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Racionalmente, o futebol serve para pouca coisa. A não ser que você esteja diretamente envolvido no mercado ou que você seja um pouco disfuncional, o futebol altera pouca coisa na sua vida. Ele dá uma alegria aqui, uma tristeza ali, uns minutos de conversa acolá, mas vai pouco além disso. São poucos os que se preocupam mesmo com o futebol porque são poucos que vêem um sentido mais profundo de utilidade na sua existência.
Apesar de pouco útil, porém, o futebol desperta grande interesse pontual, o que faz com que ele acabe ganhando uma importância maior do que aquela que ele realmente possui. Em dias de jogo, por exemplo, o futebol se molda a partir de contornos artificiais, principalmente em partidas mais importantes. Quando elas acontecem, o futebol adquire um valor superior àquele que de fato possui. Em dia de decisão de campeonato, todo mundo quer saber e falar sobre futebol. Uma semana depois, ninguém mais fala nada. Em dia de decisão, todo mundo quer palpitar sobre tudo o que envolve o esporte. Uma semana depois, as pessoas tendem a dar pouca importância ao que de fato acontece com as estruturas do futebol.
Tudo isso cria um ambiente muito superficial, construído a partir de premissas rápidas, pouco fundamentadas e por vezes desprovidas de sentido e de lógica. Entretanto, esse ambiente tende a criar a base para o pensamento que se faz na busca pela mudança e pelo aprimoramento da situação atual, o que acaba fazendo com que boa parte das medidas sugeridas para a melhora do futebol seja descabida de qualquer sentido racional ou minimamente fundamentado.
Tal falta de utilidade do futebol para a real vida da maioria dos indivíduos em contraste com o enorme interesse pontual despertado pelo jogo faz com que o rumo do esporte seja ditado principalmente pelo regime do governo. Afinal, o interesse público é enorme, mas a disposição desse mesmo público em intervir nos seus processos é muito pequena. É como se todo mundo fosse a um restaurante e quisesse comer, mas não quisesse pagar. Como para o governo é legal que todo mundo coma, ele acaba pagando a conta. O exemplo talvez não seja dos melhores, mas acho que dá pra ilustrar a idéia.
Isso tudo faz com que em geral o futebol evolua de acordo com a vontade do Estado no qual ele está inserido. Uma lógica rasa sugeriria que quanto mais interessado é o governo no futebol, maiores são as chances de ele se desenvolver dentro da localidade governada pelo poder em questão. Afinal, já que o governo gosta de futebol, melhor estruturado ele será. Todavia, dois exemplos pelo mundo demonstram que essa lógica não se aplica, muito pelo contrário. Conforme esses casos nos mostram, a idéia que prevalece é que quanto menos o governo em questão gosta do futebol, maiores são as chances de ele se desenvolver.
O primeiro exemplo, que constantemente é mencionado por diferentes razões, é o futebol inglês, que só adquiriu o status atual por conta da rejeição ao esporte demonstrada pelo governo Thatcher. A dama de ferro não gostava de futebol. Para ela, futebol era um problema que precisava ser solucionado. E o futebol inglês só se desenvolveu porque em determinado momento ele começou a ser considerado não apenas um problema interno, mas também um problema europeu. Por conta do futebol, a Inglaterra passou a ser mal vista pela Europa. E isso fez com que o Estado inglês atuasse de maneira preponderante na modernização do sistema, que se encontrava extremamente obsoleto em meados da década de 80.
No Brasil isso também aconteceu, em partes. Até hoje, o grande momento de evolução do futebol brasileiro aconteceu durante o governo FHC, que se caracterizava por ser, assim como o Thatcherismo, um governo de certa forma distante da sociedade e, quase que conseqüentemente, distante do futebol. Por conta do afastamento de FHC do futebol, foi possível que algumas mudanças legislativas essenciais fossem consolidadas para que o desenvolvimento econômico e estrutural do futebol brasileiro pudesse ser mais racionalizado. No governo Lula, com laços notadamente mais próximos da população e do futebol, a racionalidade do esporte foi deixada um pouco de lado, dando lugar a uma filosofia que busca mais um equilíbrio entre o entendimento dos agentes que buscam a transformação do futebol e aqueles que buscam a manutenção da estrutura atual.
A racionalização do futebol será preponderante para a estruturação da Copa de 2014 e também para o melhor aproveitamento do seu legado. Para isso acontecer, a história sugere que será necessário um governo que se caracterize por não relevar o futebol como um elemento fundamental para a população brasileira, ou seja, que o próximo governo não goste de futebol. Entretanto, com a Copa, nenhum político será louco de adotar uma postura que vá contra o futebol e a popularidade despertada por ele.
O ambiente brasileiro sugere que o futebol brasileiro não passará por um processo de racionalização na próxima década. E história sugere que o futebol brasileiro está condenado.
