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Ano: 2007
A atividade profissional do futebol, como qualquer outro ramo de atividade, desenvolve-se como reflexo da evolução sócio-econômica mundial. Nas primeiras décadas do século passado, o futebol engatinhava em termos de profissionalização e comercialização. Os jogadores recebiam apenas modestos prêmios por desempenho, no Brasil conhecidos como ‘bichos’, e não havia grande interesse por parte da iniciativa privada em qualquer forma de patrocínio.
Desde então, houve uma evolução natural e gradativa nesse esporte, em que dirigentes de clubes passaram a remunerar seus jogadores para não perdê-los e, principalmente, grandes empresas passaram a investir no futebol, enxergando-o como uma excelente oportunidade de valorizar seus produtos e/ou serviços. Com essa evolução, os meios de comunicação passaram também a dedicar grande parte de suas atividades ao futebol, incluindo as emissoras de televisão, que proporcionaram uma efetiva revolução no meio.
No início das ligas profissionais de futebol, a principal fonte de receita dos clubes de futebol era composta quase que exclusivamente pela venda de ingressos para os jogos de seu time. Hoje, além da bilheteria – que na verdade representa no Brasil uma renda variável e incerta – e dos patrocínios, os clubes das divisões superiores contam com a receita da venda, para emissoras de televisão, dos direitos de transmissão de seus jogos. Para se ter uma idéia de onde podem chegar os valores dessa nova e importante receita, o AC Milan fatura anualmente aproximadamente US$ 140 milhões com a venda desses direitos.
Assim, as diversas federações locais negociam e vendem para as emissoras o direito de transmitirem os jogos de futebol e, em um segundo momento, repassam esses recursos para os clubes (em alguns países, como na Itália, os clubes negociam individualmente com as emissoras). O que se vê na teoria é um verdadeiro círculo vicioso, em que as emissoras pagam pelos direitos aos clubes que, com esses fundos, conseguem equilibrar suas finanças e manter um bom elenco dentro de campo. Dessa forma, os jogos tornam-se mais atrativos ao público, que mantém o interesse em assisti-los pela televisão, aumentando conseqüentemente o potencial de receita das emissoras.
Interessante observar que, ao contrário do que se imaginaria, a transmissão de jogos pela televisão individualmente considerada não afasta os torcedores dos estádios. Ao contrário, ela expande ainda mais a popularidade do futebol e estimula o comparecimento aos estádios. No Brasil, a baixa média de renda nos estádios é explicada principalmente pela constante violência entre torcedores e pela precariedade dos serviços básicos oferecidos nos estádios. O futebol italiano, com os recentes casos de mortes em estádios, corre o mesmo risco.
Ocorre que, com o processo de globalização que hoje vivenciamos, as televisões estão, pouco a pouco, dando lugar aos computadores. Da mesma forma, as transmissões televisivas, aos poucos, darão lugar às transmissões via internet. Num futuro não tão distante, a previsão é de que poucas pessoas tenham televisores em suas residências.
Assim, a questão que se apresenta nessa prospecção refere-se aos direitos de transmissão no meio cibernético. Com o advento da internet, a diferenciação entre os conceitos de “transmissão visual” e “imprensa escrita” torna-se tênue. Hoje em dia já temos as transmissões escritas de jogos, em tempo real, pela internet, com divulgação de fotos instantâneas, sem qualquer pagamento de direitos de transmissão aos clubes. A tendência natural é que essa nova modalidade de transmissão chegue cada vez mais perto de uma transmissão visual do jogo como a que hoje vemos na televisão.
Haverá pagamento de direitos de transmissão para provedoras de internet para transmissão dos jogos? Como os direitos televisivos serão protegidos contra transmissões não autorizadas via internet? Qual será o relacionamento entre as emissoras de televisão e as provedoras de internet? As respostas para estas perguntas ainda não estão claras e tampouco legalmente previstas, mas certamente serão necessárias à medida em que os primeiros conflitos venham à tona.
Torna-se assim imprescindível que os operadores do direito e demais intermediários nas negociações de direitos de transmissão entre clubes, federações, patrocinadores e emissoras tenham amplo conhecimento dessas novas questões para prevenir possíveis entraves de ordem jurídica. A boa notícia aos clubes é que, como há um interesse das emissoras em mantê-los com boa saúde financeira e, conseqüentemente, com plantel em nível atraente aos seus telespectadores, dificilmente haverá pressões para a extinção do pagamento dos direitos de transmissão.
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Samba na bola
“Queremos uma troca. Ela vai ganhar com a exposição na mídia. Nós vamos ganhar por ela ser uma pessoa conhecida”. A frase foi dita por Wilson Vieira Alves, o Moisés, presidente da escola de samba Vila Isabel, ao Jornal “O Estado de S. Paulo” do último sábado. “Ela” é a atual Miss Brasil, Natália Guimarães.
