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A “pedagogia da fila” em escolas de futebol

Rafael Castellani & João Batista Freire

Cansamo-nos de ler reportagens, artigos e comentários sobre o fim do futebol brasileiro, aquele futebol que conquistou o mundo por cinco vezes e em tantas outras o encantou, e que se parecia com os jogos de bola nas ruas e campinhos brasileiros. As pessoas falam sobre isso como se não houvesse uma razão para o fim do futebol que tanto fascinou o mundo todo. E quando essas pessoas se tornam responsáveis por ensinar futebol às crianças e adolescentes, quer seja nas chamadas Escolas de Futebol, projetos sociais ou nas equipes de base dos clubes profissionais, não sabem ou não querem que seus alunos aprendam a jogar futebol do mesmo modo como aprenderam nossos maiores craques.

Uma rápida caminhada pelas ruas é suficiente para ver que em muitos dos espaços onde, anos atrás, as crianças brincavam de futebol, quais sejam, os campinhos de várzea, as praças e as próprias ruas, atualmente vê-se escolas de esporte, as famosas “escolinhas” de futebol, com seus campos de grama sintética e mensalidades, muitas vezes, exorbitantes. Onde havia crianças se divertindo, driblando umas às outras, fazendo tabelinhas e gols, hoje há crianças em fila, esperando sua vez de driblar cones.   

Já falamos em textos anteriores sobre a “A diferença entre driblar e fintar um cone e uma pessoa”. Nosso objetivo, neste texto, é abordar as frequentes filas nas quais crianças e jovens aguardam sua vez para tocar e brincar com a bola. É impensável para nós, que apreciamos um futebol lúdico, livre e criativo, que professores/treinadores ainda tenham a fila como, praticamente, a base de sua pedagogia.

A fila, recurso pedagógico muito utilizado, inclusive, em escolas de educação formal, nos ciclos iniciais (Infantil e fundamental 1), é predominante em escolas de futebol e projetos sociais. Ao colocar seus alunos (e atletas) em filas, professores e treinadores buscam manter o controle sobre eles, garantindo uma determinada organização. Pretendem manter, a todo custo, a disciplina de seus alunos/atletas. Enquanto isso, crianças que vão às escolas de futebol para “brincar de bola”, aguardam ansiosamente o momento para tê-la aos seus pés, mesmo que por poucos segundos.   Há, certamente, ocasiões em que filas são necessárias. Reconhecemos que não é fácil manter uma disciplina mínima entre os alunos quando se trata de uma quantidade grande deles em uma turma. Porém, se for absolutamente necessário manter filas, que elas sejam formadas de modo a não tirar das crianças e jovens o tempo tão aguardado de contato com a bola. O que temos presenciado, principalmente, em escolas de futebol, é crianças, depois de aguardarem muitos minutos em uma fila, realizarem uma corrida controlando a bola e dando um chute ao gol para, em seguida, retornarem à fila. Isso é altamente frustrante e, sem dúvida, nada tem a ver com aprendizagem do futebol.

Imaginemos duas situações. Na primeira, uma professora tem uma turma de 30 alunos em uma escola de futebol e pretende, em uma determinada aula, ensinar condução de bola para as crianças, que possuem uma média de idade de dez anos, meninos e meninas. Ela decide organizá-los em uma fila única, atrás de uma sequência de oito cones. Ao sinal da professora, o primeiro aluno da fila sai correndo, contorna os cones e, ao final, recebe uma bola da professora, que ele deve chutar em direção a um gol vazio. Como se trata de trinta alunos, esse processo demorará, até que o último realize sua ação, cerca de oito minutos. A aula tem uma hora de duração. Se os alunos fizerem apenas esse exercício, cada um deles realizará a ação aproximadamente sete vezes.

Na segunda situação, a professora organiza os alunos em seis filas com cinco deles em cada uma. Três filas de frente para três gols defendidos por três goleiros e três filas à frente dos gols. As três filas de frente para os gols serão de alunos atacantes; as três à frente dos gols serão de defensores. Ao sinal da professora, os três primeiros atacantes das três filas sairão conduzindo uma bola. Os três primeiros defensores se colocarão à frente dos atacantes e, sem tirar-lhes a bola, atrapalharão a condução dos atacantes. Os atacantes conduzem a bola por cerca de dez metros, ao final dos quais levam a bola para a direita ou para a esquerda e finalizam ao gol. Nessa situação, os alunos cumprirão uma roda completa de exercícios em apenas um minuto, aproximadamente. Em seguida os papéis são trocados e os defensores viram atacantes. Em uma aula de 60 minutos repetiriam os movimentos cerca de 30 vezes. Portanto, não precisariam fazer somente esse exercício, bastaria que gastassem, nele, apenas vinte minutos, por exemplo.

A primeira situação é um exemplo de mau uso da fila. Os alunos nada aprendem de futebol, primeiro, pelo pequeno número de repetições, o que faz com que o contato do praticante com a bola seja muito reduzido. Em segundo lugar, é consenso na literatura do campo da pedagogia do esporte a necessidade de ruptura com práticas pedagógicas como a que serviu de exemplo, tipicamente de natureza analítica/tecnicista, que fragmentam o jogo, a partir do entendimento de que o ensino do futebol se dá a partir da soma das partes que compõem o jogo, ou seus fundamentos. E isso em nada ajuda o atleta a resolver os problemas que o jogo impõe. Por fim, aprenderão aquilo que fazem, isto é, a esperar em uma “interminável” fila e a contornar cones, objetos que, num jogo de bola, não existem. Fintar cones não tem relação alguma com fintar pessoas. Não se trata, portanto, de uma escola para ensinar futebol.

