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A transformação ou a constituição dos clubes-empresa…

Caros amigos da Universidade do Futebol,

Em nossa última coluna, discutimos a questão da profissionalização das gestões e administrações de clubes de futebol profissional, e a eventual conversão dos atuais modelos mutuários – associativo – em modelos societários que adotem uma das modalidades de sociedades empresárias (o que seriam os chamados clubes-empresa).

Nesta coluna, gostaríamos de ressaltar brevemente uma questão estritamente legal na eventual conversão de clubes em empresas.

O diploma legal que regula a matéria, como é de amplo conhecimento, é a Lei Pelé (Lei nr. 9615/98, conforme alterada).

Na sua redação original, o legislador facultava os clubes a implementarem a operação jurídica de transformação societária, de modo a converter uma associação civil em sociedade empresária, sendo a sociedade limitada a mais comum dentre elas.

Seguindo o atual modelo em vigor na Alemanha, o legislador teve ainda o cuidado de prever que, caso o clube optasse pela transformação, o clube associativo deveria manter, ao menos, 51% das ações (ou quotas) com direito a voto. Esse dispositivo evitaria, por exemplo, o que ocorre hoje com os grandes clubes da Inglaterra, que tiveram seus controles adquiridos por investidores que, por descuido ou desinteresse, podem colocar a perder a tradição e história daqueles clubes.

Ocorre que, ao longo dos anos, por uma série de razões que não vem ao caso trazer à discussão desta coluna, os dispositivos legais acima mencionados forma revogados. Assim sendo, a única menção direta sobre esse assunto foi atribuída ao parágrafo 9º do artigo 27 da Lei Pelé, que faculta às entidades de prática que se constituam na forma de sociedades empresárias.

Veja que, neste caso, a palavra transformação foi omitida do diploma legal, o que está trazendo grande discussão acerca da intenção de diversos clubes em transformarem-se no presente momento em empresas.

Notem que a transformação não seria uma opção, e que a constituição de uma nova sociedade empresária traria problemas com relação aos direitos de filiação do clube atualmente existente.

Como comentamos no passado, a muitos clubes não interessa a transformação e a profissionalização. Porém, quando é do interesse do clube reorganização societária, tratar-se-ia de grande equívoco interpretativo a criação de barreiras legais para a viabilidade de tal operação.

Devemos adotar uma interpretação mais abrangente do termo ¨constituição¨ utilizado no referido parágrafo nono, e permitir que, além de novos clubes que venham a ser constituídos na forma de sociedades empresárias, que os clubes que já existam na atualidade possam ser transformados ou permitidos que venham a constituir uma subsidiária, na forma de sociedade empresária, que venha a sucedê-lo na atividade profissional do futebol.

A evolução legislativa não pode jamais perder-se no tempo e permitir que a intenção originária do legislador (de promover a profissionalização do esporte) seja suprimida pela interpretação restritiva do texto legal.

Para interagir com o autor: megale@universidadedofutebol.com.br

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Notas duplas

Eu estava com um assunto pronto para escrever, mas, visto a amplitude tomada por dois fatos nessa quarta-feira, achei melhor adiar.

São dois casos interessantes, e cada um merece uma pequena nota.

Ei-las:

1) O Palmeiras comprou o Pierre e disse que não vai vender ninguém esse ano. O economista Belluzzo, ao que tudo indica, não pensou economicamente, mas passionalmente.

Para ele, vale mais a pena ser campeão do que ganhar dinheiro. É justo. Não é econômico, mas é justo. À exceção do caso do Pierre, não deu pra entender muito a postura da Traffic. Alguma coisa aconteceu. Essa era pra ser a janela dos atuais três principais nomes da parceira Traffic-Palmeiras.
 
O Pierre acabou indo pro próprio Palmeiras, o que também é justo. O jogador dificilmente conseguiria um grande clube em um grande mercado. Entre ir um clube médio do exterior e um clube grande brasileiro, melhor ficar no Brasil, ainda mais com a queda do dólar. Ademais, mercados em desenvolvimento, como a Arábia, ainda terão interesse no jogador, mesmo que com 28 anos.

Mas a janela pro Cleiton Xavier e pro Diego Souza é essa. O Cleiton tem 26 anos e é, possivelmente, o melhor jogador do Palmeiras. A idade prejudica uma transferência para um clube de ponta. Só que, ainda assim, tem muito mercado. Só que isso é pra agora. Conforme o tempo passa, mais restrito vai ficando o mercado pro jogador. Ele deve saber que tem futebol para jogar algum campeonato competitivo, quem sabe até a Champions ou a Europa League. Se passar mais um ano, a probabilidade da disputa diminui.

