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Dimensões tecnológicas na Copa de 2014: o jogo

Sempre que se fala em estrutura de estádio, é comum discutirmos, como fizemos nos últimos textos, a questão do conforto e benefícios para o espetáculo, a questão da comunicação e recursos para a imprensa, ou ainda aspectos de acessibilidade.

Um item sempre fica de fora da lista de necessidades de modernização e atualização tecnológica de um estádio. É a preocupação destinada ao jogo propriamente dito.

Seja ele visto como um espetáculo, envolto de interesses mercadológicos, seja ele entendido como uma manifestação cultural da sociedade, enfim, observado sob suas várias possibilidades de interpretação, não podemos esquecer que a célula básica é o jogo de futebol.

Desempenho, performance, resultado, comparação, detalhes que fazem a diferença entre vitória e derrota, itens esses que vão movimentar os corações dos torcedores e o humor dos investidores.

Mas e o estádio? Quais as necessidades que devem ser atendidas?

De bate pronto, me recordo da discussão de alguns anos atrás com a reforma da Vila Belmiro e mais recentemente com os ajustes no Parque Antártica. Entre críticas e elogios a questão do banco de reserva ser mais vistoso (que pese o espaço que se abre para patrocínio) e confortável. Lembro perfeitamente um famoso colunista de um jornal de São Paulo, dizendo que tudo isso era desnecessário. Justificava ele, que um banco de reserva confortável só serviria para um técnico passivo que não participa do jogo e para os jogadores que não são protagonistas (leia-se: não são titulares).

Um técnico que fica sentado no banco, pode representar que a equipe é bem treinada e não precisa de uma pessoa ao lado “berrando” o jogo inteiro para fazer as coisas se acertarem. E a noção de que os reservas não tem importância é uma visão ultrapassada, haja visto que muitos reservas são peças chaves de equipes, que hoje com os pontos corridos no Brasil torna tão evidente a importância de um elenco e de uma estratégia de utilização do mesmo. O tal conforto permite o jogador uma postura melhor, evitando possíveis desvios posturais que possam evoluir para algum quadro de lesão, por exemplo.

Outro ponto foi a instalação de grama no vestiário para aquecimento e no corredor que leva ao campo. Quantas críticas surgiram, julgando desnecessário, que era apenas uma forma de ganhar visibilidade, até que se compreendesse, que o risco de um escorregão para o jogador que está de chuteira é menor do que no piso normal, o impacto também é mais adequado para o trabalho de aquecimento, dentre outros benefícios.

Fica evidente que são avanços processuais, que fazem parte de uma otimização e facilitação dos procedimentos, minimizando riscos, melhorando qualidade do trabalho e conseqüentemente maiores possibilidades de resultado.

Na natação é tradicional a questão da depilação de todo o corpo dos atletas, ainda que estudos não entrem em acordo sobre os reais benefícios. Mas é um procedimento normal e incorporado na modalidade. É um detalhe que pode determinar o resultado. A quem diga que na natação milésimos de segundo consagram ou fazem cair no esquecimento, mas são os mesmos milésimos de segundo que podem definir um gol de uma partida.

Agora,  que outros elementos podem fazer parte de uma infra-estrutura de jogo?

Muitas são as possibilidades, vou me debruçar mais especificamente na idéia que defendo de uma Central de Inteligência de Jogo (CIJ). Mais adiante exploraremos mais afundo esse conceito.

Numa CIJ, por exemplo, podemos ter a estrutura de filmagens dos jogos, seja em ângulos específicos , seja em formas combinadas para diferentes tipos de análise. Exige uma estrutura de equipamento, uma central de informática, uma equipe de TI, mas, sobretudo, profissionais que saibam transformar os dados em informação essencial para o futebol.

Outra possibilidade é a utilização de scouts, sejam eles apenas quantitativos, sejam eles de análise de modelação de jogo, sejam eles para que fim for atribuído. Mas exige uma estrutura, sim, de fato, e o mais intrigante é que não é nada absurdo para a realidade brasileira. O que é necessário para criar essa central, não são coisas fora do comum. Dependendo do nível de serviço ou produto utilizado pelo clube, pode-se variar os equipamentos entre: um notebook, um computador central, um palm, um rádio, um projetor, etc.

