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Qual é o esquema mais fácil para a compreensão dos atletas?

1ª parte
 
Dentre as diversas discussões que envolvem o futebol, e especialmente as “plataformas de jogo” (vulgarmente chamadas de “sistemas de jogo” ou “esquemas táticos”), recorro hoje a uma que certamente não é objeto de muita reflexão.
 
Por muito tempo ainda há de se discutir a utilidade de uma ou de outra plataforma de jogo.
 
Por muito tempo ainda, treinadores serão criticados por utilizar essa ou aquela forma de se jogar (que digam Sebastião Lazaroni, Carlos Alberto Parreira e até mesmo o nosso aclamado Felipão). O 4-4-2 que não serve e depois passa a servir, o 3-5-2 que é uma “invenção de moda” e depois passa a ser a solução para todos os problemas. Nada disso é incomum.
 
Então, creio hoje ser importante destacar outra possibilidade nessa discussão. Antes mesmo de confrontarmos e apontarmos que essa ou aquela plataforma é mais ou é menos eficiente, que tal forma de jogar é melhor do que qualquer outra, eu questiono: qual parece ser mais “fácil” para ser aplicada e trabalhada com os jogadores (por apresentar estruturas de menor complexidade)? Em outras palavras; qual plataforma de jogo parece mais simples e prática para se assimilar (dentro das dinâmicas da lógica do jogo)?
 
No relatório técnico disponibilizado pela FIFA sobre a Copa do Mundo de 2006, os observadores da entidade apontaram que das 32 seleções que participaram da competição, 19 jogaram no 4-4-2 (14 no 4-4-2 em linha e cinco no 4-4-2 em losango), sete jogaram no 4-5-1, uma no 4-3-3 e cinco no 3-5-2. Das quatro equipes que chegaram às semifinais da competição, três optaram pelo 4-5-1 (Portugal, Itália e França) e uma pelo 4-4-2 (Alemanha).
 
Ainda que esses dados dêem margem para discussões sobre a eficiência aparente do 4-5-1 (será mesmo ele tão bom assim?) com dois dos seus sete representantes chegando à decisão da Copa, e ainda que pudéssemos fazer uma reflexão longitudinal dos porquês da evidência do 4-5-1 de uma Copa para a outra (já que na Copa anterior (2002) o mesmo relatório da FIFA apontou que das 32 equipes participantes, 24 optaram pelo 4-4-2 e oito pelo 3-5-2); precisamos entender qual deles é mais prático, fácil e de rápida assimilação.

 
É bom lembrarmos que na vida de treinadores de futebol quase nunca há o tempo devido para a preparação de uma equipe (que acaba entrando em competições sem o nível ótimo de desempenho). É claro que esse não é o único fator que deve determinar a escolha por parte do treinador, mas se for possível diagnosticar qual a plataforma de jogo pode dar melhores opções mais rapidamente ao trabalho, pode-se, de certa forma, sair na frente.
 
Nas categorias de base, essa questão poderia balizar alguns pontos da formação do jogador. Se partirmos do pressuposto de que existe um vasto conteúdo a ser ensinado aos jogadores nas equipes de formação (plataformas de jogo, conceitos posicionais, tipos de marcação, tipos de ataque, sistema defensivo, sistema ofensivo, habilidades básicas, etc) para que se tornem atletas profissionais mais versáteis e inteligentes, é necessário que se construa uma lógica apropriada para desenvolvimento desses conteúdos (se existir uma plataforma de mais fácil assimilação, por que não começar por ela?).
 
O melhor desempenho de jogo está atrelado a diversos fatores.
 
Sob o ponto de vista técnico-tático podemos destacar algo que chamaremos de “Competências Gerais”.
 
As Competências Gerais são construtos que devem, independentemente da plataforma empregada, compreender conhecimentos e saberes necessários, básicos e imprescindíveis para o melhor desempenho de jogadores no jogo.
 
São elas (as Competências Gerais) ((adaptado de Garganta (1995) – para saber mais sobre o assunto: texto “Para uma teoria dos jogos desportivos colectivos”, de Júlio Garganta, que pode ser encontrado em “O ensino dos jogos desportivos” A. GRAÇA e J. OLIVEIRA, 2ª ed. Porto: Universidade do Porto, 1995):
 
1 – Estruturação do espaço de jogo (ofensivo e defensivo);
2 – Comunicação na ação (“metacomunicação” coletiva na ação ofensiva e na ação defensiva atrelada a melhor leitura tática do jogo);
3 – Relação com a bola (compreensão de melhor aplicação da habilidade técnica como solução de situações-problema).
 