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Melhor do mundo
Kaká é, definitivamente, o melhor jogador do mundo. Não por causa de suas arrancadas, dribles e gols fantásticos, como o marcado no domingo contra o Peru. Kaká é, na atualidade, o jogador mais completo do futebol. E completo não só pelo que joga dentro de campo, mas também por suas atitudes fora dele.
Na última semana, em meio à enxurrada de perguntas sobre a seleção brasileira, a vida pessoal, o filho do cachorro do vizinho e a violência no futebol italiano, Kaká foi soberano nas respostas, consciente no que falou e, sobretudo, craque na hora de responder à imprensa.
Questionado sobre a violência no Calcio, o meia do Milan foi enfático em relembrar o problema que havia ocorrido em fevereiro, quando um policial foi assassinado. Depois, lembrou do caos que surgiu com as denúncias de manipulação de resultados e defendeu o seu clube, dizendo que não concordava com a punição que o fizera perder o título que já havia sido tirado da Juventus. Por fim, contou a terrível experiência de estar dentro de campo e ver o descontrole dos torcedores da Atalanta, sem nada a fazer a não ser apenas torcer para que nada de pior ocorresse.
E a resposta terminou aí. A indagação continuou, até o momento em que foi incitado a responder se deixaria o clube por causa da violência. Aí Kaká mostrou a mesma classe que desfila em campo. Com firmeza, lembrou de outros jogadores que já deixaram o Calcio e, também, comentou o quanto se sente frustrado com a onda de violência que impera no futebol italiano, dizendo que às vezes não se sente seguro de jogar no país.
Resumo da ópera: Kaká foi firme nas respostas e deu a entender tudo o que você quisesse. O torcedor milanista ficou com o coração feliz em ver o Bambino D’Oro reclamar da punição do CalcioCaos e dizer que só a violência o tiraria do país. Os dirigentes de outros clubes, como Chelsea, Barcelona e Real Madrid, por exemplo, ficaram com o sinal amarelo ligado pensando na possibilidade de contar com um dos atletas mais cobiçados do planeta. E a imprensa teve tempo de sobra para gastar especulando se Kaká estava se oferecendo a outro clube, se ele ficaria no Milan, se ele havia se cansado da Itália, etc.
A elegância de Kaká, a certeza com que ele respondeu a todas as perguntas, mostram um jogador maduro, pronto para encarar qualquer parada. Um jogador que não é apenas um sex symbol, mas um craque dentro de campo e, a cada dia, mostra também ser inteligentíssimo fora dele.
O melhor do mundo dentro de campo ele já é. Agora, fora dele, Kaká tem mostrado que também é digno da premiação. O futebol agradece.
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2ª parte – (a geometria e as linhas de jogo)
Para tentarmos chegar a uma conclusão sobre a questão levantada na primeira parte desse texto (coluna anterior – “qual plataforma de jogo parece mais simples, prática e equilibrada para se assimilar dentro das dinâmicas da lógica do jogo?”), vamos clarear primeiro o significado das três competências gerais destacadas no texto anterior (adaptado de GARAGANTA, 1995):
1 – A estruturação do espaço de jogo;
2 – A comunicação na ação;
3 – A relação com a bola.
A estruturação do espaço de jogo diz respeito à competência de ocupar geometricamente o espaço de jogo de forma equilibrada e ao mesmo tempo “desequilibradora”, de maneira organizada, vantajosa e topograficamente coerente com a plataforma utilizada, com as táticas, estratégias, dinâmicas e lógicas do jogo. Essa competência deve ser compreendida tanto na estruturação do espaço defensivo quanto na estruturação do espaço ofensivo.
A comunicação na ação diz respeito à competência de interagir coletivamente às diversas situações-problema do jogo, através do entendimento da lógica que norteia as ações táticas e estratégicas da equipe, tanto defensivamente quanto ofensivamente.
A relação com a bola diz respeito à competência de interagir com a bola do jogo e de fundamentalmente compreender a funcionalidade da mesma para solução de situações-problema individualmente e coletivamente.
As três competências estão integradas e, como um todo, subordinadas à lógica do jogo.
Tradicionalmente, temos no futebol a representação numérica da formação e distribuição das equipes para um jogo, estabelecida em três linhas (linha de defesa, de meio-campo e de ataque). Então, ainda que saibamos que posicionalmente uma equipe esteja, por exemplo, jogando em um 3-4-1-2, observadores e especialistas o “arredondam” para um 3-5-2. Essa é uma discussão que merece destaque, já que a distribuição em linhas pode interferir diretamente em conceitos de amplitude e profundidade, na defesa e no ataque – mas a deixemos (a discussão) para outro texto.
Considerando então o “arredondamento” das linhas, notemos que ao considerarmos a “estruturação do espaço de jogo”, geometricamente, em tese, para chegarmos à plataforma de jogo mais bem distribuída e mais equilibrada no espaço, bastaria dividirmos por três (três linhas) o número de atletas a serem distribuídos.