Sem muito nos alongar e tornar repetitivos, vemos que as possibilidades são variadas e não são custosas a ponto de inviabilizar a montagem de uma estrutura no estádio. E nem por isso devem ser deixadas para depois, afinal um bom planejamento permite otimizar os espaços a fim de possibilitar que a tecnologia e todo o beneficio que ela venha a trazer não fique restrita a uma sala lá no alto do estádio, sem integração com o campo, com o vestiário e até mesmo com a sede do clube. (afinal a internet já está ai há um bom tempo).

Em termos de infra-estrutura de jogo acredito que o mundo e o Brasil possuem hoje soluções tecnológicas adequadas e satisfatórias, diria que algumas inclusive estão a frente da real percepção de sua importância hoje no meio.

A questão é que politicamente a infra-estrutura de jogo para um estádio pode não ser tão atrativa e mais, os profissionais do meio não juntam forças em busca de garantir condições para que se desenvolvam algumas dessas idéias, muitas vezes por não acompanharem ou se atualizarem sobre as possibilidades dos recursos tecnológicos aplicados ao futebol.

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O fator Ronaldo

Já abordamos diversas vezes neste espaço a questão da presença de um ídolo dentro de um time de futebol. E, no último domingo, mais uma vez a força de mídia de um ícone se mostrou mais clara do que qualquer outro evento futebolístico.

A presença do atacante Ronaldo, do Corinthians, no programa Terceiro Tempo, da Band, não causou alvoroço apenas nos corredores da emissora paulista. Sim, porque fazia tempo que uma noite de domingo não era tão agitada dentro da Band. 

Por dever de ofício, estava transmitindo o Sul-Americano sub-20 pelo BandSports e pude comprovar in loco o quanto o simples fato de Ronaldo ir para os estúdios da Band mexeu com o cotidiano da emissora. Talvez desde as eleições municipais, em outubro passado, um tema não mobilizou tanta gente da equipe quanto a ida de Ronaldo ao programa dominical.

Câmeras instaladas do lado de fora da emissora, cinegrafista acompanhando desde a chegada até a entrada no estúdio para a participação no programa. Auditório repleto de gente, tal qual um domingo com Raul Gil. Gente esperando do lado de fora da Band para pelo menos ver de perto o jogador. E por aí vai…

Ronaldo é isso aí. Mobiliza a mídia, movimenta as pessoas, causa comoção por onde passa. Sua presença física (sem qualquer trocadilho) já é sinal de atenção dos holofotes. Tanto que o conteúdo do programa Terceiro Tempo foi o de menos. O que valeu mesmo foi a presença do jogador. Que num simples sorriso arrancou aplausos da platéia (mais do que previsíveis), risos do apresentador (mais do que óbvio) e suspiros dos convidados (mais do que básicos). 

E, para variar, mesmo com todo um cenário previsível e batido, Ronaldo garantiu para o programa comandado por Milton Neves uma “turbinada” na audiência. Com o Fenômeno como atração principal, o Terceiro Tempo atingiu média de 4,2 pontos no Ibope. Ou cerca de um ponto a mais do que o programa geralmente tem quando está com suas atrações corriqueiras.

Ronaldo, desde sua “volta” ao futebol brasileiro, mostrou-se um grande fenômeno de mídia. Com base nisso o Corinthians se apoia para conseguir mais dinheiro do novo patrocinador. Mas, até agora, esse tão sonhado patrocínio não veio. E nem deve vir. Pelo menos não enquanto o jogador não estrear pelo alvinegro. 

Sempre igual

Muricy Ramalho já se irritou numa coletiva de imprensa no ano. Deu suas tradicionais patadas. A ESPN, em represália, decidiu boicotar as entrevistas com Muricy. Que, após pedir desculpas, contou com a volta da emissora às intermináveis coletivas de imprensa.

A ladainha continua. Mas, na próxima semana, discutiremos quem é o prejudicado nessa história toda. Se é que existe algum…

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O desafio de Belluzzo

Luiz Gonzaga Belluzzo foi eleito presidente do Palmeiras, com o que me pareceu um apoio irrestrito da mídia. Pudera. É, possivelmente, o mais qualificado presidente de um clube de futebol da história recente do país.

