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O Rugby e seu potencial no país

O brasileiro é apaixonado por esporte, sobretudo pelo futebol. Mas há outras modalidades que encantam o país, como automobilismo (Fórmula 1), voleibol e basquetebol.

Mais recentemente, desde 2009, quando foi incluído no programa dos Jogos Olímpicos de 2016, o rugby tem atraído investimentos e atenção da imprensa.

Historicamente, o rugby surgiu de uma dissidência do futebol, uma vez que várias formas de jogo com bola já existiam pela Europa no século XIX, e tanto o Rugby Football (o rugby atual que atualmente é controlado pela IRB) quanto o Football Association (o futebol atual que agora é controlado pela FIFA) tiveram caminhos correlatos, sendo, portanto, dissidências de uma mesma forma de jogo.

O rugby surgiu devido a um desentendimento do clube de futebol Blackheath (um dos fundadores da FA) sobre a retirada de duas regras do futebol pela Football Association (uma era sobre carregar a bola com as mãos, a outra sobre os tackles).

Há algumas variações de rugby. A versão mais tradicional é o “15-a-side”, ou simplesmente “Rugby 15”. O número faz referência à quantidade de jogadores em cada equipe. As outras modalidades como o “Rugby 7”, “Tag” e o “Beach Rugby” vêm crescendo rapidamente nos últimos anos.

A Copa do Mundo de Rugby é o principal evento entre seleções deste esporte e é disputada a cada quatro anos desde 1987. Trata-se do terceiro evento desportivo mais visto no planeta (atrás apenas da Copa do Mundo de Futebol e dos Jogos Olímpicos).

O rugby chegou ao Brasil no século retrasado, por Charles Miller (exatamente quem trouxe o futebol ao Brasil) que organizou em 1895 o primeiro time de rúgbi brasileiro, em São Paulo; e o primeiro clube a praticar o esporte, o Clube Brasileiro de Futebol Rugby, teria sido fundado em 1891.

Em 20 de dezembro de 1972 foi fundada a Associação Brasileira de Rugby, em substituição à União de Rugby do Brasil. A nova entidade foi reconhecida pelo Conselho Nacional do Desporto.

No início de 2010, a Associação Brasileira de Rugby mudou seu nome para Confederação Brasileira de Rugby a fim de se adequar a estrutura administrativa esportiva do Brasil prevista na Lei Pelé e viabilizar o apoio por parte do COB (Comitê Olímpico Brasileiro).
A Confederação Brasileira de Rugby, nos termos do Inciso I do Art. 217 da Constituição Federal, goza de autonomia administrativa quanto a sua organização e funcionamento.

Com a vaga olímpica garantida por sermos anfitriões, com o repasse de verbas do COB e melhores patrocínios, o rugby tem passado por imensa evolução sendo que, neste ano, o Sportv transmitiu ao vivo partidas da Liga Nacional.

O rugby é hoje o segundo maior esporte em número de praticantes no mundo e a modalidade Seven é justamente a que o Brasil possui mais potencial e melhores resultados. O rugby tem crescido bastante no Brasil e segundo dados da International Rugby Board o país conta com 230 clubes e 10.130 atletas registrados. Portanto, após o início como um esporte para “universitários”, hoje atinge praticamente todo o país.

O caminho para popularizar o rugby é longo, porém, o primeiro grande passo, já foi dado, pois sediar o primeiro torneio olímpico traz imensa responsabilidade e uma oportunidade única para desenvolver definitivamente o esporte.

A todos os leitores desejo um Feliz Natal e que a noite deste sábado seja mais um momento de reflexão e confraternização e menos expressão do consumismo social.

Para interagir com o autor: gustavo@universidadedofutebol.com.br

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Efeito da temporada na composição corporal e na aptidão física em jogadores de futebol

Com o intervalo ou término dos principais campeonatos de futebol no mundo todo, já em clima natalino abordaremos os efeitos do treinamento durante o período competitivo ao longo de uma temporada.

Um estudo realizado na Grécia investigou a interferência de uma temporada nos parâmetros de composição corporal, consumo máximo de oxigênio, máxima velocidade aeróbica e velocidade do limiar de lactato (4mMol.L-1).

Os autores avaliaram 12 atletas da elite do futebol com idade de 25±5 anos no início da pré-temporada, no início do período competitivo e no meio do período competitivo.

Os resultados encontam-se resumidos na Tabela 01:

Tabela 01: Análise de variáveis antropométricas e fisiológicas durante uma temporada.

Ao longo da temporada, os resultados indicaram redução da gordura corporal e melhora de todas as variáveis fisiológicas máximas e submáximas em relação à pré-temporada, porém não houve diferença em nenhuma variável entre o início do primeiro turno e o início do segundo turno.