Então, dez jogadores divididos por três linhas são iguais a 3,33 atletas por linha. Como não é possível haver 3,33 jogadores, “arredondamos” para três (três atletas vezes três linhas, igual a nove jogadores – sobra um). O jogador que “sobra” nessa operação matemática (ah, se o futebol fosse simples assim!) precisa ser adicionado a uma das três linhas.
Dessa adição poderíamos então ter o 4-3-3, o 3-4-3 ou o 3-3-4. Do ponto de vista da estruturação do espaço, se considerarmos a simplicidade da idéia das linhas, poderíamos afirmar (cuidado!) que as plataformas mencionadas (4-3-3, 3-4-3, 3-3-4) são as mais equilibradas e proporcionariam mais rápida assimilação dada a complexidade da lógica que a orientaria.
Em um exercício de imaginação, poderíamos ilustrar na figura acima a idéia de tomarmos como único ponto para a análise da questão central do texto a estruturação do espaço de jogo. Em uma divisão didática das três linhas horizontais da representação numérica e das quatro faixas verticais (faixa lateral esquerda e direita, faixa média esquerda e direita), observemos os quadrantes mais escuros (espaço geométrico vazio). Quanto mais quadrantes escuros uma plataforma de jogo tiver, mais espaços geométricos vazios existirão para serem ocupados (e logo maior dificuldade de equilíbrio posicional).
É claro que a figura se propõe apenas a uma representação esquemática didática. É claro também que as plataformas apresentadas podem sofrer variações de posicionamento.
O fato é que aparentemente o 4-4-2 e o 4-3-3 são aquelas que têm menor número de quadrantes vazios; e que está no 4-3-3, aparentemente, a distribuição mais equilibrada “horizontalmente”.
Porém, devemos destacar que a plataforma de jogo é apenas uma das variáveis da ocupação do espaço.
Não adianta a plataforma de jogo, como estrutura básica para a construção das estratégias e táticas do jogo, prever uma distribuição harmoniosa e equilibrada dentro do campo se o entendimento da lógica que a norteia não der conta de mantê-la (a distribuição) harmoniosa e equilibrada na dinâmica das ações do jogo.
Para tanto, devemos então (ainda, antes de chegar a uma conclusão) analisar as outras competências (“comunicação na ação” e “relação com a bola”).
Continua na próxima semana
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A atividade profissional do futebol, como qualquer outro ramo de atividade, desenvolve-se como reflexo da evolução sócio-econômica mundial. Nas primeiras décadas do século passado, o futebol engatinhava em termos de profissionalização e comercialização. Os jogadores recebiam apenas modestos prêmios por desempenho, no Brasil conhecidos como ‘bichos’, e não havia grande interesse por parte da iniciativa privada em qualquer forma de patrocínio.
Desde então, houve uma evolução natural e gradativa nesse esporte, em que dirigentes de clubes passaram a remunerar seus jogadores para não perdê-los e, principalmente, grandes empresas passaram a investir no futebol, enxergando-o como uma excelente oportunidade de valorizar seus produtos e/ou serviços. Com essa evolução, os meios de comunicação passaram também a dedicar grande parte de suas atividades ao futebol, incluindo as emissoras de televisão, que proporcionaram uma efetiva revolução no meio.
No início das ligas profissionais de futebol, a principal fonte de receita dos clubes de futebol era composta quase que exclusivamente pela venda de ingressos para os jogos de seu time. Hoje, além da bilheteria – que na verdade representa no Brasil uma renda variável e incerta – e dos patrocínios, os clubes das divisões superiores contam com a receita da venda, para emissoras de televisão, dos direitos de transmissão de seus jogos. Para se ter uma idéia de onde podem chegar os valores dessa nova e importante receita, o AC Milan fatura anualmente aproximadamente US$ 140 milhões com a venda desses direitos.
Assim, as diversas federações locais negociam e vendem para as emissoras o direito de transmitirem os jogos de futebol e, em um segundo momento, repassam esses recursos para os clubes (em alguns países, como na Itália, os clubes negociam individualmente com as emissoras). O que se vê na teoria é um verdadeiro círculo vicioso, em que as emissoras pagam pelos direitos aos clubes que, com esses fundos, conseguem equilibrar suas finanças e manter um bom elenco dentro de campo. Dessa forma, os jogos tornam-se mais atrativos ao público, que mantém o interesse em assisti-los pela televisão, aumentando conseqüentemente o potencial de receita das emissoras.
Interessante observar que, ao contrário do que se imaginaria, a transmissão de jogos pela televisão individualmente considerada não afasta os torcedores dos estádios. Ao contrário, ela expande ainda mais a popularidade do futebol e estimula o comparecimento aos estádios. No Brasil, a baixa média de renda nos estádios é explicada principalmente pela constante violência entre torcedores e pela precariedade dos serviços básicos oferecidos nos estádios. O futebol italiano, com os recentes casos de mortes em estádios, corre o mesmo risco.