Na segunda situação, a professora continua usando a fila, mas apresenta um exemplo de bom uso dela. As crianças não deixam de brincar de jogar bola, fazem uma brincadeira que adoram fazer, que é driblar. Driblam pessoas e não cones. A condução da bola com um adversário atrapalhando faz sentido para o jogo de bola, e tudo isso é feito para atingir o objetivo de chutar ao gol. O número grande de repetições dessa ação favorece a aprendizagem, neste caso, de meios técnico-táticos (condução de bola, drible/finta, defesa e finalização) que atuam em conjunto, e os ajudam a lidar com situações típicas de um jogo de futebol. Em uma aula, repetir a ação 30 vezes é bem diferente de repeti-la 7 vezes. Além disso, quando não estão conduzindo bolas e atacando, os alunos estão defendendo. Sem contar a atuação dos goleiros. Realizar conduções de bola, defesas, fintas e finalizações na segunda situação faz muito mais sentido que realizar ações apenas para obedecer aos comandos da professora.

As filas podem ser usadas, embora possamos lançar mão de outras alternativas mais lúdicas. Porém, como buscamos discorrer neste texto, é possível recorrer às filas, desde que elas não prejudiquem a aprendizagem e tampouco diminuam o prazer e interesse da criança pelo jogo de bola.

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PONTO CEGO. ENTENDA OS EFEITOS COLATERAIS DAS MUDANÇAS DE TREINADORES NO BRASIL

PARTE 1 – Sinapses do desempenho humano e coletivo

No âmbito dos esportes coletivos, os treinadores atuam como líderes técnicos enquanto colaboram com especialistas das áreas de saúde e desempenho humano em uma estrutura multidisciplinar focada no desenvolvimento esportivo das suas equipes. Nesse sentido, os treinadores de futebol profissional buscam avaliar regularmente o fluxo de informações relacionadas aos comportamentos e posicionamentos dos seus jogadores, a fim de tornar possível o desenho de sessões de treinos que apoiem os seus estilos de jogo preferenciais durante um processo gradual de aprimoramento coletivo. Sobretudo a respeito da prática, um processo efetivo de treinamento no futebol desafia os treinadores a encontrarem intervenções apropriadas ao desenvolvimento de sinergias coletivas, as quais se sustentam por dinâmicas não-lineares e sistemas adaptáveis. Fora de campo, os mesmos treinadores também procuram usufruir do conhecimento e do fluxo interno de processos que integram a estrutura esportiva de seus respectivos clubes, beneficiando-se, por exemplo, pela intersecção de estratégias de controle de cargas e prevenção de lesões. Ao monitorar o equilíbrio entre desgaste e recuperação, os treinadores conduzem o retorno de jogadores lesionados mediante à reaproximação de suas condições ideais. Caso contrário, tanto os indivíduos quanto a equipe podem apresentar menor desempenho físico e técnico numa competição de alto rendimento.

Em consonância com esse raciocínio, existe uma interação contínua entre o treinador e os bastidores da estrutura esportiva em um clube de futebol, uma vez que o seu trabalho compartilhado impacta as decisões em torno do aprimoramento dos jogadores que compõem a equipe. Para exemplificar, muito embora os analistas de desempenho possam fornecer evidências contextualizadas para apoiar o trabalho dos auxiliares técnicos, tais informações ainda estão suscetíveis à interpretação final do treinador que lidera o processo esportivo. Ademais, os protocolos internos devem ser observados e respeitados de modo a proteger o fluxo de trabalho coletivo entre fisiologistas, fisioterapeutas e preparadores físicos, especialmente em situações que sinalizem indícios de alto risco de lesão em jogadores específicos. Ao reforçar tais procedimentos, melhores níveis de comunicação interna tendem a ser decisivos para aprimorar a disponibilidade de jogadores tanto em sessões de treinos como em competições. Portanto, entendendo como o treinador compartilha os
seus domínios profissionais com a comissão técnica e os especialistas das áreas de saúde e desempenho humano, optar por mudanças de comando técnico significa assumir riscos de perturbação, alteração e interrupção de rotinas de treinamento já estabelecidas e influentes nos bastidores da estrutura esportiva.

Apesar de pertencerem a um processo de treinamento complexo, dinâmico e interativo, onde o rendimento esportivo depende prioritariamente da cooperação existente entre os profissionais das áreas de saúde e desempenho humano, aliado às suas respectivas condições contextuais, os treinadores ainda permanecem submetidos a julgamentos superficiais que se baseiam estritamente no placar e no resultado numérico dos jogos de suas equipes. Considerando as típicas limitações de conhecimento técnico e esportivo por parte do corpo diretivo de um clube profissional no Brasil, tornou-se comum testemunhar a arbitrariedade de dirigentes que despacham frequentes demissões e alterações de comando técnico em todo o território. Sobretudo durante a temporada competitiva, tal decisão tende a ser defendida como uma marca registrada para supostamente solucionar situações momentâneas e renovar a esperança de placares favoráveis. Um selo de (in)eficiência para atender os anseios da opinião pública, cultivando a repetição de descartes sem a necessidade de apresentar análises substanciais sobre as consequências que uma eventual troca de treinadores ocasiona para os seres humanos diretamente envolvidos no processo de desenvolvimento coletivo de uma equipe de futebol profissional. Na realidade, entretanto, a alteração de um comando técnico inevitavelmente desencadeia uma série de efeitos colaterais devido à rede de conexões estabelecida em torno do treinador e a partir dele com relação aos demais colaboradores.