Nos últimos anos, o Carnaval brasileiro (e especialmente o do Rio) tornou-se o principal produto de atração de turistas do Brasil. Não existe um evento que reúna tanta gente e que seja transmitido para tantos países como o Carnaval do Rio. Além disso, uma série de produtos licenciados com a marca da festa é vendida para os turistas que vão à cidade conhecer de perto esse espetáculo único.
DVD com os melhores momentos dos desfiles, CD com as músicas das escolas, réplica da Marquês de Sapucaí, pandeiro em miniatura… Tudo isso e mais um pouco está à venda para o turista que acabou de se apaixonar pelo samba.
Voltemos a Natália e Vila Isabel. Os personagens poderiam ser outros, mas o resumo da história é o mesmo. A junção de duas marcas conhecidas, famosas e respeitadas, gerando uma relação de ganho para os dois lados.
O marketing que invadiu e profissionalizou o samba no Rio ainda está longe de atingir em cheio outro produto de exportação do Brasil, o futebol. Em vez de trazer o estrangeiro para que ele conheça o país e se encante com algo que só existe por aqui, exportamos o talento, não nos preocupamos em formar novos artistas e, ainda, sequer mostramos ao mundo o que temos de bom por aqui.
Não existe um presidente de clube que tenha a consciência de que ter um grande jogador em seu clube representa não uma condição de patrão-empregado ou um ônus para a conquista de vitórias. É uma troca, uma parceria, uma relação que faça o clube e o atleta crescerem.
Ronaldinho Gaúcho é assim no Barcelona. Kaká é assim no Milan. Beckham foi assim no Manchester, no Real Madrid e é agora no LA Galaxy. Assim como no Carnaval brasileiro os artistas e as escolas se somam para se promoverem e promoverem uns aos outros, o futebol no restante do mundo faz o mesmo na relação entre clubes e jogadores.
Por que o futebol não aprende com o samba?
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1ª parte
Dentre as diversas discussões que envolvem o futebol, e especialmente as “plataformas de jogo” (vulgarmente chamadas de “sistemas de jogo” ou “esquemas táticos”), recorro hoje a uma que certamente não é objeto de muita reflexão.
Por muito tempo ainda há de se discutir a utilidade de uma ou de outra plataforma de jogo.
Por muito tempo ainda, treinadores serão criticados por utilizar essa ou aquela forma de se jogar (que digam Sebastião Lazaroni, Carlos Alberto Parreira e até mesmo o nosso aclamado Felipão). O 4-4-2 que não serve e depois passa a servir, o 3-5-2 que é uma “invenção de moda” e depois passa a ser a solução para todos os problemas. Nada disso é incomum.
Então, creio hoje ser importante destacar outra possibilidade nessa discussão. Antes mesmo de confrontarmos e apontarmos que essa ou aquela plataforma é mais ou é menos eficiente, que tal forma de jogar é melhor do que qualquer outra, eu questiono: qual parece ser mais “fácil” para ser aplicada e trabalhada com os jogadores (por apresentar estruturas de menor complexidade)? Em outras palavras; qual plataforma de jogo parece mais simples e prática para se assimilar (dentro das dinâmicas da lógica do jogo)?
No relatório técnico disponibilizado pela FIFA sobre a Copa do Mundo de 2006, os observadores da entidade apontaram que das 32 seleções que participaram da competição, 19 jogaram no 4-4-2 (14 no 4-4-2 em linha e cinco no 4-4-2 em losango), sete jogaram no 4-5-1, uma no 4-3-3 e cinco no 3-5-2. Das quatro equipes que chegaram às semifinais da competição, três optaram pelo 4-5-1 (Portugal, Itália e França) e uma pelo 4-4-2 (Alemanha).
Ainda que esses dados dêem margem para discussões sobre a eficiência aparente do 4-5-1 (será mesmo ele tão bom assim?) com dois dos seus sete representantes chegando à decisão da Copa, e ainda que pudéssemos fazer uma reflexão longitudinal dos porquês da evidência do 4-5-1 de uma Copa para a outra (já que na Copa anterior (2002) o mesmo relatório da FIFA apontou que das 32 equipes participantes, 24 optaram pelo 4-4-2 e oito pelo 3-5-2); precisamos entender qual deles é mais prático, fácil e de rápida assimilação.
É bom lembrarmos que na vida de treinadores de futebol quase nunca há o tempo devido para a preparação de uma equipe (que acaba entrando em competições sem o nível ótimo de desempenho). É claro que esse não é o único fator que deve determinar a escolha por parte do treinador, mas se for possível diagnosticar qual a plataforma de jogo pode dar melhores opções mais rapidamente ao trabalho, pode-se, de certa forma, sair na frente.