Ocorre que, com o processo de globalização que hoje vivenciamos, as televisões estão, pouco a pouco, dando lugar aos computadores. Da mesma forma, as transmissões televisivas, aos poucos, darão lugar às transmissões via internet. Num futuro não tão distante, a previsão é de que poucas pessoas tenham televisores em suas residências.
Assim, a questão que se apresenta nessa prospecção refere-se aos direitos de transmissão no meio cibernético. Com o advento da internet, a diferenciação entre os conceitos de “transmissão visual” e “imprensa escrita” torna-se tênue. Hoje em dia já temos as transmissões escritas de jogos, em tempo real, pela internet, com divulgação de fotos instantâneas, sem qualquer pagamento de direitos de transmissão aos clubes. A tendência natural é que essa nova modalidade de transmissão chegue cada vez mais perto de uma transmissão visual do jogo como a que hoje vemos na televisão.
Haverá pagamento de direitos de transmissão para provedoras de internet para transmissão dos jogos? Como os direitos televisivos serão protegidos contra transmissões não autorizadas via internet? Qual será o relacionamento entre as emissoras de televisão e as provedoras de internet? As respostas para estas perguntas ainda não estão claras e tampouco legalmente previstas, mas certamente serão necessárias à medida em que os primeiros conflitos venham à tona.
Torna-se assim imprescindível que os operadores do direito e demais intermediários nas negociações de direitos de transmissão entre clubes, federações, patrocinadores e emissoras tenham amplo conhecimento dessas novas questões para prevenir possíveis entraves de ordem jurídica. A boa notícia aos clubes é que, como há um interesse das emissoras em mantê-los com boa saúde financeira e, conseqüentemente, com plantel em nível atraente aos seus telespectadores, dificilmente haverá pressões para a extinção do pagamento dos direitos de transmissão.
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Samba na bola
“Queremos uma troca. Ela vai ganhar com a exposição na mídia. Nós vamos ganhar por ela ser uma pessoa conhecida”. A frase foi dita por Wilson Vieira Alves, o Moisés, presidente da escola de samba Vila Isabel, ao Jornal “O Estado de S. Paulo” do último sábado. “Ela” é a atual Miss Brasil, Natália Guimarães.
Nos últimos anos, o Carnaval brasileiro (e especialmente o do Rio) tornou-se o principal produto de atração de turistas do Brasil. Não existe um evento que reúna tanta gente e que seja transmitido para tantos países como o Carnaval do Rio. Além disso, uma série de produtos licenciados com a marca da festa é vendida para os turistas que vão à cidade conhecer de perto esse espetáculo único.
DVD com os melhores momentos dos desfiles, CD com as músicas das escolas, réplica da Marquês de Sapucaí, pandeiro em miniatura… Tudo isso e mais um pouco está à venda para o turista que acabou de se apaixonar pelo samba.
Voltemos a Natália e Vila Isabel. Os personagens poderiam ser outros, mas o resumo da história é o mesmo. A junção de duas marcas conhecidas, famosas e respeitadas, gerando uma relação de ganho para os dois lados.
O marketing que invadiu e profissionalizou o samba no Rio ainda está longe de atingir em cheio outro produto de exportação do Brasil, o futebol. Em vez de trazer o estrangeiro para que ele conheça o país e se encante com algo que só existe por aqui, exportamos o talento, não nos preocupamos em formar novos artistas e, ainda, sequer mostramos ao mundo o que temos de bom por aqui.
Não existe um presidente de clube que tenha a consciência de que ter um grande jogador em seu clube representa não uma condição de patrão-empregado ou um ônus para a conquista de vitórias. É uma troca, uma parceria, uma relação que faça o clube e o atleta crescerem.
Ronaldinho Gaúcho é assim no Barcelona. Kaká é assim no Milan. Beckham foi assim no Manchester, no Real Madrid e é agora no LA Galaxy. Assim como no Carnaval brasileiro os artistas e as escolas se somam para se promoverem e promoverem uns aos outros, o futebol no restante do mundo faz o mesmo na relação entre clubes e jogadores.
Por que o futebol não aprende com o samba?
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1ª parte
Dentre as diversas discussões que envolvem o futebol, e especialmente as “plataformas de jogo” (vulgarmente chamadas de “sistemas de jogo” ou “esquemas táticos”), recorro hoje a uma que certamente não é objeto de muita reflexão.
Por muito tempo ainda há de se discutir a utilidade de uma ou de outra plataforma de jogo.
Por muito tempo ainda, treinadores serão criticados por utilizar essa ou aquela forma de se jogar (que digam Sebastião Lazaroni, Carlos Alberto Parreira e até mesmo o nosso aclamado Felipão). O 4-4-2 que não serve e depois passa a servir, o 3-5-2 que é uma “invenção de moda” e depois passa a ser a solução para todos os problemas. Nada disso é incomum.
