Categorias
Sem categoria

O futebol e a música

“Esse é o recado dessa dupla bad boy
Eu saí do Jacarezinho
Eu saí lá de Niterói
Romário e Edmundo pede a paz para a nação
Pare com a violência e não arrume confusão (sic)”
Romário e Edmundo, em “Rap dos Bad Boys”


“Gotta make the grade but I’m failing image 101
teacher says I got no style and something has to be done
there’s radio and video and how to look really bored
and where to go in Timbuktu when you need to score”
Alexi Lalas, em “Pop School”

“Nou dat van die horens dat ken ik ook.kijk mij nu hier
K’heb er altijd wel een bal aan hangen,riep de stier.
Jullie mogen nog niet klagen piepte een veel te grootte mol
Telkens als ik frisse lucht wil schopt er iemand voor m’n hol
Oei oei oei het valt niet mee, het valt niet mee oh nee,
Oei oei oei t is foute boel.. met de dieren rond veld”
Johan Cruyff, em “Oei oei oei”

A relação entre futebol e música vai muito além do fato de Julio Iglesias quase ter se tornado goleiro profissional pelo Real Madrid, não fosse um acidente de carro que o deixou paralisado por um ano e meio e fez com que se inclinasse para o mundo dos palcos e dos ternos brancos.

Futebol e música se inter-relacionam em diversos sentidos.

São bastante comuns, por exemplo, relatos de músicos que dizem que se não fossem o que são, certamente seriam jogadores de futebol. Fernando Pires, vocalista da banda de pagode Só Pra Contrariar, por exemplo, passou pelas categorias de base do Cruzeiro e chegou a jogar profissionalmente pelo Uberlândia Sport, antes de investir na sua sonoridade. Outro pagodeiro que também teve passagem pela categoria de base de um clube representativo foi Vavá, ex-vocalista da banda Karametade, que foi titular do time juvenil do Santos e até recebeu um convite para jogar no XV de Piracicaba.

Como conseqüência da semelhança de origens e – possivelmente – de algumas questões sociais, é natural que boa parte dos jogadores brasileiros possuam muita afinidade com samba/pagode, vide as reportagens feitas a respeito do que acontece nos bastidores dos jogos da seleção brasileira, que sempre possuem um tempo destinado à banda formada pelos jogadores.

Essa relação íntima entre futebol e o ritmo acaba gerando muitas amizades entre aqueles que fazem parte dos dois meios. Não obstante, é comum que jogadores mais famosos façam uso do alcance e penetração da sua imagem nos diversos ambientes midiáticos e apadrinhem ou empresariem bandas de amigos, como é o caso do Ronaldinho Gaúcho, padrinho da banda de pagode gaúcha Samba Tri.

Na música “Goleador” do álbum “Só Alegria“, Ronaldinho mostra “que também é bom de voz, pandeiro e tantã“. Palavras da gravadora da banda.

Oséas, o das trancinhas, também já deu seus pitacos no mundo musical. Foi empresário da banda de pagode/axé Temperatura que, pelo menos até onde eu sei, não emplacou. Muito diferente do grupo de pagode Raça Pura, empresariado por Edílson e apadrinhado por Vampeta, que já posou pelado. O primeiro álbum do grupo, que contava com o hit “O Pinto” – uma coincidência bizarra, acredito -, vendeu 250 mil cópias.

Alguns jogadores foram mais longe. Marcelinho Carioca e Amaral chegaram a criar a própria banda, Divina Inspiração, que se enquadrava num estilo definido como pagode/gospel. Na banda, Amaral cuidava do pandeiro e Marcelinho Carioca tocava repique e cantava.

Porém, não é só no pagode/samba/axé/gospel que o futebol e a música se misturam. Depois de abandonar a carreira de fera-neném, Juninho Bill, ex-bad boy do grupo infantil Trem da Alegria, passou pelas categorias de base do Corinthians e da Portuguesa de São Paulo. Chegou, inclusive, a fazer parte do elenco do Sinop, time do Mato Grosso do Sul que revelou Rogério Ceni, e do Rio Branco de Americana, time que revelou Sandro Hiroshi.