Nas categorias de base, essa questão poderia balizar alguns pontos da formação do jogador. Se partirmos do pressuposto de que existe um vasto conteúdo a ser ensinado aos jogadores nas equipes de formação (plataformas de jogo, conceitos posicionais, tipos de marcação, tipos de ataque, sistema defensivo, sistema ofensivo, habilidades básicas, etc) para que se tornem atletas profissionais mais versáteis e inteligentes, é necessário que se construa uma lógica apropriada para desenvolvimento desses conteúdos (se existir uma plataforma de mais fácil assimilação, por que não começar por ela?).
O melhor desempenho de jogo está atrelado a diversos fatores.
Sob o ponto de vista técnico-tático podemos destacar algo que chamaremos de “Competências Gerais”.
As Competências Gerais são construtos que devem, independentemente da plataforma empregada, compreender conhecimentos e saberes necessários, básicos e imprescindíveis para o melhor desempenho de jogadores no jogo.
São elas (as Competências Gerais) ((adaptado de Garganta (1995) – para saber mais sobre o assunto: texto “Para uma teoria dos jogos desportivos colectivos”, de Júlio Garganta, que pode ser encontrado em “O ensino dos jogos desportivos” A. GRAÇA e J. OLIVEIRA, 2ª ed. Porto: Universidade do Porto, 1995):
1 – Estruturação do espaço de jogo (ofensivo e defensivo);
2 – Comunicação na ação (“metacomunicação” coletiva na ação ofensiva e na ação defensiva atrelada a melhor leitura tática do jogo);
3 – Relação com a bola (compreensão de melhor aplicação da habilidade técnica como solução de situações-problema).
Partindo da compreensão de cada uma dessas competências, qual seria a plataforma que permitiria o desenvolvimento mais simples para a estruturação e ocupação do espaço de jogo? Qual seria aquela que poderia facilitar a “metacomunicação” coletiva nas ações de jogo? Ou por fim, qual delas facilitaria a melhor relação com a bola por parte do atleta (em quantidade e qualidade) de acordo com as competências técnicas individuais?
Certamente, se nos nortearmos por cada uma das competências em separado, é possível que tenhamos respostas diferentes (para cada competência, uma plataforma de jogo como resposta).
As questões não são simples e também não são triviais. As variáveis consideradas para se chegar às respostas requeridas devem ser aprofundadas.
Se considerássemos isoladamente, por exemplo, apenas a competência “estruturação do espaço de jogo”, talvez chegássemos rapidamente (ou mais facilmente) a uma conclusão convergente.
Porém, como as competências estão interligadas e se manifestam o tempo todo e ao mesmo tempo no jogo de futebol, temos que analisar o tema de acordo com a complexidade que lhe é característica.
Continua na próxima semana…
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Caros colegas da Cidade do Futebol
Caros colegas da Universdade do Futebol,
Antes de mais nada, gostaria de dizer que é um prazer e uma honra muito grande participar desse brilhante projeto e também dirigir a palavra a tão qualificado público. Minha pretensão aqui se resumirá a trazer à baila assuntos de interesse geral na indústria do futebol, relacionados ao direito, estimular o debate, e gerar o aprendizado de todos nós, inclusive o meu.
Também não poderia deixar de dizer que a tarefa que estou agora assumindo é das mais ingratas: substituir uma autoridade nesta área do direito desportivo como o Dr. Luiz Felipe Santoro. Apesar de bastante jovem, esse brilhante advogado e amigo de longa data já se destaca no cenário nacional e internacional como um dos maiores advogados brasileiros no meio. Não preciso me alongar nesse tema, uma vez que vocês, leitores, a essa altura do campeonato, já devem conhecê-lo tão bem quanto eu.
Desta forma, agradeço publicamente ao Dr. Santoro por todos os seus artigos e contribuições realizadas através da Cidade do Futebol, bem como por tantas outras obras que ele ainda há de publicar.
Isto posto, gostaria de utilizar esse espaço, nesta primeira oportunidade, para situar os leitores sobre a minha visão geral a respeito das atuais tendências do direito desportivo. Esse texto servirá como uma introdução e base de sustentação ideológica para minhas próximas contribuições semanais.
O esporte em nossa sociedade adquiriu grande importância na esfera econômica e comercial nas últimas décadas devido principalmente a dois fatores: (i) o ser humano, mais bem informado acerca dos conceitos de saúde, vem praticando mais esporte em seu dia-a-dia; e (ii) a população em geral tornou-se mais interessada em acompanhar eventos esportivos de alto rendimento.