Não sei dizer outro presidente de clube com título de Doutor ou que tenha sido conselheiro econômico da Presidência da República. Ou, então, que tenha ganhado o prêmio Juca Pato, seja lá que prêmio é esse. Pelo nome, parece ser importante. E engraçado.

De qualquer maneira, Belluzzo tem uma árdua tarefa pela frente. Não é fácil ser presidente de clube de futebol. Você é, ao mesmo tempo, muitas coisas. Para o conselho, você é o muro das lamentações. Para os jogadores, você é um caixa bancário. Para a imprensa, você é uma fonte inesgotável de notícias. E para a torcida, você é o demônio. E nem sequer ganha para isso.

Não só não ganha como também perde. E muito. Tempo, cabelo, essas, coisas. 

Se há uma coisa que presidente de clube não tem, é tempo. Afinal, você, de um dia pra outro, vira representante de uma organização que possui milhares de sócios oficialmente e sabe-se lá quantos milhões de torcedores. Não falta gente pedindo pra você fazer uma visita aqui, uma reunião ali, tomar um café acolá.

E é aí, nessa questão, que está talvez o maior desafio da presidência de Belluzzo. Não se podem questionar seus interesses, que obviamente estão voltados aos rumos da macro-organização do que um envolvimento maior com os meandros da instituição. Mas como uma pessoa tão atarefada e envolvida até com os rumos da nossa própria nação conseguirá equilibrar a demanda profissional com a demanda palestrina? O tempo, obviamente, vai dizer.

E também em tempo, o prêmio Juca Pato é um prêmio literário concedido pela União Brasileira dos Escritores. Já foram contemplados com ele o ex-presidente Fernando Henrique, Sérgio Buarque de Holanda, Carlos Drummond de Andrade, Érico Veríssimo e seu filho, Luiz Fernando Veríssimo, que bem que poderia a onda e se tornar presidente do Internacional.

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Dimensões tecnológicas na Copa de 2014: a comunicação

 

Olá amigos, no texto de hoje vamos explorar a questão de infra-estrutura de comunicação dos estádios. Ressaltando e sendo extremamente repetitivo em nossos textos, mas, porque é preciso termos isso em mente: tecnologia é recurso e processo, depende de organização e aplicação direcionada.

As inovações tiram as pessoas de uma zona de conforto e geram receio, exigem um tempo de adaptabilidade, é um ciclo. Desenvolvem-se em cima das necessidades com intuito de facilitar e otimizar, causam o desconforto, a adaptação e assim chegam à maturação e consolidação do recurso e do processo até que sejam superadas por um novo ciclo.

Sobre comunicação nos estádios levantamos alguns pontos que consideramos necessários serem pensados.

Marketing e promoção

A comunicação é fundamental para interação com o público, foco principal dos patrocinadores e investidores.

Relativamente, as ações estão se aperfeiçoando, mas não podemos ficar restritos à placas publicitárias, os “namerights” por exemplo, já deveriam ter se consagrado mais aqui no Brasil. Mas aí, entramos numa questão complexa, uma discussão bastante batida, mas sobre a qual emitirei minha opinião.

É freqüente ouvirmos que não dá certo porque a imprensa acaba não divulgando o nome do patrocinador. Isso ocorre de fato, e tem suas razões comerciais. Mas, nessa gangorra de razão para ambos os lados, o prejudicado é o futebol, que necessita do investimento. Ora, mas como fazer isso funcionar se por uma lado fere os interesses de quem divulga e, por outro, isso ocorrendo não cumpre com as expectativas do anunciante?

É realmente complicado mesmo. Não tenho uma solução específica (gostaria, ficaria milionário com isso), mas, sinceramente, acredito que o nome do estádio pode ser utilizado em inúmeras outras formas de comunicação, por meio de ações diretas com o público-alvo.

Outros mecanismos podem ser aperfeiçoados e implementados nesse quesito como a comunicação móbile (via celular) com o torcedor, além de outras ações complementares, e nisso, confesso que fico completamente aficionado com o Superbowl do futebol americano, que, diga-se de passagem, foi espetacular no último fim de semana, inclusive no aspecto de jogo.