Ao analisar períodos sequenciais às trocas de treinadores, a literatura acadêmica tem identificado diferenças significativas em métricas de condicionamento físico, reportando declínios no Brasil e na Espanha, enquanto na Alemanha e na Polônia constatou-se apenas uma evolução muito limitada. Já na Inglaterra, oscilações frequentes de comando técnico costumam acarretar reações emocionais e comportamentais entre os profissionais ligados às áreas de medicina e ciências do esporte, além de mudanças no estado psicológico dos próprios treinadores envolvidos nas ocasiões. Coletivamente, os depoimentos ingleses apontaram para um caminho que reduz a confiança, o comprometimento e a motivação em seus ambientes de trabalho. Ainda assim, a maior parcela das investigações acadêmicas segue examinando o cenário pós-troca por meio de estatísticas que se concentram em resultados de jogos (via pontos, gols, sequência ou ausência de vitórias) e de tabelas competitivas (via posição momentânea ou final na competição, percentual de aproveitamento, classificação ou queda em torneio eliminatório).

Em suma, os sinais de aprimoramento qualitativo originados pelo trabalho dos treinadores e suas comissões técnicas têm sido desconsiderados, o que potencialmente desvaloriza as especificidades do desempenho esportivo em uma equipe de futebol profissional. Desconsidera-se, por exempo, o conteúdo das sessões de treinos, as movimentações e dinâmicas orientadas dentro e fora do campo de jogo, o desenvolvimento e a recuperação individual, a influência sobre comportamentos setoriais, além da progressão gradual de um estilo de jogo com base nas circunstâncias contextuais de cada clube. Consequentemente, torna-se prioritário enfatizar que, muito embora jogadores e equipes possam ser analisados com métricas que representem possíveis indicadores de sucesso, os reais efeitos provenientes do desempenho esportivo estão relacionados ao que acontece predominantemente em torno da equipe e dos seus adversários.

No contexto profissional, a modalidade exige práticas de treinamento voltadas a aprimorar comportamentos coletivos para otimizar variações técnico-táticas, assim como estratégias de condicionamento e recuperação que possam ser devidamente implementadas e controladas durante a temporada competitiva. Contudo, devido à prevalência de uma mentalidade especulativa que privilegia decisões superficiais no domínio organizacional, as mudanças de comando técnico durante o Brasileirão superam quaisquer parâmetros já calculados nas principais ligas de futebol da Europa, América do Sul e do Norte, ilustrando como os treinadores enfrentam desafios muito particulares no cenário brasileiro.

Nota: Entre 2011 e 2020, os treinadores profissionais permaneceram empregados por um período de 78 dias, em média, durante o Brasileirão, o que representa 37% da duração da competição nacional. Esse período inclui um total de 183 treinadores e 34 clubes.

Partindo para uma abordagem teórica, este estudo indaga a dimensão da instabilidade ocasionada pela sucessão de treinadores numa organização esportiva, utilizando os principais clubes de futebol do Brasil como uma referência para a investigação. Na medida em que os períodos voláteis de permanência na função de treinador difundem instabilidades recorrentes dentro de um clube de futebol, o objetivo desta pesquisa se volta a desmistificar a depreciação em cadeia acumulada entre as transições de treinadores. Para tal, ao entrevistar especialistas que participam diretamente do processo esportivo, o estudo se distancia de estimativas estatísticas e se concentra na realidade do alto rendimento em um esporte coletivo.

Ao todo, 30 profissionais com vasta experiência prática junto a comissões técnicas foram entrevistados no período entre 14/Janeiro a 25/Março de 2021. Todos os participantes trabalharam pelo menos um ano na Série A do Brasileirão durante a última década (2011 a 2020). A fim de atender o propósito central do estudo, uma atenção particular foi dedicada a atrair especialistas que já haviam testemunhado múltiplas trocas de treinadores no território brasileiro. Apesar da maioria dos entrevistados ter desenvolvido suas carreiras profissionais no Brasil, as suas experiências práticas também incluem passagens por ligas do exterior (Inglaterra, Espanha, Japão, China, Arábia Saudita) e participações em grandes competições internacionais (CONMEBOL Libertadores, UEFA Champions League, Jogos Olímpicos, Copa do Mundo da FIFA). Respeitando os princípios éticos da metodologia científica, todos os entrevistados e os seus respectivos depoimentos permanecem confidenciais e anônimos frente ao julgamento público.

Fundamentalmente, quando um clube de futebol toma a decisão de substituir o seu treinador profissional durante a competição, torna-se possível reconhecer como o domínio organizacional visualiza um efeito direto e intencional (por exemplo, vencer jogos). Entretanto, mudanças de comando técnico também desencadeiam efeitos indiretos e não intencionais, que por sua vez se espalham aos domínios coletivo (por exemplo, o ritmo de treinamento) e individual (por exemplo, a confiança de um colaborador). Tal interação entre diferentes domínios representa o conceito dos efeitos colaterais, também reconhecido popularmente como efeito cascata ou efeito dominó. Essencialmente, tão logo as ações se manifestem em um domínio superior, inevitáveis consequências tendem a ser disseminadas aos níveis inferiores da organização.

A fim de capturar os efeitos colaterais absorvidos indiretamente pelos especialistas que atuam ligados às comissões técnicas, bem como o impacto sentido pelos jogadores da equipe conforme os treinadores entram e saem do cargo durante a temporada competitiva, esta investigação revela, esclarece e acentua como as rotinas de trabalho tendem a ser desestabilizadas nos bastidores de uma mudança de comando técnico. Indagados a respeito das possíveis ramificações que uma alteração de liderança técnica gera em torno do desempenho da equipe, os entrevistados foram apresentados às seguintes questões sobre o domínio coletivo: Como as trocas frequentes de treinadores impactam o desenvolvimento da equipe na prática? O que acontece com os jogadores entre as transições de treinadores? Como a volatilidade do treinador realmente afeta o desempenho esportivo da equipe? Em seguida, partindo ao domínio individual, os entrevistados foram estimulados a compartilhar as percepções acerca das suas próprias experiências mediante o convívio com substituições de liderança técnica. As questões levantadas foram: Quais são os efeitos colaterais que uma troca de treinador ocasiona para o seu trabalho como profissional no clube? O que acontece com os especialistas ligados à comissão técnica entre as transições de treinadores? Como um novo treinador geralmente afeta a sua função?

