastos supérfluos. E futebol é uma coisa meio supérflua, pelo menos para a maioria das pessoas.

Isso significa menos dinheiro para os clubes, o que também significa menos dinheiro para salários e transferências. Nunca o mercado por jogadores que têm o contrato acabando foi tão concorrido. Não só porque as receitas de dia-de-jogo dos clubes diminuíram, mas também porque o financiamento bancário para transferências também desapareceu, no processo semelhante aos estádios.

A crise certamente terá conseqüências em novos projetos e no mercado de transferências, mas dificilmente afetará diretamente a maioria dos clubes. Os grandes clubes são tão grandes que dificilmente sofrerão muito com a diminuição da gigantesca demanda ou problemas de uma ou outra empresa. Sempre haverá alguém disposto a colocar dinheiro em clubes poderosos. Os clubes menores, que certamente sofrerão mais com a perda do dinheiro de transferências e com a diminuição da demanda, possuem como grande fonte de receita os contratos de transmissão dos campeonatos, que já estão assinados e continuarão a dar dinheiro para as equipes. É pouco provável que haja uma quebra sucessiva de clubes e afins. Um ou outro não deve escapar, mas a maioria deve ficar onde está.

Resta saber se isso é bom ou ruim. Um re-equilíbrio mais drástico de mercado poderia fazer muito bem às estruturas do futebol.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br

Categorias
Sem categoria

Mito ou verdade. A utilização de scout no futebol (parte II)

Dando seqüência ao texto mito e verdade sobre scout, agradeço primeiramente aos amigos que enviaram suas opiniões, e compartilho com todos um pouco desse rico debate que estabelecemos.

Lembro que deixamos o desafio baseado nos itens a seguir.

Mito ou verdade: É muito melhor mandar alguém pessoalmente fazer uma análise porque fazer tal avaliação por vídeo, não permite observar algumas características imprescindíveis, que só quem estiver no campo, consegue avaliar.

Mito ou verdade: Os custos para a utilização do scout são muito altos para a realidade brasileira, os clubes não possuem condições de investir.

O colega Pedro Assunção, que vem estudando a fundo a questão do scout, disse em seu comentário que “é necessário que se crie uma equipe de scout, como é na Europa, onde se tem várias pessoas para cuidar das variáveis estatísticas que ocorrem num jogo. uma pessoa só é impossível de se fazer um verdadeiro scout”, ressalta ainda a necessidade de profissionais que estudam scout capacitarem aqueles que serão os grandes beneficiários do seu uso, e considera também que o custo é menor quando se investe no suporte à esses profissionais.

Concordo com Pedro, sobretudo na condição da capacitação, é o que defendemos sobre o nome de atualização tecnológica, no sentido de que é necessário termos pessoas competentes nas interpretações acerca das informações extraídas de um scout, pois, por mais recursos tecnológicos que possamos desenvolver é a capacidade de transacionar entre dado e intervenção que fará a diferença.

O amigo Sinésio Capece… comenta que é: “fundamental enviar um representante para fazer este levantamento in-loco do adversário. Entendo que esta deveria ser uma prática freqüente no futebol, bem como em qualquer esporte. In-loco sim, é importante que seja. Os detalhes são melhor percebidos e o material muito melhor colhido. Não se pode fazer uma analise sanguínea através de um scanner, o indivíduo tem que estar presente em sua coleta e levar a picada da agulha.”. Considera ainda que não é um alto custo e sim um investimento, e entra também na questão de termos parâmetros e diretrizes para nortear tais observações, comentando que o observador “não pode ir (como já vi no próprio futebol profissional da 1ª divisão) com um pedaço de “papel de pão” para fazer umas anotações aleatórias”.

Riquíssimo esse debate com as colaborações de amigos, recebi outros textos que comentam a temática numa ótica bem similar e aproveito aqui para expor as minhas considerações, lembrando que esse debate não se encerra, pelo contrário apenas dá alguns passos rumo a uma compreensão conjunta acerca de suas possibilidades.

A metáfora levantada sobre a análise de sangue é muito boa, mas acredito que na questão da análise do scout podemos acreditar que as distintas ferramentas que já existem por ai, permitem que o profissional não precise espetar a agulha, uma vez que o sangue já pode vir no tubo para ele ser examinado.

Explico melhor:

1. Em termos de custos os dirigentes e comissões técnicas, não partem de um planejamento para avaliar as necessidades, realmente o custo não é alto, mas o que imagino baseia-se nos seguintes questionamentos: para mandar o olheiro para Argentina como no exemplo utilizado por nós no texto anterior, estão os gastos com viagem, alimentação, hospedagem, etc, etc, etc, em contraponto indago se esse custo é maior ou menor do que a utilização de uma tecnologia que permita ao profissional fazer a análise do sangue (do jogo), sem a necessidade dele próprio ir comprar a seringa (ir a Argentina), fazer a coleta e levar para os procedimentos de análise (papel de pão) , fazer a análise e a partir daí intervir (escrever o laudo).

2. Sem dúvida a presença do especialista no local pode passar uma confiança maior em relação às informações e detalhes pertinentes, mas faço minha avaliação com base nas ferramentas que estão no mercado, muito pouco utilizadas e ainda sim sublocadas, não se extraem 10% das possibilidades de informações que existem, ignorando a cientificidade por de trás dessas ferramentas.

Sabemos das capacidades tecnológicas em buscar, armazenar e traçar as informações de forma muito mais rápida que nós seres humanos, lembrando sempre que as máquinas só fazem aquilo que especificamos a elas. O que fundamenta minha visão é: porque não confiar nas informações tecnológicas uma vez que ela apenas vai buscar aquilo que os técnicos e auxiliares podem ter especificados para elas.

Assim os custos estariam centrados na capacidade de extração dos dados, o que acontece também nos “papeis de pão”, mas a questão primordial é o tempo destinado a interpretação dos dados, na situação de deslocamento do olheiro até o local, a análise só poderá ser iniciada de fato com a tabulação das informações, em contrapartida tal tempo poderia ser melhor utilizado e distribuído na interpretação dos dados fornecidos por um scout tecnológico.

Se o profissional puder confiar na capacidade de extração de dados de um scout, na confiabilidade de suas informações, o que vai fazer a diferença é a dedicação e habilidade de interpretação, obtendo  elementos  que talvez pudéssemos até alcançar numa análise manual (sé é que podemos chamar assim), mas que demandaria um tempo, tal tempo este que pode ser vital para a descoberta de algum outro detalhe ou desenvolvimento de estratégias que façam a diferença.

Sabemos que nós temos nosso tempo de encarar um problema/enunciado (dados, informações) e buscar soluções (análise, estratégias, intervenção). Quanto mais rápido compreendermos o enunciado mais tempo teremos para pensar nas soluções.

Essa economia de tempo, reflete diretamente na economia financeira, isso ainda sem compararmos diretamente os custos, ou melhor investimento no scout, seja ele na capacitação do profissional, na formação de uma equipe especializada, ou na integração de recursos a tais profissionais, o que passa por uma questão de importância e prioridade que se dá ao scout no processo chamado futebol.

Bom, a discussão como disse, não se encerra por aqui, com muitos profissionais dedicados a estudar e compreender o scout aplicado no futebol, a ciência agradece.

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br

Categorias
Sem categoria

Ausência

Caro leitor,

Informamos que a coluna de Erich Beting não será publicada nesta segunda-feira e aproveitamos o espaço para pedir desculpas pelo infortúnio.

Esperamos que a situação seja normalizada na próxima semana e estamos trabalhando para isso.

Obrigado!

Equipe Cidade do Futebol