Apesar de algumas limitações como a realização dos testes de VO2 e de limiar de lactato serem realizados em esteira e a amostra ser pequena e não haver dados para variáveis de força/velocidade, esse estudo indica que a preparação realizada na pré-temporada parece ser importante e suficiente para garantir a manutenção da potência e da capacidade aeróbica ao longo do campeonato. Além disso, a melhora encontrada nesse estudo condiz com levantamentos científicos já realizados previamente; contudo, a maioria deles foi feita com jovens ou com atletas amadores.

Se faz necessária o acompanhamento das variáveis antropométricas, aeróbicas, de força e de velocidade, não somente ao longo da temporada, mas também entre um temporada e outra. Também seria importante obter esses dados de diferentes equipes com diferentes idades e nível técnico para sabermos se esse comportamento é um padrão nas equipes de futebol ou não.

Para finalizar, assumindo que os atletas terminam a temporada com o percentual de gordura baixo e iniciam a pré-temporada com ele aumentado, isso sugere que a interrupção dos treinamentos leva à redução da massa muscular e ao aumento da gordura corporal, já que o peso dos atletas não se alterou ao longo do campeonato.

Aproveitando que muitos de nós também estará com datas comemorativas e em fase de destreinamento, lembre-se: o que engorda é o que se consome entre o Ano Novo e o Natal e não entre o Natal e o Ano Novo.

Boas festas a todos!

Para interagir com o autor: cavinato@universidadedofutebol.com.br

Para saber mais:

Kalapotharakos VI, Ziogas G, Tokmakidis SP. Seasonal aerobic performance variations in elite soccer players. J Strength Cond Res. 2011 Jun;25(6):1502-7.

McMillan K, Helgerud J, Grant SJ, Newell J, Wilson J, Macdonald R, Hoff J. Lactate threshold responses to a season of professional British youth soccer. Br J Sports Med. 2005 Jul;39(7):432-6.

Miller DK, Kieffer HS, Kemp HE, Torres SE. Off-season physiological profiles of elite National Collegiate Athletic Association Division III male soccer players. J Strength Cond Res. 2011 Jun;25(6):1508-13.

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Um jogo

Bastou um jogo. Apenas 90 minutos determinaram uma mudança radical na percepção que a opinião pública tinha sobre o desenvolvimento do futebol brasileiro. De um ano eufórico, com o otimismo presente no rosto de dirigentes, treinadores e jogadores, para um final de ano de muitas e muitas reflexões.

Este foi o saldo do jogo Barcelona e Santos, realizado no último domingo no Japão. Apesar dos comentários gerais buscarem culpados, a lição mais importante está presente na coletividade. Mesmo que a imprensa credite os louros a Messi, vale reforçar que não existe em lugar nenhum do mundo um grande maestro sem uma banda competente.

Já vivenciei, há poucos anos, discussões para que os clubes brasileiros formem jogadores fortes e altos para servir ao mercado europeu. O que acontece é que o mercado europeu sentiu a necessidade de formar jogadores brasileiros, rápidos e habilidosos. Cada vez que nos distanciamos da nossa cultura, mais difícil é se aproximar de outras, ficando no meio do caminho entre o ser e o querer ser.

Mas a lição principal, novamente, é dar tempo ao tempo. O planejamento e a defesa irrestrita de um plano mais uma vez aparece como modelo a ser seguido, tal e qual fez o Barcelona há 30 anos. E não podemos jogar no lixo todo o bom trabalho que o Santos está implementando que, em seguindo nesta linha, tendem a dar frutos contínuos nos próximos anos.

Os espasmos de euforia são contraditórios em razão daquilo que se imagina de pensamento contínuo e estruturado, como ocorre no Brasil. A reflexão para 2012 é: qual a cultura do seu clube? Qual o perfil desejado de jogadores e treinadores? Quem deve se adaptar a quem (treinador ao clube ou clube ao treinador)? Quais as competências desejáveis do gestor e sua postura perante a opinião pública?

Enfim, a análise passa pelo trinômio básico de “missão, visão e valores”, existente em grande parte das organizações, mas tão difícil de ser aplicado nos clubes de futebol do país.

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br

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O currículo de um atleta: o que o clube olha e o que o empresário vende

Olá, amigos!

No texto desta semana, trago à discussão novamente as questões que devem ser consideradas para a contratação de um jogador de futebol, analisando não somente o tão famoso DVD.

E coloco em pauta uma análise por mais de um viés. O primeiro e mais tradicionalmente discutido é relativo ao clube interessado em contratar. Como deve ser analisado o currículo de um atleta para decidir sobre sua aquisição?

Sabemos que é de suma importância agregarmos a maior quantidade de informações sobre o atleta e sobre o perfil de que o clube necessita.

Como se pudéssemos elaborar um checklist de fatos a considerar:

– condição física
– condição técnica
– capacidade tática e de leitura de jogo
– aspectos financeiros
– relacionamento pessoal e personalidade
– aspectos comportamentais
– carências da equipe
– projeção de encaixe e adaptação ao elenco

Enfim, eis alguns dos elementos que o clube deve observar. E será que dá para olhar isso tudo apenas com um DVD?