Quanto ao Diego Souza, o momento de alta sugere que ele deva ser vendido agora. A idade, ainda, não é um problema. Mas é difícil imaginar que ele vá ter uma fase, e um valor, maior do que o atual. A hora dele e do Cleiton saírem é agora, economicamente falando.

Ou a Traffic já acertou alguma coisa com alguém para o final do ano, ou ela não recebeu uma boa proposta pelos jogadores. Ou então é tudo cena e os dois jogadores devem sair em breve.

É justo que o presidente do clube haja com paixão, mas não o investidor, que comanda um fundo com outros acionistas que, como todo bom investidor, quer saber é de grana no bolso. E a valorização por uma eventual conquista de campeonato dificilmente consegue bater a depreciação da idade sobre o valor da transferência de um atleta.

2) A CBF admitiu que o governo vai ter que bancar, de um jeito ou de outro, a Copa. Óbvio. Só que o argumento agora é que a grana virá de um empréstimo “gente-fina” do BNDES. Também não vai dar certo.
 
Por mais que seja do BNDES, empréstimo é empréstimo. E todo empréstimo tem juros. Isso significa que qualquer pessoa que pegar o empréstimo terá que, eventualmente, devolver mais do que pegou. E isso implica dizer que o estádio terá que dar lucro, ainda que pequeno. E, repito, isso não vai acontecer. Talvez um clube ou outro. Mas é difícil.
 
O estádio terá que ser, pelo menos uma boa parte, subsidiado diretamente pelo poder público, seja ele municipal, estadual ou federal. O mais provável é que seja o estadual.

É dinheiro aplicado para dar retorno intangível. E só. E quem aplica em intangibilidade é o poder público. O problema é que a eleição de 2010 vai atravancar todo o processo, seja pela imprevisibilidade da sucessão de poder ou pela disputa eleitoral. Enfim. A bola de neve está crescendo. A tendência é que ela fique maior ainda.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br

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Nós, agora

Ou em inglês, Us Now.

Este é o título de um fantástico documentário, idealizado por um jovem cineasta inglês de 27 anos.

Seu conteúdo trata de como as pessoas podem – e devem – influenciar na tomada de decisões em instituições públicas ou privadas, em tempos de internet.

A internet, atualmente, configura-se num ilimitado ambiente de busca de informações e de relacionamentos sociais, cuja transparência de conteúdo passa a ganhar força e retroalimentar esse contexto.

Nessas redes, as pessoas e as instituições, cada vez mais, publicam informações sobre si mesmas, fazendo com que as relações sejam balizadas por índices de confiabilidade – como no Ebay, onde os compradores reputam os vendedores e todos ficam sabendo disso.

Fronteiras entre pessoas, governos e empresas serão cada vez mais tênues e não haverá espaço para “empurrar” o que se quer vender e esconder o que não se quer mostrar.

Isso porque a mobilização das pessoas para ter acesso e propagar informações permite acompanhar o dia-a-dia dos tomadores de decisões e daquilo que decidem, e, também, influenciá-los.

“Pela internet, as pessoas podem acompanhar as vidas umas das outras. Está se tornando difícil esconder se você é uma pessoa má, pois tudo o que você fizer virá à tona, seja por você mesmo ou pelos outros”, defende Ivo Gormley, o diretor do documentário.

E vai além na defesa do binômio internet-transparência nas decisões: “Com governo e empresas é a mesma coisa. As informações estão na rede. Se houver corrupção, tentativa de enganar, os cidadãos irão saber. Se antes empresas, por exemplo, conseguiam controlar o que saía sobre elas, hoje, não podem mais. Se for ruim, as pessoas vão começar a publicar isso”.

No futebol brasileiro, temos uma belíssima iniciativa pelas mãos do Corinthians. No site oficial do clube, há uma área chamada de “Transparência”, na qual existem atas de reuniões, balancetes e detalhes contratuais dos seus jogadores.

Parece que isso sinaliza uma nova “Democracia Corintiana”, já adaptada às novas exigências de uma gigantesca nação, que deseja ser governada com zelo e quer poder tomar parte nas decisões do clube – ou pelo menos se sentir parte delas.

Nada de “Atos Secretos”, os recentes exemplos negativos vindos do Senado que custaram milhões aos cofres públicos e indignaram a todos no Brasil – tudo aquilo que não se deve fazer como gestor, ainda menos da res publicae (coisa pública, em latim).

Torcedores, uni-vos! Em busca de participação e fiscalização da gestão do futebol brasileiro em geral. A internet é o meio. Seu ímpeto por mudança positiva, o combustível.