Esses fatores levaram à comercialização do esporte, com a corrida de empresas, investidores e companhias no ramo de comunicação (principalmente emissoras de TV) para aumentarem seus faturamentos com o vínculo de suas marcas ao esporte e, em especial, ao futebol.
Antes dessa comercialização, as atividades desportivas, via de regra, ocorriam sem grande relevância econômica e, conseqüentemente, sem que as sanções previstas no âmbito da justiça comum fossem aplicadas.
Em 1995, porém, um evento importantíssimo ocorreu e se transformou em marco histórico na evolução do direito desportivo. Como todos nós sabemos, a sentença proferida pelas Cortes Superiores Européias com relação ao atleta belga Jean Marc Bosman, com efeito erga omnes, em linhas gerais fez com que os atletas profissionais de futebol europeus se tornassem livres de seus clubes findo os respectivos contratos de trabalho.
Muitos entenderam que a principal mudança trazida por tal decisão foi a equiparação dos jogadores de futebol a empregados comuns. Entendo que essa foi uma conseqüência direta. Mas, na realidade, a sua maior conseqüência foi o reconhecimento por parte da Fifa e das entidades esportivas em geral de que a justiça comum pode e deve ser aplicada em determinados fatos ocorridos no âmbito desportivo.
Foi nessa decisão que a área do direito desportivo ganhou corpo, como uma nova área acadêmica e de atuação profissional no mundo jurídico.
De fato, vemos hoje que diversas discussões na seara do direito desportivo ganham contornos extremamente relevantes. Como solucionar uma questão envolvendo uma lesão de um atleta profissional causada por um oponente? Um carrinho no futebol poderia gerar uma responsabilidade civil ou criminal? Diante de diversos contratos milionários firmados com atletas de ponta, uma indenização nessas condições poderia ganhar proporções assustadoras.
Esse é apenas um dos milhares de exemplos em que a justiça comum, em todo o mundo, está sendo chamada para dirimir conflitos dentro da atividade desportiva.
A questão que hoje se apresenta é que, muitas vezes, a justiça comum ainda não está totalmente preparada para discutir com propriedade casos na área desportiva. As relações entre as partes na indústria do esporte são nos dias de hoje extremamente complexas, e precisam ser estudadas a fundo pelos juízes da justiça comum.
Assim, cabe a nós, operadores do direito desportivo, trabalharmos para transferir esse conhecimento técnico às autoridades do Poder Judiciário, de modo que as suas decisões sejam, a cada novo caso, aprimoradas.
Só então, com harmonia entre as justiças desportiva e comum, alcançaremos segurança jurídica nas relações desportivas e teremos presentes os conceitos de justiça e equidade no esporte.
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O pedido de criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre o Corinthians foi arquivado. O motivo foi a retirada de assinaturas de parlamentares do requerimento da CPMI: só restaram 168 assinaturas de deputados (seriam necessárias 171) e 39 de senadores (bastariam 27).
O objetivo da CPMI, proposta pelo senador Alvaro Dias (PSDB-PR) e pelo deputado Silvio Torres (PSDB-SP), seria investigar suspeitas de sonegação fiscal, evasão de divisas e lavagem de dinheiro nos contratos entre a empresa MediaSports Investment (MSI) e o clube de futebol Corinthians.
De acordo com o requerimento, o principal foco da CPMI estaria em contratos envolvendo dirigentes, jogadores e empresários do setor, em relação a denúncias que vão de 2000 a 2007. A MSI contratava jogadores para atuarem no Corinthians com salários comparáveis aos de grande clubes do exterior – o que levou à suspeita de lavagem de dinheiro.
Retirada de assinaturas
O requerimento foi protocolado momentos depois de o Brasil ter sido escolhido como sede da Copa do Mundo de 2014, mas logo em seguida parlamentares começaram a retirar assinaturas. Uma das alegações foi a de que a CPI poderia causar retaliações da Federação Internacional das Associações de Futebol (Fifa) ao Brasil, prejudicando a realização da Copa no País.
Em 2001, uma comissão da Câmara, conhecida como CPI da CBF-Nike, investigou os contratos de patrocínio da CBF e o financiamento de campanhas políticas por federações de futebol. Outra, instalada no Senado, investigou o favorecimento de jogadores e empresários na escolha de jogadores para a seleção brasileira.
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A Copa do Mundo não é nossa
Leia com atenção o título desta coluna. Agora, por favor, releia. Lembre-se então das comemorações pelo Brasil pós-cerimônia na Fifa no dia 30 de outubro, recheadas de manifestações populares e cercadas pelo lema positivista “A Copa do Mundo é nossa”. Lembrou? Mais uma vez, então, releia o título da coluna.