Contemplando o contexto brasileiro, este estudo qualitativo responde exatamente às duas perguntas abaixo:

Interrogando os efeitos colaterais sobre o desempenho da equipe:

  • No domínio coletivo, como as mudanças de treinadores afetam o desenvolvimento dos jogadores?

Interrogando os efeitos colaterais sobre o desempenho individual:

  • No domínio individual, como as mudanças de treinadores afetam os profissionais ligados à comissão técnica?

A PARTE 2 revelará o cenário que acompanha as transições de treinadores nos domínios coletivo e individual, apresentando os principais efeitos colaterais que recaem sobre o desempenho da equipe e dos profissionais ligados às comissões técnicas.

Por fim, a PARTE 3 concluirá o estudo, refletindo acerca da importância em privilegiar o desenvolvimento progressivo e consistente na cadeia de valor que sustenta uma equipe competitiva no futebol profissional.

Para acessar o PDF do estudo completo, clique aqui.

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Construção de saberes dentro e fora da quadra

Crédito imagem – Jogos estudantis do Rio de Janeiro/Divulgação

Eu cresci jogando futebol na rua. Quando queríamos variar um pouco, eu e meus vizinhos jogávamos queimada ou vôlei. Mas o futebol era o preferido, e por isso havia regras rígidas: quem chutar a bola, tem que ir buscar; se passar alguém na rua, todo mundo tem que parar; e se vier carro, tem que parar também; lembrando que não pode chutar a bola no portão da casa de fulano, e se a bola cair na casa de ciclano, decidimos no jokempô quem vai buscar. Decerto, não há quem não sinta saudade desse período e quem não tenha aprendido algo com essa fase. 

Concomitantemente aos jogos e brincadeiras de rua, eu disputava as Olimpíadas Estudantis, que era mais um caminho de aprendizado. Por cinco anos de minha jornada escolar, o meu ano letivo iniciava com um chamado dos Professores de Educação Física para participar das turmas de treinamento de Futsal e a partir das respostas positivas eles estampavam os nossos nomes num pedaço enorme de papel kraft no pátio da escola. Dali em diante era só alegria e atenção ao que estava por vir, que era: representar a escola numa competição externa, vestir o uniforme completo que indicava qual escola nós pertencíamos, sair de lá com um ônibus fretado até o local do jogo, aprender a controlar o frio na barriga e não deixar ele atrapalhar em nada, entrar na quadra junto com as colegas e treinadores, ouvir apito daqui e dali, gritos disfarçados de instruções vindos de todos os lados, aplicar as jogadas ensaiadas em quadra, dar o melhor de si naqueles três tempos de oito minutos, voltar para a escola e, nos dias (ou anos) seguintes, recomeçar o ciclo (com um frio na barriga menor, talvez). Tudo isso fazia parte da atmosfera que envolvia os jogos escolares, de que até hoje lembro com um carinho imenso.

Por tudo isso que o esporte me despertava e por mais algumas coisas, escolhi a Educação Física e virei Professora. Certa vez ouvi alguém dizer que no exercício da docência eu deveria ter paciência para “esperar o presente virar passado…”. Outros, numa linguagem menos filosófica, me aconselhavam o seguinte: “não adianta esperar resultados agora, pois só iremos colher no amanhã. E provavelmente, nós nem teremos consciência do que será colhido. ”

Entendendo o poder que o esporte tinha tido na minha formação, eu busco levar isso aos meus alunos. Vejo o esporte como um meio fundamental para a difusão de valores. Valores não somente esportivos, mas humanos. Olha aí a força do esporte na escola e porque ele tem que ser mais valorizado nesse contexto. Nesse sentido, ainda hoje meus olhos brilham quando eu entro numa quadra e lembro daqueles momentos de treinos e de jogos; quando eu ouço sons de apito e um falatório de crianças e adultos no meio de qualquer jogo. Sabe aquele frio na barriga? Eu ainda sinto antes, durante e após os jogos dos meus alunos. E isso para mim não é um mero acaso. O esporte me desperta algo que não se explica, não se compreende, apenas se sente. 

Toda essa mistura de sentimentos me fez observar o mesmo brilho nos olhos em cada criança com a qual pude ter contato, a mesma importância para um simples chamado para participar das turmas de treinamento, a mesma felicidade em vestir a camisa e representar a escola… notei que, independentemente de vitória ou derrota, eles iam ali para usufruir de toda aquela atmosfera indescritível da melhor maneira que, sem saber direito, marcaria para sempre a trajetória de cada um. 

A prática esportiva, independentemente do contexto, despertou em mim as melhores sensações e influenciou diretamente em minha formação; não de atleta, mas de cidadã. Preciso dizer que fui inspirada pelo esporte e por professores que transformaram minha trajetória. Por isso, aos professores que me inspiraram, a minha gratidão eterna; aos professores leitores, talvez os resultados virão a longo prazo, e pelos caminhos naturais da vida possivelmente não tenhamos mais contato com nossos alunos e nem ciência dos frutos colhidos, mas saibam que, ao tratar o nosso objeto de ensino com paixão, os resultados obtidos se mostrarão não só no campo esportivo, mas na forma de alunos conscientes de suas próprias ações, atestando, assim, a quadra como ambiente de preparação para a vida.