Us now é um instrumento libertário. Inspire-se.

Bem provável que ocorram com seu clube mudanças significativas e depois disso você dirá, com orgulho: “Yes, we can“.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br

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Habilidades e competências do treinador em Fernando Pessoa

Olá amigos,

Para o texto de hoje, havia dedicado um espaço para refletirmos sobre algumas questões que estão por trás de muitos dos conceitos e ideias que discutimos acerca da tecnologia no futebol e de outras coisas mais.

Separando os temas e lapidando os parágrafos para dar mais objetividade às ideias, parei, numa daquelas pausas estratégicas para o pensamento “ganhar corpo” e fluir com mais naturalidade. Nesse meio tempo, entre um sanduíche aqui e um site ali, li o texto (“O que estudar para ser um treinador de futebol?”) do nosso colega Alcides Scaglia em sua coluna passada.

Fiquei indignado! Sim, isso mesmo. Não me conformei.

Calma pessoal, e, sobretudo, ao amigo e inspirador Alcides, a indignação não foi com seu conteúdo, mas sim com algumas ideias por ele apresentadas que seriam parte do tema que eu abordaria ou, pelo menos, tentaria, mas que o colega conseguiu expressar de forma muito mais clara e adequada. E agora o que me restaria falar sobre esse tema, teria de mudá-lo?

Antes de decidir o que faria, veio a “pá de cal”. No fim da leitura, me surpreendi… Este verso era meu!!!!

“Para ser grande, sê inteiro: nada. Teu exagera ou exclui. / Sê todo em cada coisa. Põe quanto és / No mínimo que fazes. / Assim em cada lago a lua toda / Brilha, porque alta vive”.

Sic, sic… Não é que o verso seja de minha autoria, desculpem-me pela pretensão… Aquele verso é  sim de  Ricardo Reis, uma ode desse heterônimo de Fernando Pessoa, citado por Alcides. Mas era o verso que eu usaria de epigrafe no meu texto. Oras, por um momento achei que estivesse num plano de conspiração e espionagem, afinal quantas pessoas usariam Fernando Pessoa num texto sobre futebol. Mas não amigos, com certeza não, e isso apenas tornou mais evidente para mim a importância desses pontos para o profissional do futebol.

Sobre usar Ricardo Reis num texto de futebol, não é tão fora de contexto assim, pois como o próprio Pessoa definia, Reis era um médico português que em 1919 veio residir no Brasil (que hoje chamamos de país do futebol) e se caracteriza pela busca do equilíbrio. Equilíbrio esse que constitui uma das habilidades primordiais do profissional do futebol.

Um técnico é um líder. Exerce essa função ou habilidade (poderia ser colocada como competência) de várias formas, seja por autoridade, por confiança, enfim, por diferentes contextos que possam caracterizar seu papel. Mas quanto à legitimidade dessa liderança cabe ao próprio treinador colocá-la a brilhar (“Para ser grande, sê inteiro”).

E como fazer isso? Aliás, que aspectos devem ser considerados? Daí, talvez, a freqüência atual de discussões acerca do treinador José Mourinho e sua referência às Ciências Humanas, na figura do professor português Manuel Sérgio.

Para além do embate acadêmicos x boleiros devemos entrar num acordo (seria talvez um consenso, ainda que nem sempre isso seja positivo) de que um e outro devem complementar-se para a riqueza de um profissional moderno.

Um amigo com muitos anos de prática no esporte de alto nível e que, atualmente, contribui com o meio acadêmico questionou se essa abordagem das ciências humanas não seria um modismo e se isso se manteria por algum tempo, uma vez que o esporte se sustenta por resultados concretos enquanto o ser humano é abstrato?

Pensei, e na hora respondi ainda no calor da provocação, que depois entendi como ponto primordial para discussão: que o então José Mourinho dentre outros títulos de liga nacional havia conquistado a Copa dos Campeões da Europa com o Porto, enfatizando que havia sido com o Porto, e se isso não seria resultado, o que mais poderia ser.

Com o passar da enfática e encalorada resposta, a reflexão estimulada pelo amigo trouxe um importante eixo.

O que é concreto e abstrato? Será algo entre o real e irreal? Se for assim, o ser humano não é concreto, é irreal, e, por sua vez, se assim entendermos, como pensar em soluções reais tendo como base alguém abstrato?

Talvez, seja essa a contribuição que as ciências humanas podem dar ao profissional, que precisa, dentre outros aspectos, ter o equilíbrio característico de Ricardo Reis para exercer a liderança, que a “bola já provou” que, junto ao conhecimento e aos estudos, às vezes até mais alardeada do que estes, traz resultados.