Partindo da compreensão de cada uma dessas competências, qual seria a plataforma que permitiria o desenvolvimento mais simples para a estruturação e ocupação do espaço de jogo? Qual seria aquela que poderia facilitar a “metacomunicação” coletiva nas ações de jogo? Ou por fim, qual delas facilitaria a melhor relação com a bola por parte do atleta (em quantidade e qualidade) de acordo com as competências técnicas individuais?
 
Certamente, se nos nortearmos por cada uma das competências em separado, é possível que tenhamos respostas diferentes (para cada competência, uma plataforma de jogo como resposta).
 
As questões não são simples e também não são triviais. As variáveis consideradas para se chegar às respostas requeridas devem ser aprofundadas.
 
Se considerássemos isoladamente, por exemplo, apenas a competência “estruturação do espaço de jogo”, talvez chegássemos rapidamente (ou mais facilmente) a uma conclusão convergente.
 
Porém, como as competências estão interligadas e se manifestam o tempo todo e ao mesmo tempo no jogo de futebol, temos que analisar o tema de acordo com a complexidade que lhe é característica.
 
Continua na próxima semana…

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Caros colegas da Cidade do Futebol

Caros colegas da Universdade do Futebol,
 
Antes de mais nada, gostaria de dizer que é um prazer e uma honra muito grande participar desse brilhante projeto e também dirigir a palavra a tão qualificado público. Minha pretensão aqui se resumirá a trazer à baila assuntos de interesse geral na indústria do futebol, relacionados ao direito, estimular o debate, e gerar o aprendizado de todos nós, inclusive o meu.
 
Também não poderia deixar de dizer que a tarefa que estou agora assumindo é das mais ingratas: substituir uma autoridade nesta área do direito desportivo como o Dr. Luiz Felipe Santoro. Apesar de bastante jovem, esse brilhante advogado e amigo de longa data já se destaca no cenário nacional e internacional como um dos maiores advogados brasileiros no meio. Não preciso me alongar nesse tema, uma vez que vocês, leitores, a essa altura do campeonato, já devem conhecê-lo tão bem quanto eu.
 
Desta forma, agradeço publicamente ao Dr. Santoro por todos os seus artigos e contribuições realizadas através da Cidade do Futebol, bem como por tantas outras obras que ele ainda há de publicar.
 
Isto posto, gostaria de utilizar esse espaço, nesta primeira oportunidade, para situar os leitores sobre a minha visão geral a respeito das atuais tendências do direito desportivo. Esse texto servirá como uma introdução e base de sustentação ideológica para minhas próximas contribuições semanais.
 
O esporte em nossa sociedade adquiriu grande importância na esfera econômica e comercial nas últimas décadas devido principalmente a dois fatores: (i) o ser humano, mais bem informado acerca dos conceitos de saúde, vem praticando mais esporte em seu dia-a-dia; e (ii) a população em geral tornou-se mais interessada em acompanhar eventos esportivos de alto rendimento.
 
Esses fatores levaram à comercialização do esporte, com a corrida de empresas, investidores e companhias no ramo de comunicação (principalmente emissoras de TV) para aumentarem seus faturamentos com o vínculo de suas marcas ao esporte e, em especial, ao futebol.
 
Antes dessa comercialização, as atividades desportivas, via de regra, ocorriam sem grande relevância econômica e, conseqüentemente, sem que as sanções previstas no âmbito da justiça comum fossem aplicadas.
 
Em 1995, porém, um evento importantíssimo ocorreu e se transformou em marco histórico na evolução do direito desportivo. Como todos nós sabemos, a sentença proferida pelas Cortes Superiores Européias com relação ao atleta belga Jean Marc Bosman, com efeito erga omnes, em linhas gerais fez com que os atletas profissionais de futebol europeus se tornassem livres de seus clubes findo os respectivos contratos de trabalho.
 
Muitos entenderam que a principal mudança trazida por tal decisão foi a equiparação dos jogadores de futebol a empregados comuns. Entendo que essa foi uma conseqüência direta. Mas, na realidade, a sua maior conseqüência foi o reconhecimento por parte da Fifa e das entidades esportivas em geral de que a justiça comum pode e deve ser aplicada em determinados fatos ocorridos no âmbito desportivo.
 
Foi nessa decisão que a área do direito desportivo ganhou corpo, como uma nova área acadêmica e de atuação profissional no mundo jurídico.
 
De fato, vemos hoje que diversas discussões na seara do direito desportivo ganham contornos extremamente relevantes. Como solucionar uma questão envolvendo uma lesão de um atleta profissional causada por um oponente? Um carrinho no futebol poderia gerar uma responsabilidade civil ou criminal? Diante de diversos contratos milionários firmados com atletas de ponta, uma indenização nessas condições poderia ganhar proporções assustadoras.
 