Já que falei de goleiro e do Corinthians, não tem como não falar do ex-goleiro corinthiano Ronaldo, que com sua banda Ronaldo e os Impedidos vendeu 40 mil cópias do álbum homônimo e emplacou o hit “O Nome Dela”, chegando a ter até uma considerável popularidade na MTV. Pouco tempo depois, a banda mudou de nome para Ronnaldo e os Fora Da Lei (sic).

 
Alexi Lalas, ex-zagueiro da seleção americana e atual presidente do LA Galaxy, também era jogador e músico, e chegou a participar da trilha sonora do filme “Pisando na Bola” com a música “Kickin’ Balls“. Lalas investiu pesado na carreira artística e, não muito tempo atrás, lançou o álbum “Ginger“, uma compilação de músicas grudentas de rock leve, composto por guitarra, voz e bateria, e que foi muito bem recebido pela crítica, que disse que o jogador possui um certo talento musical a ser explorado. Lalas admite ter crescido ouvindo Bon Jovi e diz não ter vergonha disso. Um zagueiro com atitude.

Atitude também tem, de sobra, o atual técnico do Sunderland e ex-volante do Manchester United, Roy Keane, que sempre gritou, bateu e xingou muito em campo. Por tal comportamento, conseguiu atrair a si uma respeitável legião de fãs. Alguns desses o homenagearam montando uma banda com seu nome, Keane, que ficou famosa no Brasil por fazer parte da trilha sonora da novela “Como uma Onda“, com o hit “Everybody’s Changing“.

Por sua vez, a banda Pelé – ou Pele -, um grupo de rock alternativo americano, alega que o nome surgiu durante uma manifestação etílica de um dos componentes que – devido ao seu estado – não sabe dizer exatamente de onde veio a sua inspiração. Independentemente disso, ela provavelmente não teria vindo caso Pelé não tivesse jogado nos EUA na década de 70, época em que os gramados americanos atraíram diversas estrelas do futebol mundial.

 
Esse processo pode ter sido reativado agora, com o anúncio da transferência de Beckham do Real Madrid, time do Julio Iglesias, para o LA Galaxy, time do Lalas. Já até se relata que o ex-capitão da Inglaterra enviou sua mulher, a ex-Spice Girl Victoria, para comprar o rancho de Michael Jackson, que por sua vez já chegou a ser condecorado Diretor Honorário do Exeter City, clube da quinta divisão do futebol inglês, então comandado pelo entortador de garfos Uri Geller.
 
Ok, o Uri Geller não tem nada a ver com música.
Mas ele entorta garfos.

Não consegui resistir à deixa.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br

Categorias
Sem categoria

O empresário no futebol

A figura do empresário no futebol existe no Brasil e no mundo há décadas. Dois fenômenos, entretanto, deram novos contornos a esta categoria profissional nos últimos anos.
 
No âmbito nacional surgiu a ainda pouco compreendida Lei Pelé, que extinguiu o passe do jogador e, pegando dirigentes de futebol em grande escala despreparados, permitiu que empresários mais competentes ou mais espertos ocupassem um espaço, onde antes era dominado pelos interesses, legítimos ou escusos, dos dirigentes dos clubes.
 
Já no âmbito mundial deparamos com o processo avassalador da globalização que principalmente após o final da Guerra Fria entre os Estados Unidos e a extinta União Soviética, deu novo impulso ao capitalismo e impôs ao mundo novas regras de comercialização ou mercantilização a partir do início da década de 90 do século 20.
 
E é neste cenário que o nosso futebol vem se desenvolvendo. Sem entrar no mérito das questões políticas que envolvem este cenário, o fato é que o empresário, para o bem ou para o mal, é uma realidade. Uma realidade que os clubes, através de seus dirigentes, ainda não sabem como lidar com eles.
 