A Copa do Mundo de 2014, caro leitor, não é nossa. Desculpa. Infelizmente, porém, a Copa do Mundo não é, nunca foi e nunca será do Brasil. A Copa do Mundo é, sempre foi e sempre será da Fifa. E de mais ninguém.
Não é preciso quebrar muito a cabeça pra se chegar a essa conclusão. Afinal de contas, o nome oficial do evento é ‘Fifa World Cup’. Traduzindo literalmente, Copa do Mundo Fifa. Não Brasil, nem África do Sul, nem Alemanha. Fifa. E só. A Copa de 2010, por exemplo, é oficialmente denominada ‘2010 Fifa World Cup South Africa’, ou Copa do Mundo Fifa África do Sul. Muda o ano, muda o loca, mas a Fifa continua lá.
Não está convencido de que a Copa do Mundo é da Fifa e de mais ninguém? Pois bem. Eis, então, o que diz o primeiro parágrafo do primeiro artigo do regulamento da Copa do Mundo Fifa 2010 África do Sul: “A Copa do Mundo Fifa é um evento Fifa que é regido pelos estatutos da Fifa “. Mais alguma dúvida?
Tamanho é o poder e importância atual da Fifa e da Copa do Mundo que países se digladiam pelo privilégio de hospedar a competição. E como quem tem o poder nas mãos é a Fifa, afinal ela é a dona do evento, ela submete os países a uma série de imposições que precisam ser cumpridas sob o risco de ver a competição mudar para outra localização.
Basicamente, para hospedar a Copa do Mundo Fifa, o país, o seu governo e o seu respectivo comitê organizador precisam arcar com a maioria das tarefas e dos riscos envolvidos, isentando a Fifa de qualquer maior responsabilidade. Diz o Parágrafo 3 do Artigo 2 do mesmo regulamento supramencionado que “O Comitê Organizador deve desvincular a Fifa de todas as responsabilidades e abandonar qualquer ação contra a Fifa ou os membros de sua delegação por qualquer dano causado por qualquer ato ou omissão relacionado à organização e realização da Copa do Mundo Fifa “. Por mais que pareça um certo abuso, não é. Afinal, ninguém obriga país nenhum a ser sede de uma Copa do Mundo. Só o faz quem quer. E se quer que agüente as conseqüências.
Ao hospedar uma Copa do Mundo Fifa, um país deixa de lado um pouco de sua soberania nacional e permite que um órgão estrangeiro regule sobre diversos aspectos nacionais. A Fifa procura um lugar para hospedar e comercializar o evento. O país procura gerar louros com a associação a esse evento. Normalmente, esses louros podem vir em duas vertentes, uma interna e outra externa. Externamente, o país ganha com a exposição internacional pela mídia e um pouco, mas nada que justifique racionalmente o evento, de acréscimo no fluxo de turistas. Internamente, o país pode ganhar principalmente com a promoção do sentimento nacionalista e com o ganho de capital político pelo partido dominante no governo. Os países que se dispõem a hospedar uma Copa do Mundo Fifa, portanto, entendem que esses ganhos justificam o imenso investimento necessário para hospedar o evento.
O sentimento nacionalista mencionado já é visível no Brasil, principalmente pela também mencionada manifestação do lema positivista ‘A Copa do Mundo é Nossa’, que relembra muito o antigo lema ‘O Petróleo é Nosso’. Ao contrário do petróleo, porém, a Copa possui um controle internacional já estabelecido. Ou seja, ao contrário do petróleo, a Copa do Mundo Fifa tem dono. A Fifa, no caso.
Eu estou tentando deixar isso bem claro porque acho que a maioria das pessoas ainda não se deu conta disso. Fiquei particularmente preocupado quando estava assistindo a algum programa de televisão, acho que era o Fantástico, e vi uma família toda feliz e faceira porque diziam já estar com os ingressos para a Copa do Mundo FIFA 2014 garantidos. A família mostrava, com um sorriso no rosto, as carteirinhas da cadeira cativa do Maracanã. Alguém precisa dizer pra essa família que é bem possível que essas carteirinhas não terão valia durante a Copa do Mundo Fifa. Afinal, a carteirinha é do Maracanã, e não da Fifa. E durante a Copa do Mundo Fifa, se você tem algo que não é da Fifa, principalmente ingressos, você não tem nada.
Ingressos, aliás, serão provavelmente os maiores alvos de polêmica quando 2014 chegar. Como todo o país tem assumido a idéia de que a Copa do Mundo é nossa, todos acreditam que terão o direito de ir ao estádio e assistir uma partida da Copa do Mundo Fifa ao vivo. É bastante provável, porém, que essa crença não se realize.