Esse é apenas um dos milhares de exemplos em que a justiça comum, em todo o mundo, está sendo chamada para dirimir conflitos dentro da atividade desportiva.
 
A questão que hoje se apresenta é que, muitas vezes, a justiça comum ainda não está totalmente preparada para discutir com propriedade casos na área desportiva. As relações entre as partes na indústria do esporte são nos dias de hoje extremamente complexas, e precisam ser estudadas a fundo pelos juízes da justiça comum.
 
Assim, cabe a nós, operadores do direito desportivo, trabalharmos para transferir esse conhecimento técnico às autoridades do Poder Judiciário, de modo que as suas decisões sejam, a cada novo caso, aprimoradas.
 
Só então, com harmonia entre as justiças desportiva e comum, alcançaremos segurança jurídica nas relações desportivas e teremos presentes os conceitos de justiça e equidade no esporte.

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Corinthians fica livre de investigação

O pedido de criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre o Corinthians foi arquivado. O motivo foi a retirada de assinaturas de parlamentares do requerimento da CPMI: só restaram 168 assinaturas de deputados (seriam necessárias 171) e 39 de senadores (bastariam 27).

O objetivo da CPMI, proposta pelo senador Alvaro Dias (PSDB-PR) e pelo deputado Silvio Torres (PSDB-SP), seria investigar suspeitas de sonegação fiscal, evasão de divisas e lavagem de dinheiro nos contratos entre a empresa MediaSports Investment (MSI) e o clube de futebol Corinthians.

De acordo com o requerimento, o principal foco da CPMI estaria em contratos envolvendo dirigentes, jogadores e empresários do setor, em relação a denúncias que vão de 2000 a 2007. A MSI contratava jogadores para atuarem no Corinthians com salários comparáveis aos de grande clubes do exterior – o que levou à suspeita de lavagem de dinheiro.

Retirada de assinaturas


O requerimento foi protocolado momentos depois de o Brasil ter sido escolhido como sede da Copa do Mundo de 2014, mas logo em seguida parlamentares começaram a retirar assinaturas. Uma das alegações foi a de que a CPI poderia causar retaliações da Federação Internacional das Associações de Futebol (Fifa) ao Brasil, prejudicando a realização da Copa no País.

Em 2001, uma comissão da Câmara, conhecida como CPI da CBF-Nike, investigou os contratos de patrocínio da CBF e o financiamento de campanhas políticas por federações de futebol. Outra, instalada no Senado, investigou o favorecimento de jogadores e empresários na escolha de jogadores para a seleção brasileira.

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A Copa do Mundo não é nossa

Leia com atenção o título desta coluna. Agora, por favor, releia. Lembre-se então das comemorações pelo Brasil pós-cerimônia na Fifa no dia 30 de outubro, recheadas de manifestações populares e cercadas pelo lema positivista “A Copa do Mundo é nossa”. Lembrou? Mais uma vez, então, releia o título da coluna.
 
A Copa do Mundo de 2014, caro leitor, não é nossa. Desculpa. Infelizmente, porém, a Copa do Mundo não é, nunca foi e nunca será do Brasil. A Copa do Mundo é, sempre foi e sempre será da Fifa. E de mais ninguém.
 
Não é preciso quebrar muito a cabeça pra se chegar a essa conclusão. Afinal de contas, o nome oficial do evento é ‘Fifa World Cup’. Traduzindo literalmente, Copa do Mundo Fifa. Não Brasil, nem África do Sul, nem Alemanha. Fifa. E só. A Copa de 2010, por exemplo, é oficialmente denominada ‘2010 Fifa World Cup South Africa’, ou Copa do Mundo Fifa África do Sul. Muda o ano, muda o loca, mas a Fifa continua lá.
 
Não está convencido de que a Copa do Mundo é da Fifa e de mais ninguém? Pois bem. Eis, então, o que diz o primeiro parágrafo do primeiro artigo do regulamento da Copa do Mundo Fifa 2010 África do Sul: “A Copa do Mundo Fifa é um evento Fifa que é regido pelos estatutos da Fifa “. Mais alguma dúvida?
 
Tamanho é o poder e importância atual da Fifa e da Copa do Mundo que países se digladiam pelo privilégio de hospedar a competição. E como quem tem o poder nas mãos é a Fifa, afinal ela é a dona do evento, ela submete os países a uma série de imposições que precisam ser cumpridas sob o risco de ver a competição mudar para outra localização.
 