No atual momento em que vivemos, as distorções são visíveis. Há empresários que hoje são donos dos clubes. Outros que se não são donos, mas simplesmente tomam emprestados os clubes e o transformam em verdadeiras “barrigas de aluguel”, garantindo, assim, seus interesses em detrimento dos interesses dos clubes e do futebol de uma forma geral, já que pautam seus projetos exclusivamente nas questões financeiras ou nos interesses pessoais.
 
No embate entre clubes e empresários, o que se tem visto é que os clubes, de forma sistemática, têm levado desvantagem.
 
Se formos seguir este modelo globalizado e capitalista é preciso que urgentemente encontremos um formato que equilibre os interesses de empresários, clubes, atletas e principalmente do torcedor, que afinal é o personagem que dá vida ao futebol.
 

Particularmente acredito que se os empresários forem domados ou disciplinados em sua ganância por lucros fáceis, se os dirigentes forem mais honestos e preparados e os jogadores mais profissionais e menos ingênuos, estarão abertas as portas para a obtenção deste equilíbrio, beneficiando todos aqueles que admiram o futebol.

Para interagir com o autor: medina@universidadedofutebol.com.br

Categorias
Sem categoria

O preço da vitória

Entre 2000 e 2003, o Real Madrid lançou o mais audacioso projeto de marketing do futebol mundial. Desde que Florentino Pérez assumiu o controle do clube mais vitorioso do planeta, eleito o melhor do século 20, o Real transformou a história de como gerir de forma empresarial um clube de futebol.
 
No clube que já tinha Raúl, um dos maiores ícones da seleção espanhola, era preciso sempre se preocupar e contentar com os melhores.
 
Primeiro foi Figo, astro do Barcelona e um dos maiores jogadores da história de Portugal. No ano seguinte foi a vez de Zidane, o melhor jogador da seleção francesa. Na seqüência foi a vez de Ronaldo, o maior artilheiro das Copas do Mundo. E, por fim, o inglês David Beckham, o maior craque-propaganda que o planeta bola tem registro.
 
O fato de ter os cinco jogadores mais badalados do mundo na mesma equipe fez do Real Madrid não a maior potência esportiva do planeta, mas sim a maior força econômica do futebol em menos de três anos.
 
Principalmente depois que David Beckham assumiu a camisa 23 do Real que o clube aumentou substancialmente suas vendas, a ponto de ultrapassar o Manchester United como o clube mais rico do mundo.
 
Beckham desembarcou em Madri em 2003. Junto com ele, a esperança de que o clube faturasse ainda mais, tanto em dinheiro quanto em troféus. Desde que Beckham vestiu o manto sagrado madridista que o clube não faturou mais nenhum título. Ao mesmo tempo, porém, o Real consolidou-se como a entidade esportiva mais rica da face da terra.
 
Só que agora esse projeto ruiu. Pérez deixou o clube em 2006, em meio a uma crise pela ausência de títulos, apesar da excelente saúde financeira do clube. Desde então, o Real tenta voltar a ser o poderoso Real nove vezes campeão da Europa. Após a Copa do Mundo, Fabio Capello, o mais badalado treinador da Itália, foi contratado.
 
Em menos de meio ano, Capello acabou com a galáxia do Real. As saídas de Beckham e Ronaldo confirmam o fim da era de investimentos pensando primeiro na exploração comercial do atleta e depois no desempenho do time. E provam que, apesar de o futebol ter de se tornar profissional em todas as áreas, ele ainda é o futebol.
 

Acima do resultado financeiro, o importante é vencer. A qualquer preço.

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

Categorias
Sem categoria

Aí vem o Chávez

Essa semana aconteceu na Venezuela o que todo mundo sabia que hora ou outra acabaria acontecendo. Hugo Chávez se re-reelegeu presidente e resolveu por fim ao regime pseudodemocrático venezuelano pra instaurar de vez a sua pseudoditadura.
 
Para isso, adotou a retórica da nacionalização das riquezas e sugeriu aumentar o seu próprio poder como presidente, o que eventualmente pode acabar significando no fechamento das portas do congresso venezuelano, que poderia até ser entendido como uma redundância, uma vez que este já se encontra devidamente em suas mãos.
 