Um dos maiores problemas da Copa do Mundo Fifa 2006 Alemanha foi a falta de ingressos para os próprios alemães. Aliás, a falta de ingressos para todo mundo. Muita gente queria entrar nos estádios, pouquíssimos ingressos foram de fato disponibilizados. De acordo com um levantamento feito pelo jornal britânico ‘The Observer’, 16% dos ingressos foram direcionados ao uso exclusivo dos patrocinadores, 19% foram distribuídos entre as federações nacionais representadas na Copa do Mundo Fifa, 9% à federação nacional de futebol local, 6% às federações de futebol não representadas no evento e 2% para os transmissores da competição, o que significa que aproximadamente 52% dos ingressos não foram disponibilizados para a venda aos torcedores comuns. O pouco que sobrou para os torcedores comuns, 48%, foi dividido em duas parcelas. A primeira parcela, de 12%, era composta pelos ‘hospitality tickets’, que custavam a bagatela de R$ 6.500,00 cada, o que dificilmente pode ser considerado acessível ao torcedor comum. Disso tudo, apenas 36% dos ingressos, pouco mais de um terço, ficam disponíveis para a compra direta dos cidadãos comuns. Na Alemanha, 36% significaram pouco mais de um milhão de ingressos. Levando-se em conta que a venda desses ingressos é realizada pela internet, o que torna a competição pelos lugares nos estádios acessível a qualquer pessoa no planeta, não é um absurdo sugerir que muitos poucos brasileiros terão de fato acesso à Copa do Mundo Fifa.
A Copa do Mundo Fifa 2014 será no Brasil, e não do Brasil. 190 milhões de pessoas ficarão bastante decepcionadas.
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A Comissão de Turismo e Desporto se reúne nesta tarde e pode votar projeto de lei que proíbe a venda e o consumo de bebida alcoólica em estádios ou ginásios esportivos em dias de jogos. Segundo a proposta (PL 103/07), do deputado Jorge Tadeu Mudalen (DEM-SP), a proibição valerá em um raio de 500 metros de distância das entradas dos estádios e ginásios.
Pelo projeto, quem for apanhado com bebida alcoólica receberá multa de R$ 1,5 mil, valor que será dobrado em caso de reincidência. Já o fornecedor, além de receber multa, terá apreendidos os produtos comercializados.
O relator, deputado Deley (PSC-RJ), lembra que o consumo excessivo de bebidas alcoólicas está entre as causas de brigas e agressões nos estádios. Ele sugere a aprovação do projeto na forma de substitutivo, que reduz o valor da multa para um salário mínimo, dobrada em caso de reincidência.
O substitutivo proíbe a venda de bebidas apenas no local de realização do evento, incluídos os espaços de circulação e permanência do público, sem a exigência de 500 metros prevista no projeto original.
Pelo substitutivo, a fiscalização da medida caberá aos agentes públicos responsáveis pela segurança dos torcedores. No texto original, essa atribuição era compartilhada com os administradores dos estádios.
Visto para eventos
Outro item da pauta é o Projeto de Lei 1499/07, do deputado Deley, que prevê a concessão de visto temporário para os estrangeiros que vierem ao Brasil trabalhar em eventos esportivos de nível internacional. Segundo o deputado, essa modalidade de visto faz parte do acordo feito com a Federação Internacional de Futebol (Fifa) para que o Brasil sedie a Copa do Mundo de 2014.
O relator, deputado Carlos Eduardo Cadoca (PSC-PE), recomenda a aprovação do projeto. Ele apresentou substitutivo que faz ajustes de redação, mantendo a medida proposta pelo autor.
Atualmente, o visto temporário é concedido ao estrangeiro que venha ao Brasil em viagem cultural ou missão de estudos; em viagem de negócios; na condição de estudante, artista ou desportista; a correspondentes de imprensa; a ministro de confissão religiosa; e a cientistas, professores ou profissionais a serviço do governo brasileiro.
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Negócios na imprensa
“Mengão no G-4”; “Flamengo encosta”; “Libertadores próxima”. Essas foram as manchetes dos jornais do Rio de Janeiro na quinta-feira que sucedeu a vitória de virada do Flamengo sobre o Corinthians, pelo Campeonato Brasileiro. Em São Paulo, a manchete era um pouco diferente: “Pentacampeão”! A referência, é claro, fazia jus à conquista do quinto título nacional pelo São Paulo obtida no dia anterior.
No Maracanã, na vitória flamenguista, o torcedor carioca só queria saber da conquista do terceiro lugar na tabela de classificação. No Morumbi, o são-paulino festeja a óbvia vitória e a bonita conquista de mais um título.
Nas emissoras de televisão, porém, o dilema foi grande. Flamengo e Corinthians duelavam no Maracanã, enquanto o São Paulo conquistava o título. De um lado, as duas maiores torcidas do país e os times responsáveis pelos maiores índices de audiência. Do outro, o desfecho do campeonato.