Basicamente, para hospedar a Copa do Mundo Fifa, o país, o seu governo e o seu respectivo comitê organizador precisam arcar com a maioria das tarefas e dos riscos envolvidos, isentando a Fifa de qualquer maior responsabilidade. Diz o Parágrafo 3 do Artigo 2 do mesmo regulamento supramencionado que “O Comitê Organizador deve desvincular a Fifa de todas as responsabilidades e abandonar qualquer ação contra a Fifa ou os membros de sua delegação por qualquer dano causado por qualquer ato ou omissão relacionado à organização e realização da Copa do Mundo Fifa “. Por mais que pareça um certo abuso, não é. Afinal, ninguém obriga país nenhum a ser sede de uma Copa do Mundo. Só o faz quem quer. E se quer que agüente as conseqüências.
 
Ao hospedar uma Copa do Mundo Fifa, um país deixa de lado um pouco de sua soberania nacional e permite que um órgão estrangeiro regule sobre diversos aspectos nacionais. A Fifa procura um lugar para hospedar e comercializar o evento. O país procura gerar louros com a associação a esse evento. Normalmente, esses louros podem vir em duas vertentes, uma interna e outra externa. Externamente, o país ganha com a exposição internacional pela mídia e um pouco, mas nada que justifique racionalmente o evento, de acréscimo no fluxo de turistas. Internamente, o país pode ganhar principalmente com a promoção do sentimento nacionalista e com o ganho de capital político pelo partido dominante no governo. Os países que se dispõem a hospedar uma Copa do Mundo Fifa, portanto, entendem que esses ganhos justificam o imenso investimento necessário para hospedar o evento.
 
O sentimento nacionalista mencionado já é visível no Brasil, principalmente pela também mencionada manifestação do lema positivista ‘A Copa do Mundo é Nossa’, que relembra muito o antigo lema ‘O Petróleo é Nosso’. Ao contrário do petróleo, porém, a Copa possui um controle internacional já estabelecido. Ou seja, ao contrário do petróleo, a Copa do Mundo Fifa tem dono. A Fifa, no caso.
 
Eu estou tentando deixar isso bem claro porque acho que a maioria das pessoas ainda não se deu conta disso. Fiquei particularmente preocupado quando estava assistindo a algum programa de televisão, acho que era o Fantástico, e vi uma família toda feliz e faceira porque diziam já estar com os ingressos para a Copa do Mundo FIFA 2014 garantidos. A família mostrava, com um sorriso no rosto, as carteirinhas da cadeira cativa do Maracanã. Alguém precisa dizer pra essa família que é bem possível que essas carteirinhas não terão valia durante a Copa do Mundo Fifa. Afinal, a carteirinha é do Maracanã, e não da Fifa. E durante a Copa do Mundo Fifa, se você tem algo que não é da Fifa, principalmente ingressos, você não tem nada.
 
Ingressos, aliás, serão provavelmente os maiores alvos de polêmica quando 2014 chegar. Como todo o país tem assumido a idéia de que a Copa do Mundo é nossa, todos acreditam que terão o direito de ir ao estádio e assistir uma partida da Copa do Mundo Fifa ao vivo. É bastante provável, porém, que essa crença não se realize.
 
Um dos maiores problemas da Copa do Mundo Fifa 2006 Alemanha foi a falta de ingressos para os próprios alemães. Aliás, a falta de ingressos para todo mundo. Muita gente queria entrar nos estádios, pouquíssimos ingressos foram de fato disponibilizados. De acordo com um levantamento feito pelo jornal britânico ‘The Observer’, 16% dos ingressos foram direcionados ao uso exclusivo dos patrocinadores, 19% foram distribuídos entre as federações nacionais representadas na Copa do Mundo Fifa, 9% à federação nacional de futebol local, 6% às federações de futebol não representadas no evento e 2% para os transmissores da competição, o que significa que aproximadamente 52% dos ingressos não foram disponibilizados para a venda aos torcedores comuns. O pouco que sobrou para os torcedores comuns, 48%, foi dividido em duas parcelas. A primeira parcela, de 12%, era composta pelos ‘hospitality tickets’, que custavam a bagatela de R$ 6.500,00 cada, o que dificilmente pode ser considerado acessível ao torcedor comum. Disso tudo, apenas 36% dos ingressos, pouco mais de um terço, ficam disponíveis para a compra direta dos cidadãos comuns. Na Alemanha, 36% significaram pouco mais de um milhão de ingressos. Levando-se em conta que a venda desses ingressos é realizada pela internet, o que torna a competição pelos lugares nos estádios acessível a qualquer pessoa no planeta, não é um absurdo sugerir que muitos poucos brasileiros terão de fato acesso à Copa do Mundo Fifa.
 