Dessa forma, a Venezuela regressa a uma prática comum na América Latina de pouco tempo atrás, em que dominavam os governos militares que defendiam arduamente o nacionalismo e todas suas práticas subseqüentes.
 
Obviamente, você não quer saber disso aqui. E, obviamente também, eu não sou lá a melhor pessoa pra argumentar sobre a política venezuelana. Porém, posso soltar um palpite ou dois sobre as conseqüências do Chavizmo para o mundo do futebol. Mais especificamente, para o futebol brasileiro.
 
Assim como Lula deve olhar com desconfiança para o movimento que se consolida no noroeste sul-americano, Ricardo Teixeira precisa levantar pelo menos uma sobrancelha para a Federación Venezolana de Fútbol.
 
Regimes autoritários comumente promovem eventos de massa para buscar a catarse coletiva. Até pouco tempo atrás, evento de massa na Venezuela era jogo de beisebol e concurso de Miss. Não mais.
 
Hugo Chávez é um reconhecido fã de futebol, e vem ao longo do tempo financiando o desenvolvimento do jogo com seus petrobolivares. Não à toa a cada campeonato que passa, a seleção venezuelana vem ganhando mais destaque no cenário continental. Já não é mais o pano de chão da tabela que costumava a ser alguns anos atrás. Pensar na classificação venezuelana para a próxima Copa não é algo tão desmedido assim. Tanto evoluiu que essa semana mesmo conseguiu passar de forma relativamente tranqüila pelo Uruguai no Sul-Americano Sub-20.
 
Mas o maior sinal do despertar da Venezuela para o futebol virá no meio do ano, quando começar a Copa América. Muito beneficiada por ser a quinta maior nação petrolífera do mundo e pelo fato de 80% do PIB estar na mão do Estado, que está pagando a conta, a Copa América de 2007 tem tudo para impressionar. Oito estádios estão sendo ou construídos ou remodelados. Todos eles, ao que parece, estarão devidamente prontos e apresentáveis, ainda que seja possível notar um certo atraso em algumas das obras. E são estádios muito bons, aparentemente.
 
Chávez não vai perder a oportunidade. No discurso de abertura, que pode durar até quatro horas, ele vai eventualmente xingar o Bush, a.k.a. Mr Danger. Vai elogiar o trabalho do Comitê Organizador, que é chefiado por Aristóbolo Istúriz, seu companheiro político e Ministro da Educação, e também vai salientar que a Copa América é a demonstração de que a Venezuela tem condições de fazer as coisas direito e, se bobear, melhor do que os outros.
 
Nisso, vai um recado direto ao Brasil, que realizará o Pan quase que concomitantemente. O Pan do Brasil, supostamente, começa dia 13 de julho. A Copa América na Venezuela acaba dia 15. O sucesso do Pan é a grande cartada do Brasil para garantir a Copa de 2014 em terras tupiniquins. O sucesso da Copa América e o fracasso do Pan é a desculpa perfeita para Chávez dizer que talvez a escolha mais apropriada para sede da Copa seja a Venezuela.
 
Afinal de contas, Copa do Mundo na América do Sul até agora só em regime militar ou semelhante. E nada me tira da cabeça que o Chávez está de olho na oportunidade. Ele já quer dominar a América do Sul mesmo. Seria um bom jeito de mostrar ao mundo todo o poder latente da Venezuela e sua capacidade como nação desenvolvida. A mesmíssima retórica que o Brasil usou para a Copa de 50. E que vai usar para a Copa de 2014.
 
Na metade de 2007, caros leitores, todos atentos olhando pra TV.
Porque, se bobear, aí vem o Chávez.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br

Categorias
Sem categoria

Racismo no futebol brasileiro

Em um estudo acadêmico realizado no Departamento de Psicologia na Universidade Federal da Paraíba observou-se o caráter essencialmente contraditório da discriminação racial no Brasil.
 