Com certeza não. É necessário que o clube lance mão de recursos tecnológicos, metodológicos e organizacionais para criar seu acervo de informações para tal fim.

Aí, esbarramos num outro aspecto que caracterizamos como o viés de quem quer vender o jogador. Quem vende um jogador e por que? Essa pergunta é chave para entender um pouco desse viés.

O empresário e o próprio atleta podem tentar fechar uma negociação por seus interesses ou ainda o clube pode desejar que o atleta seja negociado por diferentes motivos. Tanto num caso como no outro a parte interessada influencia diretamente no que é apresentado.

Ou vocês acham que um DVD de um empresário apresentará as fraquezas de seu jogador? Lógico que não. Um DVD é composto sempre pelos melhores momentos do atleta em diferentes funções, é verdade, mas nunca com suas falhas.

Concordo que seria ilógico tentar vender algo mostrando seus defeitos. Mas será que não é possível ser mais detalhista para valorizar o desempenho de seus atletas, e mesmo que esses detalhes exponham uma ou outra fraqueza, apresentar possibilidades de adaptação?

O atleta precisa criar uma espécie de currículo, com seu histórico profissional e de desempenho, baseado em informações padronizadas, pois não tem cabimento – e isso ocorre no cenário do futebol – manipular informações para dar destaque para um jogador e escondê-las de outros para evitar expor suas fraquezas. Que credibilidade tem o empresário que usa métodos diferentes? Por isso o DVD é mais fácil e acaba se tornando uma ferramenta universal? Mas será que isso não está mudando?

É complicado, porém o atleta tem de criar um currículo. Não basta ficar apenas no DVD, mas, mais do que isso, é necessário que quem avalia também tenha critérios e conhecimento para analisar tal currículo, pois caso contrário as imagens dirão mais que mil palavras e os fiascos poderão ocorrer.

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br

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O todo é mais do que a soma das partes ou o jogo Barcelona-Santos

Por quatro golos, sem resposta; com duas bolas nos postes dos adversários; e 72% de posse de bola – o Barcelona “esmagou” o Santos, no jogo final do Mundial de Clubes. Porque me considero luso-brasileiro (não legalmente, mas pelo coração), eu fui, naquele jogo, que contemplei pela TV, um “torcedor” do Santos.
No entanto, findos os primeiros 45 minutos, já a superioridade do Barça era tão evidente, que não me restava senão aceitar desportivamenter a derrota e refletir sobre as razões de tamanho desnível entre os dois clubes, incluindo entre os jogadores de maior valia técnica, o Messi e o Neymar: as rajadas impetuosas do Messi foram o corolário do dinamismo organizacional de uma equipa onde o todo é mais do que a soma das partes; a ineficácia do Neymar foi o resultado do trabalho de uma equipa onde o todo é menos do que a soma das partes.
Em qualquer complexidade sistémica, fomenta-se a relação todo-partes de modo que esta dialética permita a emergência de qualidades que, por si sós, nem as partes nem o todo possuem. O que era Barcelona, sem o Messi? Muitíssimo menos do que hoje é. O que era o Messi, sem o Barcelona? Igual ao Neymar!
Este, em entrevista televisiva, afirmou, convicta e humildemente, que o Barcelona acabara de dar ao Santos uma aula de bom futebol. E não só de bom futebol, mas também doutros temas que é preciso saber no futebol, como em qualquer outra área do conhecimento.
Entendo agora por que o escritor catalão Enrique Vila-Matas, um dos grandes escritores da atualidade, faz parte de um grupo de intelectuais que, periodicamente, se reúne com Pep Guardiola…
Não, não estou a dizer que o Enrique Vila-Matas sabe mais de futebol do que o Guardiola. Sabe menos! Mas da relação entre os dois (porque o futebol é uma atividade humana e não só uma atividade física) o Guardiola enriquece os seus conhecimentos do futebol e o Enrique encontra novos motivos (incluindo os estilísticos e os retóricos) para os temas da sua prosa.
Hoje, em qualquer comunidade científica, a multi e a interdisciplinaridade são procedimentos básicos. Por que o não são, na esmagadora maioria dos clubes de futebol? Porque se desconhece que só sabe de futebol quem sabe mais do que futebol (e de medicina quem sabe mais do que medicina e de direito quem sabe mais do que direito e de economia quem sabe mais do que economia, etc., etc.).
Não há área do conhecimento que não se desenvolva, sem uma sistemática relação com as demais áreas do conhecimento. A complexidade do real exige a complexidade do pensamento e da ação. E o futebol é bem mais do que a técnica e a tática.
Estou certo que o Pep Guardiola sabe tudo isto o que venho de escrever e acredito que já tenha tentado recriar o futebol que lidera, como trabalho que cria conhecimento. Há uma revolução a fazer no futebol.
Estou certo que já começou, no Barcelona. Se não laboro em erro grave: está prestes a começar no Sport Lisboa e Benfica de Luís Filipe Vieira, Domingos Soares de Oliveira e… Jorge Jesus!
“Todo o conhecimento, mesmo o mais físico, é uma produção bio-antropológica, social, cultural, noológica” (Robin Fortin, Compreender a Complexidade, Instituto Piaget, p. 241). Que o mesmo é dizer: no futebol, a preparação física depende dos grandes objetivos que animam a equipa.
O próprio jogador genial encontra-se em rede com os seus colegas. Compreende-se o Messi, sem o Xavi e o Iniesta? Mas também o todo é menos do que a soma das partes, se se desconhece o papel das emoções, no comportamento de uma equipa de futebol.
Ainda há pouco um aficionado do Barcelona me garantia que o seu clube apresenta uma indelével marca política (que não partidária): “O Barcelona, mais do que os ideais de um clube, representa os grandes anseios políticos da Catalunha”. Talvez seja por isso que muitos dos jogadores que a publicidade mais idolatra, das outras equipas, pareçam viver num mundo fictício, convencional, artificial, gritando um clubismo declamatório e balofo, nos órgãos da Comunicação Social e saltitando nas revistas cor-de-rosa, de mãos dadas com jovens artistas (ou desportistas) de quem se contam grosseiras anedotas.
Ao invés, o Messi, o Xavi e o Iniesta, não sendo monges nem deixando de ter vida afetiva, dão bem a entender que, mesmo nas suas horas de ócio, não deixam de cuidar do seu “treino invisível”. De facto, fogem daquilo que não interessa, para brilharem (com luz inusitada) naquilo que verdadeiramente lhes interessa.
O Barcelona é a melhor equipa de futebol do mundo. E por que? Em primeiro do mais, porque, nela, o todo é mais do que a soma das partes. E aqui as partes não são só a técnica e a tática e o físico – mas também o intelectual e o moral. E até os aspetos epistemológicos, que o Pep Guardiola também já mostra entender.