A Copa do Mundo Fifa 2014 será no Brasil, e não do Brasil. 190 milhões de pessoas ficarão bastante decepcionadas.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br

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Comissão vota proibição de bebida alcoólica em estádios

A Comissão de Turismo e Desporto se reúne nesta tarde e pode votar projeto de lei que proíbe a venda e o consumo de bebida alcoólica em estádios ou ginásios esportivos em dias de jogos. Segundo a proposta (PL 103/07), do deputado Jorge Tadeu Mudalen (DEM-SP), a proibição valerá em um raio de 500 metros de distância das entradas dos estádios e ginásios.
 
Pelo projeto, quem for apanhado com bebida alcoólica receberá multa de R$ 1,5 mil, valor que será dobrado em caso de reincidência. Já o fornecedor, além de receber multa, terá apreendidos os produtos comercializados.
 
O relator, deputado Deley (PSC-RJ), lembra que o consumo excessivo de bebidas alcoólicas está entre as causas de brigas e agressões nos estádios. Ele sugere a aprovação do projeto na forma de substitutivo, que reduz o valor da multa para um salário mínimo, dobrada em caso de reincidência.
 
O substitutivo proíbe a venda de bebidas apenas no local de realização do evento, incluídos os espaços de circulação e permanência do público, sem a exigência de 500 metros prevista no projeto original.
 
Pelo substitutivo, a fiscalização da medida caberá aos agentes públicos responsáveis pela segurança dos torcedores. No texto original, essa atribuição era compartilhada com os administradores dos estádios.
 
Visto para eventos
 
Outro item da pauta é o Projeto de Lei 1499/07, do deputado Deley, que prevê a concessão de visto temporário para os estrangeiros que vierem ao Brasil trabalhar em eventos esportivos de nível internacional. Segundo o deputado, essa modalidade de visto faz parte do acordo feito com a Federação Internacional de Futebol (Fifa) para que o Brasil sedie a Copa do Mundo de 2014.
 
O relator, deputado Carlos Eduardo Cadoca (PSC-PE), recomenda a aprovação do projeto. Ele apresentou substitutivo que faz ajustes de redação, mantendo a medida proposta pelo autor.
 
Atualmente, o visto temporário é concedido ao estrangeiro que venha ao Brasil em viagem cultural ou missão de estudos; em viagem de negócios; na condição de estudante, artista ou desportista; a correspondentes de imprensa; a ministro de confissão religiosa; e a cientistas, professores ou profissionais a serviço do governo brasileiro.

Para interagir com o autor: lino@universidadedofutebol.com.br

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Negócios na imprensa

“Mengão no G-4”; “Flamengo encosta”; “Libertadores próxima”. Essas foram as manchetes dos jornais do Rio de Janeiro na quinta-feira que sucedeu a vitória de virada do Flamengo sobre o Corinthians, pelo Campeonato Brasileiro. Em São Paulo, a manchete era um pouco diferente: “Pentacampeão”! A referência, é claro, fazia jus à conquista do quinto título nacional pelo São Paulo obtida no dia anterior.
No Maracanã, na vitória flamenguista, o torcedor carioca só queria saber da conquista do terceiro lugar na tabela de classificação. No Morumbi, o são-paulino festeja a óbvia vitória e a bonita conquista de mais um título.
Nas emissoras de televisão, porém, o dilema foi grande. Flamengo e Corinthians duelavam no Maracanã, enquanto o São Paulo conquistava o título. De um lado, as duas maiores torcidas do país e os times responsáveis pelos maiores índices de audiência. Do outro, o desfecho do campeonato.
Na impossibilidade de conciliar as duas transmissões, a Globo, detentora dos direitos de exibir o campeonato, optou por exibir o Flamengo x Corinthians para todo o Brasil. A conquista da taça ficou em segundo plano, mas não foi esquecida.
O atraso providencial de 10 minutos para ter início o jogo do São Paulo fez com que, terminado o jogo das massas, a festa do título pudesse ser exibida em tempo real para todo o país.
Durante qualquer papo de botequim entre torcedores, a discussão sobre a imparcialidade da imprensa é levantada. Qual jornal defende qual time? Qual emissora protege determinado clube? A resposta, quase sempre, é a mesma, dependendo do lugar em que se está: Corinthians em São Paulo. Flamengo no Rio.
A rodada decisiva do Campeonato Brasileiro evidenciou o “racha” que existe na imprensa. Não de agir com o coração e ser imparcial, mas no dilema que existe entre o interesse comercial da empresa e o valor jornalístico de um acontecimento.
O São Paulo campeão é a principal notícia da rodada. Mas nem mesmo a vitória são-paulina vende tanto quanto um Flamengo embalado ou um Corinthians ameaçado pelo rebaixamento. Sem dúvida que, jornalisticamente, o título é o mais importante. Mas, para as vendas, é melhor falar do Flamengo, ou então mostrar o Corinthians em sua delicada luta para não ser rebaixado.
Cada vez mais o negócio interfere no futebol. Não só no que se refere às atitudes dos profissionais dos clubes e que circundam o esporte. Mas também na imprensa. Com o desenvolvimento do negócio esportivo, o futebol se torna um produto de entretenimento muito mais do que um produto jornalístico.
E, na dúvida entre o que mais vende ou o que é mais notícia, a empresa jornalística vai, paradoxalmente, escolher o que gera mais receita. E, no botequim, a discussão ainda demorará muito mais do que as cinco horas propostas por Paulo Coelho…