Neste estudo constatou-se, entre outras coisas, que praticamente todos os 120 universitários entrevistados na pesquisa afirmaram existir preconceito racial no Brasil. Entretanto, e curiosamente, a grande maioria desses estudantes não se considerava preconceituosa.
 
Mas muitas outras facetas dessas contradições de nossa sociedade hierarquizada, segregacionista e, muitas vezes, antidemocrática podem ser notadas no futebol brasileiro.
 
Sabe-se que desde o final do século XIX, quando o futebol foi introduzido no Brasil, até por volta dos anos 20 do século passado, esta modalidade esportiva era praticada quase que exclusivamente por brancos e ricos.
 
Outro dia deparei com um artigo muito interessante sobre racismo no futebol escrito por Mário Prata, comentando um texto do jornalista Maurício Cardoso.
 
Ele comenta que entre 1923 e 1924 o Vasco da Gama causou alvoroço quando, com uma equipe formada por mulatos, negros e pobres, ganhou o bicampeonato carioca.
 
Conta também que nesta época “os brancos, ricos e finos, ainda tentaram resistir à entrada no negro no futebol criando uma regra especial: quando um branco cometia falta violenta sobre um jogador negro, o árbitro a assinalava e o jogo continuava. Quando o negro, por sua vez, cometia falta violenta sobre um branco, o juiz apitava e, antes da falta ser marcada, o branco tinha direito de responder à violência.” Ou seja, dois pesos duas medidas e a evidência explícita do preconceito.
 
Mas o articulista continua seu relato: “Às vezes até a torcida e a polícia entravam em campo para bater no infrator escuro. Resultado: os negros preferiram evitar as bolas divididas. Em vez de enfrentar os adversários, passaram a fintá-los”.
 
Dizem alguns estudiosos de nossa sociologia que tal gesto de resistência criativa exercida pelo negro consagrou definitivamente o drible no futebol brasileiro.
 

E aí, consubstanciando-se mais uma contradição da nossa cultura, observa-se o racismo produzindo arte, através da ginga, malandragem e perspicácia do negro brasileiro.

Para interagir com o autor: medina@universidadedofutebol.com.br

Categorias
Sem categoria

O importante é faturar

Criada no final dos anos 60, a Copa São Paulo de Juniores tinha como função, no passado, ser um torneio de abertura da temporada do futebol brasileiro. Com os times profissionais em recesso, o espaço era aberto para os juniores, que desfilavam seu talento pelos campos do estado paulista com o intuito de mostrar aos treinadores do profissional que tinham chance de vestir a camisa principal durante a temporada.
 
A mercantilização do futebol fez com que, nos últimos tempos, a Copinha deixasse de ter um sentido tão romântico para se tornar a essência da exploração do pé-de-obra brasileiro. Hoje, o calendário não permite mais a ela o luxo de ser o único campeonato do futebol tupiniquim no mês de janeiro.
 
Para piorar, nos últimos anos, a Federação Paulista de Futebol conseguiu dar mais força ao substantivo “vitrine” que geralmente é usado pela imprensa para falar sobre a Copinha. O inchaço da competição, que passou a ter 88 clubes, geralmente a maioria equipes sem qualquer tradição no futebol. O fim da exclusividade do torneio (ok, a CBF também tem culpa nessa parte), que no ano passado teve, no dia da decisão, o feriado de 25 de janeiro paulistano, rodada cheia do Campeonato Paulista. A pulverização das sedes, dificultando o acesso das emissoras de televisão. Todos esses são motivos para a Copinha perder o interesse do público e só ser atrativo para os profissionais da bola.
 
Hoje a Copa São Paulo de Juniores é um dos maiores eventos com chancela de uma federação do mundo. Mas, ao permitir a entrada de tantas equipes na competição, a Copinha passa a ser um torneio menos atrativo para a televisão, mais cansativo para o torcedor e muito mais mercantilizado.
 
O maior interesse dos clubes na Copinha atualmente não é o título, mas sim observar jogadores para reforçar seus quadros. Da mesma forma, empresários vão atrás de talentos dos clubes dos grotões da bola, firmam com esses atletas acordos para representá-los e, então, passam a lucrar com atividades que muitas vezes são nocivas ao atleta.
 