Na impossibilidade de conciliar as duas transmissões, a Globo, detentora dos direitos de exibir o campeonato, optou por exibir o Flamengo x Corinthians para todo o Brasil. A conquista da taça ficou em segundo plano, mas não foi esquecida.
O atraso providencial de 10 minutos para ter início o jogo do São Paulo fez com que, terminado o jogo das massas, a festa do título pudesse ser exibida em tempo real para todo o país.
Durante qualquer papo de botequim entre torcedores, a discussão sobre a imparcialidade da imprensa é levantada. Qual jornal defende qual time? Qual emissora protege determinado clube? A resposta, quase sempre, é a mesma, dependendo do lugar em que se está: Corinthians em São Paulo. Flamengo no Rio.
A rodada decisiva do Campeonato Brasileiro evidenciou o “racha” que existe na imprensa. Não de agir com o coração e ser imparcial, mas no dilema que existe entre o interesse comercial da empresa e o valor jornalístico de um acontecimento.
O São Paulo campeão é a principal notícia da rodada. Mas nem mesmo a vitória são-paulina vende tanto quanto um Flamengo embalado ou um Corinthians ameaçado pelo rebaixamento. Sem dúvida que, jornalisticamente, o título é o mais importante. Mas, para as vendas, é melhor falar do Flamengo, ou então mostrar o Corinthians em sua delicada luta para não ser rebaixado.
Cada vez mais o negócio interfere no futebol. Não só no que se refere às atitudes dos profissionais dos clubes e que circundam o esporte. Mas também na imprensa. Com o desenvolvimento do negócio esportivo, o futebol se torna um produto de entretenimento muito mais do que um produto jornalístico.
E, na dúvida entre o que mais vende ou o que é mais notícia, a empresa jornalística vai, paradoxalmente, escolher o que gera mais receita. E, no botequim, a discussão ainda demorará muito mais do que as cinco horas propostas por Paulo Coelho…
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A realização da Copa do Mundo no Brasil em 2014 vai possibilitar ao país não apenas reformar seus estádios, mas aquecer alguns setores econômicos das cidades-sede, principalmente a construção civil. A afirmação é do presidente da Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra), Antônio Rocha, em entrevista à Rádio Nacional.
“A construção civil será extremamente privilegiada, já que será necessário fazer toda a reconstrução dos estádios e equipamentos esportivos. Também os setores de vestuário, alimentação e informática serão contemplados”, defende Rocha.
Ele diz esperar que o governo do Distrito Federal, a população e os empresários se mobilizem para que Brasília seja uma das cidades escolhidas para sediar a competição. “Essa movimentação da economia será muito importante para o Distrito Federal, porque vai permitir além de mais empregos, a adequação da estrutura esportiva para outros eventos”.
Apesar de a Federação Internacional de Futebol (Fifa) ter confirmado o Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014, tanto as cidades onde serão disputados os jogos, quanto as 32 onde ficarão hospedadas as seleções que vêm participar da disputa só serão conhecidas em 2008.
Para sediar as partidas, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) indicou 18 localidades. A intenção agora é convencer a Fifa a escolher, entre elas, 12 e não apenas dez, conforme previsto. A justificativa seria a grande dimensão territorial do país.
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Inovações táticas
Comecemos nosso texto hoje com duas questões:
1) Jogadores de futebol possuem bom entendimento tático?
2) Jogadores de futebol são comprometidos taticamente?
Certamente a visão de treinadores, especialistas, jornalistas e torcedores pode, e muito, divergir sobre o tema. O fato é que ao avaliar mal a resposta para essas perguntas poderemos acelerar o distanciamento entre a evolução do jogo de futebol (com suas inovações e possibilidades) e a competitividade nas partidas e campeonatos.
Façamos então um exercício de reflexão sobre o tema.
Dadas as diferentes respostas possíveis para as perguntas acima, temos as seguintes possibilidades para tais respostas:
Possibilidade 1: Não, jogadores de futebol não têm um bom entendimento tático. Não, jogadores de futebol não têm comprometimento tático.
Possibilidade 2: Não, jogadores de futebol não têm um bom entendimento tático. Sim, jogadores de futebol têm comprometimento tático.
Possibilidade 3: Sim, jogadores de futebol têm um bom entendimento tático. Não, jogadores de futebol não têm comprometimento tático.
Possibilidade 4: Sim, jogadores de futebol têm um bom entendimento tático. Sim, jogadores de futebol têm comprometimento tático.
Em uma empresa séria, respeitada e que desempenha bem seus serviços de acordo com suas metas, não se pode aceitar um rendimento de seus funcionários que não seja satisfatório aos padrões de exigência estabelecidos pela empresa. Se a exigência requer bom desempenho, não se pode admitir nada menos que o “bom”. Se a exigência é o nível de excelência, não se pode admitir nada menos que o “excelente”.