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Harder x Marozsán no duelo que pode definir a Champions

Neste domingo teremos mais uma final de Champions League na qual Lyon e Wolfsburg decidirão quem fica com o título. A partida será disputada as 15h do horário de Brasilia, no estádio Anoeta – onde a Real Sociedad manda seus jogos – no País Basco, região da Espanha. A Women’s Champions League é uma competição disputada desde 2001, e mais uma vez o francês Lyon decide o título com o alemão Wolfsburg, nas últimas 5 edições da competição será a 3º vez que os clubes se enfrentam na final. Nas outras duas oportunidades, em – 15/16 e 17/18 – as francesas se sagraram campeãs. A final desta temporada promete rivalidade e clima de revanche!

Um aspecto extremamente importante a fundamental a se destacar é que esta reedição de confronto na final é fruto de um seríssimo trabalho realizado por ambos os clubes. Tanto Lyon quanto o Wolfsburg disponibilizam a suas atletas e staff uma estrutura do mesmo nível que oferecem a suas equipes masculinas, ambos os projetos são geridos de forma paralela e com o mesmo profissionalismo e importância para os clubes. O Wolfsburg conta com o suporte da Federação Alemã que organiza o campeonato nacional de forma ininterrupta desde 1990, além de possuir outras diversas competições de base, dos 11 aos 17 anos. Já o Lyon investiu pesado na estrutura para a modalidade, possuindo inclusive sua própria academia de formação de jogadoras. Cases de sucesso a serem estudados e utilizados como referência.

Para esta final, trouxemos em destaque duas jogadoras, quem tem papel fundamental da criação de jogadas que resultam em gols para suas equipes, são elas Pernille Harder, meia dinamarquesa do Wolfsburg, e Dzsenifer Marozsán, meia húngara – que tem cidadania alemã – do Lyon.

Pernille é a vice-artilheira da competição com 9 gols e a 3º jogadora que mais finalizou a gol. Muito dinâmica, a jogadora busca a todo momento estar se desmarcando e criando linhas de passe, conduz a bola de maneira rápida e muito próxima do pé, facilitando seus dribles e conseguindo assim condições de finalizar ao gol. Pernille já foi premiada com o título de melhor jogadora da Europa em 2018, ela também aproveita a influência que conquistou através do esporte para dar apoio no combate ao preconceito contra pessoas da comunidade LGBTQI+.

Marozsán é uma multicampeã, tendo conquistado 4 Champions League, 1 Eurocopa, 1 ouro olímpico e 1 Mundial Sub-20, foi eleita por 3 anos consecutivos a melhor jogadora da Liga francesa e já esteve entre as finalistas do premio de melhor do mundo da FIFA. Nesta edição da Champions é a jogadora com maior número de assistências para gol. Uma jogadora com uma grande capacidade de leitura de jogo, sempre bem posicionada e atenta ao posicionamento das companheiras, que aliada a sua alta capacidade técnica lhe dá a condição de encontrar passes chaves na articulação de jogadas ofensivas.

Confira a seguir a área de atuação no campo e as análises quantitativa e qualitativa das duas jogdoras.

Infelizmente não teremos nenhuma representante brasileira jogando esta final. Porém, seria uma grande injustiça se não ressaltássemos aqui uma das principais jogadoras da história do futebol brasileiro e que há quatro temporadas defende as cores do PSG, semifinalista da competição. Miraildes Maciel Mota, a “Formiga”. Aos 42 anos de idade e há mais de 20 anos nossa meiocampista exibe seu dinamismo e classe nos gramados, infelizmente desta vez não conseguiu chegar a mais uma final em sua carreira, o que em nada diminui sua vitoriosa trajetória na modalidade, um grande exemplo de perseverança, profissionalismo e amor pelo esporte.

Um grande jogo nos aguarda neste domingo, e que a organização e investimento evidenciados
nesta final, sejam modelos a inspirar e seguir para o futebol feminino em nosso país.

Desfrutem do JOGO!

Sobre os autores

Danilo Benjamim é bacharel em treinamento esportivo, possui a Licença B pela CBF/FIFA e cursa atualmente as licenças A/B da ATFA. Tem passagens pelo Paulínia FC, Coritiba, Athletico Paranaense, Ferroviária e, recentemente, Guarani FC.

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Aurélio Estanislau é graduado em Ciências do Esporte pela Unicamp e analista de desempenho do Sub17 do S.C. Corinthians Paulista.

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Reflexões e possibilidades de utilização da saída em 3

O Futebol está em constante evolução, sempre com novas ideias ou até mesmo outras que retornam do passado para solucionar problemas do presente. Algo que podemos dizer que “está na moda”, principalmente no futebol europeu é jogar com 3 zagueiros(as). Há muitas equipes se utilizando de estruturas táticas onde a base defensiva é com 3 zagueiros(as), alguns exemplos são Atalanta, Wolverhampthon, Internazionale, Borussia Dortmund.

Esse tipo de estrutura é geralmente reconhecida como uma formação que prioriza a solidez defensiva, mas pensando nos exemplos citados e no modelo jogo dessas equipes, reflita. Atuar com 3 zagueiros(as) pode trazer vantagens apenas defensivamente?

Como tais equipes se utilizam dessa formação para potencializar o seu jogo no momento ofensivo?

Atualmente, jogar com 3 zagueiros(as) não é uma opção utilizada apenas para o aumento da consistência defensiva, mas também uma estratégia que pode ser utilizada para criar vantagens e desequilíbrios no adversário já na primeira fase de construção do jogo. Para que essa estrutura seja formada, a equipe não precisa, necessariamente, atuar com três zagueiros(as), uma outra possibilidade é utilizar outros jogadores para formar a saída em 3 no momento da construção das jogadas de ataque. Uma das maneiras mais utilizadas para essa construção é a entrada de um(a) volante entre os(as) zagueiros(as), conhecida como saída “saída lavolpiana”.