*Antigo professor do Instituto Superior de Educação Física (ISEF) e um dos principais pensadores lusos, Manuel Sérgio é licenciado em Filosofia pela Universidade Clássica de Lisboa, Doutor e Professor Agregado, em Motricidade Humana, pela Universidade Técnica de Lisboa.

Notabilizou-se como ensaísta do fenômeno desportivo e filósofo da motricidade. É reitor do Instituto Superior de Estudos Interdisciplinares e Transdisciplinares do Instituto Piaget (Campus de Almada), e tem publicado inúmeros textos de reflexão filosófica e de poesia.
Esse texto foi mantido em seu formato original, escrito na língua portuguesa, de Portugal.
Para interagir com o autor: manuelsergio@universidadedofutebol.com.br

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Santos FC vs FC Barcelona: choque de realidade

Desde que a equipe do Santos FC conquistou a “Taça Libertadores da América”, o Brasil do futebol passou a alimentar e dar fermento a uma expectativa sobre o jogo (que até então era a “provável final do Mundial de Clubes”) entre a equipe brasileira e o time do Barcelona.

Para os que já, por algum tempo, vinham acompanhando os jogos da equipe catalã, talvez o maior interesse – além é claro de assistir a um espetáculo de futebol – estivesse concentrado em uma imaginativa dúvida: será que o Santos conseguiria, com sua velocidade e futebol envolvente apresentado no Brasil, superar o FC Barcelona? (afinal, Neymar “estava voando” – ficaria difícil para os “lentos” (lentos?) Puyol e Piqué).

Para os apaixonados por futebol, que conheciam pouco o Barcelona, e tinham acesso apenas a informações trazidas pela “mídia do grande público”, talvez a maior expectativa estivesse em ver o Santos “atropelar” o time catalão – afinal o Barcelona só parecia bom por que enfrentava equipes fracas no seu campeonato nacional (o único bom desafio era o Real Madrid FC), e além do mais, não haviam ainda se deparado com uma equipe tão talentosa, tão veloz, tão brasileira.

Pois bem. Chegou o dia do jogo, e vimos o que vimos.

O Barcelona não tomou conhecimento do Santos.

No dia anterior a partida, as declarações dos jogadores da equipe catalã respondendo aos jornalistas brasileiros sobre como conseguiriam “parar” Neymar, deram bem o tom do que seria o jogo: “faremos o que sempre fazemos, jogaremos como Barcelona – se tivermos a bola, o Neymar não vai jogar”.

Arrogância? Não, apenas uma boa noção sobre a realidade.

Dois dias antes do jogo, mais noção sobre realidade.

Quando perguntado na entrevista coletiva sobre o por quê de não ter ido assistir no estádio ao jogo do seu próximo adversário (o Santos), Pep Guardiola sorrriu, deu um ou dois motivos, e depois deu luz ao aparente (e não real) menosprezo pelo adversário brasileiro, dizendo que havia uma equipe de profissionais do Barcelona (equipe do departamento de análise de desempenho do clube) captando imagens e coletando informações sobre Santos no jogo contra a equipe do Kashiwa (e que, então, ele não precisava estar lá pessoalmente).