Logicamente não existe nada de errado nessas atitudes. Para os jogadores, aumentam as chances de conseguir levar a vida como jogador de futebol. Para os clubes, a receita de um ano pode ser garantida numa boa negociação. Mas a Copinha conseguiu perder a essência de qualquer competição esportiva, que é a conquista do título.
 

Prova disso é que, na edição de 2007, o Flamengo abriu mão de participar. A justificativa do Rubro Negro é de que não quer perder seus jogadores para empresários que usariam o torneio para observar talentos. Sinceramente duvido de tanta pureza do clube carioca. Com tanto time e tantos atletas em ação, é muito mais fácil ir aos jogos para observar novos talentos do que gastar dinheiro para disputar um torneio em que o importante não é nem mesmo competir…
 

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

Categorias
Sem categoria

Ausência

Caro leitor,
 
Por problemas pessoais, o colunista Oliver Seitz não poderá publicar nesta quinta-feira o texto semanal.
 
Pedimos desculpas e garantimos que tudo voltará ao normal na próxima semana.
 
Sem mais,
 
Equipe Cidade do Futebol
Categorias
Sem categoria

Transformando esperanças em realidades

Entra ano, sai ano e nós, otimistas de plantão, sempre renovamos nossas esperanças de melhores tempos. Um mundo mais saudável e humano. Um Brasil com menos injustiça social e mais igualdade de oportunidades para todos. E para o futebol grandes conquistas e o constante reconhecimento de que continuaremos sendo admirados por nossa arte e criatividade.
 
Como alguém já disse, “o sonho e a esperança são dois calmantes que a natureza concede ao ser humano”. Mas passado o primeiro estágio desses sentimentos, na seqüência, sonho e esperança têm que se transformar em motivações para a ação e para a luta.
 
Com esta disposição talvez entremos em 2007 um pouco mais preparados para superarmos os obstáculos em qualquer que seja nossa área de atuação.
 
Particularmente no futebol quem sabe neste ano possamos vislumbrar não só melhorias naquilo que conseguimos produzir dentro de campo, mas também, e principalmente, fora de campo, pois todos sabemos que com planejamento, organização, boas idéias e ações efetivas, nosso futebol poderá ser ainda melhor.
 
E nesse sentido todos que estão interessados em nosso desenvolvimento podem ajudar um pouco.
 
Os dirigentes sérios e competentes tendo coragem de enfrentar o “status quo” determinado pelos dirigentes retrógrados e conservadores.
 
Os treinadores e especialistas conscientes e estudiosos entendendo que o mundo e o futebol mudam numa velocidade crescente e que o espaço é cada vez menor para aqueles que se baseiam apenas no empirismo, obviedades e discursos vazios.
 
Os torcedores de bem e saudáveis podem contribuir protestando e não deixando que vândalos continuem dando o tom nos estádios e nas ruas.
 
Os jornalistas esportivos íntegros e verdadeiramente profissionais não permitindo que as aparências, as superficialidades e conveniências do momento sejam as únicas pautas dos noticiários do jornal, da revista, do rádio e da televisão.
 
O mundo e a vida são dialéticos. E é justamente do confronto entre esses opostos que poderão surgir as luzes que transformarão as velhas esperanças em novas realidades.

Para interagir com o autor: medina@universidadedofutebol.com.br

Categorias
Sem categoria

O futebol-show

No último dia 30 de dezembro, o Campeonato Inglês não parou. Rodada cheia pela Premier League, com direito a craques como Cristiano Ronaldo, Drogba e Shevchenko em campo pelos seus clubes. Hoje, dia 1º de janeiro, esses astros da bola voltam a trabalhar pelos times mais ricos do mundo, em mais uma rodada do campeonato na terra da rainha.
 
Há 20 anos, os ingleses, inventores do futebol, revolucionavam a maneira de se pensar o esporte. Pelo menos fora das quatro linhas. A revolução comercial que a Inglaterra provocou no futebol tem, atualmente, seus maiores reflexos no próprio Campeonato Inglês.
 