Compreender, e mais do que isso, incorporar as Ciências Humanas no momento de atuação, traz noções importantes sobre aspectos como serenidade, coerência, autenticidade, relacionamento, comprometimento, confiança e segurança. Tão importantes para as habilidades de um técnico como conhecimento técnico e tático.

O profissional que entender que um e outro não devem ser antagônicos e transformar isso por meio de sua capacitação profissional (e não apenas pelo fator acaso) em diferenciais, terá o tempo (e também os resultados) para mostrar que entender o complexo (abstrato, mas concreto) ser humano que joga o futebol assim como a ciência futebol tem algum sentido.

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br

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Nadando com a maré

Nos próximos dias, o país viverá uma enxurrada de matérias sobre a natação. Como é, o que é, os benefícios da prática, onde nadar, com quem nadar… Enfim, uma série de matérias que vai fazer com que o brasileiro tenha mais próximo de si o debate sobre uma modalidade esportiva.

Os ouros conquistados por Cesar Cielo mostram claramente que a imprensa precisa do ídolo para que possa desenvolver uma modalidade esportiva. Num país carente de vitórias, ter um atleta brasileiro no alto do pódio entre grandes nomes do esporte mundial é sinônimo de manchetes de jornais, capas de sites e revistas.

E o futebol em meio a esse contexto?

Historicamente nos acostumamos a ver o futebol dominar e sufocar todas as outras modalidades esportivas por conta da presença dos grandes jogadores nos torneios nacionais. Isso ajudou a desenvolver a paixão clubística que, por sua vez, fomentou a manutenção do futebol na mídia constantemente.

Só que, hoje, o futebol brasileiro ganha cada vez mais concorrentes. Não, no caso não falamos aqui dos ouros conquistados por Cielo, que sem dúvida merecem ser destaque em todo o noticiário, mas que provavelmente não se sustentará por muito tempo graças à insistência do país em não criar projetos duradouros de formação de atletas.

O futebol, no Brasil, concorre com o próprio futebol, mas aquele jogado na Europa. Hoje o torcedor brasileiro se acostumou a ter de assistir aos campeonatos europeus para poder ter contato com os principais jogadores brasileiros.

E esse é o grande dilema do país na atualidade. A imprensa nada conforme a maré. Se o ídolo está lá, ela também estará. Se o astro da seleção brasileira jogar no exterior, ela mostrará o jogo desse atleta. E o futebol no Brasil, como é que fica?

Enquanto não se preocupar em manter o jogador em atuação no país, em dar melhores condições para o acesso dos torcedores e em buscar outros meios de contato com o torcedor, o futebol do Brasil corre o risco de virar a exceção. Obviamente que isso é muito no longo prazo.

Mas os clubes têm de encontrar maneiras para manterem a atenção da mídia não apenas pela força de marca que têm, e sim pelo produto que podem oferecer. Do contrário, a maré vai lá para o Velho Continente.

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

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O drible no futebol, e o árbitro ‘Minority Report’

Em 2002, foi lançado um filme, dirigido por Steven Spielberg, chamado “Minority Report – A Nova Lei” (já na versão para o Brasil). Nele, crimes eram resolvidos pela polícia, antes mesmo que acontecessem, a partir de “previsões” que apontavam criminosos que ainda não haviam cometido seus crimes (e que, algumas vezes, nem sequer sabiam que o cometeriam).
 
Pois bem, dia desses em um jogo de futebol profissional, no Brasil, aconteceu algo parecido. Pelo menos, pelas explicações do árbitro do jogo.
 
Lá pelas tantas, um jogador de uma das equipes desse jogo, deu dois ou três dribles e… Bom, eu deveria substituir as “reticências” por pontos de interrogação e exclamação; mas é tão “surreal” que; hum, “reticências”…
 
Pois então. O jogador deu dois ou três dribles, e ao final da jogada foi advertido pelo árbitro do jogo.
 
Não, ele não desrespeitou o adversário… Ele driblou. E não foi nada “espalhafatoso”.
 
Depois do jogo, o árbitro “A Nova Lei”, disse que sua intenção, ao advertir o “jogador driblador”, era de, na verdade, preservá-lo. Ele pressentiu que algum adversário, estava na iminência de praticar um ato violento, e agredir o tal driblador.
 
Então, para evitar “o crime”, resolveu coibir o drible.
 
Isso quer dizer, mais ou menos assim; “que pressentindo o possível crime, puniu a vítima, e deixou feliz, o criminoso”.
 