Preguiça? Arrogância? Menosprezo? Não, apenas uma boa noção sobre a realidade.

O jogo foi o que foi.

Culpas e culpados não pararam e não param de surgir.

Sobrou para o treinador santista, sobrou para Neymar, sobrou para Ganso, sobrou para os treinadores das categorias de base no Brasil (que não sabem formar!?)…

Senhores, não nos deixemos iludir.

Claro, a responsabilidade precisa ser dividida entre muitas pessoas (porque vencer o Barcelona é possível, sim! – e então é preciso entender como). Mas que não percamos de vista o principal: os clubes não podem ser reféns de seus elementos constituintes (jogadores, treinadores, etc.) ou de uma falta de conhecimento ou preparo (em qualquer nível de sua organização).

Jogadores, treinadores ou empresários, por exemplo, são elementos importantes do universo fantástico e particular que é o futebol. O clube porém deve ser, e é maior do que qualquer outra coisa.

 


 

O que quero dizer com isso?

Quero dizer que antes de uma exaltação à posse de bola, ao jogo bonito e ao talento individual dos jogadores do Barcelona, deveríamos, nós, entendermos toda a mudança estrutural e filosófica que sustenta a organização de dentro e de fora do clube catalão.

Só para que se tenha uma ideia, em 2010, um de seus treinadores das categorias de base (Sergi Barjuan) disse que se um talentoso jogador, com potencial para ser tão bom quanto o Messi, não cumprir com suas obrigações escolares e com normas de conduta do clube, será convidado a sair do Barcelona.

“Confiamos no nosso trabalho de formação e sabemos bem quais valores queremos construir e transmitir”, disse ele.

Antes da Copa do Mundo de 2010, o ex-atleta Roque Jr., participava de um programa esportivo na TV, e foi, quase unanimemente, combatido, quando disse que a forma de jogar e o conhecimento sobre o jogo, de jogadores e treinadores no Brasil, estava aquém dos europeus de forma geral, e que quando os brasileiros iam jogar na Europa tomavam um banho de informação.

Disse que precisávamos aprender a desenvolver o jogador brasileiro aproveitando seu talento e capacidade de improvisar.

E de novo: isso não é só uma questão de “posse de bola”, de “jogo bonito”, de “talento individual”.

Temos que transcender meios, métodos, modelos – superar paradigmas…

Precisamos nos desprender da ideia de que nossas brasileiras verdades são as verdadeiras verdades quando o assunto é o futebol.

O Barcelona não venceu a final do Mundial de Clubes da Fifa no dia do jogo contra o Santos. Isso foi bem antes, e é bom que nossos olhos se abram para o fato…

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br

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Sem bola

O FC Barcelona atropela seus adversários – na Espanha, na Europa e no Japão – porque sabe jogar muito bem sem a bola em seus pés.

Esqueça a referência das estatísticas de TV que vinculam o êxito do clube à posse de bola.

Sim, é verdade, ela fica 70% do tempo nos pés dos jogadores da equipe a cada jogo.

Isso aumenta as chances de gols e vitórias, é verdade.

Mas ouso enxergar e defender o outro lado dessa percepção.

Já que o futebol é coletivo, penso que não é a soma dos poucos segundos em que a bola passa por todo jogador da equipe – que no fim do jogo se traduz em 60 minutos em 90 minutos jogados – que faz a diferença.

A diferença está na movimentação da equipe toda sem a bola, quando um dos seus jogadores está com a bola ou, até mesmo, quando ela está com o adversário e se faz pressão para lhe provocar o erro e recuperá-la.

Ainda mais pelo fato de que, hoje, quando muito, o jogador fica com a bola em sua posse por 2 minutos.

E nos outros 88 minutos?

A bola é o centro do carrossel catalão em torno do qual orbitam os muito bem entrosados jogadores.

Mas apenas um dele está com a bola.

Logo, o que fazem os demais?

Jogam sem ela. Procuram espaços livres. Pressionam a saída de jogo do adversário. Dão opção ofensiva e defensiva para os companheiros.

Até o goleiro já se acostumou a isso, ao ser acionado a jogar com os pés.

Diferenças históricas de estilo, o futebol brasileiro se acomodou em termos de evolução tática, assim como favorece o comodismo dos jogadores em jogar longe uns dos outros, com movimentação intensa, troca de passes, posse de bola e, acima de tudo, ocupação do campo todo sem a bola.

Nisso, Tostão, ídolo e comentarista, vaticina com o que concordo: já não existe mais jogador de meio-campo apenas defensivo ou apenas ofensivo.

Existe (deveria existir) jogador inteligente em sentido amplo, para exercitar essa nova maneira de se enxergar o jogo.