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

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Copa do Mundo é oportunidade de aquecer construção civil

A realização da Copa do Mundo no Brasil em 2014 vai possibilitar ao país não apenas reformar seus estádios, mas aquecer alguns setores econômicos das cidades-sede, principalmente a construção civil. A afirmação é do presidente da Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra), Antônio Rocha, em entrevista à Rádio Nacional.
“A construção civil será extremamente privilegiada, já que será necessário fazer toda a reconstrução dos estádios e equipamentos esportivos. Também os setores de vestuário, alimentação e informática serão contemplados”, defende Rocha.
Ele diz esperar que o governo do Distrito Federal, a população e os empresários se mobilizem para que Brasília seja uma das cidades escolhidas para sediar a competição. “Essa movimentação da economia será muito importante para o Distrito Federal, porque vai permitir além de mais empregos, a adequação da estrutura esportiva para outros eventos”.
Apesar de a Federação Internacional de Futebol (Fifa) ter confirmado o Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014, tanto as cidades onde serão disputados os jogos, quanto as 32 onde ficarão hospedadas as seleções que vêm participar da disputa só serão conhecidas em 2008.
Para sediar as partidas, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) indicou 18 localidades. A intenção agora é convencer a Fifa a escolher, entre elas, 12 e não apenas dez, conforme previsto. A justificativa seria a grande dimensão territorial do país.