O pior, é que no dia seguinte, alguns comentaristas, que falam sobre arbitragem, disseram que o árbitro estava certo; o drible, no caso, foi ato de desrespeito ao adversário…
 
Desrespeito é se despir da roupa de árbitro e vestir a de juiz (o que o árbitro não é), sem direito.
 
Não é possível que driblar constitua desrespeito. Se alguém acha que um jogador está fazendo “graça” (o que não foi o caso na situação que descrevi), então faz igual o pessoal lá da Vila Bela, onde na infância joguei muitas peladas; se fez graça, e faz gol, quero no meu time (aplausos!); se fez “graça” sem objetividade, então rouba a bola dele, porque se ele está fazendo graça sem objetividade, então está sem tempo para prestar a atenção no jogo (aí, os próprios colegas de equipe chamam a atenção).
 
Lá, ninguém cometia crime contra ninguém (pelo menos, não jogando futebol). E nem havia árbitro.
 
No filme Minority Report, os policiais previam os crimes, e os evitavam, pelo menos, prendendo os criminosos. Já no nosso “surreal” acontecimento, nosso árbitro, prevendo o crime, acabou dando a arma para o bandido, e tentou enjaular a vítima.
 
Então, que acabe o drible no futebol!
 
Que saiam todos de campo! E que fiquem apenas alguns árbitros dentro dele (não todos, porque a maioria faz um ótimo trabalho); afinal, não é para assisti-los que a massa preenche os estádios?
 
Era só o que faltava…

Para interagir com o autor: rodrigo@149.28.100.147
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O drible no futebol, e o árbitro 'Minority Report'

Em 2002, foi lançado um filme, dirigido por Steven Spielberg, chamado “Minority Report – A Nova Lei” (já na versão para o Brasil). Nele, crimes eram resolvidos pela polícia, antes mesmo que acontecessem, a partir de “previsões” que apontavam criminosos que ainda não haviam cometido seus crimes (e que, algumas vezes, nem sequer sabiam que o cometeriam).
 
Pois bem, dia desses em um jogo de futebol profissional, no Brasil, aconteceu algo parecido. Pelo menos, pelas explicações do árbitro do jogo.
 
Lá pelas tantas, um jogador de uma das equipes desse jogo, deu dois ou três dribles e… Bom, eu deveria substituir as “reticências” por pontos de interrogação e exclamação; mas é tão “surreal” que; hum, “reticências”…
 
Pois então. O jogador deu dois ou três dribles, e ao final da jogada foi advertido pelo árbitro do jogo.
 
Não, ele não desrespeitou o adversário… Ele driblou. E não foi nada “espalhafatoso”.
 
Depois do jogo, o árbitro “A Nova Lei”, disse que sua intenção, ao advertir o “jogador driblador”, era de, na verdade, preservá-lo. Ele pressentiu que algum adversário, estava na iminência de praticar um ato violento, e agredir o tal driblador.
 
Então, para evitar “o crime”, resolveu coibir o drible.
 
Isso quer dizer, mais ou menos assim; “que pressentindo o possível crime, puniu a vítima, e deixou feliz, o criminoso”.
 
O pior, é que no dia seguinte, alguns comentaristas, que falam sobre arbitragem, disseram que o árbitro estava certo; o drible, no caso, foi ato de desrespeito ao adversário…
 
Desrespeito é se despir da roupa de árbitro e vestir a de juiz (o que o árbitro não é), sem direito.
 
Não é possível que driblar constitua desrespeito. Se alguém acha que um jogador está fazendo “graça” (o que não foi o caso na situação que descrevi), então faz igual o pessoal lá da Vila Bela, onde na infância joguei muitas peladas; se fez graça, e faz gol, quero no meu time (aplausos!); se fez “graça” sem objetividade, então rouba a bola dele, porque se ele está fazendo graça sem objetividade, então está sem tempo para prestar a atenção no jogo (aí, os próprios colegas de equipe chamam a atenção).
 
Lá, ninguém cometia crime contra ninguém (pelo menos, não jogando futebol). E nem havia árbitro.
 
No filme Minority Report, os policiais previam os crimes, e os evitavam, pelo menos, prendendo os criminosos. Já no nosso “surreal” acontecimento, nosso árbitro, prevendo o crime, acabou dando a arma para o bandido, e tentou enjaular a vítima.
 
Então, que acabe o drible no futebol!
 
Que saiam todos de campo! E que fiquem apenas alguns árbitros dentro dele (não todos, porque a maioria faz um ótimo trabalho); afinal, não é para assisti-los que a massa preenche os estádios?
 
Era só o que faltava…

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br