Então, creio hoje ser importante destacar outra possibilidade nessa discussão. Antes mesmo de confrontarmos e apontarmos que essa ou aquela plataforma é mais ou é menos eficiente, que tal forma de jogar é melhor do que qualquer outra, eu questiono: qual parece ser mais “fácil” para ser aplicada e trabalhada com os jogadores (por apresentar estruturas de menor complexidade)? Em outras palavras; qual plataforma de jogo parece mais simples e prática para se assimilar (dentro das dinâmicas da lógica do jogo)?
No relatório técnico disponibilizado pela FIFA sobre a Copa do Mundo de 2006, os observadores da entidade apontaram que das 32 seleções que participaram da competição, 19 jogaram no 4-4-2 (14 no 4-4-2 em linha e cinco no 4-4-2 em losango), sete jogaram no 4-5-1, uma no 4-3-3 e cinco no 3-5-2. Das quatro equipes que chegaram às semifinais da competição, três optaram pelo 4-5-1 (Portugal, Itália e França) e uma pelo 4-4-2 (Alemanha).
Ainda que esses dados dêem margem para discussões sobre a eficiência aparente do 4-5-1 (será mesmo ele tão bom assim?) com dois dos seus sete representantes chegando à decisão da Copa, e ainda que pudéssemos fazer uma reflexão longitudinal dos porquês da evidência do 4-5-1 de uma Copa para a outra (já que na Copa anterior (2002) o mesmo relatório da FIFA apontou que das 32 equipes participantes, 24 optaram pelo 4-4-2 e oito pelo 3-5-2); precisamos entender qual deles é mais prático, fácil e de rápida assimilação.
É bom lembrarmos que na vida de treinadores de futebol quase nunca há o tempo devido para a preparação de uma equipe (que acaba entrando em competições sem o nível ótimo de desempenho). É claro que esse não é o único fator que deve determinar a escolha por parte do treinador, mas se for possível diagnosticar qual a plataforma de jogo pode dar melhores opções mais rapidamente ao trabalho, pode-se, de certa forma, sair na frente.
Nas categorias de base, essa questão poderia balizar alguns pontos da formação do jogador. Se partirmos do pressuposto de que existe um vasto conteúdo a ser ensinado aos jogadores nas equipes de formação (plataformas de jogo, conceitos posicionais, tipos de marcação, tipos de ataque, sistema defensivo, sistema ofensivo, habilidades básicas, etc) para que se tornem atletas profissionais mais versáteis e inteligentes, é necessário que se construa uma lógica apropriada para desenvolvimento desses conteúdos (se existir uma plataforma de mais fácil assimilação, por que não começar por ela?).
O melhor desempenho de jogo está atrelado a diversos fatores.
Sob o ponto de vista técnico-tático podemos destacar algo que chamaremos de “Competências Gerais”.
As Competências Gerais são construtos que devem, independentemente da plataforma empregada, compreender conhecimentos e saberes necessários, básicos e imprescindíveis para o melhor desempenho de jogadores no jogo.
São elas (as Competências Gerais) ((adaptado de Garganta (1995) – para saber mais sobre o assunto: texto “Para uma teoria dos jogos desportivos colectivos”, de Júlio Garganta, que pode ser encontrado em “O ensino dos jogos desportivos” A. GRAÇA e J. OLIVEIRA, 2ª ed. Porto: Universidade do Porto, 1995):
1 – Estruturação do espaço de jogo (ofensivo e defensivo);
2 – Comunicação na ação (“metacomunicação” coletiva na ação ofensiva e na ação defensiva atrelada a melhor leitura tática do jogo);
3 – Relação com a bola (compreensão de melhor aplicação da habilidade técnica como solução de situações-problema).
Partindo da compreensão de cada uma dessas competências, qual seria a plataforma que permitiria o desenvolvimento mais simples para a estruturação e ocupação do espaço de jogo? Qual seria aquela que poderia facilitar a “metacomunicação” coletiva nas ações de jogo? Ou por fim, qual delas facilitaria a melhor relação com a bola por parte do atleta (em quantidade e qualidade) de acordo com as competências técnicas individuais?
Certamente, se nos nortearmos por cada uma das competências em separado, é possível que tenhamos respostas diferentes (para cada competência, uma plataforma de jogo como resposta).
As questões não são simples e também não são triviais. As variáveis consideradas para se chegar às respostas requeridas devem ser aprofundadas.
Se considerássemos isoladamente, por exemplo, apenas a competência “estruturação do espaço de jogo”, talvez chegássemos rapidamente (ou mais facilmente) a uma conclusão convergente.
Porém, como as competências estão interligadas e se manifestam o tempo todo e ao mesmo tempo no jogo de futebol, temos que analisar o tema de acordo com a complexidade que lhe é característica.
Continua na próxima semana…
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Caros colegas da Cidade do Futebol
Caros colegas da Universdade do Futebol,
Antes de mais nada, gostaria de dizer que é um prazer e uma honra muito grande participar desse brilhante projeto e também dirigir a palavra a tão qualificado público. Minha pretensão aqui se resumirá a trazer à baila assuntos de interesse geral na indústria do futebol, relacionados ao direito, estimular o debate, e gerar o aprendizado de todos nós, inclusive o meu.