Para interagir com oautor: manuelsergio@universidadedofutebol.com.br

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Inovações táticas

 Comecemos nosso texto hoje com duas questões:
1)    Jogadores de futebol possuem bom entendimento tático?
2)    Jogadores de futebol são comprometidos taticamente?
Certamente a visão de treinadores, especialistas, jornalistas e torcedores pode, e muito, divergir sobre o tema. O fato é que ao avaliar mal a resposta para essas perguntas poderemos acelerar o distanciamento entre a evolução do jogo de futebol (com suas inovações e possibilidades) e a competitividade nas partidas e campeonatos.
Façamos então um exercício de reflexão sobre o tema.
Dadas as diferentes respostas possíveis para as perguntas acima, temos as seguintes possibilidades para tais respostas:
Possibilidade 1: Não, jogadores de futebol não têm um bom entendimento tático. Não, jogadores de futebol não têm comprometimento tático.
Possibilidade 2: Não, jogadores de futebol não têm um bom entendimento tático. Sim, jogadores de futebol têm comprometimento tático.
Possibilidade 3: Sim, jogadores de futebol têm um bom entendimento tático. Não, jogadores de futebol não têm comprometimento tático.
Possibilidade 4: Sim, jogadores de futebol têm um bom entendimento tático. Sim, jogadores de futebol têm comprometimento tático.
Em uma empresa séria, respeitada e que desempenha bem seus serviços de acordo com suas metas, não se pode aceitar um rendimento de seus funcionários que não seja satisfatório aos padrões de exigência estabelecidos pela empresa. Se a exigência requer bom desempenho, não se pode admitir nada menos que o “bom”. Se a exigência é o nível de excelência, não se pode admitir nada menos que o “excelente”.
Se substituíssemos nas perguntas do início do texto as palavras “tático” e “taticamente” por “sobre (ou: “com”) os objetivos da empresa“, e trocássemos “jogadores de futebol” por “os funcionários da empresa” teríamos as seguintes questões:
1)    Os funcionários da empresa possuem bom entendimento sobre os objetivos da empresa?
2)    Os funcionários da empresa são comprometidos com os objetivos da empresa?
Qualquer “não” para alguma dessas perguntas certamente seria motivo de pontual intervenção por parte da empresa.
No futebol (que é encarado como um mundo a parte – não poderia!) um “não” para uma dessas perguntas é muitas vezes encarado como algo comum, normal. É como se as possibilidades 1, 2 e 3 soassem em grande parte das vezes como um muro alto, sólido e intransponível; a verdade das verdades.
Como conceber um jogador que não tenha comprometimento tático com a equipe?
Esse é um problema que em boa parte das equipes européias seria inconcebível (portanto talvez nem seja considerado como possibilidade).
No Brasil
Mas o que me preocupa mais intensamente é quando a resposta para a questão do comprometimento é “sim” e a resposta para a questão do entendimento é “não”. Existe uma “idéia”, um consenso (equivocado!) de que os jogadores não são capazes de entender com excelência questões táticas que envolvem o jogo; que sua compreensão é limitada.
Difícil concordar (difícil engolir) quando pesquisas no mundo todo apontam para o fato de que a “burrice” desbravada atribuída a algumas pessoas em diversos níveis de escolaridade é na verdade deficiência da qualidade dos estímulos aos quais elas (as pessoas) são submetidas.
Então, enquanto o discurso que circula o meio futebolístico avaliza a incapacidade de seus brilhantes atletas (brilhantes!?), a compreensão (e o conhecimento) sobre o ser humano-integral nos mostra que o problema está em outro nível; no nível daqueles que são responsáveis por estimular os jogadores a compreender melhor (e a cada dia mais) o jogo: os treinadores!
Muitas vezes jogadores de futebol são tratados como robôs, programados para realizar determinados tipos de tarefa. O problema é que no jogo de futebol as tarefas são aleatórias, imprevisíveis e infinitas. Então se em vez de estimular o jogador a compreender o jogo (a pensar para tomar decisões), o “programarmos” para automatizar movimentos, não estaremos contribuindo para a evolução do atleta e muito menos para novas e melhores perspectivas táticas para a equipe dentro do jogo.
Ao assumirmos como verdade que jogadores de futebol têm limitações que impedem essa ou aquela tática, dinâmica ou estratégia de jogo, estamos as claras, assumindo que ele (o jogador) é um extraterrestre (e pouco desenvolvido). Não vejo palavra melhor. Se ele não é capaz de aprender, então é de outro mundo.
Muitos são os conhecimentos táticos necessários para um treinador de futebol. Plataformas de jogo, táticas, estratégias, sistema de jogo, tipos de marcação, princípios de ataque, princípios de defesa… Mas anterior a isso tudo está o conhecimento que baliza a real operacionalização para que os jogadores possam entender os princípios que norteiam todo esse conteúdo.
Se não for assim, ele (o treinador) só estará reforçando idéias do senso comum e o que é pior contribuindo para a estagnação tática do jogo de futebol (o que cada vez mais daria munição aos “especialistas” que cantam aos quatro cantos que no futebol “não há nada de novo para se inventar taticamente” – o que diriam José Mourinho, Rafa Benitez, Alex Ferguson ou Van Gal se ouvissem isso?!).
Certamente afirmar que os jogadores não têm bom entendimento tático sobre o jogo só faria sentido se estivesse se referindo a um dado momento de um processo (processo de aprendizagem). Caso contrário é mais fácil acreditar que tal afirmação se trata na verdade de um “escudo” para proteger, ou melhor “ocultar” a incompetência de “terceiros”.
Então termino hoje com um trecho de um texto do professor João Paulo Medina e com algumas indagações:
 (…) não é fácil formar homens quando o sistema pede robôs. Não é fácil desenvolver atletas cidadãos, críticos, conscientes educados e criativos quando o sistema pede apenas máquinas obedientes e automaticamente descartáveis (…)
O que a tática do jogo pede, atletas criativos ou automaticamente descartáveis?
O que o futebol pede, robôs ou homens?
O que a vida pede, máquinas ou cidadãos?
Existe vida no futebol, futebol na vida, ou seria tudo uma questão de, digamos, tática?

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São Paulo, naturalmente

O estado de São Paulo tem cerca de 40 milhões de habitantes, o que significa aproximadamente 20% de toda a população brasileira. De acordo com a Wikipédia, é a terceira unidade administrativa da América do Sul, perdendo apenas para a Colômbia e para o próprio Brasil. Seu PIB total é de aproximadamente 550 bilhões de reais, equivalente a cerca de um terço do PIB brasileiro. Fosse o estado de São Paulo um país, ele estaria entre as 25 maiores economias do mundo.
 