Se ainda não chegou ao Brasil, que iniciativas como a Footecon sirvam para discussão e propagação dessa linha evolutiva para o futebol no Brasil.

A conquista do bicampeonato mundial do Barça sobre o Santos prova que o bom futebol é um esporte solidário e coletivo, de muita movimentação.

Sem a bola.

Futebol operário, sem show. Com efeito, esse é o próprio show dado pelo Barcelona.

Mesmo porque o jogo se joga com uma bola para 22 jogadores.

Não uma para cada um dos jogadores.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br

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Futuros campeões

Caros leitores,

nesta semana que vos escrevo, estou tendo o privilégio de participar de uma competição internacional na cidade de Belo Horizonte (na qual estou concentrado nesse momento) e gostaria de compartilhar algumas experiências com vocês.

Felizmente as questões não se esgotarão nessa coluna e nem essa é a idéia.

Esse campeonato, “Future Champions” ou “Futuros Campeões”, é vinculado à Fifa e acontece duas vezes ao ano, na África do Sul e no Brasil, países sedes da última e da próxima Copa do Mundo, respectivamente.

Nesta competição, estou tendo a oportunidade de observar culturas de jogo de diferentes partes do mundo. Vejo que cada país tem uma forma de jogar e de se comportar dentro e fora de campo.

Vi que muitos garotos, de diferentes equipes, estão em um nível elevado de preparação dentro do processo, fato que os aproxima do time principal. Pude observar também que outros atletas ainda precisam de algum tempo para se desenvolverem.

Esse desenvolvimento passa pela vivência de diferentes problemas em diferentes competições.

Como sempre afirmo, essa vivência deve fazer parte do processo e precisamos nos preparar para formar campeões dentro e fora do campo.

Para isso, precisamos preparar nossos atletas para todo o ambiente que os cerca e mostrar-lhes que todas suas ações influenciam diretamente em seu desempenho e em sua imagem.

Vejo que campeonatos de base que tenham transmissão e que propiciem um ambiente próximo ao profissional, principalmente nas categorias dita maiores, são extremamente importantes, pois assim os jogadores estarão mais preparados para jogar sob pressão, para reagir frente às câmeras, para se comunicar, mesmo que seja por gestos com jogadores de outras partes do mundo, etc.

Isso se estende aos membros da comissão técnica, que além de tudo isso podem trocar informações com profissionais do mundo todo.

É justamente sobre essas informações que vou discutir com vocês em próximas oportunidades.

Hoje a coluna é mais curta, pois temos muitas tarefas.

Até a próxima.

Para interagir com o autor: bruno@universidadedofutebol.com.br 

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O modelo brasileiro de formação, o Footecon e o que podem ser boas notícias para o nosso futebol

Caros leitores,

no último dia 6 de dezembro, tive o privilégio de, pela primeira vez, participar do Footecon. Este fórum, idealizado há oito anos e organizado pelo ex-técnico da seleção brasileira de futebol, Carlos Alberto Parreira, mais do que networking, possibilita a observação do que é tema de discussão entre os grandes nomes e clubes do futebol brasileiro.

Como havia palestras simultâneas e tinha a disponibilidade de permanecer somente por um dia, seguramente perdi discussões de alto nível, porém, das que pude participar, destaco duas que precisam ser amplamente divulgadas e que serão sintetizadas nas próximas linhas.

Precisam ser amplamente divulgadas porque todas as atitudes que favoreçam o potencial de desenvolvimento do futebol brasileiro devem ser ouvidas e analisadas pelo maior número de stakeholders possíveis para que, de acordo com as adaptações necessárias em cada realidade, sejam colocadas em prática.

A discussão sobre a importância da formação de atletas tem ganhado cada vez mais espaço nos diversos ambientes em que se discute futebol. Quando esta conversa surge nas salas universitárias, os comentários tendenciosos dizem que é um tema muito acadêmico para o mundo do futebol. Se é feita pelos dirigentes dos clubes formadores emergentes, o contraponto é feito afirmando que o custo x benefício desse investimento não é vantajoso; e, se é feito por jovens e ainda inexperientes treinadores, as opiniões os classificam como sonhadores num aparente imutável cenário brasileiro no tocante à formação.

E se num destes ambientes em que se discute futebol as pessoas que estão sentadas à mesa não são jovens, não são dirigentes de clubes emergentes, nem são acadêmicos, e sim figuras representativas no mercado, como: o treinador da seleção brasileira principal, Mano Menezes, o (ex) diretor executivo de futebol do Vasco da Gama-RJ, Rodrigo Caetano, o coordenador das categorias de base do Internacional-RS, Jorge Macedo e o gerente de futebol do Fluminense-RJ, Marcelo Teixeira. Será que o tema ganha relevância? Não tenho dúvidas!