Também não poderia deixar de dizer que a tarefa que estou agora assumindo é das mais ingratas: substituir uma autoridade nesta área do direito desportivo como o Dr. Luiz Felipe Santoro. Apesar de bastante jovem, esse brilhante advogado e amigo de longa data já se destaca no cenário nacional e internacional como um dos maiores advogados brasileiros no meio. Não preciso me alongar nesse tema, uma vez que vocês, leitores, a essa altura do campeonato, já devem conhecê-lo tão bem quanto eu.
Desta forma, agradeço publicamente ao Dr. Santoro por todos os seus artigos e contribuições realizadas através da Cidade do Futebol, bem como por tantas outras obras que ele ainda há de publicar.
Isto posto, gostaria de utilizar esse espaço, nesta primeira oportunidade, para situar os leitores sobre a minha visão geral a respeito das atuais tendências do direito desportivo. Esse texto servirá como uma introdução e base de sustentação ideológica para minhas próximas contribuições semanais.
O esporte em nossa sociedade adquiriu grande importância na esfera econômica e comercial nas últimas décadas devido principalmente a dois fatores: (i) o ser humano, mais bem informado acerca dos conceitos de saúde, vem praticando mais esporte em seu dia-a-dia; e (ii) a população em geral tornou-se mais interessada em acompanhar eventos esportivos de alto rendimento.
Esses fatores levaram à comercialização do esporte, com a corrida de empresas, investidores e companhias no ramo de comunicação (principalmente emissoras de TV) para aumentarem seus faturamentos com o vínculo de suas marcas ao esporte e, em especial, ao futebol.
Antes dessa comercialização, as atividades desportivas, via de regra, ocorriam sem grande relevância econômica e, conseqüentemente, sem que as sanções previstas no âmbito da justiça comum fossem aplicadas.
Em 1995, porém, um evento importantíssimo ocorreu e se transformou em marco histórico na evolução do direito desportivo. Como todos nós sabemos, a sentença proferida pelas Cortes Superiores Européias com relação ao atleta belga Jean Marc Bosman, com efeito erga omnes, em linhas gerais fez com que os atletas profissionais de futebol europeus se tornassem livres de seus clubes findo os respectivos contratos de trabalho.
Muitos entenderam que a principal mudança trazida por tal decisão foi a equiparação dos jogadores de futebol a empregados comuns. Entendo que essa foi uma conseqüência direta. Mas, na realidade, a sua maior conseqüência foi o reconhecimento por parte da Fifa e das entidades esportivas em geral de que a justiça comum pode e deve ser aplicada em determinados fatos ocorridos no âmbito desportivo.
Foi nessa decisão que a área do direito desportivo ganhou corpo, como uma nova área acadêmica e de atuação profissional no mundo jurídico.
De fato, vemos hoje que diversas discussões na seara do direito desportivo ganham contornos extremamente relevantes. Como solucionar uma questão envolvendo uma lesão de um atleta profissional causada por um oponente? Um carrinho no futebol poderia gerar uma responsabilidade civil ou criminal? Diante de diversos contratos milionários firmados com atletas de ponta, uma indenização nessas condições poderia ganhar proporções assustadoras.
Esse é apenas um dos milhares de exemplos em que a justiça comum, em todo o mundo, está sendo chamada para dirimir conflitos dentro da atividade desportiva.
A questão que hoje se apresenta é que, muitas vezes, a justiça comum ainda não está totalmente preparada para discutir com propriedade casos na área desportiva. As relações entre as partes na indústria do esporte são nos dias de hoje extremamente complexas, e precisam ser estudadas a fundo pelos juízes da justiça comum.
Assim, cabe a nós, operadores do direito desportivo, trabalharmos para transferir esse conhecimento técnico às autoridades do Poder Judiciário, de modo que as suas decisões sejam, a cada novo caso, aprimoradas.
Só então, com harmonia entre as justiças desportiva e comum, alcançaremos segurança jurídica nas relações desportivas e teremos presentes os conceitos de justiça e equidade no esporte.
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A Copa do Mundo não é nossa
Leia com atenção o título desta coluna. Agora, por favor, releia. Lembre-se então das comemorações pelo Brasil pós-cerimônia na Fifa no dia 30 de outubro, recheadas de manifestações populares e cercadas pelo lema positivista “A Copa do Mundo é nossa”. Lembrou? Mais uma vez, então, releia o título da coluna.
A Copa do Mundo de 2014, caro leitor, não é nossa. Desculpa. Infelizmente, porém, a Copa do Mundo não é, nunca foi e nunca será do Brasil. A Copa do Mundo é, sempre foi e sempre será da Fifa. E de mais ninguém.