Exige-se de fato uma estrutura, implementação de antenas bluethof, mecanismos de organização de pessoas para montar e desmontar um palco de shows (sem comunicação propriamente dita, não é possível coordenação), e tantas outras que podem fazer parte, mas o principal é ter noção de que tecnologia não precisa ser um feixe de raio lazer e coisas flutuando, haja visto o pequeno time do Ibiza (Eivissa) da Espanha que, por meio de recursos tecnológicos e processo (olha eles aí mais uma vez) desenvolveram uma forma de colocar as paisagens cartão postais da cidade em cada número nas costas dos jogadores. Uma comunicação sem muito raio lazer, mas diferenciada. E tantas outras possibilidades se abrem.

Impressa

Na questão de imprensa, talvez encontremos um dos pontos críticos dos estádios brasileiros. Uma central de impressa adequada, com infra-estrutura que atenda tanto o volume de pessoas envolvidas quanto o volume de equipamento e recursos necessários para uma boa cobertura.

Agora, as coisas melhoram um pouco, mas me recordo há bem pouco tempo, quando minha freqüência nos estádios era as vezes superior a duas  vezes por semana, sentíamos falta, inclusive, de tomadas para ligar os aparelhos mais simples, o que falar da internet, então.

Jogo

A questão do jogo é, talvez, a parte mais carente de comunicação. E olhe que, no Brasil, o tal radinho/celular do técnico com o auxiliar lá na cabine é moda.

Mas relato que já ouvi de muitos profissionais da bola, que não adotam soluções tecnológicas no processo de jogo, sobretudo na questão de análise do jogo, porque não tem como efetuar uma boa comunicação com as pessoas que seriam destacadas para esse fim.

Ora, aqui deixo duas indignações:

Se é possível conversar com o auxiliar na cabine não é possível comunicar-se com outros membros responsáveis por outros tipos de informação? E porque não o próprio auxiliar acompanhar o jogo tendo como suporte um aparato que atenda as grandes necessidades de um treinador?

Será que a tecnologia que é oferecida para esses técnicos hoje é tão, mas tão sofisticada que é inviável implementá-la? Não creio que o que se oferece hoje por aí para os clubes de futebol não seja solução de fácil implementação frente às possibilidades e avanços da ciência. Ops, essa palavra (ciência) em muitos lugares, no futebol, é persona non grata.

Poderíamos discutir muitos outros exemplos, deixo para os amigos a possibilidade de avançarmos no tema.

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Doença crônica

Robinho é a capa da revista “Veja” desta semana. Qual o motivo para que a principal publicação semanal do país decida estampar a cara de um ídolo do futebol nacional? Só pode ser pelo sucesso dentro de campo do jogador do Manchester City. Ou não…

A capa dada a Robinho poderia reverenciar aquele que já foi muito comparado a Pelé, atleta franzino, surgido meio que por acaso no Santos e que, com a camisa alvinegra, decidiu conquistar (ou, nesse caso, reconquistar) o mundo. Robinho das pedaladas, das diabruras dentro de campo, das travessuras em cima dos zagueiros. Robinho que devolveu ao Santos o status de time campeão após 20 anos de espera e desilusões.

Mas não. O motivo é mais um escândalo que norteia a carreira de uma das maiores promessas do futebol brasileiro e que, a exemplo de outros, se perde no caminho que leva às vitórias, mas que é recheado de fama, dinheiro e mulheres. Ah, as mulheres…

Ex-companheiro de Robinho na seleção que foi à Alemanha em 2006, Ronaldo foi outro que se envolveu em polêmica com as mulheres na semana que passou. Mulheres que cercaram o jogador numa boate em São Paulo, a nova terra do Fenômeno. Tão fenomenal que não percebe o impacto que tem um simples espirro que possa dar. Chama a atenção do mundo inteiro e vira epidemia de gripe na hora.

Mas quem disse que a lambança é só por aqui? Michael Phelps, o ultracampeão dos Jogos Olímpicos de Pequim, também deu sua escorregada nos últimos dias. Foi flagrado fumando maconha (?!?!?!?!) durante uma animada festa nos Estados Unidos. Pode até ser suspenso pela atitude antidesportiva. E já botou em alerta um séquito de marqueteiros da terra do Tio Sam para tentar salvá-lo de um desastre de imagem.