Durante cerca de uma hora, com transmissão em canal fechado num horário não tão acessível para os profissionais do esporte, estes quatro profissionais do futebol deram uma aula (com um valor simbólico infinitamente superior àquelas minhas colunas que valorizam a formação dos atletas brasileiros) sobre quais devem ser os caminhos escolhidos pelos gestores do futebol brasileiro para que a supremacia estabelecida no passado seja mantida no futuro.

Para Mano Menezes, a infraestrutura dos grandes clubes do país é muito boa, no entanto, a filosofia vigente é extremamente prejudicial, pois valoriza o vencer em detrimento do formar.

Quando questionado sobre como modificar a filosofia, Mano disse que não é responsabilidade do treinador da equipe profissional alterá-la ou estabelecê-la. É função da empresa, que deve transmiti-la ao seu corpo técnico, da base ao profissional, mantendo somente os profissionais que se adequam, que são competentes, e não os que são “boa gente”.

O treinador da seleção disse ainda que as diferentes categorias do clube (inclusive a profissional) precisam ampliar as ligações para não criar abismos nas transições e perdas de jogadores em potencial, que gostaria de ver os jogadores brasileiros com maior identidade aos clubes formadores (e não somente ao dinheiro, pressão dos agentes e da família), que o potencial de melhora é imenso e que junto à CBF ele (que já conseguiu mudanças significativas na base canarinho em 2010) lutará por um projeto que defina diretrizes para o futebol brasileiro de formação.

Rodrigo Caetano, em suas primeiras palavras, foi enfático ao mencionar a desvalorização dos profissionais da base e a ausência de um plano de carreira para os mesmos. Outra opinião foi a de que numa equipe profissional deveria haver um número mínimo de atletas oriundo das categorias de base do clube. Corroborando com Mano, o (ex) diretor vascaíno disse que aplicar e cobrar a flosofia, são funções de quem coordena o depto. de futebol e finalizou, afirmando que um possível legado da melhoria no modelo de formação brasileiro seria uma maior permanência de grandes atletas nos clubes formadores, como Dedé e Neymar, e por consequência um maior espetáculo.

Jorge Macedo apontou que a continuidade, ou melhor, a falta dela é um grande mal no futebol brasileiro que, pela necessidade do mercado de se antecipar a formação para 17 e 18 anos e pela dificuldade dos gestores brasileiros em administrar a pressa, perde muitos jogadores que não recebem o tempo de maturação adequado para comporem o elenco profissional. Uma saída do Inter-RS para este mal foi a criação da equipe B, sub-23.

Outro ponto interessante comentado pelo profissional da equipe gaúcha foi em relação ao excessivo assédio a atletas até 16 anos de idade (que não podem ter contrato profissional), a necessidade da blindagem desses atletas, a inevitável exposição, mas o receio em perdê-los.

Já Marcelo Teixeira iniciou mencionando que no Manchester United os salários para os treinadores das categorias de base são os mesmos independentemente da categoria com a qual trabalhe. Segundo Marcelo, uma das ferramentas necessárias para a evolução da formação brasileira é a criação de uma área de inteligência e detecção do talento que, na maioria das vezes, é feita por profissionais que buscam jogadores de acordo com o seu próprio “olhar” e não a partir de procedimentos estabelecidos pelo clube no qual o scouter é contratado/presta serviços.

De acordo com dados coletados por Marcelo, os atletas que foram negociados desde a criação do centro de formação do clube em Xerém, no fim da década de 90, deram maior retorno do que o custo operacional para manutenção do CT. Finalizando suas opiniões, Marcelo criticou a mais nova profissão, conhecida como “pai de atleta”, criticou também o assédio aos jogadores não profissionais (no último sul-americano sub-15, o Fluminense teve um jogador assediado para trocar de clube por R$ 200.000,00) e a importância dos campeonatos sub-23.

No fim da mesa, Mano pediu discussões mais profundas sobre o tema. Podemos esquecer o pedido, aceitar que o futebol brasileiro é assim mesmo, lamentar a saída do Rodrigo Caetano após divergências com os dirigentes do clube carioca e arquivar este assunto. Ou então, podemos encarar o problema (e que problema!), assumirmos que estamos distantes dos modelos de formação dos clubes europeus, “mostrarmos a cara” a dirigentes avessos à mudança para que daqui alguns anos (muitos ou poucos), possamos chegar à final do Mundial de Clubes da Fifa e, com convicção, afirmarmos: somos favoritos! Só de material humano, poderíamos ter um Barça por estado brasileiro.

Semana que vem, o “jogo jogado” com a cabeça e o case Figueirense.

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br
 

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Fundo de investimento em jogador de futebol e a credibilidade dos jogos

Há cerca de quinze dias ocorreu a última rodada do Campeonato Brasileiro de futebol. Foi um domingo memorável com dez grandes jogos.

Uma dessas partidas, disputada entre Atlético e Cruzeiro, um dos maiores clássicos do país, poderia significar o rebaixamento do clube celeste.