Aquele que era considerado um dos mais chatos campeonatos do mundo é, hoje, um dos mais dinâmicos e velozes que existe. Não existe mais essa de bola levantada na área a partir da linha intermediária. Passes curtos e rápidos, jogadas de efeitos e muitos chutes potentes de fora da área.
 
Foi nisso que se transformou o futebol na Inglaterra. De um campeonato modorrento, amarrado, com torcedores violentos, os ingleses conseguiram sair para uma competição veloz, de alto nível, com torcedores comportados e estádios lotados.
 
Ao mesmo tempo, o futebol inglês se transformou em algo tão comercial que atrai investidores de todos os cantos do mundo. Tão mercantilista que faz os jogadores atuarem nos dias 30 de dezembro e 2 de janeiro em nome do entretenimento, do show, do faturamento.
 
Mas que, em toda essa busca pela arrecadação cada vez maior por parte dos clubes, conseguiu uma proeza. Hoje, assistir a um jogo do Campeonato Inglês é muitas vezes mais interessante do que assistir a uma partida de qualquer outro campeonato da Europa.
 

A qualidade desfila nos gramados britânicos, sim! Mas, em termos de marketing, os reis continuam a ser os americanos. Afinal, só lá mesmo que é possível fazer um jogo de futebol americano começando à 1h do dia 1º de janeiro. Chamado de “Jogo do Ano Novo”, a partida lota o estádio e atrai a atenção da mídia. Enquanto isso, a São Silvestre, criada para celebrar a virada do ano, definha às 17h do dia 31…
 

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

Categorias
Sem categoria

Feliz 2007!

Eu queria fazer uma retrospectiva de 2006.
Infelizmente, minha memória é péssima.
 
Prometo que pra 2007 eu serei mais cuidadoso e tentarei anotar os acontecimentos que poderão marcar o ano. Tipo o campeonato Sub-20 do Pan.
 
Fica pra próxima.
 
Como fiquei sem assunto, pensei então em escrever uma simulação: “E se todos os clubes do país virassem empresas?”.
 
Ainda que esse seja um ótimo tema, a complexidade é demasiada, especialmente para uma cabeça ainda latejante de festividades.
 
Eu teria que acabar chegando a uma situação tipo a da aviação, que – diga-se – é menos pior que a rodoviária, e isso consumiria tempo e neurônios demais. E, possivelmente, o texto ficaria sem o menor nexo.
 
Eu até comecei uma linha a respeito da estranha situação do futebol inglês, que viu alguns de seus clubes mais importantes mudarem de dono, e o seu mercado de transferências investigado pelo governo. Ninguém sabe exatamente qual a intenção dos novos chefes do futebol inglês, assim como ninguém soube exatamente qual era a intenção do relatório a respeito das transferências, que não descobriu praticamente nada de novo. Acabou em pizza.
 
Não deu em nada.
Assim como a minha intenção de usar isso como tema.
Deletei a linha.
 
Aí eu pensei em escrever uma lista de pedidos para o ano que vem.
Aí eu achei que talvez, nesse espaço, fosse melhor deixar minhas aspirações pessoais de lado e me concentrar apenas no futebol. Então concluí que devia fazer uma lista de pedidos de futebol para 2007. Aí lembrei que, pelo menos até onde eu sei, em Ano Novo não se fazem pedidos, mas sim resoluções.
 
Logo, esqueça a lista de pedidos.
Fiquemos com as resoluções.
 
E a primeira delas é escrever uma coluna melhor que essa.
No caso, escrever uma coluna que pelo menos diga alguma coisa.
 
Então, pra não ficar sem dizer nada, um ótimo 2007, com muita saúde, para você e sua família.
 
Que todas as suas aspirações possam se tornar realidade.
E que todos os seus pedidos de futebol se concretizem.
Que seu time ganhe todos os jogos, ainda que pessoas com times diferentes provavelmente estejam lendo essa coluna.
 

Feliz Ano Novo!

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br