Robinho, Ronaldo, Phelps e tantos outros são vítimas. Sim, isso mesmo. São vítimas de um processo de acompanhamento maciço da mídia sobre suas vidas particulares. Quase todo mundo já derrapou alguma vez na vida. Mas nem todos tinham a importância para a mídia de um Ronaldo, um Robinho ou um Phelps. Mesmo quando a intenção é boa, como foi o caso de Kaká, que doou para a Igreja que freqüenta o troféu de melhor do mundo em 2006.

Não tem como, a imprensa espera o deslize, a conduta que foge do padrão vencedor, vitorioso, insuspeito de um ídolo do esporte. Assim como é na música ou nas artes. A doença é crônica. E o campo de trabalho para evitar que esses deslizes venham a público, maior ainda.

Pena que Robinho e Ronaldo não estejam balizados para conseguir blindar o assédio da imprensa e dos aproveitadores de plantão que toda hora surgem na vida de um famoso. Sorte da mídia, que sempre tem boa história para contar…

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Reta final para 2010, olhos abertos para 2014

Caros amigos da Universidade do Fubebol,

Estamos chegando a um momento crucial para o futebol no Brasil. Estamos na reta final para os preparativos da Copa do Mundo da África do Sul, a primeira no continente africano e que antecede o mundial no nosso país. 

A grande oportunidade de receber uma Copa do Mundo reside nas heranças que ela pode deixar no país sede. E aqui, nos preocupamos com as heranças que ela pode deixar no nosso futebol local.

Para se aproveitar o “momentum” da Copa, todos aqueles envolvidos na organização do nosso futebol devem adotar uma postura pró-ativa/consciente, para não que não se perca nenhuma chance. Os olhos do futebol no mundo estarão voltados para nós, e temos que tirar o melhor proveito disso.

O futebol precisa ser sustentável. Precisa de solidariedade entre os clubes participantes, precisa tratar os jovens jogadores da melhor e mais adequada forma, precisa explorar ao máximo o seu potencial social, para promover uma maior integração social e cultural.

Quando temos a Copa organizada em nosso país, temos que procurar trazer parceiros interessantes para viabilizar esses propósitos. Temos que aprender com outros clubes, outras federações e ligas, como se pode canalizar a força do futebol para promover uma maior justiça social. 

Temos que procurar melhorar nossos estádios, dar mais conforto ao torcedor, mas também não esquecer da classe menos favorecida, que também movimenta o futebol e é apaixonada. Que precisa do futebol para sobreviver no seu duro dia-a-dia com felicidade e dignidade.

Quem observa o futebol como uma oportunidade pontual de lucrar não pode, e não deve prosperar. Porque o futebol precisa de pessoas que além de retirar coisas, tabmém acrescentem. 

Nesse prisma, vamos olhar para esse momento da Copa e não permitir que a corrupção, o desvio de verbas, tome lugar. A transparência e o acesso a informação são a chave para o sucesso. Só assim teremos uma herança garantida ao nosso futebol, assegurando a efetiva implementação de sua real função social.

A hora é agora. Quando piscarmos os olhos, a Copa da África já terá passado, e talvez já seja tarde demais. O futebol precisa do Brasil. Mas o brasileiro também precisa do futebol pra viver, assim como o ar que respira.

Vamos cuidar bem do nosso povo e, para tanto, do nosso esporte.

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Lula e o futebol

Antes de começar essa coluna, é importante deixar bem explícito aqui qual é o meu viés político. Nunca votei no Lula, tampouco no PT. Isso não quer dizer, necessariamente, que eu desaprove ostensivamente a política do governo federal atual. Não. Respeito o partido, entendo o seu posicionamento e acredito que desempenha um papel essencial em qualquer sociedade democrática. Mas não engulo muito a retórica, principalmente a extremista. Mas o fato de que muito daquilo que o partido pregava não ter sido feito durante o tempo de governo do Lula me faz aplaudi-los.