Aqui, convidamos você leitor para as seguinte reflexões

Quais as vantagens que essa saída pode nos trazer?

Você utiliza a saída em 3 na sua equipe?

Esse mecanismo é utilizado para se criar vantagem de fato ou apenas porque “está na moda”?

As vantagens que a saída em 3 podem oferecer dependem de uma série de fatores, entre elas as características da própria equipe e a maneira como o adversário(a) faz a pressão. A seguir, apresentamos alguns questionamentos que podem ajudar você a enxergar de maneira mais clara algumas dessas variáveis e em que casos as possibilidades de explorar as vantagens criadas com a saída de 3 podem ser maiores, levando em consideração os diferentes momentos do jogo.

Sobre a sua própria equipe, tente responder às seguintes questões:

Sua estrutura tática já tem 3 jogadores(as) na base para construção? Se não, como você pretende executá-la?

Com o(a) volante/meia entrando no centro ou na lateral? (foto)Imagem: Reprodução/Aurélio Estanislau

Com um(a) lateral base para a saída? (foto)Imagem: Reprodução/Aurélio Estanislau

Com o(a) goleiro(a)? (foto)Imagem: Reprodução/Aurélio Estanislau

Em qual momento o 3º jogador(a) vai entrar? E porque?

Quais serão os critérios para fazer a saída em 3?

Já sobre o adversário:

Com quantos(as) jogadores(as) o(a) adversário(a) faz a primeira pressão? É preciso ter 3 jogadores(as) na base?

3×1 Imagem: Reprodução/Aurélio Estanislau

3×2 (foto)Imagem: Reprodução/Aurélio Estanislau

3×3 (foto)Imagem: Reprodução/Aurélio Estanislau

O que podemos explorar em cada um destes confrontos?

Em que altura e distância estarão os(as) jogadores(as) nessa saída?

Será necessário fazer a saída em 3 em todos os momentos ou apenas em situações específicas do jogo?

Por exemplo: É necessário criarmos um 3×1 na primeira fase de construção ou o 2×1 já é suficiente para a progressão? Ou irei fazer o 3×1 fazendo com que 1 dos 3 progrida e ande com bola, deixando 2×1 como cobertura no balanço defensivo?

Todos os movimentos pensados para o jogo devem ser realizados em busca da criação de vantagens na construção, nesse sentido é importante termos em mente as respostas para as seguintes perguntas: vou criar vantagem para a próxima fase do jogo? Como, quando e por quê?

Sobre o autor

Aurélio Estanislau é graduado em Ciências do Esporte pela Unicamp e analista de desempenho do Sub17 do S.C. Corinthians Paulista.

Acompanhe as redes sociais do Aurélio Estanislau: InstagramTwitter.

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Di Maria ou Lewandowski – Quem leva mais um caneco na Champions?

A tão esperada final da Champions está definida! Bayer e PSG disputam, no domingo, um dos títulos mais cobiçados do futebol europeu e do mundo! A equipe alemã busca sua sexta conquista, enquanto os franceses perseguem seu primeiro título da Liga. Dois renomados e multi-campeões jogadores buscam trazer o título a seus clubes: Ángel Di Maria para o PSG e Robert Lewandowski para o Bayer.Di Maria iniciou a carreira de poderio financeiro modesto, mas tradicional, o Club Atlético Rosário Central, da cidade de Rosário na Argentina. Filho de pai minerador de carvão, ofício que Di Maria também exerceu até os 15 anos, tinha dificuldade para pagar a passagem para ir aos treinos; ainda assim, fez sua estreia na equipe principal com apenas 17 anos. Chegou até o estrelato na Europa, onde atuou ao lado de jogadores como Cristiano Ronaldo e passou por grandes clubes como Manchester e Real Madrid. Di Maria acumulou títulos e, hoje, aos 32 anos, vive sua 5o temporada pelo PSG buscando sua segunda Champions League.

Nesta edição do torneio, o argentino é o 4º jogador a realizar mais passes para o terço final do campo, o líder em número de assistências e em criação de chances reais de gol, dados que, se mantidos e ampliados para esta final, irão aumentar muito as chances de título da equipe francesa.

Lewandowski é polonês e filho de atletas profissionais, o pai foi judoca e a mãe jogadora de vôlei. Além disso, sua esposa é carateca e formada em Educação Física, assim como ele que se graduou na Escola Superior de Educação em Esportes da Universidade de Varsóvia em 2017. Lewandowski tem a marca de ter sido campeão e artilheiro da 3º, 2º e 1º divisão na Polônia, nesta ordem. Estreou aos 18 anos no Znicz Pruszków já sendo artilheiro e campeão da terceira divisão polonesa. Desde então, não parou de fazer gols por onde passou, o que, inclusive, já lhe rendeu a entrada para o livro dos recordes. O artilheiro tem as marcas de: hat trick mais rápido da história; marcar quatro
gols mais rápido na história; marcar cinco gols mais rápido na história; e mais gols anotados por um reserva. Tudo isso ocorreu na épica virada sobre o Wolfsburg em 2015, onde saiu do banco de suplentes e anotou 5 gols em 9 minutos.

Na Champions de 19/20, Lewandowski ainda busca superar a marca de Cristiano Ronaldo, de 17 gols anotados numa mesma edição. O polonês já marcou 15. Na atual temporada da competição, Lewandowski é o líder em número de finalizações (tendo uma média de 4,6 por jogo) e vice-líder em número de assistências, realizou 5 (uma a menos que Di Maria).

Confira abaixo a análise dos dois jogadores.