Se substituíssemos nas perguntas do início do texto as palavras “tático” e “taticamente” por “sobre (ou: “com”) os objetivos da empresa“, e trocássemos “jogadores de futebol” por “os funcionários da empresa” teríamos as seguintes questões:
1) Os funcionários da empresa possuem bom entendimento sobre os objetivos da empresa?
2) Os funcionários da empresa são comprometidos com os objetivos da empresa?
Qualquer “não” para alguma dessas perguntas certamente seria motivo de pontual intervenção por parte da empresa.
No futebol (que é encarado como um mundo a parte – não poderia!) um “não” para uma dessas perguntas é muitas vezes encarado como algo comum, normal. É como se as possibilidades 1, 2 e 3 soassem em grande parte das vezes como um muro alto, sólido e intransponível; a verdade das verdades.
Como conceber um jogador que não tenha comprometimento tático com a equipe?
Esse é um problema que em boa parte das equipes européias seria inconcebível (portanto talvez nem seja considerado como possibilidade).
No Brasil
Mas o que me preocupa mais intensamente é quando a resposta para a questão do comprometimento é “sim” e a resposta para a questão do entendimento é “não”. Existe uma “idéia”, um consenso (equivocado!) de que os jogadores não são capazes de entender com excelência questões táticas que envolvem o jogo; que sua compreensão é limitada.
Difícil concordar (difícil engolir) quando pesquisas no mundo todo apontam para o fato de que a “burrice” desbravada atribuída a algumas pessoas em diversos níveis de escolaridade é na verdade deficiência da qualidade dos estímulos aos quais elas (as pessoas) são submetidas.
Então, enquanto o discurso que circula o meio futebolístico avaliza a incapacidade de seus brilhantes atletas (brilhantes!?), a compreensão (e o conhecimento) sobre o ser humano-integral nos mostra que o problema está em outro nível; no nível daqueles que são responsáveis por estimular os jogadores a compreender melhor (e a cada dia mais) o jogo: os treinadores!
Muitas vezes jogadores de futebol são tratados como robôs, programados para realizar determinados tipos de tarefa. O problema é que no jogo de futebol as tarefas são aleatórias, imprevisíveis e infinitas. Então se em vez de estimular o jogador a compreender o jogo (a pensar para tomar decisões), o “programarmos” para automatizar movimentos, não estaremos contribuindo para a evolução do atleta e muito menos para novas e melhores perspectivas táticas para a equipe dentro do jogo.
Ao assumirmos como verdade que jogadores de futebol têm limitações que impedem essa ou aquela tática, dinâmica ou estratégia de jogo, estamos as claras, assumindo que ele (o jogador) é um extraterrestre (e pouco desenvolvido). Não vejo palavra melhor. Se ele não é capaz de aprender, então é de outro mundo.
Muitos são os conhecimentos táticos necessários para um treinador de futebol. Plataformas de jogo, táticas, estratégias, sistema de jogo, tipos de marcação, princípios de ataque, princípios de defesa… Mas anterior a isso tudo está o conhecimento que baliza a real operacionalização para que os jogadores possam entender os princípios que norteiam todo esse conteúdo.
Se não for assim, ele (o treinador) só estará reforçando idéias do senso comum e o que é pior contribuindo para a estagnação tática do jogo de futebol (o que cada vez mais daria munição aos “especialistas” que cantam aos quatro cantos que no futebol “não há nada de novo para se inventar taticamente” – o que diriam José Mourinho, Rafa Benitez, Alex Ferguson ou Van Gal se ouvissem isso?!).
Certamente afirmar que os jogadores não têm bom entendimento tático sobre o jogo só faria sentido se estivesse se referindo a um dado momento de um processo (processo de aprendizagem). Caso contrário é mais fácil acreditar que tal afirmação se trata na verdade de um “escudo” para proteger, ou melhor “ocultar” a incompetência de “terceiros”.
Então termino hoje com um trecho de um texto do professor João Paulo Medina e com algumas indagações:
(…) não é fácil formar homens quando o sistema pede robôs. Não é fácil desenvolver atletas cidadãos, críticos, conscientes educados e criativos quando o sistema pede apenas máquinas obedientes e automaticamente descartáveis (…)
O que a tática do jogo pede, atletas criativos ou automaticamente descartáveis?
O que o futebol pede, robôs ou homens?
O que a vida pede, máquinas ou cidadãos?
Existe vida no futebol, futebol na vida, ou seria tudo uma questão de, digamos, tática?
Para interagir com o autor rodrigo@universidadedofutebol.com.br