Agora que você já sabe qual é a minha opinião sobre o presidente, permita-me tecer algumas palavras a respeito da excelente entrevista realizada pelo programa ‘Bola da Vez’, da ESPN Brasil. Foi a primeira vez, pelo menos que eu tenha visto, que um programa conseguiu conversar com o presidente exclusivamente sobre esportes, em especial o futebol. Em geral, as entrevistas pincelam o assunto, o que não dá às respostas uma legitimidade interpretativa minimamente possível. Eis que o programa nos permitiu ver o que de fato se passa na cabeça da figura maior do nosso Estado.

Em todos os lugares, independente da riqueza, é a postura do Estado que constrói o caminho para a evolução ou para a regressão do esporte. Na Inglaterra, foi a obrigatoriedade imposta pelo governo que obrigou os clubes a transformarem os seus estádios na década de 90. Não fosse por ela, é possível que os estádios ingleses hoje não fossem tão evoluídos, o que implicaria também no atraso da evolução dos estádios em outros lugares do mundo. Na Europa, por sua vez, foi a postura da Comissão governante que obrigou a adequação dos contratos de trabalhos de jogadores a patamares mais próximos de profissionais ordinários. Todas essas mudanças, que foram essenciais para a modernização do futebol, aconteceram por conta da postura do Estado em relação ao esporte.

Na entrevista, Lula deixou claro, por seguidas vezes, como que ele enxerga o futebol no Brasil: como torcedor, corinthiano, apaixonado. E isso não é nada bom. Suas análises a respeito do futebol no país foram construídas por assunções generalizadas e massificadas, que pouco condizem com o que de fato acontece com o esporte no país. Disse ele, por exemplo, que tem que ser bolado um jeito para jogadores de futebol parem de sair do futebol tão cedo e que a Lei Pelé precisa ser readequada, uma vez que ela foi feita pensada nos jogadores, e não nos clubes.

Confesso que quando eu ouvi isso, dei uma pequena risada e balancei a cabeça negativamente. Ora. Um presidente, ex-líder sindical, que foi eleito por um partido que, teoricamente, representa o proletariado, diz – em cadeia nacional – que é preciso repensar uma lei que beneficia os trabalhadores para que ela passe a beneficiar as instituições? Que é preciso dar menos poder ao indivíduo? Onde foi parar o ditado “Quem bate cartão não vota em patrão”?

Em seu favor, Lula argumentou que o problema todo é que, se antes os jogadores eram reféns dos clubes, agora viraram reféns dos empresários, que são os principais beneficiados com a Lei Pelé. Esse é um exemplo explícito de como o discurso massificado é assumido pelo comandante geral do país sem a preocupação com a interpretação mais precisa da realidade.

Tivesse se preocupado em buscar as verdadeiras razões para o cenário atual, ou se pelo menos tivesse sido melhor assessorado a respeito do assunto, o presidente saberia que ninguém nasce escravo de ninguém, muito menos jogador nasce ligado obrigatoriamente a um empresário. O presidente saberia que a grande maioria dos jogadores de futebol que surgem como promessas são pessoas de baixíssima renda, com pouquíssimas perspectivas de vida fora do esporte. Saberia que, por conta disso, quando esse jogador se consolida como uma promessa, ele fica feliz por fechar com um agente por alguns milhares de reais, dinheiro esse que servirá para comprar comida, geladeira, fogão, reformar o telhado da casa, ou suprir qualquer outra necessidade básica a família do jogador possua. Qualquer pessoa de baixa renda que desempenhe uma função busca maximizar a receita no menor tempo possível. E é por isso que ela fecha com empresários, que posteriormente leiloam os direitos econômicos com clubes, o que acaba fazendo com que se ache que o jogador perdeu o controle sobre a sua própria vida. Na verdade, é bem possível que a vida do jogador esteja melhor por conta do empresário do que estaria sem o mesmo. Antes da Lei Pelé, era comum ouvir jogadores reclamando do poder dos clubes. Você já ouviu algum jogador reclamando do poder do seu empresário?

Ao que me pareceu, Lula falou como se estivesse sentado em uma mesa ao redor de amigos, sem muitas pretensões oficiais. E, talvez, o problema seja que ele pense no futebol como apenas um assunto interessante, que é um ótimo passatempo, mas com ramificações incompreensíveis. 