Ambos os jogadores tem sido fundamentais para a efetividade ofensiva de suas equipes, no domingo eles conseguiram assumir esse protagonismo demonstrado durante toda a competição? Quem conseguirá ser mais decisivo e levar sua equipe ao título?

Desfrutem do JOGO!

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Danilo Benjamim é bacharel em treinamento esportivo, possui a Licença B pela CBF/FIFA e cursa atualmente as licenças A/B da ATFA. Tem passagens pelo Paulínia FC, Coritiba, Athletico Paranaense, Ferroviária e, recentemente, Guarani FC.

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Aurélio Estanislau é graduado em Ciências do Esporte pela Unicamp e analista de desempenho do Sub15 do S.C. Corinthians Paulista.

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Upamecano e Muller – craques silenciosos nas semis da Champions

Reta final da Champions League!

Neste semana, teremos os confrontos das semifinais e, no domingo, conheceremos o grande Campeão! PSG, RB Leipzig, Bayer de Munique e Lyon são as quatro equipes que chegaram a esta fase da competição e seguem disputando o título.

No texto de hoje, traremos dois jogadores “silenciosos”, que aparecem pouco na mídia, mas que tem sido fundamentais para o sucesso de suas equipes. Upamecano, do RB Leipzig e Muller, do Bayern.

Dayot Upamecano é um jovem zagueiro francês, nascido na região da Normandia (norte da França), mas de raízes africanas (sua família é de Guiné-Bissau, no noroeste africano). Ele se destacou bastante na atual temporada e tem tido o nome veiculado a grandes potências do futebol europeu. Um defensor dinâmico e versátil, que não se limita a atuar somente em sua zona originária do campo. Além da grande capacidade da utilização de passes de ruptura (80% de acerto nos passes em direção ao ataque), por vezes também rompe as linhas adversárias por meio de dribles e condução da bola. Outro aspecto a destacar é sua capacidade nos duelos individuais defensivos, o francês tem o melhor percentual (82,86%) de êxito da atual edição da Champions League. Destacamos também que a forte cultura do futebol de rua na França teve importante papel na formação de Dayot, ele é amigo de infância de outro jogador francês, Ousmane Dembele (Barcelona), os dois desenvolveram competências fundamentais do jogo nas ruas e quadras do bairro onde cresceram, a boa relação com a bola, coragem para o jogo e para executar ações não triviais (como um drible ou um passe de ruptura, em situações onde a maioria daria um passe de lado), e a capacidade de oferecer soluções rápidas e criativas aos problemas do jogo, são aspectos amplamente presentes e potencializados na cultura do futebol de rua.

Thomas Müller, o consagrado e multicampeão jogador alemão está no Bayern desde seus 11 anos. Fruto do conhecido e consagrado projeto de renovação do futebol germânico, não coincidentemente esteve presente em dois recentes fatos históricos do futebol mundial: Brasil 1 x 7 Alemanha (2014) e Barcelona 2 x 8 Bayer (2020). Müller é um meio-campista altamente versátil: com a mesma eficácia que ataca também contribui defensivamente. De movimentação constante e diferente do estereótipo normalmente valorizado no Brasil, Müller não é o jogador de alta plasticidade em suas ações, discreto, busca executar o que é necessário e da forma mais eficiente possível. Demonstra, assim, sua alta capacidade de leitura de jogo que potencializa a qualidade das decisões tomadas com e sem a bola. Dono de uma média de 3 finalizações e 3 assistências para finalização por jogo na Champions (uma das melhores entre os meias), e de 69% de êxito nas tentativas de roubadas de bola (uma das maiores entre os jogadores de ataque), Müller tem contribuído de maneira significativa para que o Bayern tenha chegado a mais uma semifinal do campeonato de clubes mais importante da Europa.

Confira nas imagens abaixo a análise dos dois jogadores.

 

Vale lembrar aqui que das 4 equipes que disputam as semifinais, 3 são treinadas por alemães (Hans-Dieter Flick – Bayer; Julian Nagelsmann – RB Leipzig; Thomas Tuchel – PSG). Nunca é demais ressaltar que não se acomodar em conquistas passadas e manter investimento em formação, avaliação e reflexão sobre suas práticas é conduta padrão daqueles que desejam seguir nos mais altos níveis de excelência.

Grandes partidas teremos nesta semana, muitas aspectos a se observar e avaliar. E um fato a constatar: pelo terceiro ano seguido, um treinador alemão disputará a final do principal campeonato de clubes do futebol europeu.

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Gomez x Neymar, quem leva a melhor na quarta de Champions League?

Gomez e Neymar tendem a ser protagonistas (ofensivos) por Atalanta e PSG, respectivamente, no confronto entre as equipes pelas quartas de final da UEFA Champions League, que acontece em instantes.

Gomez de 32 anos e seus 1,67 m de altura, realça o caráter democrático do jogo (não do negócio futebol, assunto para outras discussões…). O camisa 10 é o capitão de uma das equipes sensação da atual temporada européia, a Atalanta. O meia argentino não se intimida pelo menor porte físico, compensando esta limitação com sua aguçada leitura de jogo e grande capacidade de condução e drible em velocidade. Muito dinâmico e ágil, consegue resolver diversos problemas do jogo com poucos toques na bola e buscando posicionamento estratégico nos espaços deixados pelas defesas adversárias. O jogador tem fundamental importância na equipe italiana, recordista em assistências da série A italiana, é, na maior parte das vezes, o responsável por conectar o setores (defesa/meio/ataque) do time e ainda costuma contribuir de maneira importante nos momentos em que a equipe se encontra sem a posse da bola.