A semana que antecedeu o duelo foi recheada de piadas, provocações e rumores de uma possível barbada em razão da estreita relação entre o Banco BMG e ambos os clubes de Minas Gerais.

Durante a partida, assistiu-se a um Atlético apático e a um passeio do arquirrival que venceu o adversário por sonoros 6 a 1 (a maior goleada do Cruzeiro e a segunda maior da história dos confrontos).

Mal o jogo terminou e as redes sociais já traziam intensas e exacerbadas discussões acerca de uma suposta manipulação de resultado.

O fato é que o BMG (Banco Minas Gerais), além de ser o acionista único de um fundo de investimentos (Soccer BR1) que tem jogadores em diversas equipes, patrocina não apenas o Galo, presidido por Guimarães entre 2001 e 2006, mas o rival Cruzeiro – e também América-MG, Flamengo, Vasco, São Paulo, Palmeiras, Santos e Coritiba, todos da divisão de elite do futebol brasileiro. Na série B, Sport Recife, Grêmio Prudente (SP), Icasa (CE) e Boa (MG), além de ASA (AL) e Duque de Caxias. Na série C, patrocina Ipatinga e mais três. Na D, nacional, um Plácido de Castro Futebol Clube (AC) e mais quatro.

Descendo a ladeira, o banco ainda ajuda a resgatar dos pequenos clubes mineiros como Fluminense de Araguari, Araxá e Uberaba, o América do Rio e outros 11 fora de séries.

Portanto, o BMG possui investimento em atletas no Atlético e no Cruzeiro e, eventual, queda de uma equipe para a Série B poderia resultar em desvalorização de jogadores, o que, somado ao fato de o clube celeste ter feito em um tempo o que não fizera em todo o campeonato, constitui razão da desconfiança.

Destarte, como, já destacado em outra oportunidade, em se tratando de esporte, não basta ser honesto, tem que parecer honesto. É justamente por isso que o art.27-A da Lei Pelé proíbe que duas ou mais entidades de prática desportiva disputem a mesma competição profissional das primeiras séries ou divisões das diversas modalidades desportivas quando uma mesma pessoa física ou jurídica, direta ou indiretamente, através de relação contratual, explore, controle ou administre direitos que integrem seus patrimônios.

A vedação acima, nos termos do §2º do mesmo artigo, aplica-se às sociedades controladoras, controladas e coligadas das mencionadas pessoas jurídicas, bem como a fundo de investimento, condomínio de investidores ou outra forma assemelhada que resulte na participação concomitante vedada neste artigo.

No caso em tela, trata-se de um investidor, Banco BMG, que controla, explora e administra direitos econômicos de atletas de Cruzeiro, Atlético e outros clubes, o que atrai a aplicabilidade da regra supramencionada atentando contra expressa disposição da Lei Pelé.

O poderio do BMG junto aos clubes de futebol brasileiros é tamanho que foi objeto de reportagem de capa da “Época Negócios” de novembro de 2011, cujo a manchete estampava a foto do presidente do Banco (Ricardo Guimarães) sob o título “O Dono do Futebol”.

Segundo a reportagem:

“Com os jogadores em que tem participações, o BMG poderia montar uma seleção brasileira . Segundo Guimarães, o fundo tem “60% de atletas reconhecíveis por alguém que entende um pouco de futebol e 40% de jovens apostas”. Até agora, o banco já negociou 13 jogadores, com retorno médio 60% superior ao valor pago na compra. Do Cruzeiro, o BMG vendeu Gil e Henrique. Do Corinthians, Dentinho e Elias. “É mais ou menos como ação em bolsa de valores”, diz Guimarães. “Se um jogador aumenta o valor e você não realiza, pode perder a oportunidade.” O bom desempenho do fundo até aqui credencia o BMG a administrar o dinheiro de novos acionistas. “Estamos sendo estimulados pelo gestor a captar recursos. Isso significa abrir o fundo à participação de investidores qualificados, o que devemos fazer no próximo ano.””

Assim, como já salientado, para o desporto, não basta ser honesto, tem que parecer honesto, tal como está inserido na essência do art. 27-A da Lei Pelé. Tal medida é indispensável para a evolução do desporto de forma técnica e também de sua credibilidade como negócio.

Por fim, urge acrescer que se excluem da vedação de que trata a Lei Pelé os contratos de administração e investimentos em estádios, ginásios e praças desportivas, de patrocínio, de licenciamento de uso de marcas e símbolos, de publicidade e de propaganda, desde que não importem na administração direta ou na co-gestão das atividades desportivas profissionais das entidades de prática desportiva, assim como os contratos individuais ou coletivos que sejam celebrados entre as detentoras de concessão, permissão ou autorização para exploração de serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens, bem como de televisão por assinatura, e entidades de prática desportiva para fins de transmissão de eventos desportivos.

Para interagir com o autor: gustavo@universidadedofutebol.com.br