Não encampo a causa dos agentes de futebol, mas encampo a liberdade do indivíduo de tomar suas próprias decisões, ou estar ciente de cedê-la para que alguém mais preparado o faça. Lula, por ser um democrata de esquerda, também pensa assim. O problema, talvez, seja que ele torça muito por um jogo de futebol e que, com isso, deixe de pensá-lo como o complexo fenômeno que de fato é.

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Zezinho do Scout: Fluminense toma virada na estréia

Olá amigos, como de praxe, em toda última terça feira do mês, o espaço é para a análise de um jogo da rodada. E até que fim voltou o futebol, já estava com saudades. Na semana que vem prosseguem os textos sobre estádios, tecnologia e copa do mundo.

O Fluminense reformulou a sua equipe e manteve a sua banca de favorito no Rio, mas, logo na estréia, sofreu um revés para a boa equipe da Cabofriense. Vamos ver o que o scout do jogo nos diz?

Vamos nessa análise partir da variável tempo de jogo para identificar os posicionamentos efetivos das equipes. Uma análise fácil e simples, pois não buscamos nos dados em si as informações do jogo, mas, pelo contrário, partimos de um critério que já serve de parâmetro. È uma possibilidade de análise, confesso que prefiro deixar os dados me indicarem os parâmetros, mas é também possível fazermos o processo inverso.

O posicionamento efetivo dos jogadores é tomado com base no centro de ações de cada jogador e indica algumas coisas interessantes. Onde há um jogador isolado sem ninguém do adversário próximo, a leitura que fazemos é de que nenhum jogador adversário contrapôs alguma ação para as ações que determinado jogador realizou naquela região.

Por exemplo, na figura 1 observamos o 10 da Cabofriense isolado na direita, significa que (sem cruzar com outros dados, que nos dariam exatamente as ações) podemos interpretar que tal jogador realizou ações nessa região tendo como jogador mais próximo que faz alguma ação em contraposição a sua atuação o 3 do Fluminense. Podem ser alguns passes, lançamentos, dribles, que o jogador fez por ali e pelo lado tricolor alguns desarmes, interceptações, etc.

Dificilmente teremos um quadro exato de sobreposição das ações, para cada atacante um defensor colado, mas quanto mais equilibrada for uma equipe, a tendência é sempre ter jogadores contrapondo ações de seus adversários, seja pela proximidade de seus centros de ações ou pelo conjunto de centros de 2 ou mais jogadores.

Vejamos por exemplo a figura 3. No qual os jogadores 10-9-17-7 do Fluminense tem relativa folga de seus opositores, mas observem como o espaço de uma maneira geral é coberto pelos jogadores 4-3-5-7 da Cabofriense, que pelo conjunto acabam fazendo uma boa contraposição de ações. O que não ocorre com o 10 da Cabofriense nas figuras 1, 4 e 5 , estando bem isolado no centro de suas ações.

Nessa dinâmica do jogo podemos observar como as ocorrências vão modificando a característica de cada equipe. Evidente que quando confrontamos tais dados com outras informações de um scout a interpretação tende a ser mais rica e precisa, fazendo valer a capacidade do observador para transformar dados em informação e posteriormente em intervenção.

Deixo para o amigo divagar sobre as imagens e tirar suas conclusões. De forma sucinta descrevo minha análise sobre elementos chaves de cada figura:

Figura 1: Fluminense consegue um domínio da intermediaria ofensiva favorecendo chutes de longa distância e jogadas pelo meio.

Figura 2: A Cabofriense congestiona mais o setor descrito anteriormente e começa a ter mais participação ofensiva dos seus laterais, do jogador 7, tendo seus jogadores 9 e 10 um isolamento maior do seu centro de ações. Sendo o 9 autor do gol de empate.

Figura 3: A Cabofriense inverte ações do jogador 7 com 11, esse último, autor do 2º gol, passa a atuar mais avançado assim como uma maior centralização do lateral 6 e conseqüente maior participação ofensiva também. (Esse lateral foi quem efetua o lançamento para o gol da virada, em jogada pelo meio campo).