Neymar, o grande destaque técnico do atual futebol brasileiro, busca realizar o sonho dos parisienses e conquistar o maior título de clubes do futebol europeu. Há anos grande expectativa se deposita no brasileiro, que por vezes a corresponde, mas também por vezes deixa a desejar, especialmente por problemas extracampo e de comportamento. É inegável sua extrema capacidade na relação com a bola, e de resolver de forma criativa os problemas do jogo, porém se mostra em alguns momentos pouco participativo para se movimentar e gerar espaços aos companheiros ou para receber passes, assim como na fase defensiva do jogo. Há anos se esperam atuações de Neymar que o coloquem próximo ao nível de Messi e Cristiano Ronaldo, possibilitando a conquista do título de melhor jogador do mundo. Nestes playoffs da Champions League ele terá mais uma chance.

Área de atuação no campo

Gomez x Neymar

Dados: WyScout e InStat

Análise quantitativa

Dados: WyScout e InStat

Análise qualitativa

Gomez x Neymar

Análise: Danilo Benjamim e Aurélio Estanislau

Daqui a pouco, Atalanta e PSG se enfrentam em jogo único, e seus camisas 10, muito provavelmente, nos presentearão com muitos dribles, assistências e, quem sabe, gols. Qual dos dois conseguirá responder melhor e ajudar sua equipe a conquistar a classificação?

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Marcar atacando – o conceito do balanço ofensivo

O conteúdo que trazemos para a reflexão de hoje é o conceito do balanço ofensivo, as imagens abaixo são de alguns exemplos de execuções realizadas por seleções na Copa do Mundo de 2018 e que tiveram sucesso para explorar o desequilíbrio no momento de transição de fases do jogo.

Nas imagens acima o momento da posse adversária e posteriormente a retomada, com a bola em poder do atleta destacado, o balanço ofensivo servindo de apoio para a transição. Imagem: reprodução/Aurélio Estanislau

Nas imagens acima o momento da posse adversária e posteriormente a retomada, os atletas responsáveis pelo balanço ofensivo se projetam em direção ao campo ofensivo. Imagem: reprodução/Aurélio Estanislau

Assim como no exemplo anterior, o momento da posse adversária e posteriormente a retomada, os atletas responsáveis pelo balanço ofensivo se projetam em direção à meta e espaços vazios na defesa adversária. Imagem: reprodução/Aurélio Estanislau

Nas imagens acima o momento da posse adversária, o jogador responsável pelo balanço ofensivo bloqueia a circulação de bola da equipe adversária. Na retomada, o mesmo atleta aparece como opção de apoio para o início da transição ofensiva. Imagem: reprodução/Aurélio Estanislau

O balanço ofensivo, assim como outros conteúdos, tem outros nomes utilizados no meio do futebol, o Glossário do Futebol Brasileiro publicado pela CBF Academy define o conceito como “equilíbrio de recuperação”, por exemplo.

Independentemente do nome utilizado, o conceito de atacar-marcando já está bem estabelecido no futebol, mas nesse caso, podemos dizer que se aplica é o ato de marcar-atacando?

Um detalhe importante para que esse conteúdo seja executado é que por mais que os(as) jogadores(as) estejam à frente da linha da bola eles não deixam de estarem participando ativamente do jogo.

Dessa forma, levanto as seguintes questões:

É necessário marcar com todos os jogadores atrás da linha da bola? 

Você utiliza esse conteúdo em sua equipe? Para você, qual a relevância desse conteúdo para a sua equipe ?

Você pensa em atacar ou incomodar o adversário mesmo quando está marcando?

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Aurélio Estanislau é graduado em Ciências do Esporte pela Unicamp e analista de desempenho do Sub15 do S.C. Corinthians Paulista.

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Kroos e De Bruyne, meias que prometem na volta da Champions League

As finais da Champions League chegaram! O Campeonato de clubes mais badalado do mundo chega à sua reta final, que será disputada em partidas únicas na cidade de Lisboa, entre 7 e 23 de agosto. No embalo desse momento histótrico, abriremos um espaço de discussão a respeito das características de alguns dos principais jogadores envolvidos, que podem ou não fazer a diferença a favor de suas equipes.

Iniciando nossas análises trazemos dois jogadores que atuam no mesmo setor do campo e que, ainda que exerçam funções um pouco distintas, possuem similar forma de liderança em suas equipes.

Kevin De Bruyne, meio-campista do Manchester City e da Seleção Belga e um dos algozes do Brasil na última Copa do Mundo. Em sua 5ª temporada pelos Cityzens, o meia continua em sua perseguição pelo título da Champions. Na última temporada da Premier League o Belga chegou ao recorde de 20 assistências na competição, e agora busca utilizar esta capacidade para vencer a equipe merengue. De Bruyne exerce sua liderança de forma “silenciosa”, o talentoso meia é o cérebro da equipe de Guardiola, buscando ocupar os espaços e ditar o ritmo da equipe com seus passes, dribles e finalizações.

Toni Kroos, meio-campista do Real Madrid e campeão da Copa do Mundo com a seleção Alemã, responsável por dois gols e uma assistência no fatídico (e quase que estéril) 7×1. Na sua 6ª temporada pelo time da capital espanhola, Kroos realiza com maestria a conexão defesa-ataque dos madrilenhos, dono de uma das maiores médias de acerto de passes do mundo, o jogador alemão exerce liderança de maneira semelhante à de De Bruyne, porém, é um jogador que conduz menos a bola e de menor mobilidade no campo, dando fluidez à sua equipe por meio dos seus passes.

Confira a seguir as análises quantitativa, qualitativa e a área de atuação no campo desses dois jogadores.

No primeiro jogo o City venceu o Real por 2×1 na Espanha, levando a vantagem para esta partida.

E aí, caro leitor, quem conseguirá melhor liderar e fazer a diferença para sua equipe?

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