A cidade de São Paulo, por sua vez, é a cidade mais importante do Brasil e da América Latina. Com um PIB de 160 bilhões de reais, é a décima nona cidade mais rica do mundo e responde por cerca de 10% do PIB nacional. É uma cidade global e cada vez mais se destaca como um dos grandes pólos econômicos do mundo.
 
O grande desenvolvimento paulista contrasta fortemente com o subdesenvolvimento do resto do país, em especial das regiões mais próximas à linha do equador. Entretanto, mesmo quando comparado aos estados do Sul e do próprio Sudeste, o poderio econômico do estado de São Paulo é esmagador.
 
Não é surpresa alguma, portanto, que os representantes paulistas dominem o futebol brasileiro. Afinal, considerando um sistema onde a importância dos clubes é a mesma para os seus respectivos públicos, é natural que os clubes da região tenham mais capital disponível para aplicar em performance do que outros, ainda mais os clubes da cidade de São Paulo.
 
Como bem se sabe, nos últimos anos a fórmula de disputa adotada para o campeonato nacional foi a fórmula dos ‘pontos corridos’, que diminui substancialmente a importância do acaso no macro-resultado da competição. Dessa forma, a possibilidade de um campeão brasileiro vir da parcela de clubes com mais capital disponível é quase absoluta. Daí a dominância de títulos paulistas nas últimas 4 competições, contando a atual, que teve seu campeão por fim definido na noite de ontem.
 
A conquista do campeonato pelo São Paulo foi irretocável, mas também bastante previsível. Afinal, o São Paulo Futebol Clube vem da região mais rica do país e de uma das cidades mais ricas do mundo. Tem, portanto, uma enorme vantagem competitiva em relação à maioria dos outros clubes do país.
 
Os únicos clubes que racionalmente poderiam exercer concorrência ao título do São Paulo seriam os clubes que dividem a mesma região geográfica e, portanto, a mesma disponibilidade de capital. Aí, porém, entra a diferença da estrutura administrativa.
 
Se um clube de futebol tem como objetivo vencer o maior número de jogos e de campeonatos possíveis, o papel administrativo do clube é conseguir formar os melhores times para alcançar esse objetivo. Como melhores times vêm com melhores jogadores e melhores jogadores vêm com mais dinheiro, é papel do clube conseguir maximizar a receita disponível pelos seus torcedores para reverter o montante em pagamento a jogadores e, consequentemente, em performance.
 
Não conheço a estrutura do São Paulo tão a fundo para poder afirmar que eles fazem um bom trabalho na maximização das receitas. Exemplos como a parceria com a Warner e o trabalho de comercialização da marca indicam que sim, mas o novo projeto do Morumbi indica que talvez não. De qualquer forma, o São Paulo, pelo menos por uma perspectiva afastada como a minha, não oferece muitos empecilhos no fluxo da transformação entre receita e performance. Ou seja, o clube está estruturado administrativamente de tal forma que consegue reverter a receita em performance sem que o capital tenha um aparente obstáculo ou desvio de rota no meio do caminho.
 
O desvio do direcionamento receita-performance, conforme foi publicamente explícito nos últimos meses, é um grande problema que afeta o Corinthians, talvez o único clube que conseguiria fazer frente ao poderio econômico disponível para o São Paulo. Afinal, ambos têm grande torcida – que talvez seja o problema do Palmeiras – concentrados na cidade que é de longe a mais rica do país. No Corinthians, entretanto, o dinheiro que entra no clube aparentemente acaba tomando rumos escusos e não sendo revertido diretamente em performance, o que evidentemente diminui, e muito, as possibilidades do time conquistar vitórias e títulos.
 
Dessa forma, é natural que o São Paulo tenha conquistado o campeonato brasileiro. Também é natural que ele tenha sido bicampeão. E não será nenhuma surpresa se ele se sagrar tri, ou quem sabe até tetracampeão.
 
Com a disponibilidade de receita existente e com uma aparente decência administrativa, não existe clube no Brasil que racionalmente conseguirá competir com o time do Morumbi. Só haverá uma mudança nesse cenário caso os outros clubes que dividem a mesma área geográfica de disponibilidade de capital se estruturem de maneira mais eficiente, ou se os clubes de outras regiões consigam maximizar as suas receitas a ponto de conseguir exercer um mínimo de competitividade.
 
Ou seja, se os clubes não evoluírem administrativamente ou o país não tornar a sua economia geograficamente melhor distribuída, o São Paulo continuará a ganhar campeonatos.
 

No final das contas, quando o Campeonato Brasileiro estiver mais competitivo, certamente estaremos vivendo em um país melhor.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br