Não é preciso quebrar muito a cabeça pra se chegar a essa conclusão. Afinal de contas, o nome oficial do evento é ‘Fifa World Cup’. Traduzindo literalmente, Copa do Mundo Fifa. Não Brasil, nem África do Sul, nem Alemanha. Fifa. E só. A Copa de 2010, por exemplo, é oficialmente denominada ‘2010 Fifa World Cup South Africa’, ou Copa do Mundo Fifa África do Sul. Muda o ano, muda o loca, mas a Fifa continua lá.
Não está convencido de que a Copa do Mundo é da Fifa e de mais ninguém? Pois bem. Eis, então, o que diz o primeiro parágrafo do primeiro artigo do regulamento da Copa do Mundo Fifa 2010 África do Sul: “A Copa do Mundo Fifa é um evento Fifa que é regido pelos estatutos da Fifa “. Mais alguma dúvida?
Tamanho é o poder e importância atual da Fifa e da Copa do Mundo que países se digladiam pelo privilégio de hospedar a competição. E como quem tem o poder nas mãos é a Fifa, afinal ela é a dona do evento, ela submete os países a uma série de imposições que precisam ser cumpridas sob o risco de ver a competição mudar para outra localização.
Basicamente, para hospedar a Copa do Mundo Fifa, o país, o seu governo e o seu respectivo comitê organizador precisam arcar com a maioria das tarefas e dos riscos envolvidos, isentando a Fifa de qualquer maior responsabilidade. Diz o Parágrafo 3 do Artigo 2 do mesmo regulamento supramencionado que “O Comitê Organizador deve desvincular a Fifa de todas as responsabilidades e abandonar qualquer ação contra a Fifa ou os membros de sua delegação por qualquer dano causado por qualquer ato ou omissão relacionado à organização e realização da Copa do Mundo Fifa “. Por mais que pareça um certo abuso, não é. Afinal, ninguém obriga país nenhum a ser sede de uma Copa do Mundo. Só o faz quem quer. E se quer que agüente as conseqüências.
Ao hospedar uma Copa do Mundo Fifa, um país deixa de lado um pouco de sua soberania nacional e permite que um órgão estrangeiro regule sobre diversos aspectos nacionais. A Fifa procura um lugar para hospedar e comercializar o evento. O país procura gerar louros com a associação a esse evento. Normalmente, esses louros podem vir em duas vertentes, uma interna e outra externa. Externamente, o país ganha com a exposição internacional pela mídia e um pouco, mas nada que justifique racionalmente o evento, de acréscimo no fluxo de turistas. Internamente, o país pode ganhar principalmente com a promoção do sentimento nacionalista e com o ganho de capital político pelo partido dominante no governo. Os países que se dispõem a hospedar uma Copa do Mundo Fifa, portanto, entendem que esses ganhos justificam o imenso investimento necessário para hospedar o evento.
O sentimento nacionalista mencionado já é visível no Brasil, principalmente pela também mencionada manifestação do lema positivista ‘A Copa do Mundo é Nossa’, que relembra muito o antigo lema ‘O Petróleo é Nosso’. Ao contrário do petróleo, porém, a Copa possui um controle internacional já estabelecido. Ou seja, ao contrário do petróleo, a Copa do Mundo Fifa tem dono. A Fifa, no caso.
Eu estou tentando deixar isso bem claro porque acho que a maioria das pessoas ainda não se deu conta disso. Fiquei particularmente preocupado quando estava assistindo a algum programa de televisão, acho que era o Fantástico, e vi uma família toda feliz e faceira porque diziam já estar com os ingressos para a Copa do Mundo FIFA 2014 garantidos. A família mostrava, com um sorriso no rosto, as carteirinhas da cadeira cativa do Maracanã. Alguém precisa dizer pra essa família que é bem possível que essas carteirinhas não terão valia durante a Copa do Mundo Fifa. Afinal, a carteirinha é do Maracanã, e não da Fifa. E durante a Copa do Mundo Fifa, se você tem algo que não é da Fifa, principalmente ingressos, você não tem nada.
Ingressos, aliás, serão provavelmente os maiores alvos de polêmica quando 2014 chegar. Como todo o país tem assumido a idéia de que a Copa do Mundo é nossa, todos acreditam que terão o direito de ir ao estádio e assistir uma partida da Copa do Mundo Fifa ao vivo. É bastante provável, porém, que essa crença não se realize.
