Está repetitivo o discurso de todas as pessoas direta ou indiretamente relacionadas com o futebol que as mudanças gerenciais e técnicas são urgentes no futebol brasileiro. E, numa semana em que o Corinthians dá início à sua decisão mais importante do ano dentro das quatro linhas, um dos seus maiores rivais também está diante de uma grande decisão, no entanto, administrativa.
Tal mudança ocorre justamente semanas após a declaração do coordenador técnico do São Paulo FC, René Simões, sobre a necessidade de formar jogadores inteligentes, ação que implica significativa quebra de paradigma. Diante disso, a presidência do clube tem a oportunidade de tomar o que classifico como a decisão mais importante do ano para o nosso futebol (inclusive mais importante que a Libertadores).
A demissão de Émerson Leão do clube paulista que, segundo declarações de Juvenal Juvêncio, gerenciando a equipe conseguiu praticar um futebol somente razoável, abre espaços para a confirmação do coerente, porém desafiador, projeto idealizado pela diretoria. Nos próximos anos, o São Paulo pretende ter entre os onze titulares da equipe principal oito jogadores oriundos das categorias de base.
Para substituir Leão, como sabemos, o presidente são-paulino tem diversas possibilidades. No mercado, existem treinadores já consagrados que estão em atividade nos clubes grandes do futebol brasileiro, ex-jogadores com a ainda curta carreira como treinador, treinadores que obtiveram resultados de destaque nos últimos Estaduais, treinadores emergentes atuando nas primeiras divisões no âmbito nacional, treinadores estrangeiros respeitados mundialmente, além dos próprios profissionais do São Paulo, como o interino Milton Cruz ou o treinador da equipe sub-20, Sérgio Baresi.
A solução ideal seria a escolha de um treinador que fosse capaz de, no curto prazo, deixar a equipe com condições de brigar pelas primeiras colocações no Campeonato Brasileiro, que viesse com uma ideia de jogo condizente com o futebol moderno (para dúvidas sobre o que é futebol moderno, vide Eurocopa 2012) e com competências para solucionar os conflitos evidentes do grupo. Conflitos, como por exemplo, o mau comportamento de Luís Fabiano perante os árbitros e até as discussões deste mesmo com o Lucas para que ele solte mais a bola. Além disso, para o médio e longo prazo (se os resultados vierem, obviamente, pois só assim para haver tempo), será preciso uma aproximação com René Simões e um olhar minucioso para a base. Missão um tanto difícil.
Juvenal Juvêncio apontou que o Brasil não forma bons treinadores (e ele está certo!), no entanto, mesmo diante desta afirmação ele será obrigado a decidir. Caberá a ele ser conservador ou inovador!
E não há dúvidas que o momento pede uma decisão inovadora. Enquanto clubes tradicionais engatinham na busca de soluções para suas equipes profissionais e simplificam ao somente padronizarem as plataformas de jogo, ou então, determinarem que as equipes da base sejam formadas com pelo menos cinco meias e atacantes, o São Paulo tem a oportunidade de contratar um treinador que tenha know-how para o desenvolvimento do projeto “8+3”.
E será que existe este treinador?
Alguém com competências para resultados imediatos, com discurso e prática convergentes com a filosofia do clube e capaz de estabelecer um Modelo de Jogo digno do clube tricampeão mundial?
Encerro a coluna no dia 28/06 sem o conhecimento de quem foi o escolhido.
Quando Juvenal decidir, o nome do profissional indicará se o projeto “8+3” caminha ou não para o acontecimento. Espero que acertem!
Até o momento, a única certeza é que os jogadores não ficariam mais inteligentes repetindo à exaustão os fundamentos técnicos do jogo como prescreve em seus treinamentos o demitido técnico Leão.
Finalizando, deixo a pergunta do título da coluna e aguardo a sua opinião!
Eu já tenho a minha…
Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br