Figura 4: O jogo fica mais aberto, com pouca ação no meio campo, sendo que o 10 da Cabofriense continua jogando sem uma ação defensiva do adversário, mais próxima as suas jogadas.

Figura 5: O Fluminense se organiza um pouco melhor e ocupa o campo de uma forma mais distribuída e ofensiva, mas ainda deixa o 10 adversário com muito espaço.

Figura 6: O Fluminense parte para pressão deixando exposta sua defesa, o jogador 8 da Cabofriense, atua completamente isolado, e é justamente esse jogador que daria números finais ao placar.

Bom pessoal, essa é uma análise rápida, que pode parecer oportunista por ser publicada pós jogo, mas tais informações, tendências de posicionamentos, foram observadas durante o jogo e é nesse ponto que acreditamos que a tecnologia do scout pode ajudar no futebol assim como uma telemetria na F1.

Podemos observar que o piloto tem feito uma curva com traçado diferente, mas é a observação das informações que vai detalhar o que de fato esta acontecendo, se é falta de pressão aerodinâmica ou outra coisa, cabendo aos responsáveis tomar a decisão de intervir e evitar uma batida ou abandono.

Abraços e até a próxima,

Zezinho Do Scout

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Não dê bola à bola

Todo início de campeonato é a mesma história. Volta das férias, o jogador ainda tentando se readaptar ao ritmo acordar, treinar, almoçar, treinar. Do outro lado, a imprensa segue algo mais ou menos parecido. Uma volta à rotina de treinos, de entrevistas pós-atividade, de matéria muito mais fácil do que no tenebroso período das férias.

E é exatamente nessa hora que nós percebemos o quanto os jornalistas não se preparam para entrevistar os jogadores nesse período de ressaca do pós-férias e do pré-temporada. Quando a bola rola, o noticiário é pautado pelo resultado dentro de campo. Mas, antes disso, as perguntas sempre giram em torno dos mesmos assuntos.

“Como é chegar ao novo clube?”; “Qual a expectativa de jogar com o fulaninho?”; e a fatídica “O que você achou da nova bola?”.

Oras, quem dá bola para a nova bola?

Sinceramente essa é a pergunta que sempre é feita antes do início da temporada. Antes, com os estaduais no primeiro semestre e o Brasileirão no segundo, o questionamento era feito duas vezes ao ano. Mas, atualmente, a bola no Nacional rola na semana seguinte às decisões estaduais, e com isso a pergunta sobre a bola é esquecida.

Mas qual a utilidade de saber se o jogador gostou da nova bola?

Sinceramente, quando era criança, até achava que essa opinião fazia diferença. Depois, porém, comecei a achar que bola é bola, o que importa é que ela exista. Seja uma lata de refrigerante amassada ou uma redonda de couro, o que precisamos fazer é chutá-la. Ok, no nível profissional até que pode ter diferença, mas realmente não dá para confiar em quem responde as suas impressões sobre a nova bola.

O primeiro argumento lógico é o seguinte: o cara está voltando de férias, ainda pegando o ritmo e não se acostumou com chutar (ou defender) a redonda. É, mais ou menos, como o aluno que volta à aula numa sala nova. Ele sempre vai dizer que preferia a antiga.

Mas vamos pensar também sob a ótica do marketing nessa resposta. No caso do Campeonato Paulista, por exemplo, a bola é fabricada pela Topper. No futebol, a empresa patrocina três jogadores: Jorge Wagner, do São Paulo, Ibson, do Flamengo, e recentemente fechou com Marcos, do Palmeiras.

Todos os outros atletas ou tem contrato com alguma outra marca, ou estão em busca de um. Conclusão: como ele ficaria dando bola para a bola de um fabricante concorrente daquele que o ajuda a pagar as contas no final do mês? Ou para quê o atleta falaria bem da bola da Topper se a marca não o patrocina?

A falta de assunto de volta de temporada sempre gera uma tola discussão sobre a bola do campeonato. E todos que reclamam depois entram em campo e fazem gols ou defesas espetaculares. E qual é a da bola numa hora dessas?

O melhor é parar de dar tanta bola para a bola e deixá-la rolar em paz…

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