Um dos maiores problemas da Copa do Mundo Fifa 2006 Alemanha foi a falta de ingressos para os próprios alemães. Aliás, a falta de ingressos para todo mundo. Muita gente queria entrar nos estádios, pouquíssimos ingressos foram de fato disponibilizados. De acordo com um levantamento feito pelo jornal britânico ‘The Observer’, 16% dos ingressos foram direcionados ao uso exclusivo dos patrocinadores, 19% foram distribuídos entre as federações nacionais representadas na Copa do Mundo Fifa, 9% à federação nacional de futebol local, 6% às federações de futebol não representadas no evento e 2% para os transmissores da competição, o que significa que aproximadamente 52% dos ingressos não foram disponibilizados para a venda aos torcedores comuns. O pouco que sobrou para os torcedores comuns, 48%, foi dividido em duas parcelas. A primeira parcela, de 12%, era composta pelos ‘hospitality tickets’, que custavam a bagatela de R$ 6.500,00 cada, o que dificilmente pode ser considerado acessível ao torcedor comum. Disso tudo, apenas 36% dos ingressos, pouco mais de um terço, ficam disponíveis para a compra direta dos cidadãos comuns. Na Alemanha, 36% significaram pouco mais de um milhão de ingressos. Levando-se em conta que a venda desses ingressos é realizada pela internet, o que torna a competição pelos lugares nos estádios acessível a qualquer pessoa no planeta, não é um absurdo sugerir que muitos poucos brasileiros terão de fato acesso à Copa do Mundo Fifa.
A Copa do Mundo Fifa 2014 será no Brasil, e não do Brasil. 190 milhões de pessoas ficarão bastante decepcionadas.
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O pedido de criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre o Corinthians foi arquivado. O motivo foi a retirada de assinaturas de parlamentares do requerimento da CPMI: só restaram 168 assinaturas de deputados (seriam necessárias 171) e 39 de senadores (bastariam 27).
O objetivo da CPMI, proposta pelo senador Alvaro Dias (PSDB-PR) e pelo deputado Silvio Torres (PSDB-SP), seria investigar suspeitas de sonegação fiscal, evasão de divisas e lavagem de dinheiro nos contratos entre a empresa MediaSports Investment (MSI) e o clube de futebol Corinthians.
De acordo com o requerimento, o principal foco da CPMI estaria em contratos envolvendo dirigentes, jogadores e empresários do setor, em relação a denúncias que vão de 2000 a 2007. A MSI contratava jogadores para atuarem no Corinthians com salários comparáveis aos de grande clubes do exterior – o que levou à suspeita de lavagem de dinheiro.
Retirada de assinaturas
O requerimento foi protocolado momentos depois de o Brasil ter sido escolhido como sede da Copa do Mundo de 2014, mas logo em seguida parlamentares começaram a retirar assinaturas. Uma das alegações foi a de que a CPI poderia causar retaliações da Federação Internacional das Associações de Futebol (Fifa) ao Brasil, prejudicando a realização da Copa no País.
Em 2001, uma comissão da Câmara, conhecida como CPI da CBF-Nike, investigou os contratos de patrocínio da CBF e o financiamento de campanhas políticas por federações de futebol. Outra, instalada no Senado, investigou o favorecimento de jogadores e empresários na escolha de jogadores para a seleção brasileira.
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A Comissão de Turismo e Desporto se reúne nesta tarde e pode votar projeto de lei que proíbe a venda e o consumo de bebida alcoólica em estádios ou ginásios esportivos em dias de jogos. Segundo a proposta (PL 103/07), do deputado Jorge Tadeu Mudalen (DEM-SP), a proibição valerá em um raio de 500 metros de distância das entradas dos estádios e ginásios.
Pelo projeto, quem for apanhado com bebida alcoólica receberá multa de R$ 1,5 mil, valor que será dobrado em caso de reincidência. Já o fornecedor, além de receber multa, terá apreendidos os produtos comercializados.
O relator, deputado Deley (PSC-RJ), lembra que o consumo excessivo de bebidas alcoólicas está entre as causas de brigas e agressões nos estádios. Ele sugere a aprovação do projeto na forma de substitutivo, que reduz o valor da multa para um salário mínimo, dobrada em caso de reincidência.
O substitutivo proíbe a venda de bebidas apenas no local de realização do evento, incluídos os espaços de circulação e permanência do público, sem a exigência de 500 metros prevista no projeto original.
Pelo substitutivo, a fiscalização da medida caberá aos agentes públicos responsáveis pela segurança dos torcedores. No texto original, essa atribuição era compartilhada com os administradores dos estádios.
Visto para eventos
Outro item da pauta é o Projeto de Lei 1499/07, do deputado Deley, que prevê a concessão de visto temporário para os estrangeiros que vierem ao Brasil trabalhar em eventos esportivos de nível internacional. Segundo o deputado, essa modalidade de visto faz parte do acordo feito com a Federação Internacional de Futebol (Fifa) para que o Brasil sedie a Copa do Mundo de 2014.
O relator, deputado Carlos Eduardo Cadoca (PSC-PE), recomenda a aprovação do projeto. Ele apresentou substitutivo que faz ajustes de redação, mantendo a medida proposta pelo autor.
Atualmente, o visto temporário é concedido ao estrangeiro que venha ao Brasil em viagem cultural ou missão de estudos; em viagem de negócios; na condição de estudante, artista ou desportista; a correspondentes de imprensa; a ministro de confissão religiosa; e a cientistas, professores ou profissionais a serviço do governo brasileiro.
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